— Vai, Mia, me diz de uma vez. O que é isso? – Balançou a caixinha levemente. – Seu sorriso me deu medo. Pareceu o sorriso que me deu quando disse que eu estava grávida. — Você está grávida. — Fale baixo. — Ninguém pode nos escutar. — Como é que você percebeu? Nem eu percebi. — Eu já disse, uma grávida reconhece a outra. – Bocejou. – Que sono. — Ah, não, você pode dormir uma outra hora. Agora, você vai me contar o que tem dentro dessa caixa para eu ficar preparada quando meu marido for ver. – A viu abrir aquele sorriso. – Estou com medo de novo. — É um sapatinho de bebê. A loira arregalou os olhos. — É de crochê. E é vermelho, para dar sorte. A loira olhou para a caixinha e depois voltou-se para a cunhada. — Achei que você iria querer fazer uma surpresa para o Elliot. — A surpresa é para mim. A rosada riu. — Se você não me conta, eu quem iria cair para trás. — Não antes do meu irmão. — E você ainda acha graça. Mia voltou a rir. — Eu só quero que seja especial
Mia lambia os dedos quando Liam entrou na cozinha. Ela estava sentada em um dos cadeirões de frente para a ilha. Em cima da mesa de pedra havia um pote de pasta de amendoim, um de Nutella e um de sorvete. Passou os olhos tentando encontrar um copo, mas percebeu rapidamente que ela comia no pote mesmo. Queria pegá-la no pulo. Era duas horas da manhã. O que aquela mulher estava fazendo comendo todo aquele doce àquela hora? Ele sabia a resposta, mas ainda assim, estava chocado. Ele vinha se assustando com a noiva. Ela estava comendo tudo que via pela frente, era surpreendente ela não comer um tijolo. Ora era hamburger, ora era pizza, ora era yakissoba, ora era panqueca. Não importava a hora, lá estava ela comendo. E se ela entrava com tudo nas comidas de sal, e muito mais com as de doce. A médica dela havia conversado com ambos sobre sua alimentação, e desde então quando ela não tinha algo que queria muito, chorava. Sim, chorava. Havia muitas lágrimas em seus olhos e elas desciam como
— Eu desejo que você e Elliot sejam muito felizes. O casamento havia sido lindo. Especial. Os votos, emocionantes. Além dela, apenas uma outra havia recebido o convite para ser madrinha, acompanhante de Simon. A irmã mais nova da irmã da mãe adotiva de Elliot. A única mãe que ele conheceu e que lhe deu amor. Ela estava estudando na Inglaterra até quase duas semanas atrás. Tinha apenas vinte e dois anos e era a mais nova pediatra. Havia terminado o colegial aos quinze anos e finalizado sua faculdade á alguns meses. Ela era gentil e muito inteligente. Tinha cabelos loiros — como os de Lucy — e olhos em um tom turquesa, que fazia Mia acreditar que estava olhando para o mar. — Obrigada, Mia. Mia sorriu antes de dar uma olhada ao redor e aproximar o rosto do da cunhada. — Quando for contar sobre o bebê, não se esqueça de ter a certeza de que meu irmão esteja perto de algum acento. – Se afastou, abrindo um largo sorriso, vendo o choque no olhar âmbar de Lucy. – O que? Uma grávida recon
Quando Liam acompanhou a esposa até o carro para que ela pegasse o presente do casal, estranhou. Primeiro porque já haviam entregado o presente e segundo porque aquela caixa que ela segurava era muito pequena. A viu abrir um sorriso e balançar de leve. Ela estava tão entusiasmada com um simples presente, que ficou curioso. Muito curioso, e por isso questionou, mas ela se negou a dizer o que era. Ele até insistiu um pouquinho até passarem pelo hall da festa, mas viu que seria inútil então apenas esperou. Sabia que ela diria em algum momento. Do jeito que ela estava ela não conseguiria esperar tanto para comentar sobre o presente. O casal já estava se preparando para sair em lua-de-mel, e naquele momento se despediam da família. Alguns convidados já estavam do lado de fora esperando o momento em que jogariam o arroz em cima dos noivos e por isso só os mais chegados estavam ali ao redor deles, lhes abraçando e desejando outra vez, felicidades. Felicidade essa que estava estampada no ro
— Fale baixo. — Ninguém pode nos escutar. — Como é que você percebeu? Nem eu percebi. — Eu já disse, uma grávida reconhece a outra. – Bocejou. – Que sono. — Ah, não, você pode dormir uma outra hora. Agora, você vai me contar o que tem dentro dessa caixa para eu ficar preparada quando meu marido for ver. – A viu abrir aquele sorriso. – Estou com medo de novo. — É um sapatinho de bebê. A loira arregalou os olhos. — É de crochê. E é vermelho, para dar sorte. A loira olhou para a caixinha e depois voltou-se para a cunhada. — Achei que você iria querer fazer uma surpresa para o Elliot. — A surpresa é para mim. A rosada riu. — Se você não me conta, eu quem iria cair para trás. — Não antes do meu irmão. — E você ainda acha graça. Mia voltou a rir. — Eu só quero que seja especial para os dois. Lucy então sorriu. — É um momento que vocês precisam compartilhar juntos. A loira olhou para a própria barriga. — E como tia desse bebê e madrinha de casamento, eu achei q
Mia se sentia muito cansada. Tanto, que decidiu ficar quietinha na cama por mais que fosse entediante. Normalmente ela não conseguia ficar deitada o dia todo, mas desde que a barriga começou a pesar, ela mal conseguia ficar cinco minutos de pé, ou andando de um lado para o outro, e por isso havia parado de trabalhar mais cedo. Os amigos, em especial o noivo havia achado ótimo que ela tomasse aquela decisão por si, porque eles estavam quase fazendo aquilo por ela. Ela estava carregando três bebês. A barriga já estava enorme. Os pés começaram a inchar mais cedo do que o esperado. E ela dormia mal desde que completou seus quatro meses. Agora, com quase sete, ela estava só esperando o momento em que sua bolsa estourasse, o que não faltava muito. Sienna havia avisado que os bebês viriam a nascer aos sete meses. Um pouquinho mais. Ela também sabia disso. Era uma médica. E tinha conhecimento o bastante para saber que não devia fazer esforço demais naquele período. E esse era um dos motivos p
— Somos gêmeos. — E nem por isso você nasceu linda, eu por outro lado... — Você... é o garotinho mais egocêntrico que eu já conheci nessa vida. Bem, mas sendo filho de quem é, não me surpreende. – Sentiu mais um chute. – Acho que seus irmãos concordam comigo. Será que é possível que vocês parem de chutar minhas costelas? Eu amo vocês, mas estão acabando comigo. Thomas e Natalie correram para perto da mãe, se jogando ao lado dela e colocando a cabeça na barriga enorme dela. E eles sentiram. Uma, duas, três vezes, até dar uma parada. Parecia que eles haviam sentido que eram os irmãos. — Acho que eles sabem que são vocês. Ambos sorriram. — Vocês vão ser muito amados pelos trigêmeos. Os dois vão ser uma influência para eles, um herói, então precisam estar sempre atentos ao que fazem. — E se a gente ensinar algo errado sem querer? Mia percebeu que sua filha ficou preocupada de repente. — Meu amor, ninguém é perfeito. Não estou pedindo para serem perfeitos. Estou dizendo que
De onde estava podia ver a chuva bater contra uma das poucas janelas que havia na cozinha. Estava sentada no banco alto de frente para a bancada da ilha. O céu escuro de vez enquando clareava por causa dos raios. Eram muitos deles. O som era irritante. Daqueles que você escutaria em um filme de terror. Mas Mia não se importava nenhum pouco. Primeiro que ela estava faminta demais para pensar no temporal que caía do lado de fora de sua casa e depois porque ela não estava em um filme de terror. O único problema era Natalie. Ela odiava temporais. Tinha muito medo. Pavor, até. E por isso Liam havia ficado com ela no quarto afim de tentar fazer com que ela dormisse. Teria ficado também se não tivesse tido aquele desejo insuportável de comer pasta de amendoim com nuttela. Lambeu um dos dedos e levou novamente a colher até o pote de pasta de amendoim. Levou a boca enquanto ia até a geladeira pegar algumas uvas verdes e morangos. Voltou para o mesmo lugar de antes, e com dificuldade, consegu