De onde estava podia ver a chuva bater contra uma das poucas janelas que havia na cozinha. Estava sentada no banco alto de frente para a bancada da ilha. O céu escuro de vez enquando clareava por causa dos raios. Eram muitos deles. O som era irritante. Daqueles que você escutaria em um filme de terror. Mas Mia não se importava nenhum pouco. Primeiro que ela estava faminta demais para pensar no temporal que caía do lado de fora de sua casa e depois porque ela não estava em um filme de terror. O único problema era Natalie. Ela odiava temporais. Tinha muito medo. Pavor, até. E por isso Liam havia ficado com ela no quarto afim de tentar fazer com que ela dormisse. Teria ficado também se não tivesse tido aquele desejo insuportável de comer pasta de amendoim com nuttela. Lambeu um dos dedos e levou novamente a colher até o pote de pasta de amendoim. Levou a boca enquanto ia até a geladeira pegar algumas uvas verdes e morangos. Voltou para o mesmo lugar de antes, e com dificuldade, consegu
— Eu passo, não quero pegar qualquer que seja a praga que uma grávida possa jogar em mim. – Ele viu o olhar indignado que ela lhe lançou e segurou uma risada. – O mais seguro é eu comer outra coisa. — Você não vai ficar seguro se eu te colocar para fora dessa casa, no meio da chuva. Sim, havia também as ameaças. Acontecia dia sim, dia não. Ele nunca sabia o que esperar dela ao despertar. Se ela estava bem ou não. Se ela estava querendo enforcar alguém ou não. Na maioria das vezes, ela queria enforcar os irmãos, ou os cunhados. E havia também Ryan, que vinha brincando com a própria vida, como se não temesse perder ela. Era sempre uma piadinha sobre como a barriga dela estava grande. Ele gostava de provocar, e os outros o acompanhavam. — Seria capaz de fazer isso com o pai dos seus filhos? Ela o fuzilou com os olhos. — O que seria de você sem a minha pessoa? Sou eu que faço suas vontades. Eu busquei um iogurte de frutas vermelhas às duas da manhã e também me levantei às quatro pa
Liam olhava os filhos pelo vidro da UTI-neonatal. Estavam os três, lado a lado, enrolados em mantas de cores diferenciadas. Já tinham suas pulseirinhas e dormiam tranquilamente. Nada e nem ninguém podia acordá-los. Ou ele pensava que não. Havia deixado sua garota ser levada de volta ao quarto, a pedido de sua médica e por isso ainda não estava com ela. O parto havia sido normal. Sem problemas, sem complicações, tudo perfeito. E eles estiveram juntos a todo momento. Ela havia sido incrível. E o pessoal que estava cuidando dela também. Mesmo depois de ela passar por duas transfusões de sangue e descobrir sobre o veneno, ainda havia uma preocupação na mente do chefe da cárdio, e por isso ele acompanhou todo o processo do nascimento. E era por querer que tudo acabasse bem, que ele pediu alguns exames para sua paciente. E esse era outro motivo de Liam não estar com a amada naquele momento. Levou mais ou menos uma hora para que ele fosse chamado e levado até o quarto de sua garota. Haviam
UM ANO DEPOIS O coração de Mia disparava. Ela tremia. E suas mãos suavam. Mas no instante em que seus olhos encontraram o homem que amava, tudo passou. Ela se acalmou completamente. Não conseguia ver nada além dele. Era como se estivessem apenas eles dois naquele lindo jardim, decorado especialmente para o dia mais lindo e especial de sua vida. E da vida dele. Eles seriam marido e mulher em poucos minutos. Agora, de verdade. Teria o nome dele. Seria a Sra. Mia Kavanagh. Esposa de Liam Kavanagh. Era um sonho. Finalmente estava sendo realizado. E do jeitinho que sonhou durante todos aqueles meses que se passaram. Seu vestido havia sido feito sob medida. Sua melhor amiga não a decepcionou. Não que tivesse achado que isso aconteceria. Ela sabia de seu gosto e haviam conversado por horas sobre como ela imaginava seu vestido de noiva. Foi um dia inteirinho para que Luna desenhasse seu vestido dos sonhos, e ela havia feito ficar ainda mais perfeito. Ele era estilo princesa. Ombro a ombro,
Sasuke. Sasuke. Sasuke. Ela não parava de cantarolar seu nome. Ela o chamava insistentemente, pedindo e pedindo e pedindo para que ele a deixasse ver. Ele havia colocado uma venda vermelha em seus olhos, impedindo-a de ver qualquer coisa. A última coisa que ela viu foi o céu azul após alguns minutos que o avião já estava no ar. Sim, avião, o que queria dizer que ela estaria indo para algum lugar fora de sua cidade ou as redondezas. Ela até tentou tirar algo do seu namorado, e durante uma semana antes do casamento, usou os gêmeos para descobrir, mas nada. Ele havia sido firme. Até mesmo Thomas, o garotinho mais esperto do mundo inteiro, não havia conseguido fazer o pai falar. E desde então, tudo que pensava era para onde Liam a levaria em lua-de-mel. Nunca sonhou em ter a lua-de-mel em outra cidade ou país. Só queria um lugar especial ao lado do marido e pronto. Que tivessem dias lindos um ao lado do outro. Só os dois. Mesmo com o coração na mão por deixar seus bebês de um anin
— Estou com muitas saudades, mamãe. – Thomas diz. — Eu também estou, meu amor. – Tentou desviar dos braços do marido, mas foi meio impossível quando ele praticamente a prendeu, passando um dos braços por sua cintura. – E seus irmãozinhos? Estão bem? — Estão ótimos. O vovô e a vovó fazem tudo que eles querem. – Natalie quem contou. – Ontem os três fizeram uma bagunça na cozinha e a vovó nem brigou. Acredita? — A vovó vai brigar porque você contou. Vai deixar a mamãe preocupada. — Mas ela tem que saber. — Não quando ela está viajando, né, irmãzinha. Mia imaginou sua filha mostrando a língua para o gêmeo. — Está tudo bem, meus amores, agora me digam o que vão fazer hoje. — Nós vamos sair com o tio Mat. — Ele não é nosso tio. — Não seja chato. — Céus, a cada dia vocês estão mais implicantes. – Sentiu os beijos do marido em seu pescoço. – Para. – Sussurrou para ele, se voltando para o celular. – Não deem trabalho para a Cait. Ela está grávida, não se esqueçam. — Tem co
Vinte dias depois Mia mal esperou o marido desligar o carro para descer e se jogar em cima dos gêmeos, que foram os primeiros a aparecerem na porta de casa. Os apertou em seus braços, encheu de beijos e disse várias vezes que estava morrendo de saudades dos seus “anjinhos”. Desde que ela passou a chamá-los assim, Killian, Lucca e principalmente Luna vinham implicando com ela. Porque eles não achavam que aqueles dois eram dois anjos. Eles eram qualquer coisa, menos anjos. Nunca foram e provavelmente nunca seriam. Mas ela não se importava, para ela, eles sempre seriam dois anjos. Eles entraram na vida dela como anjos para melhorar sua vida, para lhe trazer felicidade, alegria e em especial um grande amor. Seus bebezinhos de um aninho não demoraram a aparecer correndo. Ela se abaixou para poder abraçar os três de uma só vez e beijá-los tanto quanto ela beijou os gêmeos. E enquanto isso, Natalie e Thomas eram paparicados pelo pai, que contava dos presentes que haviam trazido para eles.
— Continue, filho. – Ivy pediu. — Bem... – Pigarreou. – Nós vamos adotar uma criança. A surpresa foi geral. — Eu sei que é chocante, nós saímos em lua de mel em menos de um mês atrás e voltamos com essa notícia, que parece ter sido de uma hora para a outra. — E na verdade foi. – Mia confessou. – Do dia para a noite. — Como... que chegaram a essa decisão? Em uma viagem ainda por cima? — Não que estejamos criticando. – Anelise diz rapidamente após as palavras de Luna. — Sim, sim, não estamos criticando, só estamos surpresos demais. – Luna concordou, se explicando. — Eu meio que quase atropelei a criança. — Ai, meu Deus, Mia no volante é um perigo constante. — Cala a boca, Elliot. — Pior que é verdade. – Liam sussurrou para ambos os cunhados, que seguraram uma risada. — Não sei como nós sobrevivemos, não é, Naty? A rosada abriu a boca, indignada enquanto a pequenininha de sua filha ria. — Isso quer dizer que vamos ter um novo irmãozinho? – A pequena estava entusiasm