- Senhor Litrow, eu ainda sou uma mulher casada. O divórcio ainda não está assinado. Gabe está resistente... E... Eu sequer consegui um advogado que queira me ajudar.
- Você gosta dele?
- Gosto! Mas... Sei que preciso seguir em frente. Aliás, “eu quero” seguir em frente. Ao mesmo tempo não posso negociar com o senhor o emprego em troca de sairmos juntos ou nos relacionarmos. Achei que foi tudo... Muito rápido entre nós, tipo mal nos conhecemos, me convidou para sair... E fica... O tempo todo me deixando confusa, como se quisesse me dizer algo que nunca diz. E já sei do que se trata.
- Do que se trata?
- Eu e você... Tipo... Sair e... Transar!
Ele riu:
- Deus que me livre!
Estreitei os olhos, confusa:
- Sou... Tão horrível assim? Então... Por que me convidou para sair?
- Deixei claro que tínhamos que conversa
Deparei-me com Rarith, que me encarou, estreitando os olhos, surpresa com o que via. Separei-me rapidamente de Jai e perguntei:- Oi, querida... Você... Está bem?- Só vim me despedir de você. – disse, vindo até mim e me dando um abraço.Peguei-a no colo e dei-lhe um beijo:- Até amanhã.- Até amanhã, Olívia.A soltei e Rarith encaminhou-se até a porta novamente. Antes de fechá-la olhou para Jai e depois para mim, desconfiada:- Você está curando o coração do diretor também, Olívia?Respirei fundo, sentindo um frio percorrer minha espinha. Claro que ela contaria a Gabe e ele entenderia tudo errado. E não, eu não estava disposta a compartilhar minha vida pessoal e meu maior segredo com ele... Que não merecia saber.- Sim, estou curando o coração do diret
Desta vez Gabe era inocente, embora tivesse sido o primeiro a mencionar a culpa do meu pai quanto ao meu passado, que até então eu me recusava a aceitar.- Não... Só estou aqui... “Divagando”. – Usei a mesma palavra que ele.- Coração, você é tudo para mim! – ele me abraçou de novo.- No que está trabalhando?- Eu... Estou montando um projeto para uma concessionária de rodovias que está em crescimento. – Pareceu empolgado.Será que ele realmente estava trabalhando e se envolveu com alguma mulher somente depois que saiu do trabalho?Na manhã seguinte, Jai avisou que o exame de irmandade estava agendado para daqui há dez dias.Ao final do turno, eu estava ajeitando minhas coisas para ir embora quando ouvi uma batida na porta, que se abriu. E lá estava ele: Gabe Clifford, em seu terno
Cheguei na residência de Aneliese Clifford exatamente às 20 horas, conforme o convite. Fui atendida pela governanta:- A senhora Clifford a espera – avisou, dando-me passagem.Segui a mulher de meia idade, que me levou até a sala de estar íntimo. Lá estavam Aneliese, Rarith e... Rowan. Quando o olhar daquele homem posou sobre mim, cheguei a sentir náusea. Lembrei das ameaças que havia me feito e fiquei a me perguntar se alguém sabia do quanto ele me repudiava.Certamente Aneliese não tinha o mesmo pensamento que o marido, ou não teria me convidado para o jantar, nem demonstraria toda gentileza e carinho sempre que me via.Rarith correu na minha direção e abaixei-me levemente, pegando-a no colo. Recebi um abraço forte e um beijo na bochecha:- Você veio, Olívia!- Sim! – A apertei entre meus braços.Aneliese recebeu
- Eu... Vou verificar se o jantar está como solicitei. – Aneliese levantou-se e fiz o mesmo.- Posso acompanhá-la? – Pedi.- Claro! Será um prazer mostrar-lhe minha cozinha e a pessoa que faz o milagre lá dentro. – Sorriu, enganchando o braço no meu.- Tio Gabe, vem comigo para a sala de legos?- Legos! – Gabe vibrou – Eu já disse que amo montar peças de legos?Fui para a cozinha com Aneliese, que me apresentou sua cozinheira. O cheiro de comida boa pairava no ar, me dando água na boca. Enquanto ela escolhia os pratos que iriam para a mesa, perguntei:- Você está bem?- Sim... Por que não estaria? – Sorriu.- Está mais magra... E pálida.- Trabalhei muito... Na viagem.- Para onde você foi?- Estados Unidos.- No que você trabalha?- Fui... Ajudar Rowan a fe
- Sim. E a princípio eu não tinha nada contra Mônica, mesmo ela não fazendo nada a não ser ficar grudada em Gabe o tempo todo. E, embora meu irmão nunca tenha sido muito próximo de nós, o tempo que esteve com ela conseguiu ser ainda pior. Gabe sempre se dedicou muito ao trabalho e aos estudos. Foi moldado para isto, por nosso pai. Mesmo garoto, ele nunca pôde se divertir ou fazer coisas de garotos normais de sua idade. Sempre foi um mini adulto. E Jorel só conseguiu ser diferente porque ficou órfão cedo... E mesmo eu não entendendo nada de maternidade, lhe dei liberdade para ser adolescente... E talvez a liberdade tenha sido excessiva, já que ele não criou responsabilidades até hoje – suspirou – Enfim... Gabe não sabe ser diferente... Porque ele nunca teve oportunidade de fazer isto.- Mas... E as coisas que ele fez com Mônica?- Viajou
POV GABEOuvi uma batida na porta e Jorel entrou. Meu irmão era a única pessoa na face da terra que se atrevia a entrar na minha sala sem bater. E que pouco se preocupava em ser anunciado, como se a presença dele fosse importante o bastante para não precisar de nenhuma formalidade.- Recebi seu recado. – Ele sentou-se à minha frente, pegando uma caneta que estava sobre a mesa – Quanto você pagou por esta porra?- Menos do que você paga por uma prostituta. – Mal retirei os olhos do que eu estava fazendo no computador.- Não saio com prostitutas. Sou um homem disputado o bastante para felizmente não precisar pagar ninguém para me satisfazer sexualmente, como “uns e outros” por aí. – Deu uma risadinha debochada.Minimizei a tela importante na qual eu estava trabalhando e o olhei:- Não lembro de ter lhe dado o direito de sequer “pensar” no que faço ou deixo de fazer. – Deixei bem claro.- Quando levanta a sobrancelha deste jeito você parece um velho. – Seguiu me provocando.Respirei fund
- Se eu não casar com ela ficarei sem dinheiro?- Não só isto!- Não? – O olhar dele se estreitou, como se quisesse pagar para ver.- Vou ferrar com a sua vida.- Vou mandar fazer um exame de DNA. Duvido que tenhamos o mesmo sangue nas veias, Gabe. Olhe o que você está me dizendo!- Você poderia ser o bebê da mamãe, Jorel, mas não é o meu! Sabe que meu tempo é precioso para que eu o perca com você. Então não teria lhe chamado aqui para “brincar”.Meu irmão ficou um tempo em silêncio, pensativo. Mas eu o conhecia o bastante para saber o que o atormentava. Ele não era capaz de ficar comendo uma única boceta.- Entenda uma coisa, Jorel. Eu só quero que você case com Olívia Abertton. Em momento algum eu disse que deveria deixar de viver a sua vida como sempre viveu? Aliás, eu já falei sobre um bônus a mais na sua mesada, não é mesmo?- Quer dizer que... Se eu casar com a tal Olívia... Posso continuar fazendo tudo que sempre fiz? E... Ainda vou ganhar uma mesada maior? – Os olhos dele se a
POV OLÍVIADesci as escadas correndo atrás de Isa, que decidiu me torturar com cócegas quando encontrei um “Isa e Marcelo” no seu caderno, escrito com a sua letra. Ela gargalhava e fugia de forma ágil, como sempre. Eu tentava desviar dos tapetes e pulava por cima dos degraus. E assim chegamos na sala de jantar.Rose nos olhou com cara de insatisfação. Dei um beijo no meu pai e sentei-me à mesa, de frente para Isabelle.- Como foi seu dia, pai? – perguntei enquanto via a comida ser posta no meu prato: peixe com leguminosas.Olhei para o macarrão com camarão que seria o prato principal dos demais e cheguei a sentir água na boca.- Se comportar-se eu lhe dou um camarão depois. – Isabelle provocou, pegando um com a mão e me mostrando, rindo.Fiz careta para ela e lambi os beiços ao ver o camarão:- Isto é injusto, sua pestinha. Eu com este peixe sem tempero e você com um camarão gigante.- Injusto? – Rose riu, daquele jeito cruel – Deve dar-se por satisfeita de ter um prato diferente para