— Você está bem? Mia piscou algumas vezes ao escutar Liam. Estava naquele jardim da casa dos amigos a alguns bons minutos, esperando a hora de pegá-los na escola. Havia sido divertido estar com os amigos, mas ainda assim, sentia que algo estava faltando. E foi só Elliot e Simon chegar que ela se sentiu mais vazia do que nunca. Eles a conheciam. Eles sabiam de coisas sobre ela que ela achou que apenas Luna e Connor soubessem. Era estranho. E doloroso. Principalmente quando via a forma como eles falavam sobre Archie. Meu pai. Nosso pai. Nunca “Archie”. Eles o viam como pai de uma forma que ela não via. Eles enxergavam e conheciam um Archie diferente de como ela enxergava e conhecia. Ele havia sido um pai para ambos. E para ela... Tudo bem, era ciúmes. Era isso? Ciúmes? Mágoa? Liam havia dito que ela não sentia mais mágoa ou raiva de Archie, os “irmãos” contaram que ela estava mais leve com relação ao pai, que não se sentiu tensa ao vê-lo no hospital, e agora estava tudo de volta. Não
— Quando eu decidi conhecer minha irmã... – Começou após um momento de silêncio. – Eu comentei sobre como seria com meu pai? — Você disse que não colocaria uma culpa que um inocente não tinha. Que iria querer ver ela crescer, mas não estava pronta para ter uma relação com seu pai. Que não tinha mais nenhuma mágoa por ele, ou raiva, mas ainda não estava preparada para ter ele em sua vida. Ela voltou a ficar pensativa. — Mas é como eu disse, Mia. Você... não é a mesma. Não a Mia que já havia superado tudo que aconteceu entre você e seu pai. É natural você ter sentimentos ruins por ele agora. — Nem sei exatamente o que sentir por ele. – Diz, sendo sincera. — Você é uma anta! Ambos se viraram, encontrando Connor abaixado perto da piscina, rindo aos montes, e Simon e Elliot dentro dela. Algo havia acontecido, e eles nem mesmo perceberam. — Como é que me escorrega em uma bolinha de plástico? – Simon reclamou, sentando-se na beirada. — Henry deve ter jogado ela pra cá. – Connor cont
Mia não conhecia bem Thomas, mas ainda assim ela via o quanto ele estava nervoso. Parecia muito irritado. A carinha dele dava a entender que ele só não havia saído de perto dela ainda porque estava se esforçando muito, mais um pouquinho e ele pularia daquele banco e jogaria toda sua raiva no culpado disso. Seu colega de sala. Um jovenzinho da mesma idade, que fazia parte da turma há mais ou menos três meses. Aluno novo e um tanto cruel. Não, muito cruel. Ele havia provocado algo em seu filho. Não soube o que quando ligaram para Liam dizendo que o filho deles havia batido em um amigo, mas foi só se encontrar cara a cara com o garoto que soube que o motivo era ele tocar na ferida mais que dolorosa de Thomas. “Primeiro sua mãe te abandona e agora a outra esquece de quem é você” Aquelas palavras ecoaram em sua mente por vários minutos até correr até o filho — muito depois de seu noivo já ter feito. Ele estava sobre o garoto de cabelos castanho-claros e olhos em um tom de pôr do sol. Seu
Liam já se sentia mais calmo. Mais ainda por saber que a garotinha dele não escutou uma vírgula do que o tal Brian falou. Estava indignado, mas mais calmo. O menino seria suspenso e Thomas levaria apenas uma advertência por ter reagido de maneira um tanto violenta. Mas não o julgava. Ele não poderia. Faria o mesmo se tivesse a idade dele. Na verdade, ele já havia feito muito daquilo quando escutava algo sobre sua família. Sempre havia sido um garoto esquentado. E muito protetor com as pessoas que amava. Quando soube do acontecido, sentiu tanta raiva, que precisou se esforçar para não sacudir aquele moleque. O garoto que tinha a mesma idade do seu filho, mas que era pura maldade. O menino estava provocando seu filho a uma semana. Os professores estavam conseguindo dar conta do recado, e por isso não avisou sobre, mas então aquele “incidente” aconteceu e eles tiveram que chamar por ele e contar tudo que estava acontecendo. O novato tinha uma certa inveja do seu filho. Não era necessári
— Sinto saudades dela. Mas... aquele aperto de antes... nem consigo sentir. – Estranhou de fato. – Eu voltei a ser eu... Quer dizer, eu não sou mais a Mia que eu fui quando nos conhecemos, então eu deveria sentir aquela dor, não é? Ele não sabia, não entendia e sinceramente até se tranquilizava por estar acontecendo de forma tão diferente do que normalmente aconteceria. — Eu... não sei. — Tenho essa mágoa por meu pai, e a dor de ele ter sido horrível comigo, mas não tenho a dor da perda de Kiara. Como é possível? Ele não fazia ideia, e por isso apenas balançou a cabeça. — Não que eu esteja reclamando, eu só acho estranho. – Murmurou, dando um suspiro. – Eu queria muito ir ver as coisinhas dela. Mas não sei se deveria. — Podemos conversar com sua psicóloga mais tarde. Mia sorriu. — Seria bom. Silêncio. Mas não desconfortável. Mia havia tomado o último resquício de que o milkshake havia existido. Fez um barulho com o canudinho e então ela soltou o copo. E ficou pensativa po
— Olie. – Se levantou, abraçando-o. — Você já está demonstrando seu lado ciumento para a sua noiva? Liam bufou. — Já contou a ela que quis me enforcar vivo por imaginar que nós... — Amelia, você quer sentar-se? Olívia deve estar pesada. Ela sorriu, sabendo que tudo aquilo era por querer que o seu marido se calasse, mesmo sabendo também, que ele estava sendo sincero em ser gentil. — Quem foi que comeu isso tudo? Tá passando fome? — Oliver! Ele apenas deu de ombros enquanto se sentava ao lado da mulher, deixando a sua melhor amiga se sentar ao lado do noivo, o que era para estar acontecendo antes, mas que ele chegou vendo exatamente o contrário. E ele era uma pessoa intrometida, então por que não ser também o inconveniente que constrange todo mundo? Sempre foi assim, não seria agora que o seu algodão doce estava sem memória que iria desaprender a ser. — Como foi sua primeira noite com o Kavanagh? Mia corou. — Foi boa? — Oliver! Ele gesticulou para a esposa, como se diss
— O que acha de dividir comigo uma torta? Eu acho que não consigo sozinha. — Eu consigo. Amelia se virou para o marido. — Eu sei que consegue, mas se dividir comigo, vai querer a minha parte também. Oliver riu, concordando totalmente com a esposa, e Liam e Mia acabaram acompanhando-o. — O que vai pedir? Liam fitou a noiva. — Hum. Uma com frutas. Não era a preferida de sua noiva, ele sabia disso. — Então o que acha da calda de caramelo? Acho que fica muito bom. — Eu amei. Minha preferida. Enquanto Mia se surpreendia por ter acertado a torta preferida de Amelia, Liam se surpreendia por sua garota estar aceitando comer uma torta com frutas. E no mesmo momento em que pediam, Oliver se apoiou na mesa para poder falar baixinho apenas para o amigo escutar: — Ela vai comer com frutas? Quem é essa e o que fizeram com a minha melhor amiga? Liam sabia exatamente o que fizeram com ela, apesar de não dizer. Ou melhor, o que estava acontecendo com ela **--** **--** Sabia que estav
— Você já deu uma volta pela cidade? Reconheceu lugares que já esteve? — Não, eu só... fui até a escola dos gêmeos e estava agora a pouco na hamburgueria aqui da frente. — Claro, claro, Liam adora aquela hamburgueria. É sua preferida. Acho que nós vínhamos aqui sempre que ele podia. Era nosso lugar de encontro. Se tornou especial. A rosada não gostou. Se sentiu estranhamente chateada por aquelas palavras. — Vocês devem ter um lugar especial também. — Perdão, eu tenho que ir. — Espere. – Pegou em sua mão, e Mia se arrepiou. – Não sei se disse algo de errado, perdão. Eu quero muito que sejamos amigas. O que acha de nos encontrar qualquer dia? Eu sei de alguns lugares que você frequentava. Na época em que eu namorava Liam. Não que tenha que se preocupar com isso, é passado. Ficou bem... lá no passado. — Não gosta mais dele? – Foi mais forte que ela. As palavras pularam de seus lábios enquanto voltava a se sentar. — Não desse jeito que pensa. – Diz com um sorriso. Aquele sor