Pov Elya
Eu corro pelo campo aberto, sentindo a brisa suave acariciar meu rosto e os raios dourados do sol aquecerem minha pele. O som da minha respiração e os batimentos acelerados do meu coração acompanham o ritmo dos meus passos, enquanto os risos ecoam pelo campo, como uma música de nossa alegria. O campo se estende diante de mim, repleto de flores que dançam com a brisa e grama que se move em ondas delicadas, quase como se estivesse viva, celebrando comigo cada instante dessa corrida despreocupada.
Atrás de mim, ouço passos que se intensificam, e sei que é o Leon, correndo com toda a energia que ele tem para tentar me acompanhar. Seus passos soam firmes, amassando a grama e deixando pegadas que acompanham as minhas, ele parecia tão feliz quanto eu, tão radiante quanto eu. O sol b**e em seus cabelos dourados, o fazendo ainda mais bonito aos meus olhos.
"Você não vai conseguir fugir de mim, querida!" a voz dele ressoa atrás de mim, carregada de entusiasmo e um leve tom de brincadeira.
Posso ouvir o esforço misturado à determinação em cada palavra. Corro ainda mais rápido, sentindo o vento que me empurra para frente e o som dos passos de Leon se aproximando, como se ele quisesse me alcançar a qualquer custo.
Então, de repente, sinto os braços de Leon se fechando ao meu redor, firmes e protetores. Ele me segura pela cintura com a delicadeza de quem conhece cada curva do meu corpo, e, num instante, nossos corpos colidem suavemente com o chão macio, como se a terra quisesse nos acolher em seu abraço acolhedor. Deitamos juntos, cercados por um mar de flores silvestres e grama verde. É como se a natureza inteira estivesse conspirando para que nosso amor florescesse, mesmo que escondido dos olhos do mundo.
Sinto meu coração transbordar de felicidade enquanto olho para Leon, que agora repousa ao meu lado. Seus olhos brilhando com o mesmo amor que eu sinto, ao mesmo tempo em que parecem também um pouco preocupados.
"Leon, você sabe o quanto esperei por este momento", digo, minha voz embargada pela emoção. "Finalmente chegou a semana do Baile da Aurora, e você poderá escolher me amar diante de todos, sem mais segredos."
Ele vira seu rosto para mim, e seus olhos, brilhando com uma luz que mistura ternura e ansiedade, se fixam nos meus.
Leon sussurra com uma voz suave e carregada de sentimentos: "Eu mal posso esperar para finalmente mostrar a todos que estamos juntos, meu amor..Mas também estou com medo… E se algum nobre escolher você?." Suas palavras, tão sinceras, fazem meu coração bater ainda mais rápido, e o sentimento de insegurança momentaneamente se mistura à certeza do nosso amor.
Eu sorrio, tentando dissipar qualquer sombra de dúvida que possa ter atravessado o olhar de Leon.
"Não se preocupe com isso, é bobagem. Nobres geralmente só escolhem outros nobres. Em nenhum momento da história um nobre escolheu uma plebeia para se casar, eles querem sempre ficar cada vez mais ricos e bem, mais nobres. Escolher alguém to povo iria manchar a linhagem, não vai acontecer." Minhas palavras são firmes.
Enquanto nossas palavras se misturam aos sons da natureza, sinto que o tempo, por um breve instante, parece desacelerar. A sensação de estar ali, junto com Leon, em meio a um cenário tão perfeito, faz com que eu me esqueça de todas as dificuldades e barreiras que o mundo lá fora impõe. Cada flor, cada folha, cada raio de sol parece celebrar a nossa união secreta, um amor que floresce mesmo sob a sombra do proibido.
Leon me beija com uma ternura que me faz sentir como se estivesse flutuando. Seu beijo é suave, mas carregado de uma promessa que vai além das palavras.
"Eu sonho com o dia em que todos possam ver o quanto te amo, Elya", diz ele enquanto nossos lábios se encontram em um encontro silencioso de paixão e esperança.
Em meio ao silêncio que se segue, posso ouvir o som da minha própria respiração e os sussurros da natureza. Sinto a proximidade de Leon, a segurança de seu abraço, e a certeza de que, apesar dos desafios, o amor que compartilhamos é mais forte do que qualquer convenção social.
"Quero que você saiba que pra mim, nosso amor é a coisa mais importante pra mim", digo, sentindo cada palavra vibrar em cada fibra do meu ser.
Aquela era minha maior certeza.
Leon, com um olhar que mistura esperança e preocupação, responde: "Eu também sinto isso, Elya. No entanto, não posso deixar de me inquietar com a possibilidade de que algum nobre possa tentar interferir, mesmo que, pela tradição, isso seja improvável." Suas palavras são carregadas de uma sinceridade que me faz admirar ainda mais a sua sensibilidade e o cuidado que tem conosco. Por um breve momento, nossas almas parecem se comunicar sem palavras, compartilhando o mesmo receio e a mesma certeza de um futuro melhor.
O campo que nos cerca continua a cantar sua canção de liberdade. As flores, em sua simplicidade, e a grama, com seu toque suave, são testemunhas silenciosas de um amor que, mesmo mantido em segredo, brilha com intensidade. Sinto que o universo inteiro conspira para que, neste momento, possamos ser apenas nós, sem as imposições e restrições que o mundo nos impõe.
"Eu sempre sonhei com este dia, o dia em que, finalmente, vamos poder estar juntos, de verdade, sem precisar sair para a campina escondidos ou trocar olhares sem que os outros percebam…", digo, minha voz repleta de uma esperança que não se apaga.
Enquanto o sol começa a se pôr, pintando o céu com cores que parecem ter saído de um sonho, os últimos raios iluminam o cenário de forma mágica. O tempo parece suspenso, e cada segundo se eterniza na memória. Leon e eu permanecemos ali, deitados na relva, trocando palavras e olhares que dizem mais do que qualquer declaração formal poderia expressar. É um momento de pura intimidade, onde os sentimentos são tão reais quanto a própria terra que nos abriga.
Em meio àquele cenário idílico, Leon finalmente quebra o silêncio.
"Eu também, meu amor… Eu também." Seu tom é suave, mas há uma firmeza em suas palavras que revela o peso da responsabilidade que sentimos. “Na noite do baile, vou ser o seu principe, um principe que não tem dinheiro ou titulos, mas que tem o maior amor por você em todo o mundo. Tenho certeza que os deuses vão apoiar nossa união.”
“E eu vou ser sua princesa”, confirmei, sorrindo para ele e acariciando seu rosto. “É só isso que eu quero, me casar com você e ter uma vida felizes juntos, só isso…”
Leon me olha, e por um instante, posso perceber os pensamentos que passam por sua mente. Em seu olhar, leio a ansiedade de um homem que sonha com a liberdade, mas que sabe das dificuldades que enfrentará. "Eu quero gritar para o mundo inteiro o quanto te amo, Elya. Quero que todos saibam que, mesmo em meio a tanta escuridão, nosso amor é uma luz que nunca se apaga", diz ele, e suas palavras me envolvem como um manto de segurança e ternura.
Em meio a tudo isso, por alguns instantes, permaneço ali, deitada na relva, enquanto os ecos das nossas palavras se misturam com o sussurro do vento e o suave farfalhar das folhas. Sinto o calor da presença de Leon ao meu lado, e cada batida do meu coração parece marcar um compasso único, como se o tempo inteiro conspirasse para eternizar esse instante. Meus pensamentos se perdem em lembranças de momentos roubados, encontros secretos e promessas feitas sob a luz de luas passadas.
Lembro-me de cada olhar furtivo trocado, de cada risada compartilhada em meio às sombras da noite, e a ideia de que finalmente a Semana do Baile da Aurora nos proporcionaria uma chance de ser vistos, de ser reconhecidos, me enche de uma esperança quase tangível. O dilema que sempre nos acompanhou – o medo dos olhares julgadores e a opressão das convenções sociais – parece se dissipar momentaneamente, embalado pela força de um amor que se recusa a se esconder por muito tempo. Leon, com sua voz suave, reitera seus receios, e, em seu olhar, percebo a luta interna entre a vontade de se libertar e o receio de que a tradição possa impedi-lo de ser completamente sincero. Eu, por minha vez, encontro conforto na certeza de que o impossível jamais se fez realidade, pois sei, com cada fibra do meu ser, que a lógica dos nobres é imutável: eles só se entregam aos seus iguais.
Enquanto a natureza ao nosso redor parece participar silenciosamente da nossa união, sinto como se cada flor que desabrocha, cada brisa que passa, nos abençoasse, confirmando que nosso amor, mesmo em meio a desafios, é digno de ser celebrado. Em meio a esse turbilhão de emoções, uma calma se instala lentamente, como se a própria terra nos convidasse a sonhar, a acreditar que o futuro pode ser diferente. Meus olhos se encontram com os de Leon, e, sem que precisemos de mais palavras, compartilhamos um entendimento profundo: o medo e a insegurança podem tentar nos separar, mas a vontade de viver esse amor mesmo que às escondidas é mais forte que qualquer imposição. Sinto uma leve brisa acariciar minha pele, trazendo consigo o perfume das flores e a promessa de um novo dia. Cada instante se torna precioso, gravado como uma marca indelével do tempo que estamos dispostos a desafiar.
Nesse breve interlúdio, enquanto o crepúsculo se aproxima, meu coração pulsa com a convicção de que o amor verdadeiro é, por natureza, rebelde e inabalável. Leon aperta minha mão, e num gesto silencioso, ele parece dizer que, independentemente do que o mundo possa impor, este momento é nosso para sempre. É nessa harmonia de sentimentos que me preparo para dar o próximo passo, sabendo que, embora as convenções possam tentar nos limitar, nossa verdade é livre e vibrante. Com um suspiro profundo, sinto a urgência de transformar essa esperança em ação, e me levanto, pronta para enfrentar o que vier, com Leon sempre em meu pensamento e em meu coração.
Os minutos passam lentamente, e o momento de despedida se aproxima inevitavelmente. Levanto-me com suavidade, sentindo a relva fria sob meus pés, e sei que preciso voltar para casa.
"Preciso ir, tenho que arrumar minhas irmãs para o baile", digo com firmeza, mas com um toque de nostalgia na voz, pois cada adeus é um lembrete das barreiras que ainda enfrentamos.
“Te vejo no baile, meu amor, vou ser o cara andando em sua direção na hora da dança.”
“E eu a moça que espera por você nesse momento…”
Pov ElyaO crepúsculo tingia o céu com tons de violeta e dourado quando atravessei o pequeno portão de madeira que delimitava minha casa do resto do condado. O aroma de lenha queimando se misturava ao perfume suave das flores que cresciam desordenadas no jardim. Eu amava estar aqui, mesmo com todas as dificuldades. Meu lar era modesto, mas aconchegante, uma pequena casa de pedra com vigas de madeira aparentes, janelas estreitas e cortinas de tecido puído, bordadas à mão por minha avó antes dela partir. Minha mãe tentou aprender de toda a forma, mas mesmo fazendo peças para vender, sempre se comparava.Entrei na cozinha e encontrei minha irmã, Irina, sentada junto à mesa de carvalho, escovando os longos cabelos castanhos com um pente de madeira entalhada, outro presente da minha avó. Ela conhecia a vaidade de cada uma, por isso me deixou um livro de histórias, aquelas que contava para nós quando eramos pequenas. Seus olhos brilharam quando me viu.“Finalmente você chegou! Eu estava te
Pov ElyaA noite envolvia nossa pequena casa em uma penumbra aconchegante, e o vento frio da primavera soprava suavemente, balançando as cortinas da janela. O cheiro de madeira queimada da lareira se misturava com o perfume suave das flores do jardim, criando um ambiente que, por um instante, me fez esquecer a ansiedade que crescia dentro de mim. Mas não adiantava fingir. A verdade era que o baile mudaria tudo, para melhor ou para pior.Eu estava parada na entrada de casa, vestida para uma noite que não sabia se deveria temer ou desejar. Meu vestido azul era simples, mas delicado, e contrastava com minha pele clara. Meus cabelos ruivos, sempre um pouco rebeldes, estavam presos em um penteado que tentava domá-los, mas algumas mechas escapavam e dançavam ao redor do meu rosto. Meus olhos azuis encaravam a estrada, esperando pela carruagem que nos levaria ao castelo.Ao meu lado, minhas três irmãs também aguardavam, cada uma perdida em seus próprios pensamentos.Irina, a segunda mais vel
Não havia escapatória. Cada passo que eu dava parecia me arrastar para um destino inevitável, sem rota de fuga. Corria desesperadamente, e mesmo assim, o terror insistia em me perseguir. Meu vestido azul, agora em pedaços, estava sujo e rasgado, enquanto minha pele pálida era marcada pelo sangue que escorria dos espinhos afiados que me cravavam sem piedade. Olhei ao redor, vendo apenas sombras e figuras indistintas, e me perguntei: por que eu? Eu não era uma loba, muito menos alguém da nobreza… Então, por que me escolheram para essa agonia?A cada passo, um turbilhão de pensamentos frenéticos invadia minha mente. Eu não fazia ideia de onde estava, pois o alto condado era território proibido aos plebeus, salvo para servir os nobres arrogantes. Tentei encontrar alguma trilha, alguma rota que me levasse para longe desse pesadelo. O céu se adensava com nuvens carregadas, anunciando a fúria da chuva, acompanhada de trovões e relâmpagos que iluminavam por instantes o cenário macabro. Foi qu