Pov ElyaMeu coração batia descompassado enquanto eu tentava compreender o que estava acontecendo. Eu mal acreditava que o baile, com toda a sua pompa e esplendor, pudesse se transformar em um pesadelo em tão poucos instantes. Ainda estava em choque com o que via, a pista de dança, que até então fora palco de sorrisos e risos, agora se transformara num cenário de terror e silêncio.Eu estava parada, quase paralisada, no meio da multidão. A luz dos candelabros tremeluzia em mil reflexos, lançando sombras que se moviam e se confundiam com os rostos dos convidados. Meu olhar se fixou, horrorizado, em Leon, meu Leon, o homem que sempre me fez acreditar na possibilidade de um amor verdadeiro, caído no chão, sem saber como aquilo fora possível. Eu não conseguia entender; uma sensação de desamparo me dominava. Meu coração gritou por ajuda, mas minha voz parecia ter sido engolida pelo silêncio que agora pairava sobre o salão.Foi então que o silêncio foi quebrado por uma frase que ressoou com
Pov CassianMeus olhos se arregalaram num instante de fúria e incredulidade ao ver Elya fugir. Jamais imaginei, em toda a minha existência, que pudesse experimentar a amarga sensação de rejeição, especialmente eu, Cassian, o rei, o senhor de tudo e de todos. Ela, que teve a honra de ser escolhida como minha companheira, recusava-se a ficar ao meu lado, como se a minha autoridade não tivesse valor algum para ela."Como essa maldita plebeia ousa me rejeitar?”, murmurei para mim mesmo, o tom frio e cortante, repleto de arrogância e crueldade. Cada parte do meu corpo gritava em protesto contra a audácia dela, e cada batida do meu coração acelerava a convicção de que não haveria perdão para tamanha insolência.Enquanto o caos silencioso se instaurava no salão, meus instintos aguçados captaram o movimento do maldito e irritante homem que insistia em desejar o que me pertencia. Era ele o culpado direto por fazer com que ela se afastasse de mim, se aquele maldito plebeu não existisse, não ha
Não havia escapatória. Cada passo que eu dava parecia me arrastar para um destino inevitável, sem rota de fuga. Corria desesperadamente, e mesmo assim, o terror insistia em me perseguir. Meu vestido azul, agora em pedaços, estava sujo e rasgado, enquanto minha pele pálida era marcada pelo sangue que escorria dos espinhos afiados que me cravavam sem piedade. Olhei ao redor, vendo apenas sombras e figuras indistintas, e me perguntei: por que eu? Eu não era uma loba, muito menos alguém da nobreza… Então, por que me escolheram para essa agonia?A cada passo, um turbilhão de pensamentos frenéticos invadia minha mente. Eu não fazia ideia de onde estava, pois o alto condado era território proibido aos plebeus, salvo para servir os nobres arrogantes. Tentei encontrar alguma trilha, alguma rota que me levasse para longe desse pesadelo. O céu se adensava com nuvens carregadas, anunciando a fúria da chuva, acompanhada de trovões e relâmpagos que iluminavam por instantes o cenário macabro. Foi qu
Pov ElyaEu corro pelo campo aberto, sentindo a brisa suave acariciar meu rosto e os raios dourados do sol aquecerem minha pele. O som da minha respiração e os batimentos acelerados do meu coração acompanham o ritmo dos meus passos, enquanto os risos ecoam pelo campo, como uma música de nossa alegria. O campo se estende diante de mim, repleto de flores que dançam com a brisa e grama que se move em ondas delicadas, quase como se estivesse viva, celebrando comigo cada instante dessa corrida despreocupada.Atrás de mim, ouço passos que se intensificam, e sei que é o Leon, correndo com toda a energia que ele tem para tentar me acompanhar. Seus passos soam firmes, amassando a grama e deixando pegadas que acompanham as minhas, ele parecia tão feliz quanto eu, tão radiante quanto eu. O sol bate em seus cabelos dourados, o fazendo ainda mais bonito aos meus olhos."Você não vai conseguir fugir de mim, querida!" a voz dele ressoa atrás de mim, carregada de entusiasmo e um leve tom de brincadei
Pov ElyaO crepúsculo tingia o céu com tons de violeta e dourado quando atravessei o pequeno portão de madeira que delimitava minha casa do resto do condado. O aroma de lenha queimando se misturava ao perfume suave das flores que cresciam desordenadas no jardim. Eu amava estar aqui, mesmo com todas as dificuldades. Meu lar era modesto, mas aconchegante, uma pequena casa de pedra com vigas de madeira aparentes, janelas estreitas e cortinas de tecido puído, bordadas à mão por minha avó antes dela partir. Minha mãe tentou aprender de toda a forma, mas mesmo fazendo peças para vender, sempre se comparava.Entrei na cozinha e encontrei minha irmã, Irina, sentada junto à mesa de carvalho, escovando os longos cabelos castanhos com um pente de madeira entalhada, outro presente da minha avó. Ela conhecia a vaidade de cada uma, por isso me deixou um livro de histórias, aquelas que contava para nós quando eramos pequenas. Seus olhos brilharam quando me viu.“Finalmente você chegou! Eu estava te
Pov ElyaA noite envolvia nossa pequena casa em uma penumbra aconchegante, e o vento frio da primavera soprava suavemente, balançando as cortinas da janela. O cheiro de madeira queimada da lareira se misturava com o perfume suave das flores do jardim, criando um ambiente que, por um instante, me fez esquecer a ansiedade que crescia dentro de mim. Mas não adiantava fingir. A verdade era que o baile mudaria tudo, para melhor ou para pior.Eu estava parada na entrada de casa, vestida para uma noite que não sabia se deveria temer ou desejar. Meu vestido azul era simples, mas delicado, e contrastava com minha pele clara. Meus cabelos ruivos, sempre um pouco rebeldes, estavam presos em um penteado que tentava domá-los, mas algumas mechas escapavam e dançavam ao redor do meu rosto. Meus olhos azuis encaravam a estrada, esperando pela carruagem que nos levaria ao castelo.Ao meu lado, minhas três irmãs também aguardavam, cada uma perdida em seus próprios pensamentos.Irina, a segunda mais vel
POV Elya A música cessou por um momento, e um silêncio elegante se espalhou pelo salão quando uma moça desceu os degraus da escadaria principal, seu vestido lilás esvoaçava com leveza a cada passo, como se estivesse flutuando. Ela parou no centro, ereta, sorrindo com delicadeza."Senhoras e senhores", disse, a voz ecoando firme por entre os pilares. "Peço a todos que se encostem nas paredes. O momento mais aguardado da noite irá começar."Minha respiração prendeu no peito."Aqueles que já tiverem escolhido seu par, por favor, dirijam-se ao centro do salão," ela continuou. "A dança marcará o compromisso entre os pares para esta nova fase. Que os deuses abençoem os escolhidos."As pessoas começaram a se mover, o murmúrio crescente de expectativa vibrando como uma onda invisível. Minhas mãos suavam, e troquei um olhar rápido com minhas irmãs, aquele era o momento que mais esperamos."É agora..." sussurrei.Cione estava com os olhos vidrados em direção ao outro lado do salão. Segui seu o