— Fale baixo. — Ninguém pode nos escutar. — Como é que você percebeu? Nem eu percebi. — Eu já disse, uma grávida reconhece a outra. – Bocejou. – Que sono. — Ah, não, você pode dormir uma outra hora. Agora, você vai me contar o que tem dentro dessa caixa para eu ficar preparada quando meu marido for ver. – A viu abrir aquele sorriso. – Estou com medo de novo. — É um sapatinho de bebê. A loira arregalou os olhos. — É de crochê. E é vermelho, para dar sorte. A loira olhou para a caixinha e depois voltou-se para a cunhada. — Achei que você iria querer fazer uma surpresa para o Elliot. — A surpresa é para mim. A rosada riu. — Se você não me conta, eu quem iria cair para trás. — Não antes do meu irmão. — E você ainda acha graça. Mia voltou a rir. — Eu só quero que seja especial para os dois. Lucy então sorriu. — É um momento que vocês precisam compartilhar juntos. A loira olhou para a própria barriga. — E como tia desse bebê e madrinha de casamento, eu achei q
Liam Kavanagh se encontrava no escritório da empresa de sua família, na qual comandava, mas diferente do que deveria estar fazendo, seus olhos se encontravam no porta-retrato a sua frente em cima de sua mesa; nela, uma fotografia de ambos seus filhos, juntos e abraçados. Com apenas vinte e três anos, o moreno de olhos ônix era pai de um casal de gêmeos. Apesar de ser muito cansativo, adorava passar as horas com eles ou mesmo apenas colocá-los para dormir, como fazia sempre. Ambos eram muito parecidos consigo, com a única exceção dos olhos, que eram verdes-oliva; a mesma cor dos olhos de sua mãe; se é que podia chamá-la dessa forma, já que a mulher por quem havia se afeiçoado durante a gravidez, havia os abandonado. Se lembrava como se fosse ontem do dia em que tudo começou. Havia terminado o colegial, e todos iriam comemorar na casa de um dos colegas de classe. Apesar de seus pais, em especial sua mãe, pedir para que ele não fosse, não os escutou. Sabendo que beberia, pediu para que
As palavras que o atingiram foram: eu estou grávida. E então seu mundo virou de cabeça para baixo. Sua mãe surtou e quase teve um ataque do coração ao descobrir sobre a gravidez, seu pai ficou possesso por sua irresponsabilidade e o obrigou a noivar com a moça, que incrível e surpreendentemente, era filha do contador da empresa da família, e o fez prometer que seria responsável pela criança que estava dentro da barriga de Lillie. E ele prometeu. Mesmo morrendo de medo de ser pai, esteve presente em cada consulta, em cada enjoo, em cada desejo, e mesmo que estivesse um caco por estar estudando e cuidando de uma grávida, não a deixou sozinha nem por um segundo, principalmente porque sabia que ele era parte responsável por ela estar passando por uma gravidez aos dezesseis anos; sim, ela era um ano mais nova que o Kavanagh. Eles se casaram nas férias, quando ela já se encontrava com uma barriguinha a mostra, e que por esse motivo, haviam se decidido apenas no civil. E Liam agradeceu
Natalie e Thomas Kavanagh tinham cinco aninhos, mas diferente do que toda babá que os conhecia, pensavam, eles não eram crianças normais; eram extremamente inteligentes e com uma mente incrivelmente diabólica. Não que não fossem crianças boas, adoráveis e obedientes, mas eles não admitiam, concordavam ou confiavam nas mulheres que o amado pai contratava para lhes cuidar. E o único motivo de não aceitarem uma babá é por temerem que elas tirassem o pai deles; e isso eles nunca aceitariam. Liam Kavanagh não tinha dona e eles queriam que continuasse assim eternamente. Naquele momento, ambos esperavam pela refeição da nova babá. A mulher tinha longos cabelos castanho-claros com algumas mexas loiras e os olhos eram em um tom azul-escuro. Enquanto preparava o almoço uma música tocava em seu celular, e por mais que soubesse que os gêmeos estivessem a alguns passos de si, ela não lhes dava atenção; estava totalmente focada em sua cantoria enquanto picava uma cebola. As crianças cochichavam ent
Naquele momento, Liam só tinha uma coisa em seus pensamentos, apesar de estar trabalhando, algo que o preocupava, ou melhor, alguém: a babá de seus filhos. Aquele era o primeiro dia dela, e estaria com eles pelas próximas horas, sozinha, sem mesmo a governanta, que havia pedido uma folga por conta de seu filho mais novo que havia adoecido e não tinha ninguém para ficar com ele no hospital. E esse era mais um motivo para ele se preocupar com os três. Na verdade, se preocupava com o que ambos seus filhos pudessem aprontar para colocar a nova babá para fora de suas vidas. Não duvidava que isso poderia acontecer naquele mesmo dia. Realmente, conhecendo como os conhecia, temia pela mulher. Já fazia praticamente um ano que os gêmeos não mais eram cuidados pela amada avó, Ivy Kavanagh, simplesmente porque ela e seu pai estavam sempre viajando agora que ele estava no comando da empresa junto de seus amigos, e ele tinha de concordar que ambos mereciam se divertir, e por isso no instante em q
Ah, aquele prédio. Ela conhecia bem ele. Já esteve ali antes. Há dias atrás. A empresa mais importante daquele país estava contratando pessoas, mas infelizmente ela nem mesmo conseguiu passar pela entrevista. Outra pessoa já tinha sido contratada. Se ela tivesse sido mais rápida não estaria agora tentando sobreviver com o pouco que a restava. Bem, isso é mentira, os amigos estavam ajudando-a com boa parte da grana deles. O aluguel da casa, o restante da faculdade, que infelizmente ela não pode continuar, até mesmo algumas coisas necessárias para sua casa. Se sentia envergonhada. E chateada por ainda estar naquela situação. E agora ela tinha acabado com o restante que ainda tinha. Não que estivesse de alguma forma arrependida, foi por uma boa causa. Há meses não estava com sorte. Desde que seu pai havia se casado novamente, com uma golpista que ela odiava desde os dez anos – que foi o dia em que a conheceu verdadeiramente –, tudo desmoronou, principalmente por perceber que seu pai est
Quando descobriu por seu irmão mais velho que ambos seus filhos realmente haviam desaparecido e que a babá estava possessa por conta de um chiclete mascado que seu filho havia pregado em seus cabelos, ele realmente se preocupou; primeiro, porque eles estavam sozinhos pelas ruas de Dublin e segundo, porque com certeza seria processado. Bom, não seria a primeira vez. E naquele momento, o que mais importava para ele era a segurança de seus pequenos. E por esse motivo não se demorou em correr para fora de sua grande sala e pedir para que sua secretária cancelasse tudo que tivesse em sua agenda para aquele dia e o dia seguinte, enquanto seguia para o elevador, completamente nervoso. Imaginava que seus filhos pudessem estar assustados, afinal, nunca estiveram sozinhos pelas ruas da cidade antes. Era perigoso, sempre os avisou disso, em especial das pessoas que podiam lhes fazer mal, e mesmo assim, mesmo depois de tantas e tantas vezes que havia avisado a ambos, eles saíram, e para piorar
Aquele seria um daqueles dias no qual ele não ia a empresa por conta da falta de uma babá, infelizmente perderia alguns dias de trabalho para que as crianças não ficassem sozinhas, e por mais que soubesse que ambos não lhes dariam trabalho se os levasse para a KC, não achou que seria confortável para eles ficarem tantas horas por lá. Liam não culparia os filhos pela forma como expulsaram a babá, não dessa vez, não quando sabia que eles tinham certa razão em mandá-la embora. Claro que não concordava com o modo no qual fizeram, mas compreendeu prontamente, ao saber toda a história da boca de Naty, sua princesinha, que realmente havia ficado chateada com a forma que a mulher lhe tratou. Ambos eram muito carentes e extremamente manhosos, mas tinha de confessar de que Naty era muito mais; talvez por ser uma garotinha. Estava extremamente cansado. Ser pai solteiro não era fácil, mas ele não reclamava, mesmo quando estava exausto e precisava dar banho em ambos e colocá-los para dormir, ind