POV: LAUREN
Do outro lado, ele soltou uma risada seca, carregada de desprezo.
— Que tipo de pergunta é essa? — Ele exclamou, impaciente, a irritação evidente. — Dediquei três anos ao seu lado, e você nunca foi capaz de engravidar. Está na hora de encarar a verdade, Lauren. Você é vazia, incapaz de gerar filhos. Aceite isso e pare de desperdiçar o meu tempo. Diga logo se aceita ou não as minhas condições.
Um soluço escapou da minha garganta, suas palavras perfuraram meu coração de forma cruel, como ele sempre soube fazer. Meus olhos desceram para minha barriga, minha mão tocando levemente o tecido da roupa hospitalar. As lágrimas escorriam silenciosas, mas minha mente estava fervendo.
Ergui o queixo, pensando no futuro, em tudo que estava em jogo. Eu precisava decidir. Minha família dependia de mim.
— Se você aceitar as minhas condições e assinar a papelada do divórcio, hoje mesmo salvo a empresa do seu pai. — completou Ethan com frieza, ignorando completamente meus soluços. — E então, você aceita ou não?
Respirei fundo, lutando contra o nó na minha garganta.
— Eu aceito. — Eu respondi em um fio de voz, cada palavra carregada de dor. Minha decisão estava tomada. Eu esconderia minha gravidez daquele homem que um dia tanto amei, mas que agora demonstrava não se importar mais comigo. — Me mande o endereço. Vou assinar os papéis do divórcio.
Desliguei o telefone, sentindo meu coração apertado como se estivesse sendo esmagado. Após receber alta, com o endereço enviado por Ethan salvo no celular, pedi um carro pelo aplicativo e me preparei para enfrentar o que estava por vir.
O trajeto até o local foi um tormento silencioso. Minha mente estava tomada por lembranças, dúvidas e a dor da humilhação. Ao chegar, desci do carro com passos hesitantes e entrei no prédio.
Assim que adentrei a sala indicada, meu olhar encontrou Ethan, sentado confortavelmente na cabeceira da mesa. Seus olhos frios pousaram sobre mim sem demonstrar nenhuma emoção. Ao seu lado, estava Violet, sua amante, vestindo um vestido justo com um decote provocante. Ela jogou os cabelos para trás e revirou os olhos ao me analisar de cima a baixo, como se minha presença fosse uma inconveniência.
Na outra extremidade da mesa, um homem mais velho, provavelmente um advogado, estava sentado com uma expressão neutra. Em sua frente, uma pilha de documentos e algumas canetas organizadas.
Fechei os punhos, tentando conter a raiva e a indignação que ferviam dentro de mim. Cada detalhe daquela cena parecia feito para me humilhar ainda mais, mas eu não mostraria fraqueza. Não diante deles.
Ethan sequer teve a decência de respeitar o momento, trazendo sua amante para testemunhar a ruína do nosso casamento. Meu sangue fervia, mas mantive a cabeça erguida. Não lhe daria a satisfação de me ver desabar ali.
— Sra. Lauren, sente-se, vamos repassar os termos... — começou o advogado, mas levantei a mão, interrompendo-o.
— Onde eu assino? — Eu perguntei de forma direta, pegando a caneta antes mesmo que ele pudesse reagir. Sem hesitar, assinei nos locais indicados, cada traço da minha assinatura me afastando ainda mais de tudo que construí. — Está feito.
Minha voz era fria e firme, mesmo com o turbilhão que se desenrolava dentro de mim. Coloquei a caneta de volta na mesa e me virei para sair, mas parei perto da porta. Olhei para Ethan, que ainda mantinha aquela expressão indiferente e arrogante.
— Cumpri minha parte do acordo. — Eu falei alto, chamando a atenção de todos na sala. — Espero que cumpra com a sua também.
— De qual acordo ela está falando, meu amor? — perguntou Violet, com a voz aguda e manhosa, enquanto ela olhava para mim com aquele sorriso presunçoso.
Ethan se recostou na cadeira, cruzando os braços, seu rosto exibindo o típico ar de superioridade que tanto desprezava.
— Sou um homem de palavra, Lauren. — respondeu ele, com um sorriso cínico brincando no canto dos lábios. — Viu? Não foi tão difícil assim.
A raiva fervia dentro de mim, mas me recusei a permitir que ele percebesse. Dei um passo à frente, mantendo meu olhar fixo no dele, determinada a não desviar.
— Espero nunca mais te ver, Ethan Walker. — Eu declarei, minha voz firme, porém carregada de amargura. — Eu o odeio!
Sem esperar resposta, saí rapidamente, sentindo que precisava de ar. Meu estômago revirava, e a náusea se tornou insuportável. Assim que alcancei o corredor, apoiei-me em um pilar e não consegui mais segurar. Vomitei, sentindo o líquido amargo queimar minha garganta. Minhas mãos tremiam enquanto limpava a boca com o dorso da mão.
O som do celular tocando quebrou o silêncio. O nome da minha mãe piscava na tela. Respirei fundo e atendi, tentando recuperar a compostura.
— Oi, mãe. Ethan vai...
Antes que eu pudesse terminar a frase, seu choro desesperado cortou minhas palavras.
— Filha... seu pai se suicidou! — disse ela entre soluços.
— O quê? — Minha voz saiu fraca, quase inaudível, enquanto minha mente lutava para compreender o que acabara de ouvir. Aquilo não podia ser verdade, minha cabeça girava com o impacto das palavras. — Como assim? O que está dizendo?
Do outro lado da linha, o choro da minha mãe ficou mais alto, cheio de dor e desespero.
— Seu pai está morto, Lauren! — ela gritou, soluçando descontrolada. — Ele... ele se matou!
O celular quase caiu da minha mão. O chão parecia desaparecer sob meus pés, e minha respiração ficou irregular. Meu peito se apertou, uma dor profunda me cortando por dentro.
POV: LAURENO sol se punha no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e roxo enquanto eu encarava o caixão à minha frente. Minhas mãos tremiam, não apenas pela dor da perda, mas pela culpa de não ter sido rápida o suficiente. Não consegui resolver a situação da empresa a tempo. Me deixei consumir pelo conflito com Ethan e demorei demais para salvar meu pai e seu império.Sua pele estava pálida, os lábios roxos. Flores cobriam seu corpo até o pescoço. Um nó apertado se formava em meu peito, e a dor era esmagadora. Ao meu lado, minha mãe chorava descontroladamente, abraçando o caixão e implorando para que o homem que ela amava voltasse. Mas ele não voltaria. Ele não estaria mais aqui para nos fazer rir de suas piadas sem sentido, para contar suas histórias, nos guiar com sua sabedoria ou nos proteger do mundo.— Oh, papai, por que fez isso conosco? — Eu murmurei entre lágrimas, tentando engolir o nó na minha garganta. Me aproximei do caixão, inclinando-me para depositar um beijo e
POV: LAURENMinha respiração ficou pesada, meu corpo tremendo de raiva e humilhação. As lágrimas se acumularam em meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las cair.— Saia daqui! — gritei com os dentes cerrados, tentando me levantar, minha voz transbordando de fúria. — Agora!Arthur me lançou um último olhar de desprezo antes de se virar e sair lentamente, deixando para trás o peso de suas ameaças.Fiquei ali parada por alguns segundos, encarando o chão enquanto via Arthur se afastar até desaparecer na distância. Quando finalmente me virei, meus olhos encontraram rostos conhecidos, pessoas que um dia chamava de amigos. Mas nenhuma mão se estendeu para me ajudar. Respirei fundo e me levantei sozinha, limpando a poeira das roupas, enquanto ouvia sussurros e risos contidos ao meu redor.Os mesmos que haviam prometido estar comigo em qualquer situação agora cochichavam e lançavam olhares carregados de julgamento.— Lauren, ouvi dizer que seu pai deixou você... bastante endividada. — Claire,
POV: LAUREN— Não! Não faça isso, é perigoso! — Eu gritei, correndo em sua direção enquanto ele começava a se debater na água, engolindo grandes goles e afundando. — Calma, eu vou te salvar!Sem pensar duas vezes, mergulhei no lago e nadei com todas as forças até alcançá-lo. Seus pequenos braços agarraram meu pescoço com força, seus soluços eram altos e seu corpo tremia de medo.— Ei, está tudo bem, eu te peguei. Você está seguro agora — Eu murmurei suavemente, tentando acalmá-lo enquanto o segurava com firmeza. — Eu vou te levar para a terra firme, tudo bem? Apenas confie em mim.Com cuidado, nadei de volta até a margem, mantendo o menino próximo de mim, sentindo seu desespero diminuir aos poucos. Assim que cheguei à terra, coloquei-o delicadamente no chão, certificando-me de que estava bem.— Estou com medo. — Ele choramingou, apertando-se ainda mais em meus braços, sua voz trêmula. — Eu não quero dizer adeus.— Oh, meu pequeno... — meus olhos se encheram de lágrimas, e eu o envolvi
POV: HENRYUm segundo foi o suficiente para ele desaparecer. Ao longe, ouvi seus gritos. O som de sua voz em pânico clamando por mim fez meu peito apertar e minha respiração descompassar.— Socorro, tio Henry, por favor! — Theodor gritava, a voz cheia de desespero. — Ela vai morrer!— Theodor! — Eu gritei em resposta, meu coração disparado. Um frio percorreu minha espinha, e senti o suor escorrer pela testa enquanto corria pelo cemitério, ignorando qualquer coisa ao meu redor. Segui sua voz até alcançar o lago.Lá estava ele, parado na beira da água, apontando freneticamente para algo que eu ainda não conseguia ver.— Você precisa salvá-la! — ele gritava, a voz trêmula, os olhos arregalados e cheios de lágrimas.Me aproximei rapidamente, franzindo o cenho ao ouvir suas palavras.— Do que está falando, Theodor? Quem? — perguntei, tentando entender enquanto minha respiração estava pesada pela corrida.— A fada está se afogando! — ele gritou, sua ingenuidade transparecendo no tom urgente
POV: LAURENA água ainda escorria pelo meu cabelo e pelas roupas pingando ao chão deixando um rastro molhado enquanto eu caminhava para os portões da mansão da minha família. Franzir o cenho ao perceber um caminhão de mudança estacionado na entrada principal, e vários homens carregavam móveis, quadros e caixas para dentro do veículo como se fossem meros objetos descartáveis. Meu peito apertou enquanto corria em direção a um dos homens, que carregava o antigo relógio de parede que meu pai tanto amava.— O que está acontecendo aqui? Quem autorizou isso? — Minha voz saiu mais alta do que eu esperava, carregada de desespero.— Senhora, por favor, mantenha a calma. — O homem disse, desviando o olhar e apressando o passo em direção ao caminhão.Não aceitei a resposta vaga e corri para barrar o próximo carregador, segurando o braço dele com força.— Essas coisas pertencem ao meu pai! — Eu gritei nervosa. — Vocês não podem simplesmente entrar na nossa casa e levar tudo assim!Um homem engrava
POV: LAURENEu limpava os pratos no fundo do restaurante, o cheiro de comida e detergente impregnando meu uniforme já desgastado. Kate havia me indicado para o trabalho novo, afim de me ajudar reconstruir minha vida, neste emprego não havia muito o que aprender. Limpar, lavar, repetir. Não era glamoroso, mas era uma forma de ganhar algum dinheiro. Não havia espaço para orgulho, não com as dívidas se acumulando e minha mãe precisando de cuidados.— Lauren! — A voz impaciente do gerente me fez erguer o rosto. — Mesa quatro, agora!Suspirei, enxugando as mãos no avental antes de sair da cozinha. Eu sabia que não devia demorar, mas ao olhar para a mesa indicada, senti meu estômago revirar. Sentados ali, com sorrisos satisfeitos, estavam Ethan e Violet.Meu ex-marido estava impecável, como sempre, vestindo um terno que provavelmente custava mais do que tudo o que eu tinha no banco. Violet, ao lado dele, parecia uma modelo, com um vestido justo e uma expressão de superioridade. Meus pés qua
POV: HENRYEstávamos almoçando em um restaurante agradável que Lucian sugeriu, algo mais casual para conhecer a nova babá que pudesse me ajudar com Theo, segundo o meu amigo “Alguém que entenda o garoto melhor.” Lucian havia comentado. “Uma figura feminina, que talvez possa preencher o vazio que ele sente.”Eu mal conseguia me concentrar na comida, enquanto Theodor mexia no suco à sua frente, claramente desinteressado em tudo. Eu já estava ficando frustrado com a falta de progresso em nosso relacionamento.Lucian, como sempre, parecia relaxado, observando, quando ele finalmente falou, interrompendo meu silêncio.— Henry, talvez você esteja olhando para isso do jeito errado.Eu suspirei, largando os talheres no prato com mais força do que pretendia.— E qual seria o jeito certo, Lucian? Por favor, ilumine-me com sua sabedoria.Ele apenas riu.— Theodor precisa disto, você não está fracassando por precisar de um pouco de ajuda com o garoto. Será bom ter alguém que entenda ele, que saiba
POV: LAURENVi aquele homem arrogante e imponente em seu terno impecável se afastar, de mãos dadas com o adorável menino de olhos brilhantes. O garoto, no entanto, olhava para trás, com uma expressão triste que refletia o que eu sentia por dentro."Eu entendo sua dor", pensei, sentindo o aperto em meu peito. Ele era tão jovem, enfrentando algo tão difícil.De repente, o menino soltou a mão dele e correu até mim, segurando o tecido da minha roupa com determinação.— Por favor, fada, você gosta de mim, não gosta? — perguntou com uma doçura cativante, piscando os cílios com inocência. — Eu prometo que vou me comportar, fica comigo!Segurei suas pequenas mãos, surpresa e pensativa.— É claro que gosto de você, meu pequeno valente — respondi com um sorriso, vendo o alívio brilhar em seu rosto.— Então você vai aceitar cuidar de mim? — perguntou esperançoso, dando pequenos pulos de animação enquanto balançava minhas mãos.— E então, vai aceitar? — A voz firme e segura daquele homem interrom