Tentei argumentar, mas não teve jeito: eu teria que receber Jorel na minha casa. Não fui vencido só pelo cansaço, mas também porque queria sair o mais rápido possível dali para ver como Olívia estava.
Certamente Olívia quereria ficar na casa dos pais e dar fim ao casamento depois de tudo que houve. E embora eu tivesse pensado em inúmeras maneiras de convencê-la a não me deixar, não consegui achar nenhuma boa o bastante. Então decidi que na hora pensaria em algo... Nem que fosse a porra de uma nova chantagem.
Enquanto não a convencia, Jorel poderia ficar na mansão Clifford. Eu contrataria alguém para cuidá-lo.
Depois de todo tempo que fiquei com Jorel, saí e Ernest ainda não tinha deixado o quarto de Olívia. Quando ele chegou na sala, me avisou:
- Ela... Espera por você.
Espera? Aquela simples palavr
Eu estava tão envolvido por aquela mulher que ficaria satisfeito de tê-la ao meu lado mesmo que fosse amarrada. Porém não queria ser ignorado, como ela fazia naquele momento. Como fazer os olhos de chuchu brilharem de novo? Ela sequer deu um sorriso para mim, daqueles que faziam o mundo todo fazer sentido só porque eu via seus dentes e sua alegria num dia em que nada havia de especial, mas se tornava simplesmente incrível porque ela existia.- A levarei para casa. – Deixei claro.Porra, e Jorel? Não, eu não poderia deixar os dois sob o mesmo teto. Eu não tinha vocação para corno! E não era? Olívia já não tinha beijado o meu irmão? A porra da minha mulher beijou o filho da puta do meu irmão, que depois a levou embora, afastando-a de mim, causou um acidente e eu estava ali... Implorando internamente para que fosse perdoado... Pelo beijo que “e
- Acompanhante de luxo – corrigiu – Você sabe bem a diferença entre uma e outra, já que contratou uma para magoar a minha irmã.- Ok, reformulando – tentei – Posso lhe dar dinheiro para pagar sua estadia nos Estados Unidos e desta forma você deixa sua vida de “acompanhante de luxo” e... Quem sabe volta a estudar... Eu... – levantei os ombros, incerto – Não sei como, mas posso ajudar de alguma forma.Rita riu:- Não quero o seu dinheiro. Nem suas desculpas.E o que se faz nesta situação? Mando ela se foder e continuar a levar a porra de vida que leva? Mas e se levar a irmã para o mesmo caminho?- Eu não sei outra forma de ajudar a não ser com dinheiro... Sinto muito. E... Creio que o que a tenha levado a se tornar uma “acompanhante de luxo” tenha sido a falta dele. Portanto... Aceite minha ajuda, Rita. É
POV OLÍVIAEra óbvio que eu não deveria ir para a mansão Clifford depois de tudo que Gabe fez naqueles dias na casa do lago. Mas eu tinha planos. E para que se concretizassem, precisava ter paciência.Não esperava que Gabe fosse acolher também Jorel na mansão. E claro que, apesar das leves escoriações, eu tinha capacidade para cuidar do caçula Clifford, já que Gabe certamente não ficaria ali conosco.Fizemos o caminho até a mansão Clifford os três num silêncio total e absoluto, que se um mosquito estivesse dentro do automóvel verde vivo de Gabe escutaríamos.Gabe ajudou Jorel a descer do automóvel e a empregada já estava trazendo a cadeira de rodas para que ele pudesse ser locomovido com mais facilidade.Assim que entramos na casa, deparei-me com as escadas e olhei para Gabe:- “Temos um proble
- Ficarei ótima, como sempre! – garanti.Gabe tentou dar um beijo nos meus lábios e rapidamente virei, fazendo com que pegasse na bochecha. Aquela porra de evitar o beijo dele era totalmente nocivo para mim... E dolorido, já que era o que eu mais queria. No entanto meu marido tinha que sentir na própria pele o que me fez passar... A começar por todas as vezes que implorei por seus lábios.- Se tocar nela, quebro a sua outra perna. E os dois braços. – Gabe ameaçou antes de sair pela porta.Olhei para Jorel, que sorriu:- Você é linda pra caralho! Mas duas pernas e dois braços quebrados deve ser horrível. Eu dependeria de alguém para tudo... Tudo mesmo. Então... Não é algo que eu queira arriscar, por hora. Ele já quase quebrou o meu nariz.- Super entendo! Também acho que não valho isto tudo. – Comecei
Me despedi de Jorel e subi para o meu quarto. Olhei-me no espelho e percebi que embora aparentes, os ferimentos não tinham sido graves. Tive sorte, no fim, pois poderia ter sido bem pior. Imagine passar anos da vida se cuidando, abrindo mão de tantas coisas em nome na saúde para do nada morrer num acidente de trânsito por conta de um motorista bêbado.Tirei minhas roupas e fui para o banho, que tomei sem pressa. Minha vida teve uma guinada depois que casei com Gabe Clifford. No entanto aqueles dias na casa do lago foram a cereja do bolo, um teste de sanidade, o qual quase não sobrevivi.O amor era uma droga, que nos deixava totalmente desnorteados e sem ter certeza de como agir! Como eu queria não amar Gabe Clifford!Me cobri com a toalha e saí do banheiro para me vestir no quarto quando me deparei com malas enfileiradas no chão. Engoli em seco, confusa. Gabe teria mudado de ideia e decidido me mandar
Não sei exatamente quando foi, mas dormi nos braços de Gabe. E talvez tenha sido exatos cinco minutos depois que ele me abraçou. Naquele momento eu só tinha certeza de uma coisa: o amava com todo meu coração. Especialmente porque dormimos com nossos corpos tão unidos, como se fossem um só, e mesmo eu enrolada numa toalha, ele não tentou transar.E eu nem sabia se meu marido resistir a mim praticamente nua era algo bom ou ruim. Estaria Gabe perdendo o interesse no meu corpo? O que levava um homem a dormir uma mulher e não querer comê-la, satisfeito somente em tê-la abraçada a si? O que eu estava fazendo de errado?Não ousei sequer respirar enquanto o abraçava e sentia seu braço sobre mim, me segurando como se fosse a coisa mais importante de sua vida, mesmo que nos sonhos. Como eu queria ficar ali para sempre, vivendo aquele sonho, aquele “ac
Eu ri:- É só biscoito com manteiga.- Nunca comi isto na vida.- Biscoito com manteiga?- Biscoito salgado.- Quem nunca comeu biscoito salgado? – Ri, incrédula.- Eu! – Confessou de forma séria.- Quando eu era criança tinha dias que era só o que eu tinha para comer – me ouvi confessando – E sempre dizia para mim mesma que quando crescesse nunca comeria isto de novo – olhei para o biscoito quadrado recheado de manteiga que estava na altura da minha boca – Mas foi uma das coisas das quais não consegui me livrar. Eles são bons acompanhados de patês ou até mesmo manteiga.Gabe pegou o biscoito novamente da minha mão e mordeu:- Você é boa nisto... De fazer biscoitos.- Devolve meu biscoito! – Falei de forma séria.Gabe sorriu e pôs na minha frente, obrigando-me a abr
POV GABEOuvi os aplausos dos repórteres, que sorriam enquanto me olhavam, pasmos. Mal sabiam que eu também estava estupefato com a notícia. Alguns inclusive levantaram, tamanha admiração pela minha atitude, que na verdade não tinha nada a ver comigo.Desde quando eu faria doações a quem quer que fosse? E um tratamento gratuito de um ano? Nem que botassem na justiça ganhariam de bom grado!Olívia me fodeu... Totalmente! E em todos os sentidos.Mas por algum motivo, que eu nem sabia ao certo, me flagrei dando um meio sorriso, já que não tinha certeza se sabia sorrir da forma como todos faziam, sendo que há muito tempo eu não fazia aquele gesto que geralmente significava alegria. Em anos à frente da Clifford Indústria e Comércio de medicamentos eu jamais fui ovacionado daquela forma. E sabia que era apenas o começo. Logo a notí