A Bela do Mafioso - Contos da Máfia - Livro 3
A Bela do Mafioso - Contos da Máfia - Livro 3
Por: Chloe Reymond
Prólogo

O amor é uma flor amarela

Encontrando liberdade na paixão.

Bela Dubois

Tudo saiu melhor do que eu esperava. Jamais imaginei que Cinderela encontraria o amor no baile dos Seven. Fico tão feliz por ela. Meu único objetivo era fugir do casamento e dar a chance dela mesma buscar sua liberdade. Afinal, ela ficaria diante de homens poderosos. Um deles teria que ajudar... E como ajudou.

Suspiro me lembrando.

Minha amiga brilhava enquanto estávamos passeando pelo shopping e escolhendo livros.

Não vejo a hora de chegar em casa e ler os que são da falecida Seven. Pelo quanto minha amiga falou deles, deve ser incrível.

Acaricio a capa de um.

Quando chegar em casa vou mandar mensagens com as atualizações das minhas leituras. Queria ter redes sociais, mas é melhor não. Vou manter esse celular muito bem escondido do meu pai. Depois que Cinderela tomou meu lugar, ele anda muito insuportável.

Por falar nele...

— Pai, onde estamos indo? — pergunto quando o carro para diante de um enorme portão de ferro escuro.

Posso não ser a mais viajada das criaturas, mas não lembro de precisar passar por nenhum portão para chegar até o castelo dos Seven, além do óbvio portão do castelo.

Ele só responde depois que o portão se abre e o carro entra conosco.

— Tenho que entregar algo aqui. Vai ser rápido.

— Ah sim — respondo sem dar muita atenção a ele.

Que lugar mais incrível. É o mais próximo de uma floresta que já cheguei.

Sorrio ao ver um pássaro colorido pular de um galho a outro.

Deve ser um sonho morar aqui.

— Esse lugar... — começo a dizer.

— É propriedade dos Seven. — Ele completa.

— Claro.

Só mesmo essa família para ter algo tão exótico.

Logo o carro para diante de uma casa deslumbrante onde se destaca preto e vidro.

Se eu morasse aqui certamente já teria enfiado a cara no vidro. Chega a parecer que não tem paredes externas em algumas partes.

— O senhor quer que eu espere no carro?

— Não. Você desce comigo.

Olho as coisas com vontade de não soltar as sacolas, mas as deixo. Meu celular vai na bota, como uma encomenda para um prisioneiro. Eu sei que ao chegar em casa ele vai olhar tudo para ver se é improprio. Eu não tenho um pai, tenho um carcereiro.

Saio do carro e espero perto da escada central enquanto ele conversa com o motorista.

— Bela...

Quando ele me chama, automaticamente estendo a mão para aparar o que ele j**a em minha direção.

É o meu diário.

— O que... Pai? — quando vou questionar o que ele faz com meu diário, meu pai está batendo a porta do carro que simplesmente faz a volta para ir embora... sem mim.

Fico parada diante dessa casa estranha, vendo o carro ir embora com meu pai.

Ele vai voltar. É só um castigo pelo que fiz com Cinderela. Só pode ser.

Levo meu olhar ao diário e vejo uma fita colada com as palavras: Leia a carta.

Abro o diário a procura da carta, indignada por meu pai ter invadido minha intimidade até em meu diário.

Leio a carta sentindo o vento do Rio de Janeiro se tornar gelado contra minha pele, ainda que a cada linha eu sue tanto que meu vestido amarelo começa a grudar na pele.

Sinto tontura quando termino de ler e descubro que meu pai me entregou como uma mercadoria para pagar a m*****a dívida que ele acha ter com os Seven.

— Calma, Bela! Você é uma pessoa. Só precisa... Meu Deus! — levo a mão ao peito para conter meu coração disparado diante da imagem que vejo quando olho em direção a entrada.

Há um homem, um homem enorme de jeans rasgado e uma camisa preta quem mal cabe em seus músculos, com uma máscara branca e segurando uma faca imensa.

Minhas pernas travam. Eu tenho duas opções: desmaiar ou correr.

Então... acorda pernas!

Não penso duas vezes, corro pelo mesmo caminho pelo qual o carro passou. Não olho para trás. Sempre que alguém olha para trás nos filmes acabam caindo e sendo esfaqueada.

Na carta dizia para eu fazer o que o dono da casa ordenar.

Não acredito que meu pai me mandou mesmo para um maldito sacrifício humano.

Estou quase chegando no portão quando travo diante de uma fera imensa.

Isso não é um cão. É um monstro. O doberman me olha como se eu fosse uma suculenta refeição. E finalmente vem em minha direção, latindo e correndo.

Olho para trás e o homem ainda vem caminhando lentamente com sua máscara e a faca brilhando.

Qual dói mais, morrer atacada por um cão imenso ou esfaqueada por um louco imenso?

Eles estão chegando perto.

Isso deve ser um pesadelo.

Afinal, por que o meu pai me entregaria a morte se tudo que ele quer é pagar a dívida para quem me salvou?

Não faz sentido.

Você é inteligente, Bela. Pense.

Dou meia volta e corro em direção ao homem.

Com ele é possível barganhar. Com o cão não.

O cão e eu chegamos praticamente juntos e eu simplesmente me escondo atrás dos músculos do gigante com a faca, que assobia e o cachorro senta na sua frente.

— Fifi, vai! — ele aponta e o cão corre como se eu não existisse mais.

Fifi? Só pode estar de brincadeira.

— Agora, você... — fala e se vira na minha direção, ou pelo menos tenta, porque eu não solto sua camisa. Não sei bem o que pretendo, mas não solto. — Garota, me larga.

— Não.

— O cão já foi.

— Não.

— Tira essa garota de cima de mim.

Não entendo para quem ele fala, até que duas pessoas se aproximam e agarram meus braços. Na luta para me soltarem, caio no chão.

— Agora nós dois vamos ter uma conversa.

Engulo em seco olhando a faca.

— Se vai me matar, mata de uma vez. — O desafio.

Se faz quase um minuto de silêncio até que ele cai em uma gargalhada rouca.

Nessa hora aparece uma mulher baixinha e rechonchuda.

— Eu falei para não vir assim — fala tirando a faca da mão dele. — Está assustando a menina.

Ele continua rindo enquanto tira a máscara e releva o que só pode ser o rosto mais lindo do mundo. Cabelos castanhos curtos, bagunçados pela máscara que puxou para cima, olhos de uma cor que não sei definir, como se ele estivesse indeciso entre castanho, vermelho ou dourado, e seus traços... tudo perfeito, nariz, boca, queixo... Tudo tão másculo.

Foda-se as cicatrizes. É preciso bem mais que isso para deixar esse homem feio. O material do qual foi feito é antierros.

— Eu não vou te matar, garota, mas posso garantir que talvez chegue a desejar isso.

E o encanto evapora diante do gelo em suas palavras.

Meu pai me trouxe para o inferno? É aqui a porta para o meu inferno?

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