POV: LAUREN
Antes que o pior acontecesse, senti braços fortes me puxarem com rapidez. Meu corpo girou, e caí sobre algo sólido. Permaneci de olhos fechados, meu corpo tremendo enquanto tentava entender o que havia acontecido.
— Você está bem? — Perguntou uma voz masculina rouca e firme, perto do meu ouvido.
Abri os olhos lentamente e encontrei um homem lindo à minha frente. Ele tinha cabelos escuros, olhos azuis intensos, e seu olhar sério parecia avaliar cada detalhe do meu rosto. Sua presença era tão imponente quanto a segurança que transmitia.
— Leve o tempo que precisar. — disse ele, a expressão séria enquanto me observava.
Só então percebi que estava deitada em seu peito firme e musculoso. Meu rosto queimou de vergonha, e me levantei abruptamente, tentando recuperar a compostura.
— Me desculpe... obrigada por me salvar. — eu murmurei apressada, mas antes que pudesse dar outro passo, uma tontura intensa tomou conta de mim. Minhas pernas cederam, meu corpo ficou pesado, e a visão começou a escurecer.
Senti seus braços firmes me segurarem antes que eu caísse. Sua voz, agora urgente, cortou o caos ao redor:
— Chamem uma ambulância! — gritou ele, a preocupação evidente.
Antes de perder completamente a consciência, ouvi ele sussurrar próximo ao meu ouvido:
— Que ironia do destino nos encontrarmos novamente.
Tudo ao meu redor estava escuro, até que comecei a despertar lentamente, os sons de bipes ritmados alcançando minha consciência. Minha cabeça latejava, e ao abrir os olhos, me deparei com o teto branco e frio. Franzi o cenho, confusa.
— Onde estou? — Eu murmurei, com a voz rouca e a boca seca. Tentei me sentar, mas uma pontada de dor no braço me fez parar. Olhei para baixo e vi um acesso de soro preso à minha veia, causando um leve desconforto.
— Estou no hospital? — eu perguntei em voz baixa, tentando juntar as peças do que havia acontecido.
O quarto estava silencioso, e meu olhar percorreu cada canto enquanto a memória voltava como um turbilhão.
— Meu Deus, eu quase fui atropelada! — Eu exclamei, levando a mão à boca, meu coração disparado. Os detalhes começavam a se encaixar, e então a lembrança de uma voz masculina, rouca e suave, ecoava em minha mente.
— Aquele homem... ele me salvou. Quem era ele? — eu perguntei a mim mesma, tentando lembrar mais detalhes, mas tudo ainda parecia nebuloso.
Antes que pudesse organizar os pensamentos, a porta do quarto se abriu. Um médico entrou com uma prancheta em mãos, ajustando os óculos enquanto analisava algo. Quando seus olhos encontraram os meus, ele parou por um momento, surpreso.
— Ah, você está acordada. Isso é ótimo — disse ele, caminhando até a cama, a surpresa sendo substituída por profissionalismo. — Como está se sentindo?
— Minha cabeça dói um pouco. — respondi, minha voz fraca, enquanto franzia o cenho. — Havia um homem comigo... onde ele está?
O médico ajustou os óculos, mantendo sua postura tranquila e profissional.
— Sim, um homem a trouxe em seus braços pela emergência. Ele informou que a senhorita quase sofreu um acidente de carro e desmaiou. — Ele me observou com atenção. — Você se lembra do que aconteceu? Sabe o seu nome?
As lembranças vieram como uma enxurrada. A discussão com Ethan, suas palavras cruéis, a traição que me destruiu, e, finalmente, o carro vindo em minha direção. Tudo parecia um borrão confuso, mas ainda assim, tão nítido. Meu peito apertou, e os batimentos acelerados dispararam no monitor ao lado, preenchendo o quarto com o som irregular.
Meus olhos começaram a lacrimejar, o peso de tudo me atingindo de uma vez.
— Eu... eu me lembro — murmurei, lutando contra o nó que se formava na garganta.
O médico se aproximou rapidamente, ajustando algo na máquina ao lado da cama e verificando o soro.
— Por favor, tente se acalmar — pediu ele, sua voz agora mais séria. — Sua pressão estava muito alta quando chegou, e isso pode ser perigoso para o seu bebê.
Meu corpo ficou tenso, e meu olhar se fixou nele.
— Bebê? — minha voz saiu como um sussurro. — Está dizendo que... estou grávida?
O médico fez um gesto afirmativo com a cabeça.
— Sim, e seu estado emocional pode afetar diretamente sua saúde e a do bebê. Precisamos que você descanse e evite situações estressantes.
— Lauren Becker. — respondi distraída, mas parei de repente, arregalando os olhos ao processar o que ele acabara de dizer. A sensação de que havia entendido errado tomou conta de mim. — O senhor pode repetir? Que bebê?
O médico manteve o olhar sério, avaliando minha reação.
— Sra. Becker, não sabia que está grávida? — Ele falou calmamente, mas com firmeza. — Os exames indicam uma gestação em andamento de aproximadamente três semanas.
Minhas mãos foram automaticamente à boca, abafando um grito de surpresa.
— Grávida? Não, eu sou infértil. — exclamei ainda surpresa, a voz alta e tremendo de incredulidade. Meu coração disparou enquanto tentava absorver a notícia. — Como isso é possível?
Minha mente estava agitada, lembranças da última vez com Ethan surgiram como flashes, misturadas ao caos que minha vida tinha se tornado nos últimos dias. Meu peito apertava com um misto de choque, confusão e medo.
— Calma, Sra. Becker — disse o médico, sua voz agora mais suave, mas ainda firme. — Seu estado emocional é muito importante agora. Precisamos monitorar sua saúde com cuidado para garantir que tudo esteja bem com você e com o bebê, mas garanto que a Senhora não é infértil.
Balancei a cabeça levemente, tentando focar nas palavras dele, mas a avalanche de pensamentos não me deixava respirar. Tudo havia mudado em questão de minutos, e eu estava prestes a enfrentar um mundo que parecia desmoronar ao meu redor.
“O que Ethan faria se soubesse sobre essa gravidez? Ele tentaria manter o casamento ou tentaria tirar isso de mim também?”
POV: LAURENAinda mergulhada nos meus pensamentos confusos, fui trazida de volta à realidade pelo som insistente de um celular tocando ao lado da maca. No visor, o nome da minha mãe, Amélia, piscava. Atendi rapidamente, ainda presa às emoções conflitantes.— Mamãe? — minha voz saiu baixa, carregada de incerteza.— Graças a Deus consegui falar com você! Estou te ligando há horas! — Ela exclamou, a urgência em seu tom era impossível de ignorar.— O que aconteceu? A senhora está bem? — perguntei, sentindo um aperto crescente no peito. — E o papai? Ele está bem?— Querida, precisamos que você fale com o seu marido. — Minha mãe foi direto ao ponto, sua voz trêmula com desespero. — A empresa do seu pai sofreu um golpe terrível. Estamos à beira da falência.Meu coração disparou.— O quê? Como assim, um golpe? — exclamei, sentando-me na cama com um movimento brusco, o celular quase escorregando da minha mão. — Mamãe, calma! Me explique exatamente o que está acontecendo!Do outro lado da linha
POV: LAURENDo outro lado, ele soltou uma risada seca, carregada de desprezo.— Que tipo de pergunta é essa? — Ele exclamou, impaciente, a irritação evidente. — Dediquei três anos ao seu lado, e você nunca foi capaz de engravidar. Está na hora de encarar a verdade, Lauren. Você é vazia, incapaz de gerar filhos. Aceite isso e pare de desperdiçar o meu tempo. Diga logo se aceita ou não as minhas condições.Um soluço escapou da minha garganta, suas palavras perfuraram meu coração de forma cruel, como ele sempre soube fazer. Meus olhos desceram para minha barriga, minha mão tocando levemente o tecido da roupa hospitalar. As lágrimas escorriam silenciosas, mas minha mente estava fervendo.Ergui o queixo, pensando no futuro, em tudo que estava em jogo. Eu precisava decidir. Minha família dependia de mim.— Se você aceitar as minhas condições e assinar a papelada do divórcio, hoje mesmo salvo a empresa do seu pai. — completou Ethan com frieza, ignorando completamente meus soluços. — E então,
POV: LAURENO sol se punha no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e roxo enquanto eu encarava o caixão à minha frente. Minhas mãos tremiam, não apenas pela dor da perda, mas pela culpa de não ter sido rápida o suficiente. Não consegui resolver a situação da empresa a tempo. Me deixei consumir pelo conflito com Ethan e demorei demais para salvar meu pai e seu império.Sua pele estava pálida, os lábios roxos. Flores cobriam seu corpo até o pescoço. Um nó apertado se formava em meu peito, e a dor era esmagadora. Ao meu lado, minha mãe chorava descontroladamente, abraçando o caixão e implorando para que o homem que ela amava voltasse. Mas ele não voltaria. Ele não estaria mais aqui para nos fazer rir de suas piadas sem sentido, para contar suas histórias, nos guiar com sua sabedoria ou nos proteger do mundo.— Oh, papai, por que fez isso conosco? — Eu murmurei entre lágrimas, tentando engolir o nó na minha garganta. Me aproximei do caixão, inclinando-me para depositar um beijo e
POV: LAURENMinha respiração ficou pesada, meu corpo tremendo de raiva e humilhação. As lágrimas se acumularam em meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las cair.— Saia daqui! — gritei com os dentes cerrados, tentando me levantar, minha voz transbordando de fúria. — Agora!Arthur me lançou um último olhar de desprezo antes de se virar e sair lentamente, deixando para trás o peso de suas ameaças.Fiquei ali parada por alguns segundos, encarando o chão enquanto via Arthur se afastar até desaparecer na distância. Quando finalmente me virei, meus olhos encontraram rostos conhecidos, pessoas que um dia chamava de amigos. Mas nenhuma mão se estendeu para me ajudar. Respirei fundo e me levantei sozinha, limpando a poeira das roupas, enquanto ouvia sussurros e risos contidos ao meu redor.Os mesmos que haviam prometido estar comigo em qualquer situação agora cochichavam e lançavam olhares carregados de julgamento.— Lauren, ouvi dizer que seu pai deixou você... bastante endividada. — Claire,
POV: LAUREN— Não! Não faça isso, é perigoso! — Eu gritei, correndo em sua direção enquanto ele começava a se debater na água, engolindo grandes goles e afundando. — Calma, eu vou te salvar!Sem pensar duas vezes, mergulhei no lago e nadei com todas as forças até alcançá-lo. Seus pequenos braços agarraram meu pescoço com força, seus soluços eram altos e seu corpo tremia de medo.— Ei, está tudo bem, eu te peguei. Você está seguro agora — Eu murmurei suavemente, tentando acalmá-lo enquanto o segurava com firmeza. — Eu vou te levar para a terra firme, tudo bem? Apenas confie em mim.Com cuidado, nadei de volta até a margem, mantendo o menino próximo de mim, sentindo seu desespero diminuir aos poucos. Assim que cheguei à terra, coloquei-o delicadamente no chão, certificando-me de que estava bem.— Estou com medo. — Ele choramingou, apertando-se ainda mais em meus braços, sua voz trêmula. — Eu não quero dizer adeus.— Oh, meu pequeno... — meus olhos se encheram de lágrimas, e eu o envolvi
POV: HENRYUm segundo foi o suficiente para ele desaparecer. Ao longe, ouvi seus gritos. O som de sua voz em pânico clamando por mim fez meu peito apertar e minha respiração descompassar.— Socorro, tio Henry, por favor! — Theodor gritava, a voz cheia de desespero. — Ela vai morrer!— Theodor! — Eu gritei em resposta, meu coração disparado. Um frio percorreu minha espinha, e senti o suor escorrer pela testa enquanto corria pelo cemitério, ignorando qualquer coisa ao meu redor. Segui sua voz até alcançar o lago.Lá estava ele, parado na beira da água, apontando freneticamente para algo que eu ainda não conseguia ver.— Você precisa salvá-la! — ele gritava, a voz trêmula, os olhos arregalados e cheios de lágrimas.Me aproximei rapidamente, franzindo o cenho ao ouvir suas palavras.— Do que está falando, Theodor? Quem? — perguntei, tentando entender enquanto minha respiração estava pesada pela corrida.— A fada está se afogando! — ele gritou, sua ingenuidade transparecendo no tom urgente
POV: LAURENA água ainda escorria pelo meu cabelo e pelas roupas pingando ao chão deixando um rastro molhado enquanto eu caminhava para os portões da mansão da minha família. Franzir o cenho ao perceber um caminhão de mudança estacionado na entrada principal, e vários homens carregavam móveis, quadros e caixas para dentro do veículo como se fossem meros objetos descartáveis. Meu peito apertou enquanto corria em direção a um dos homens, que carregava o antigo relógio de parede que meu pai tanto amava.— O que está acontecendo aqui? Quem autorizou isso? — Minha voz saiu mais alta do que eu esperava, carregada de desespero.— Senhora, por favor, mantenha a calma. — O homem disse, desviando o olhar e apressando o passo em direção ao caminhão.Não aceitei a resposta vaga e corri para barrar o próximo carregador, segurando o braço dele com força.— Essas coisas pertencem ao meu pai! — Eu gritei nervosa. — Vocês não podem simplesmente entrar na nossa casa e levar tudo assim!Um homem engrava
POV: LAURENEu limpava os pratos no fundo do restaurante, o cheiro de comida e detergente impregnando meu uniforme já desgastado. Kate havia me indicado para o trabalho novo, afim de me ajudar reconstruir minha vida, neste emprego não havia muito o que aprender. Limpar, lavar, repetir. Não era glamoroso, mas era uma forma de ganhar algum dinheiro. Não havia espaço para orgulho, não com as dívidas se acumulando e minha mãe precisando de cuidados.— Lauren! — A voz impaciente do gerente me fez erguer o rosto. — Mesa quatro, agora!Suspirei, enxugando as mãos no avental antes de sair da cozinha. Eu sabia que não devia demorar, mas ao olhar para a mesa indicada, senti meu estômago revirar. Sentados ali, com sorrisos satisfeitos, estavam Ethan e Violet.Meu ex-marido estava impecável, como sempre, vestindo um terno que provavelmente custava mais do que tudo o que eu tinha no banco. Violet, ao lado dele, parecia uma modelo, com um vestido justo e uma expressão de superioridade. Meus pés qua