POV: HENRY
— Mia, querida... — Eu sussurrei, deslizando uma das mãos pelo seu rosto com calma, como se houvesse ternura ali. Ela fechou os olhos por um segundo, acreditando que estava vencendo. Foi quando minha mão deslizou para o pescoço dela, firme. E então apertei.
— H-Henry... — Ela arfou, a respiração falhando, os olhos se arregalando enquanto eu a forçava para trás, contra a mesa. Seus braços tentavam empurrar meu peito, mas não tinha força. — Está me machucando!
Inclinei-me ainda mais, colando meus lábios perto de sua orelha. A voz saiu baixa, fria como gelo.
— Isso... não é nem de longe o que você e aquele desgraçado do James merecem. — Meus dedos apertaram com mais força. — Me drogaram. Me expuseram. Tentaram destruir o que eu tenho co
POV: HENRYMe aproximei um passo, e vi o medo renascer nos olhos dela.— A única mulher que eu amei na vida, que ainda amo, e sempre vou amar, é Lauren Becker. E eu não dou a mínima se o nosso casamento acabou. Meus sentimentos por ela não morreram. E nunca vão morrer. — Eu declarei.Lucian ficou me observando, como se tivesse ouvido algo que ele não esperava. Mia, por outro lado, surtou. Cerrando os punhos, ela avançou feito uma fera descontrolada.— Mentira! — Ela gritou, tentando me atingir. — Mentira!Mas Lucian foi rápido e a segurou, imobilizando seus braços enquanto ela esperneava como uma criança mimada em surto.— Me solta, seu merda! — ela berrava. — Este assunto é entre ele e eu! Saia da minha frente, ou eu juro que destruo a vida d
POV: LAURENTheodor entrou pela porta mais calado do que o normal. Os ombros um pouco caídos, o olhar perdido, e os fones grandes cobrindo suas orelhas davam a ele uma aparência ainda menor do que seus sete anos. Ele me deu um meio abraço rápido, daqueles sem força, como quem faz por educação ou obrigação — e não por carinho, como costumava fazer —, e seguiu direto para a cozinha, onde sabia que minha mãe estaria. Ultimamente, ele parecia buscar mais o colo dela do que o meu. Era como se os dois estivessem se agarrando um ao outro para respirar.— Aconteceu alguma coisa na hora de buscá-lo? — Eu perguntei a Kate, sem disfarçar minha preocupação, enquanto observava meu filho desaparecer pelo corredor.Ela estava inquieta, roía a unha e evitava meu olhar. Um sinal claro de que havia feito algo.&n
POV: LAURENA voz dele falhou na última linha. Seus olhos, tão azuis, se encheram de lágrimas que se acumularam como poças reluzentes na beirinha dos cílios. Ele ergueu o rosto para mim com a respiração acelerada e as bochechas coradas de emoção.— Tem certeza disso, Fada? — Ele gaguejou, com a voz embargada. — Eu... eu ouvi a tia Kate dizer que vocês iam embora... Como eu vou ser irmão mais velho se você não vai estar aqui?Senti o chão vacilar sob meus pés. O medo no olhar dele era como uma faca sendo empurrada devagar contra o meu peito. Doeu. Doeu de um jeito que me fez engolir seco e respirar fundo para não desabar ali mesmo.— A Tia Kate fala demais... — Eu falei com firmeza, lançando um olhar direto para minha amiga, que desviou os olhos e fingiu examinar o teto,
POV: LAUREN— Lauren, desculpa... — Kate murmurou, os olhos baixos, evitando o meu. — Eu preciso ir. Não vou conseguir levar o Theodor de volta hoje.Ela parecia exausta. O rosto estava tenso, os ombros enrijecidos. Aquela ligação tinha mexido com ela mais do que queria admitir.— Ei, tá tudo bem. — Eu segurei sua mão, apertando com carinho. — Eu levo o Theo amanhã. Aviso o Henry. E... se você precisar de qualquer coisa, me liga, a qualquer hora.— Eu sei. — ela respondeu em um tom abafado. Em seguida, me puxou para um abraço apertado, como quem precisava se ancorar em algo antes de desabar. — Mas isso... isso é algo que eu preciso enfrentar sozinha.Assenti, respeitando seu silêncio, embora meu coração apertasse por vê-la tão vulnerável. O
POV: HENRYLucian estava parado diante da minha mesa com os punhos firmemente pressionados sobre a madeira. As veias saltavam nos braços, os dedos quase pálidos de tanto esforço. A mandíbula travada, os olhos cravados em mim, esperando por uma reação que eu não tinha paciência de dar.Inclinei a cabeça, impaciente, e levei o copo de uísque à boca com a calma de quem já havia ultrapassado todos os estágios da raiva. O álcool desceu queimando, mas era um ardor confortável perto da revolta que me corroía por dentro.— Eles merecem morrer pelo que fizeram. — minha voz saiu baixa, firme, sem espaço para interpretação.Lucian não respondeu de imediato. Se sentou diante de mim com um estalo seco da cadeira contra o piso. Começou a tilintar os dedos sobre a mesa, rit
POV: HENRY— Quando a Kate apareceu lá, já encontrou o caos instalado. A mãe estava cercada por seguranças armados, pressionada, ameaçada... meu tio estava pronto pra fazer dela um exemplo. Kate ficou apavorada. Tentou argumentar, defender, mas ninguém ali ia escutar alguém com um sobrenome sujo e dívida acumulada. — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. — Ela só não foi arrastada junto porque, quando viu minha foto pendurada no escritório do meu tio, disse, sem piscar, que era minha namorada. Que estávamos juntos há meses. Tentou colar uma história convincente.Me engasguei com a bebida no exato momento em que ele terminou a frase, tossindo e batendo no peito.— Namorada?! — Eu repeti, limpando a garganta, incrédulo. — Eu deveria te dar os parabéns
POV: LAURENSegurei a maçaneta com força, tentando controlar a tremedeira nos meus dedos. Meu coração batia tão rápido e forte que doía no peito, como se cada batida fosse uma lembrança do que eu tinha perdido... ou do que ainda sentia. Já fazia tempo desde a última vez que vi Henry Carter, e isso não foi por acaso. Eu o evitava. Me escondia como uma covarde porque não sabia como lidar com a bagunça que ele deixava em mim. Me apaixonei por ele de um jeito que nunca achei possível. Fui dele. Inteira. E, mesmo agora, só de pensar em encará-lo, algo dentro de mim se desfazia.Respirei fundo e, antes que eu pudesse hesitar de novo, abri a porta.Ele estava ali. Tão real. Tão absurdamente lindo quanto eu lembrava. A mão suspensa no ar, prestes a bater, congelou no meio do movimento. Seus olhos encontraram os
POV: LAURENEstava uma noite fria e chuvosa. Eu havia passado o dia inteiro planejando algo especial para Ethan e eu. Depois de tantos dias em que ele parecia distante e indiferente, achei que talvez um jantar feito com carinho pudesse nos reconectar. Preparei seu prato favorito e deixei a mesa impecável, com velas e flores. O cheiro do assado ainda preenchia a casa quando ouvi a porta da frente se abrir.— Ethan? — Eu chamei animada, enquanto saía da cozinha.Ele entrou sem sequer me olhar. Tirou o casaco molhado e o jogou no encosto do sofá, caminhando até a escada. Parecia exausto, mas também alheio, como se estar em casa fosse um fardo.— Você chegou mais cedo hoje. Preparei o jantar. Pensei que poderíamos comer juntos. — Meu tom era esperançoso.Ethan parou no meio da sala, finalmente me encarando com os olhos profundos e o queixo erguido, sua expressão estava carregada de desinteresse enquanto torcia o nariz.— Já comi. Tive uma reunião longa e não estou no clima para nada. Vou