POV: LAUREN
A voz dele falhou na última linha. Seus olhos, tão azuis, se encheram de lágrimas que se acumularam como poças reluzentes na beirinha dos cílios. Ele ergueu o rosto para mim com a respiração acelerada e as bochechas coradas de emoção.
— Tem certeza disso, Fada? — Ele gaguejou, com a voz embargada. — Eu... eu ouvi a tia Kate dizer que vocês iam embora... Como eu vou ser irmão mais velho se você não vai estar aqui?
Senti o chão vacilar sob meus pés. O medo no olhar dele era como uma faca sendo empurrada devagar contra o meu peito. Doeu. Doeu de um jeito que me fez engolir seco e respirar fundo para não desabar ali mesmo.
— A Tia Kate fala demais... — Eu falei com firmeza, lançando um olhar direto para minha amiga, que desviou os olhos e fingiu examinar o teto,
POV: LAUREN— Lauren, desculpa... — Kate murmurou, os olhos baixos, evitando o meu. — Eu preciso ir. Não vou conseguir levar o Theodor de volta hoje.Ela parecia exausta. O rosto estava tenso, os ombros enrijecidos. Aquela ligação tinha mexido com ela mais do que queria admitir.— Ei, tá tudo bem. — Eu segurei sua mão, apertando com carinho. — Eu levo o Theo amanhã. Aviso o Henry. E... se você precisar de qualquer coisa, me liga, a qualquer hora.— Eu sei. — ela respondeu em um tom abafado. Em seguida, me puxou para um abraço apertado, como quem precisava se ancorar em algo antes de desabar. — Mas isso... isso é algo que eu preciso enfrentar sozinha.Assenti, respeitando seu silêncio, embora meu coração apertasse por vê-la tão vulnerável. O
POV: HENRYLucian estava parado diante da minha mesa com os punhos firmemente pressionados sobre a madeira. As veias saltavam nos braços, os dedos quase pálidos de tanto esforço. A mandíbula travada, os olhos cravados em mim, esperando por uma reação que eu não tinha paciência de dar.Inclinei a cabeça, impaciente, e levei o copo de uísque à boca com a calma de quem já havia ultrapassado todos os estágios da raiva. O álcool desceu queimando, mas era um ardor confortável perto da revolta que me corroía por dentro.— Eles merecem morrer pelo que fizeram. — minha voz saiu baixa, firme, sem espaço para interpretação.Lucian não respondeu de imediato. Se sentou diante de mim com um estalo seco da cadeira contra o piso. Começou a tilintar os dedos sobre a mesa, rit
POV: LAURENEstava uma noite fria e chuvosa. Eu havia passado o dia inteiro planejando algo especial para Ethan e eu. Depois de tantos dias em que ele parecia distante e indiferente, achei que talvez um jantar feito com carinho pudesse nos reconectar. Preparei seu prato favorito e deixei a mesa impecável, com velas e flores. O cheiro do assado ainda preenchia a casa quando ouvi a porta da frente se abrir.— Ethan? — Eu chamei animada, enquanto saía da cozinha.Ele entrou sem sequer me olhar. Tirou o casaco molhado e o jogou no encosto do sofá, caminhando até a escada. Parecia exausto, mas também alheio, como se estar em casa fosse um fardo.— Você chegou mais cedo hoje. Preparei o jantar. Pensei que poderíamos comer juntos. — Meu tom era esperançoso.Ethan parou no meio da sala, finalmente me encarando com os olhos profundos e o queixo erguido, sua expressão estava carregada de desinteresse enquanto torcia o nariz.— Já comi. Tive uma reunião longa e não estou no clima para nada. Vou
POV: LAURENPeguei as chaves com determinação, pronta para confrontar Ethan. As fotos em meu celular mostravam claramente aquela mulher sentada em seu colo, rindo e bebendo com ele como se fossem um casal. Era por causa dela que ele havia mudado tanto?As palavras cruéis de Ethan não saíam da minha cabeça, cada sílaba um golpe em meu coração:— Você jamais será suficiente para qualquer homem. Seu útero infértil te torna incompleta. É incapaz de fazer alguém feliz.Minha raiva explodiu, e gritei no vazio do carro:— Eu o fiz feliz por três anos, Ethan! Isso não é justo!Desferi golpes no volante, sentindo a dor latejar em meus pulsos, mas era menor que a dor em meu peito. Meus olhos ardiam pelas lágrimas que se acumulavam, mas me recusei a deixá-las cair.Olhei novamente para as fotos no celular, sentindo os lábios tremerem e o coração esmagado pela dor. As palavras saíram em um sussurro desesperado:— Por favor, diga que isso é um mal-entendido. Diga que você não está destruindo o nos
POV: LAURENAntes que o pior acontecesse, senti braços fortes me puxarem com rapidez. Meu corpo girou, e caí sobre algo sólido. Permaneci de olhos fechados, meu corpo tremendo enquanto tentava entender o que havia acontecido.— Você está bem? — Perguntou uma voz masculina rouca e firme, perto do meu ouvido.Abri os olhos lentamente e encontrei um homem lindo à minha frente. Ele tinha cabelos escuros, olhos azuis intensos, e seu olhar sério parecia avaliar cada detalhe do meu rosto. Sua presença era tão imponente quanto a segurança que transmitia.— Leve o tempo que precisar. — disse ele, a expressão séria enquanto me observava.Só então percebi que estava deitada em seu peito firme e musculoso. Meu rosto queimou de vergonha, e me levantei abruptamente, tentando recuperar a compostura.— Me desculpe... obrigada por me salvar. — eu murmurei apressada, mas antes que pudesse dar outro passo, uma tontura intensa tomou conta de mim. Minhas pernas cederam, meu corpo ficou pesado, e a visão c
POV: LAURENAinda mergulhada nos meus pensamentos confusos, fui trazida de volta à realidade pelo som insistente de um celular tocando ao lado da maca. No visor, o nome da minha mãe, Amélia, piscava. Atendi rapidamente, ainda presa às emoções conflitantes.— Mamãe? — minha voz saiu baixa, carregada de incerteza.— Graças a Deus consegui falar com você! Estou te ligando há horas! — Ela exclamou, a urgência em seu tom era impossível de ignorar.— O que aconteceu? A senhora está bem? — perguntei, sentindo um aperto crescente no peito. — E o papai? Ele está bem?— Querida, precisamos que você fale com o seu marido. — Minha mãe foi direto ao ponto, sua voz trêmula com desespero. — A empresa do seu pai sofreu um golpe terrível. Estamos à beira da falência.Meu coração disparou.— O quê? Como assim, um golpe? — exclamei, sentando-me na cama com um movimento brusco, o celular quase escorregando da minha mão. — Mamãe, calma! Me explique exatamente o que está acontecendo!Do outro lado da linha
POV: LAURENDo outro lado, ele soltou uma risada seca, carregada de desprezo.— Que tipo de pergunta é essa? — Ele exclamou, impaciente, a irritação evidente. — Dediquei três anos ao seu lado, e você nunca foi capaz de engravidar. Está na hora de encarar a verdade, Lauren. Você é vazia, incapaz de gerar filhos. Aceite isso e pare de desperdiçar o meu tempo. Diga logo se aceita ou não as minhas condições.Um soluço escapou da minha garganta, suas palavras perfuraram meu coração de forma cruel, como ele sempre soube fazer. Meus olhos desceram para minha barriga, minha mão tocando levemente o tecido da roupa hospitalar. As lágrimas escorriam silenciosas, mas minha mente estava fervendo.Ergui o queixo, pensando no futuro, em tudo que estava em jogo. Eu precisava decidir. Minha família dependia de mim.— Se você aceitar as minhas condições e assinar a papelada do divórcio, hoje mesmo salvo a empresa do seu pai. — completou Ethan com frieza, ignorando completamente meus soluços. — E então,
POV: LAURENO sol se punha no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e roxo enquanto eu encarava o caixão à minha frente. Minhas mãos tremiam, não apenas pela dor da perda, mas pela culpa de não ter sido rápida o suficiente. Não consegui resolver a situação da empresa a tempo. Me deixei consumir pelo conflito com Ethan e demorei demais para salvar meu pai e seu império.Sua pele estava pálida, os lábios roxos. Flores cobriam seu corpo até o pescoço. Um nó apertado se formava em meu peito, e a dor era esmagadora. Ao meu lado, minha mãe chorava descontroladamente, abraçando o caixão e implorando para que o homem que ela amava voltasse. Mas ele não voltaria. Ele não estaria mais aqui para nos fazer rir de suas piadas sem sentido, para contar suas histórias, nos guiar com sua sabedoria ou nos proteger do mundo.— Oh, papai, por que fez isso conosco? — Eu murmurei entre lágrimas, tentando engolir o nó na minha garganta. Me aproximei do caixão, inclinando-me para depositar um beijo e