Mia sorriu. Aquele foi um dia muito engraçado. E especial. Tanto, que no dia em que as bebês nasceram, cada um deles se lembraram, riram e ainda contaram a elas, como se elas realmente entendessem, tudo que havia acontecido, e como decidiram quem seria a madrinha delas. De repente, pensou em algo importante. — Por que não estava no dia em que Kate e Cloe nasceram? Liam se surpreendeu com a pergunta. — Você é o padrinho da Cloe, não é? — Eu estava viajando a trabalho. — Oh. — Aquelas pestinhas decidiram nascer no mesmo dia em que viajei. A rosada riu. — Só as conheci quase uma semana depois. — Como não nos conhecemos antes? Não é estranho? Você sempre foi amigo do Connor e do Shay, desde muito novo, e nós nunca nos encontramos antes. — Eu odiava sair depois que os gêmeos nasceram. Primeiro porque estava muito cansado e depois porque eles precisavam muito de mim. Eu sempre me encontrava com os meus amigos na empresa ou na minha casa. Eu quase nunca ia a casa deles. Fal
— Irmãos? Eu tenho irmãos? Dois irmãos? — Três, contando com Elizabet. Mia mal podia conter sua incredulidade. Que história mais maluca era aquela? Seu pai havia adotado o filho da sua antiga madrasta e também o da madrasta atual. Ela nunca pensou que um dia escutaria aquela insanidade. É uma insanidade, apesar de ser algo realmente muito bonito da parte dele. Um deles perdeu o pai e o outro ambos os pais. E não podemos deixar de lembrar que o mais novo, Elliot, foi abandonado e rejeitado pela mãe por mais de uma mãe. Se é que podia chamar aquele monstro de mãe, não é mesmo? Porque Mia tinha certeza de que ela era tudo, menos uma mãe. — Sua madrasta ajudou muito seu pai. Ele começou a fazer terapia, reabilitação..., se apaixonaram e então se casaram. Simon perdeu o pai há três anos, antes de ele conhecer Archie. Anos antes, seu pai conheceu Elliot, e criou um laço com ele. De pai e filho. — Quem diria. — Archie esteve perto de você o tempo todo. Ela arregalou os olhos. — Não
— Você está muito melhor. — Está dizendo que eu não estava antes? — Estou dizendo que você estava muito estilo zumbi no hospital. Mia se indignou e o ruivo riu. — Madrinha! A rosada se virou no mesmo instante, arregalando os olhos quando encontrou Kate. Sua afilhada. A garotinha estava com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo e seu vestido era um azul-tiffany muito lindo, que era quase que o mesmo tom dos olhos de sua irmã gêmea. Correspondeu ao seu abraço, beijou sua bochecha, ainda que chocada com o quanto ela estava grande. Quanto tempo se passou mesmo? Se lembrava de que ela era pequeninha ainda. Quantos anos mesmo? Cinco? Agora ela estava com seis? Era isso ou estava enganada? Não, estava enganada, Luna ficou grávida na mesma época em que o Liam estava se tornando pai. Quase ao mesmo tempo. Se não estava enganada, sua melhor amiga disse que eles tinham dois meses apenas de diferença de idade. — Você está tão grande. A menina olhou para o pai, para o padrinho e entã
— Sabia que eu odiava isso também, Cloe? – Se aproximou. – Eu corria igual você, quando era criança. Não vou mentir, é ruim, mas é melhor do que depois você ficar em um hospital, querida. Você vai ter que levar injeção, vai ter que ficar lá vários dias e aí vai ser pior. – A viu fazer um biquinho. – O que você pode fazer é tampar o nariz e tomar bem rápido. Ela fez um som indicando que estava choramingando. — Vamos lá, Cloe, você já foi mais corajosa. – Sasuke ajudou. — Pode ser na seringa, então? — Claro, meu amor. – Luna diz, suspirando. – Liam, você pega o Henry para mim? – Passou o menino já com seus quase quinze meses para o amigo e então foi atrás da seringa, como prometeu que faria. — Eu fui forte, irmã, você também é. Os adultos sorriram diante da fofura. — É só tampar o nariz. E aí, a mamãe vai te dar um chocolate e o gosto ruim vai passar. Foi rápido. Ainda que Cloe tenha dado vômito, ainda assim, deu certo. Ela não vomitou e ainda ganhou um pedaço de chocolate. F
— Você está bem? Mia piscou algumas vezes ao escutar Liam. Estava naquele jardim da casa dos amigos a alguns bons minutos, esperando a hora de pegá-los na escola. Havia sido divertido estar com os amigos, mas ainda assim, sentia que algo estava faltando. E foi só Elliot e Simon chegar que ela se sentiu mais vazia do que nunca. Eles a conheciam. Eles sabiam de coisas sobre ela que ela achou que apenas Luna e Connor soubessem. Era estranho. E doloroso. Principalmente quando via a forma como eles falavam sobre Archie. Meu pai. Nosso pai. Nunca “Archie”. Eles o viam como pai de uma forma que ela não via. Eles enxergavam e conheciam um Archie diferente de como ela enxergava e conhecia. Ele havia sido um pai para ambos. E para ela... Tudo bem, era ciúmes. Era isso? Ciúmes? Mágoa? Liam havia dito que ela não sentia mais mágoa ou raiva de Archie, os “irmãos” contaram que ela estava mais leve com relação ao pai, que não se sentiu tensa ao vê-lo no hospital, e agora estava tudo de volta. Não
— Quando eu decidi conhecer minha irmã... – Começou após um momento de silêncio. – Eu comentei sobre como seria com meu pai? — Você disse que não colocaria uma culpa que um inocente não tinha. Que iria querer ver ela crescer, mas não estava pronta para ter uma relação com seu pai. Que não tinha mais nenhuma mágoa por ele, ou raiva, mas ainda não estava preparada para ter ele em sua vida. Ela voltou a ficar pensativa. — Mas é como eu disse, Mia. Você... não é a mesma. Não a Mia que já havia superado tudo que aconteceu entre você e seu pai. É natural você ter sentimentos ruins por ele agora. — Nem sei exatamente o que sentir por ele. – Diz, sendo sincera. — Você é uma anta! Ambos se viraram, encontrando Connor abaixado perto da piscina, rindo aos montes, e Simon e Elliot dentro dela. Algo havia acontecido, e eles nem mesmo perceberam. — Como é que me escorrega em uma bolinha de plástico? – Simon reclamou, sentando-se na beirada. — Henry deve ter jogado ela pra cá. – Connor cont
Mia não conhecia bem Thomas, mas ainda assim ela via o quanto ele estava nervoso. Parecia muito irritado. A carinha dele dava a entender que ele só não havia saído de perto dela ainda porque estava se esforçando muito, mais um pouquinho e ele pularia daquele banco e jogaria toda sua raiva no culpado disso. Seu colega de sala. Um jovenzinho da mesma idade, que fazia parte da turma há mais ou menos três meses. Aluno novo e um tanto cruel. Não, muito cruel. Ele havia provocado algo em seu filho. Não soube o que quando ligaram para Liam dizendo que o filho deles havia batido em um amigo, mas foi só se encontrar cara a cara com o garoto que soube que o motivo era ele tocar na ferida mais que dolorosa de Thomas. “Primeiro sua mãe te abandona e agora a outra esquece de quem é você” Aquelas palavras ecoaram em sua mente por vários minutos até correr até o filho — muito depois de seu noivo já ter feito. Ele estava sobre o garoto de cabelos castanho-claros e olhos em um tom de pôr do sol. Seu
Liam já se sentia mais calmo. Mais ainda por saber que a garotinha dele não escutou uma vírgula do que o tal Brian falou. Estava indignado, mas mais calmo. O menino seria suspenso e Thomas levaria apenas uma advertência por ter reagido de maneira um tanto violenta. Mas não o julgava. Ele não poderia. Faria o mesmo se tivesse a idade dele. Na verdade, ele já havia feito muito daquilo quando escutava algo sobre sua família. Sempre havia sido um garoto esquentado. E muito protetor com as pessoas que amava. Quando soube do acontecido, sentiu tanta raiva, que precisou se esforçar para não sacudir aquele moleque. O garoto que tinha a mesma idade do seu filho, mas que era pura maldade. O menino estava provocando seu filho a uma semana. Os professores estavam conseguindo dar conta do recado, e por isso não avisou sobre, mas então aquele “incidente” aconteceu e eles tiveram que chamar por ele e contar tudo que estava acontecendo. O novato tinha uma certa inveja do seu filho. Não era necessári