A Babá da Filha Renegada do CEO
A Babá da Filha Renegada do CEO
Por: Arthur Souza
Capítulo 1

Capítulo 1

Amanda olhou para a cama improvisada no sofá onde Dona Marlene descansava, a pele pálida e os traços abatidos denunciando sua fragilidade. Apesar de tudo, havia ternura em seu olhar, mesmo ao dormir. Amanda ajeitou a coberta com cuidado, tentando ao menos proporcionar conforto onde não podia oferecer soluções.

O relógio na parede do pequeno apartamento marcava 7h15 da manhã, mas Amanda já estava acordada há horas. As preocupações pesavam como uma âncora, prendendo-a em um turbilhão de ansiedade. Na mesa da sala, uma pilha de contas acumulava-se como uma montanha intransponível: aluguel atrasado, faturas de água e luz esquecidas no tempo, e os custos exorbitantes do tratamento médico de sua mãe, que recentemente fora diagnosticada com uma doença crônica.

— Vai dar certo, mãe. Eu prometo — murmurou, mais para si mesma do que para a mulher adormecida.

Amanda suspirou depois de arrumar as cobertas em cima de sua mãe, ela acariciou o rosto de sua querida mãe com o coração pesado, a tristeza tomando conta de seu corpo. 

Amanda segurou as lágrimas.

— Está tudo bem. Eu dou conta.

***

Amanda trabalhava como garçonete em uma lanchonete no centro da cidade, um emprego simples, mas que colocava comida na mesa. Ainda assim, o salário mal era suficiente para manter as contas básicas em dia. Ela sabia que algo precisava mudar, mas não esperava que o universo fosse tão cruel ao adiantar essa mudança.

Naquela manhã fatídica, enquanto atendia os primeiros clientes do dia, o gerente, Sr. João, a chamou com um semblante grave.

— Amanda, preciso falar com você no escritório.

Um frio percorreu sua espinha. Tentando não pensar no pior, ela seguiu-o para a pequena sala nos fundos do restaurante. Sentou-se à frente dele, o coração acelerado, enquanto ele fechava a porta.

— Olha, Amanda... Eu sinto muito — começou ele, com o olhar baixo, incapaz de encará-la diretamente. — Estamos cortando custos. A lanchonete não está indo bem, e... bom, você entende, né?

As palavras a atingiram como um golpe. Amanda abriu a boca para protestar, mas logo percebeu que seria inútil.

— Eu... eu realmente preciso desse emprego, Sr. João. Minha mãe está doente, e...

— Eu sei, Amanda, eu sei. Mas não é algo pessoal, entende? É só... o momento.

Quando saiu da sala, sentiu os olhos marejarem, mas recusou-se a chorar ali. Atravessou o restaurante com a cabeça erguida, pegou suas coisas e saiu pela porta sem olhar para trás.

"E agora? O que eu faço?" Amanda pensou sem saber para onde ir.

De volta ao apartamento, Amanda sentou-se à mesa da cozinha, encarando as contas como se fossem inimigos impossíveis de derrotar.

— Não posso me dar ao luxo de parar.

Nos dias seguintes, Amanda se lançou de cabeça na busca por um novo emprego. Distribuiu currículos em lojas, restaurantes, postos de gasolina, qualquer lugar que pudesse oferecer uma vaga. Cada não que recebia mais parecia uma pista para desistir, entretanto ela não podia se dar ao luxo de desistir.

À noite, quando retornava para casa, exausta, sempre encontrava sua mãe tentando disfarçar a preocupação.

— Como foi hoje, minha filha? — perguntava Dona Marlene, mesmo sabendo a resposta.

— Ainda nada, mas amanhã vai ser diferente.

Mesmo sem acreditar totalmente nisso, Amanda insistia. Afinal, ela não tinha outra escolha.

Certa manhã, enquanto caminhava pelo centro da cidade, algo inesperado chamou sua atenção. No painel de anúncios de uma padaria, um pequeno papel escrito à mão parecia brilhar entre os outros cartazes desgastados:

"Procura-se babá. Trabalho de segunda a sábado. Bom salário. Enviar currículo para o e-mail abaixo."

Amanda hesitou. Nunca havia trabalhado como babá antes, mas lembrou-se dos dias em que cuidava de seus primos mais novos enquanto os tios trabalhavam.

— Não tenho nada a perder.

Naquela mesma tarde, enviou o currículo. Não esperava uma resposta rápida, mas, para sua surpresa, no dia seguinte recebeu uma ligação.

— Olá, é Amanda? — disse uma voz feminina educada. — Sou Teresa, governanta da casa do senhor Victor Castellani. Gostaríamos de agendar uma entrevista amanhã às 10h.

Amanda confirmou, ainda incrédula. O nome Castellani parecia familiar, como se tivesse ouvido em algum lugar, talvez nas notícias ou revistas de negócios.

No dia seguinte, Amanda se encontrava diante de um portão imponente em um bairro que jamais pensou pisar. O lugar parecia tirado de um filme: mansões alinhadas, com jardins impecáveis e fachadas luxuosas.

Quando o segurança abriu o portão após conferir seu nome, Amanda engoliu em seco. Teresa, uma mulher alta e elegante, a recebeu com um sorriso contido.

— Senhor Castellani está esperando na sala de estar. Por favor, siga-me.

Ela entrou na mansão, sentindo-se pequena diante da grandiosidade ao seu redor. O chão de mármore brilhava, e as peças de arte espalhadas pelas paredes pareciam valer mais do que ela ganharia em anos.

Victor Castellani estava sentado em um sofá de couro preto, vestido impecavelmente em um terno azul royal sob medida. Seus olhos avaliadores pousaram sobre Amanda assim que ela entrou.

— Senhor Castellani, esta é Amanda — anunciou Teresa antes de sair da sala, deixando os dois sozinhos.

Amanda sentiu as mãos suarem, mas estendeu a mão com firmeza.

— É um prazer conhecê-lo, senhor Castellani.

Ele fez um leve aceno de cabeça, indicando que se sentasse.

— Quero ouvir sobre sua experiência.

Ela recolheu a mão timidamente se sentando no lugar indicado. 

Amanda respirou fundo.

— Bem, eu nunca trabalhei como babá antes, mas sempre cuidei dos meus primos mais novos. Sou paciente, organizada e...

Victor a interrompeu com um gesto.

— Sofia não é uma criança comum. Ela passou por muita coisa e não é fácil de lidar. Preciso de alguém que seja firme, mas compreensivo. Você acha que pode dar conta disso?

Amanda hesitou por um segundo, mas antes que pudesse responder, uma risada infantil ecoou pelo corredor. Uma menina de cerca de sete anos entrou na sala como um furacão, os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo desalinhado e os olhos brilhantes de curiosidade.

— Papai, você prometeu que... — Ela parou ao notar Amanda, e seu olhar desconfiado deixou claro que já havia passado por situações como aquela antes.

— Sofia, esta é Amanda. Ela está se candidatando para ser sua nova babá.

A menina cruzou os braços e ergueu o queixo.

— Mais uma?

Amanda percebeu o desafio no olhar de Sofia e, sem pensar muito, sorriu.

— Oi, Sofia. Eu sou Amanda. Adoro brincar de esconde-esconde. E você?

Sofia arqueou uma sobrancelha.

— Você sabe brincar de verdade?

— Sei, mas só com quem é bom de esconder. Será que você é?

Por um momento, a desconfiança deu lugar a uma faísca de curiosidade.

— Talvez.

Victor observava a interação em silêncio sem demonstrar sequer uma expressão favorável ou desfavorável an atitude de Amanda com sua filha Sofia. 

— Teresa mostrará o resto da casa e explicará suas responsabilidades. Vou decidir mais tarde se você é adequada para o trabalho — disse ele, encerrando a conversa, se levantou seguindo para as obrigações de seu dia.

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