Capítulo 45Victor respirou fundo ao sair do elevador e se encontrar diante da porta do apartamento em que Amanda estava ficando durante a guerra contra os Marchesi. Ele sabia que aquele momento não seria apenas o fim de um ciclo, mas o começo de algo completamente novo. A guerra contra os Marchesi havia terminado, e, pela primeira vez em meses, ele sentia que podia baixar a guarda.Com uma batida firme, ele anunciou sua chegada. A porta se abriu rapidamente, e Amanda apareceu no batente, surpresa. A expressão dela era uma mistura de alívio e exaustão, mas seus olhos não escondiam a felicidade ao vê-lo.Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Sofia surgiu correndo da sala, gritando: — Papai!Victor imediatamente se abaixou, abrindo os braços. Quando Sofia se jogou nele, ele a pegou no colo, apertando-a com força contra o peito. — Minha pequena, acabou, — ele sussurrou, com a voz embargada. — Acabou de verdade.Sofia o segurou com força, como se temesse que ele desaparecesse de n
Capítulo 46A noite avançava lentamente, com a cidade iluminada pelas luzes que vinham de fora da janela do apartamento de Amanda. Sofia dormia profundamente no quarto, o som de sua respiração tranquila sendo quase um lembrete tangível da paz recém-conquistada. Na sala, Victor e Amanda permaneciam em silêncio. Mas não era um silêncio vazio — era carregado, vibrante, quase como uma corda prestes a se romper.Amanda mexia distraidamente no cabelo, o olhar vagando pela sala, mas frequentemente pousando em Victor. Ela tentava processar o selinho que ele havia lhe dado mais cedo. Foi tão repentino, tão natural, mas tão inesperado. E o que era mais perturbador é como aquilo fez seu coração disparar de uma forma que ela não sentia há anos.Victor estava sentado no sofá, com uma perna esticada e a outra dobrada, segurando um copo de uísque que ele mal tocava. A camisa entreaberta deixava à mostra o peito musculoso marcado pelas cicatrizes da guerra contra os Marchesi, cicatrizes que, de certa
Capítulo 47A luz suave da manhã invadia o quarto de Amanda, dançando pelas cortinas semiabertas. Ela abriu os olhos lentamente, piscando para ajustar-se à claridade. A noite passada parecia um sonho — uma mistura de emoções e sensações tão intensas que seu corpo ainda carregava as marcas da paixão compartilhada com Victor. O calor do corpo dele ao seu lado era reconfortante, e por um breve momento, Amanda sentiu-se completamente em paz.Mas então, uma onda súbita de náusea a atingiu. Sua expressão mudou, e ela se levantou de supetão, o coração disparado.— Droga... — murmurou, pressionando a mão contra a boca enquanto corria para o banheiro.Victor acordou com o barulho, alarmado. Ele sentou-se na cama, esfregando os olhos enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Ele ouviu o som da torneira no banheiro sendo aberta e o som suave de Amanda tentando controlar a respiração. Preocupado, levantou-se rapidamente e foi atrás dela.— Amanda? — chamou, batendo levemente na porta an
Capítulo 48Nove meses haviam se passado desde aquele dia turbulento em que Amanda descobriu que estava grávida. A ansiedade, o medo e a surpresa deram lugar a uma nova sensação: esperança. Ela estava prestes a dar à luz ao filho de Victor, e a vida estava prestes a mudar de maneira irreversível, mas, de algum modo, ela sentia que estava pronta.O trabalho de parto começou em uma manhã calma, com o sol entrando pela janela do quarto, iluminando o ambiente com uma luz suave. Amanda sentiu as primeiras contrações no meio da noite, mas demorou para acreditar que era realmente o início do trabalho de parto. Quando a dor se intensificou, ela acordou Victor, e ele, imediatamente, entrou em modo de ação.— Amanda, vamos ao hospital. Agora. — Ele falou, tentando manter a calma, mas seu rosto estava marcado pela preocupação.Ela assentiu com um sorriso nervoso, embora a dor estivesse começando a tomar conta de seu corpo. Victor foi para o lado dela, ajudando-a a se levantar da cama e a se vest
EpílogoOs anos passaram de forma estranhamente rápida, mas de uma maneira que parecia ao mesmo tempo suave e imutável. A mansão Castellani, que agora era seu lar, era um reflexo da vida que Amanda e Victor haviam construído juntos. A imensa casa de pedra, rodeada por jardins exuberantes e um campo vasto que parecia tocar o horizonte, era o cenário perfeito para uma vida que parecia ter dado certo após tantos desafios.Aquela manhã, no entanto, tinha um sabor diferente. O sol ainda estava baixo, mas sua luz já aquecia o ambiente, refletindo nas janelas da mansão. No quarto, Amanda se espreguiçou lentamente, os raios dourados iluminando sua pele enquanto ela acordava. Seu cabelo caía em cachos suaves sobre o travesseiro, e o cheiro de café fresco se espalhava pela casa.Ela sorriu ao ouvir o som de risadas vindas de algum lugar da casa. Theo, seu filho, agora com cinco anos, tinha se tornado o centro de seu mundo, a razão pela qual o amor de Amanda e Victor havia florescido de uma mane
Capítulo 1Amanda olhou para a cama improvisada no sofá onde Dona Marlene descansava, a pele pálida e os traços abatidos denunciando sua fragilidade. Apesar de tudo, havia ternura em seu olhar, mesmo ao dormir. Amanda ajeitou a coberta com cuidado, tentando ao menos proporcionar conforto onde não podia oferecer soluções.O relógio na parede do pequeno apartamento marcava 7h15 da manhã, mas Amanda já estava acordada há horas. As preocupações pesavam como uma âncora, prendendo-a em um turbilhão de ansiedade. Na mesa da sala, uma pilha de contas acumulava-se como uma montanha intransponível: aluguel atrasado, faturas de água e luz esquecidas no tempo, e os custos exorbitantes do tratamento médico de sua mãe, que recentemente fora diagnosticada com uma doença crônica.— Vai dar certo, mãe. Eu prometo — murmurou, mais para si mesma do que para a mulher adormecida.Amanda suspirou depois de arrumar as cobertas em cima de sua mãe, ela acariciou o rosto de sua querida mãe com o coração pesado
Capítulo 2 Amanda sabia que aquele trabalho era mais do que uma oportunidade financeira; era uma chance de trazer estabilidade para sua vida e ajudar sua mãe. Contudo, ela também sentia o peso de uma responsabilidade que ia além das suas expectativas iniciais.Assim que entrou na sala de estar, a presença imponente de Victor Castellani a recebeu. Ele estava vestido de maneira mais casual do que no dia anterior, com uma camisa azul desabotoada no colarinho e calça social, mas ainda assim mantinha a postura rígida e autoritária que a havia impressionado na entrevista.— Bom dia, Amanda — disse ele, indicando com um gesto que ela se sentasse na poltrona de couro diante dele. — Antes de começarmos oficialmente, preciso que você entenda algumas coisas sobre Sofia.Amanda sentiu a gravidade da situação e assentiu silenciosamente, ajustando-se na poltrona. Victor não parecia do tipo que enrolava para ir direto ao ponto, e sua expressão séria confirmava isso.— Sofia é... complicada — começo
Capítulo 3Amanda respirou fundo antes de cruzar o corredor que levava ao quarto de Sofia. Era seu primeiro dia oficial como babá, e ela estava preparada para enfrentar o que viesse — ou assim pensava."Seja paciente. Seja firme. E, principalmente, não leve para o lado pessoal." Aquelas palavras ecoavam em sua mente, lembrando-se do conselho que Teresa, a governanta, havia dado na noite anterior. Com um leve ajuste em seu suéter e um sorriso treinado no rosto, Amanda bateu suavemente na porta.— Sofia? Posso entrar?O silêncio foi a única resposta. Amanda, porém, já sabia que estava sendo observada. Empurrou a porta com cuidado e encontrou a menina sentada na cama, os pequenos braços cruzados e um olhar que misturava desafio e curiosidade.— Bom dia, Sofia! — disse Amanda, mantendo o sorriso. — Dormiu bem?Sofia arqueou uma sobrancelha, claramente entediada com a pergunta.— Você fala demais.Amanda soltou uma risada curta, tentando quebrar o gelo.— É verdade. Falo muito mesmo, mas s