Como era difícil manter uma conversa sem se sentir desconfortável e muito constrangida. Era horrível ver que as crianças tinham receio de falar com ela. Thomas era o mais envergonhado. Ele havia ficado muito silencioso à mesa, e já haviam dito a ela que ele era falante. Falante até demais. Adorava implicar com ela e o pai. Constrangê-los. Provocar em especial a ela. Fazia isso para que ela recorresse às cosquinhas. Ele não admitiria nunca, sua amiga diz, mas ele amava quando ela corria atrás dele e lhe enchia de cócegas. E agora estava todo calado, constrangido, sem saber como falar com a própria mãe. Mamãe. Quem diria que um dia realmente seria mãe. Ela imaginou que não aconteceria. Não depois de perder sua filha. Havia sido uma dor muito grande e ela prometeu a si mesma nunca mais passar por aquilo. Mas ali estava ela, não só noiva, mas sendo mãe de duas crianças de sete anos e meio. Tinham sete, mas mais pareciam que tinham dez. Ela daria dez pela inteligência, mas pelo tamanho,
— Bom dia. Ela se virou, assustada, encontrando o noivo. — Perdão. — Tudo bem, eu... Tudo bem. Liam a olhou por um momento considerável até finalmente começar a andar até a cadeira na qual ele sempre se sentava. — Café? Liam então piscou algumas vezes, fitando a mão dela, que já segurava a jarra de café e a xícara, colocando diante dele. Ela fazia aquilo. Será que ela se lembrava de que sempre fazia aquilo? — Obrigado. – Murmurou. – Dormiu bem? — Sim, o quarto... é maravilhoso, obrigada. – Franziu o cenho. – Isso ficou um pouco estranho. Parece que estou agradecendo por algo... — Tudo bem. – Sorriu fraco. — Eu estou um pouco perdida. O que eu fazia... antes de isso acontecer? Ele pediu para que ela se sentasse, e ela o fez, ao lado dele, como fazia sempre. Será que ela percebia que ela fazia tudo da mesma forma que antes? Claro que não, ela não se lembrava, mas ainda assim, era como se ela se lembrasse, sim. E isso deixava algo quentinho dentro dele. Por mais que soubes
— Eu estou com fome. – Thomas diz, chamando a atenção para si.— Eu fiz panquecas. As crianças olharam uma para a outra. — Não gostam de panqueca? – Se preocupou. — Não, não é isso. – Liam se apressou. — Você fazia coisas saudáveis para nós todos os dias. — Pão assado, mamãe. – Natalie completou. — Oh. – Piscou. – Certo. — Hoje eles comem das panquecas, não é mesmo? – Tentou sorrir. — E o nosso lanche? — Bem, eu já sabia que iriam para a escola então eu fiz... sanduíche natural, fiz um bolo de limão com calda de chocolate branco e um suco de laranja. – Os olhinhos brilharam e ela olhou de um para o outro, nervosa. – Eu... não sei por que..., mas eu simplesmente acordei com essa ideia de fazer bolo de limão. Eu... fiz... errado? — Não! – Os pequenos praticamente gritaram. — É o nosso bolo preferido. – Thomas contou. — Oh. – Se sentiu feliz. – Mesmo? — Eles gostam de chocolate, mas preferem algo mais meio amargo e menos doce. — Bem, então eu acertei em alguma coisa
Liam podia perceber que a nova estava impressionada com tudo a sua volta. Ela já havia ficado daquele jeito antes. Muito antes. Antes mesmo de começarem a namorar. Ela queria conhecer, então ele aceitou levá-la, e agora ela olhava a tudo e a todos com atenção, até mesmo tentando se lembrar de algo. Ela foi cumprimentada por todos, carinhosamente. Ela se sentiu constrangida, mas ainda assim correspondeu com o mesmo carinho. Ele não se surpreendeu, claro. Ela sempre havia sido carinhosa. Tratava a todos na empresa com muita atenção. Quando chegaram ao seu andar, ele estava as moscas. E isso era estranho. Irritante. Onde estava aquela mulher que estava lhe dando nos nervos? Sua secretária. Que só não havia sido demitida porque ainda não havia encontrado ninguém para ficar no lugar dela? Havia tentado por dois meses, e nada ainda. Ninguém tinha o perfil correto para ele. Na verdade, estava sendo muito exigente, e agora ele estava vendo que os amigos estavam corretos. Algo que herdou de
Mia sorriu. Aquele foi um dia muito engraçado. E especial. Tanto, que no dia em que as bebês nasceram, cada um deles se lembraram, riram e ainda contaram a elas, como se elas realmente entendessem, tudo que havia acontecido, e como decidiram quem seria a madrinha delas. De repente, pensou em algo importante. — Por que não estava no dia em que Kate e Cloe nasceram? Liam se surpreendeu com a pergunta. — Você é o padrinho da Cloe, não é? — Eu estava viajando a trabalho. — Oh. — Aquelas pestinhas decidiram nascer no mesmo dia em que viajei. A rosada riu. — Só as conheci quase uma semana depois. — Como não nos conhecemos antes? Não é estranho? Você sempre foi amigo do Connor e do Shay, desde muito novo, e nós nunca nos encontramos antes. — Eu odiava sair depois que os gêmeos nasceram. Primeiro porque estava muito cansado e depois porque eles precisavam muito de mim. Eu sempre me encontrava com os meus amigos na empresa ou na minha casa. Eu quase nunca ia a casa deles. Fal
— Irmãos? Eu tenho irmãos? Dois irmãos? — Três, contando com Elizabet. Mia mal podia conter sua incredulidade. Que história mais maluca era aquela? Seu pai havia adotado o filho da sua antiga madrasta e também o da madrasta atual. Ela nunca pensou que um dia escutaria aquela insanidade. É uma insanidade, apesar de ser algo realmente muito bonito da parte dele. Um deles perdeu o pai e o outro ambos os pais. E não podemos deixar de lembrar que o mais novo, Elliot, foi abandonado e rejeitado pela mãe por mais de uma mãe. Se é que podia chamar aquele monstro de mãe, não é mesmo? Porque Mia tinha certeza de que ela era tudo, menos uma mãe. — Sua madrasta ajudou muito seu pai. Ele começou a fazer terapia, reabilitação..., se apaixonaram e então se casaram. Simon perdeu o pai há três anos, antes de ele conhecer Archie. Anos antes, seu pai conheceu Elliot, e criou um laço com ele. De pai e filho. — Quem diria. — Archie esteve perto de você o tempo todo. Ela arregalou os olhos. — Não
— Você está muito melhor. — Está dizendo que eu não estava antes? — Estou dizendo que você estava muito estilo zumbi no hospital. Mia se indignou e o ruivo riu. — Madrinha! A rosada se virou no mesmo instante, arregalando os olhos quando encontrou Kate. Sua afilhada. A garotinha estava com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo e seu vestido era um azul-tiffany muito lindo, que era quase que o mesmo tom dos olhos de sua irmã gêmea. Correspondeu ao seu abraço, beijou sua bochecha, ainda que chocada com o quanto ela estava grande. Quanto tempo se passou mesmo? Se lembrava de que ela era pequeninha ainda. Quantos anos mesmo? Cinco? Agora ela estava com seis? Era isso ou estava enganada? Não, estava enganada, Luna ficou grávida na mesma época em que o Liam estava se tornando pai. Quase ao mesmo tempo. Se não estava enganada, sua melhor amiga disse que eles tinham dois meses apenas de diferença de idade. — Você está tão grande. A menina olhou para o pai, para o padrinho e entã
— Sabia que eu odiava isso também, Cloe? – Se aproximou. – Eu corria igual você, quando era criança. Não vou mentir, é ruim, mas é melhor do que depois você ficar em um hospital, querida. Você vai ter que levar injeção, vai ter que ficar lá vários dias e aí vai ser pior. – A viu fazer um biquinho. – O que você pode fazer é tampar o nariz e tomar bem rápido. Ela fez um som indicando que estava choramingando. — Vamos lá, Cloe, você já foi mais corajosa. – Sasuke ajudou. — Pode ser na seringa, então? — Claro, meu amor. – Luna diz, suspirando. – Liam, você pega o Henry para mim? – Passou o menino já com seus quase quinze meses para o amigo e então foi atrás da seringa, como prometeu que faria. — Eu fui forte, irmã, você também é. Os adultos sorriram diante da fofura. — É só tampar o nariz. E aí, a mamãe vai te dar um chocolate e o gosto ruim vai passar. Foi rápido. Ainda que Cloe tenha dado vômito, ainda assim, deu certo. Ela não vomitou e ainda ganhou um pedaço de chocolate. F