Sentei-me na cadeira à frente do diretor Jai e perguntei de forma direta:
- O que queria falar comigo?
- Você é insistente! – ele suspirou – Realmente não quero falar aqui, Olívia.
- Não temos outro lugar para fazer isto.
- O que acha que pode ser?
- Não tenho ideia. No entanto o tempo que perde perguntando sobre o que acho que pode ser, poderia finalmente falar e sanar minha ansiedade.
- Ok! – ele respirou fundo e me encarou – Vou trancar a porta, se não se importa.
Eu não me importava? Claro que sim. Eu não conhecia aquele homem para me sentir segura trancada com ele numa sala.
Enquanto Jai vinha novamente para sua mesa, peguei sem que ele percebesse uma caneta de ponta fina que estava sobre a superfície. Se aquele sujeito tentasse me atacar, eu cravaria nele, com certeza.
Com tantas mulheres no mundo por que eu? Era mui
Naquela manhã, assim que cheguei na enfermaria, havia uma fila de crianças, trazidas por Rarith.Uma funcionária passou por ali e franziu a testa, rindo:- Por acaso isto é uma fila para enfermaria?- Sim. – Rarith respondeu, sorrindo.- Nunca vi a enfermaria tão movimentada. – Me olhou de forma divertida e saiu.Suspirei e fitei os rostinhos ansiosos e animados e perguntei diretamente para Rarith:- Não me diga que eles estão com os corações partidos!- Estou com dor no rim. – Um pirralho, não tendo mais que cinco anos, justificou.- E eu no umbigo. – Disse com propriedade o menor deles, com todos os dentes de leite na boca, parecendo recém completar sua arcada dentária.Respirei fundo e abri a porta da enfermaria, não os deixando entrar:- Levarei os curativos no recreio, combinado? Não posso
- Senhor Litrow, eu ainda sou uma mulher casada. O divórcio ainda não está assinado. Gabe está resistente... E... Eu sequer consegui um advogado que queira me ajudar.- Você gosta dele?- Gosto! Mas... Sei que preciso seguir em frente. Aliás, “eu quero” seguir em frente. Ao mesmo tempo não posso negociar com o senhor o emprego em troca de sairmos juntos ou nos relacionarmos. Achei que foi tudo... Muito rápido entre nós, tipo mal nos conhecemos, me convidou para sair... E fica... O tempo todo me deixando confusa, como se quisesse me dizer algo que nunca diz. E já sei do que se trata.- Do que se trata?- Eu e você... Tipo... Sair e... Transar!Ele riu:- Deus que me livre!Estreitei os olhos, confusa:- Sou... Tão horrível assim? Então... Por que me convidou para sair?- Deixei claro que tínhamos que conversa
Deparei-me com Rarith, que me encarou, estreitando os olhos, surpresa com o que via. Separei-me rapidamente de Jai e perguntei:- Oi, querida... Você... Está bem?- Só vim me despedir de você. – disse, vindo até mim e me dando um abraço.Peguei-a no colo e dei-lhe um beijo:- Até amanhã.- Até amanhã, Olívia.A soltei e Rarith encaminhou-se até a porta novamente. Antes de fechá-la olhou para Jai e depois para mim, desconfiada:- Você está curando o coração do diretor também, Olívia?Respirei fundo, sentindo um frio percorrer minha espinha. Claro que ela contaria a Gabe e ele entenderia tudo errado. E não, eu não estava disposta a compartilhar minha vida pessoal e meu maior segredo com ele... Que não merecia saber.- Sim, estou curando o coração do diret
Desta vez Gabe era inocente, embora tivesse sido o primeiro a mencionar a culpa do meu pai quanto ao meu passado, que até então eu me recusava a aceitar.- Não... Só estou aqui... “Divagando”. – Usei a mesma palavra que ele.- Coração, você é tudo para mim! – ele me abraçou de novo.- No que está trabalhando?- Eu... Estou montando um projeto para uma concessionária de rodovias que está em crescimento. – Pareceu empolgado.Será que ele realmente estava trabalhando e se envolveu com alguma mulher somente depois que saiu do trabalho?Na manhã seguinte, Jai avisou que o exame de irmandade estava agendado para daqui há dez dias.Ao final do turno, eu estava ajeitando minhas coisas para ir embora quando ouvi uma batida na porta, que se abriu. E lá estava ele: Gabe Clifford, em seu terno
Cheguei na residência de Aneliese Clifford exatamente às 20 horas, conforme o convite. Fui atendida pela governanta:- A senhora Clifford a espera – avisou, dando-me passagem.Segui a mulher de meia idade, que me levou até a sala de estar íntimo. Lá estavam Aneliese, Rarith e... Rowan. Quando o olhar daquele homem posou sobre mim, cheguei a sentir náusea. Lembrei das ameaças que havia me feito e fiquei a me perguntar se alguém sabia do quanto ele me repudiava.Certamente Aneliese não tinha o mesmo pensamento que o marido, ou não teria me convidado para o jantar, nem demonstraria toda gentileza e carinho sempre que me via.Rarith correu na minha direção e abaixei-me levemente, pegando-a no colo. Recebi um abraço forte e um beijo na bochecha:- Você veio, Olívia!- Sim! – A apertei entre meus braços.Aneliese recebeu
- Eu... Vou verificar se o jantar está como solicitei. – Aneliese levantou-se e fiz o mesmo.- Posso acompanhá-la? – Pedi.- Claro! Será um prazer mostrar-lhe minha cozinha e a pessoa que faz o milagre lá dentro. – Sorriu, enganchando o braço no meu.- Tio Gabe, vem comigo para a sala de legos?- Legos! – Gabe vibrou – Eu já disse que amo montar peças de legos?Fui para a cozinha com Aneliese, que me apresentou sua cozinheira. O cheiro de comida boa pairava no ar, me dando água na boca. Enquanto ela escolhia os pratos que iriam para a mesa, perguntei:- Você está bem?- Sim... Por que não estaria? – Sorriu.- Está mais magra... E pálida.- Trabalhei muito... Na viagem.- Para onde você foi?- Estados Unidos.- No que você trabalha?- Fui... Ajudar Rowan a fe
- Sim. E a princípio eu não tinha nada contra Mônica, mesmo ela não fazendo nada a não ser ficar grudada em Gabe o tempo todo. E, embora meu irmão nunca tenha sido muito próximo de nós, o tempo que esteve com ela conseguiu ser ainda pior. Gabe sempre se dedicou muito ao trabalho e aos estudos. Foi moldado para isto, por nosso pai. Mesmo garoto, ele nunca pôde se divertir ou fazer coisas de garotos normais de sua idade. Sempre foi um mini adulto. E Jorel só conseguiu ser diferente porque ficou órfão cedo... E mesmo eu não entendendo nada de maternidade, lhe dei liberdade para ser adolescente... E talvez a liberdade tenha sido excessiva, já que ele não criou responsabilidades até hoje – suspirou – Enfim... Gabe não sabe ser diferente... Porque ele nunca teve oportunidade de fazer isto.- Mas... E as coisas que ele fez com Mônica?- Viajou
POV GABEOuvi uma batida na porta e Jorel entrou. Meu irmão era a única pessoa na face da terra que se atrevia a entrar na minha sala sem bater. E que pouco se preocupava em ser anunciado, como se a presença dele fosse importante o bastante para não precisar de nenhuma formalidade.- Recebi seu recado. – Ele sentou-se à minha frente, pegando uma caneta que estava sobre a mesa – Quanto você pagou por esta porra?- Menos do que você paga por uma prostituta. – Mal retirei os olhos do que eu estava fazendo no computador.- Não saio com prostitutas. Sou um homem disputado o bastante para felizmente não precisar pagar ninguém para me satisfazer sexualmente, como “uns e outros” por aí. – Deu uma risadinha debochada.Minimizei a tela importante na qual eu estava trabalhando e o olhei:- Não lembro de ter lhe dado o direito de sequer “pensar” no que faço ou deixo de fazer. – Deixei bem claro.- Quando levanta a sobrancelha deste jeito você parece um velho. – Seguiu me provocando.Respirei fund