Aurora— Então, Aurora, está gostando da cidade? — Hana puxou assunto enquanto esperava.— Sim, nós fomos bem acolhidas.— As pessoas daqui são bem acolhedoras mesmo. Sua mãe também está fazendo um ótimo trabalho na escola. Amélia disse que os pais têm elogiado o trabalho dela.— Ela gosta muito do que faz, está bem satisfeita. Agora a pouco estava com ela e Amélia, conversamos um pouco.— Amélia é uma ótima pessoa. Nós poderíamos marcar qualquer dia desses. O que acha?— Pode ser.— Ah, que ótimo! — Bateu palmas, animada. — Tenho certeza que vamos nos dar muito bem, mas não pôde levar o Thales. Será apenas para mulheres.— Por mim tudo bem.— Maravilha. Eu vou falar com Amélia e então marcamos o dia. Você pode anotar seu número? — Entregou-me o bloquinho de notas e uma caneta. Thales retornou com alguns petiscos e dois copos com uma bebida quente. Quando devolvi o bloco para Hana ela me deu um sorriso e pegou a bandeja cheia. A animação dela era contagiante. Esse foi um dos dons que
Aurora— Estou feliz, mas tenho medo que isso seja ameaçado — disse depois de um tempo e brinquei levemente com a taça, o vinho tinto se agitou. — Tenho medo de ser descoberta. — Também tenho medo. — Thales se inclinou e colocou a taça sobre a mesinha baixa. — Mas você tem direito de viver, Aurora. — Já pensei em tantas coisas…— Por que está pensando tanto? Talvez deva apenas deixar o fluxo seguir. O plano inicial não era ter um emprego e tentar levar uma vida mais comum possível?— Eu sei, mas é que até mesmo pensar por mim mesma é novidade. Até agora, minha mãe tomou as decisões e eu achava assim mais fácil. Então, agora que chegou a minha vez e me sinto sobrecarregada pelo fato de ser diferente.— Está se saindo bem até agora. Sobre um trabalho, posso falar com Rubens, ele tem mais influência nisso aqui nessa cidade do que eu.— Será que ele ainda não sente rancor por aquela vez?— Ele não é assim. Depois daquele dia até fez graça. — Mas eu sinto que ele ainda não assimila bem
ThalesCada parte de mim estava entregue a ela, era um desejo insano e terno. Duas coisas opostas que se combinavam perfeitamente. Eu nunca pensei muito nessa ligação, mesmo que procurasse entender, não era realmente importante. Eu me apaixonaria por ela em qualquer circunstância. Aurora foi feita para mim, feita para se encaixar entre meus braços, nas minhas mãos...Recusei-me a parar de beijá-la, apenas deixei que buscasse ar para tomar sua boca novamente. A deitei por cima das cobertas e me aconcheguei em cima do seu corpo. Eu não pensava muito no depois, eu só queria tê-la sempre que possível.E, eu a quero nua agora.Ela gemeu quando puxei seu lábio com os dentes. Afastei-me apenas para tirar sua camisa, ela não usava nada por baixo e salivei ao ver seus seios que estavam mais fartos que antes. Admirei suas curvas sob a luz da lareira, um lado do seu rosto estava nas sombras e me deu um vislumbre do seu olhar perigoso.Suavemente, alisei as laterais dos seios e deslizei meus ded
AuroraDois meses depois…— Seu horário já acabou, Aurora, já devia ter ido pra casa. — Já estou terminando, senhora Su. — Peguei mais um punhado de batatas do caixote e coloquei no tabuleiro. — Falta só essas batatas.— Oh, querida, não se esforce tanto, quando der seu horário, apenas vá para casa. Concordei com Suzan apenas por concordar, ela sempre dizia a mesma coisa. Há pouco mais de um mês, consegui esse trabalho, era no único mercado da cidade, a vaga surgiu depois de um dos filhos dos donos ter se mudado para outra cidade para estudar. Meu trabalho era simples, eu apenas arrumava as prateleiras e ajudava na limpeza quando necessário. O salário era pequeno, mas estava feliz por fazer algo útil. Além disso, era a primeira vez que me mantinha por tanto tempo em um emprego.Suzan e seu esposo eram moradores antigos da cidade, eles tinham por volta de sessenta anos e eram muito atenciosos, porém, fofocavam como ninguém. Bem, aparentemente, se descobre tudo no caixa enquanto se p
Aurora— Não vejo nada — Thales olhou na mesma direção, mas depois voltou pra mim.— Eu sei que está lá. — Dei um passo.— Não é uma boa ideia. — Thales segurou-me. — Vamos embora. — Thales me puxou para o carro.Entrei no veículo e Thales imediatamente o colocou em movimento, mas eu ainda tinha a atenção para aquela direção, só ajeitei a postura quando Thales saiu daquele lugar. Meu coração ficou inquieto. Não foi uma sensação falsa, nós sentimos o perigo. Talvez…Meu coração acelerou, a loba estava transbordando, ela queria sair. Segurei sua força, mas choraminguei de dor.— Aurora, ei, olha pra mim! — Thales parou o carro e me puxou.— Eu… a loba… — Mal consegui falar. Estava confusa.Respirei fundo e me concentrei apenas nele.“Deixe-me sair. Eu preciso ver.”— Não! “Nós estamos em perigo!” Concentrei-me e aos poucos meu corpo foi se acalmando. O ressentimento tomou conta do meu coração, ela estava com raiva e esse sentimento transbordava em mim, mas eu precisava pensar antes de
Depois de colocar Thales na minha cama e deixá-lo aquecido, voltei para sala e liguei para Rubens, foi sorte ele estar na delegacia.— Rubens falando. — Rubens atendeu despreocupadamente.— Venha pra minha casa, por favor.— Aurora? O que aconteceu?— Não dá pra explicar agora. Venha até minha casa e não deixe que Thales saia.— O que está acontecendo?— Venha rápido, ele não pode ficar desprotegido. Desliguei antes que me fizesse mais perguntas, eu não tinha tempo a perder. Saí de casa e me transformei na mata deixando partes das minhas roupas rasgadas para trás. Minha transformação foi rápida, eu ignorei a dor e me concentrei naquele cheiro enjoativo misturado ao cheiro da minha mãe.Não foi difícil achar a direção, minhas patas afundavam na neve a cada passada veloz daquela corrida. A mata escura não era problema e o silêncio só era quebrado pelos meus rosnados. Eu sentia uma imensa fúria, mas também muito medo por minha mãe, eu precisava proteger minha família a todo custo.O che
ThalesA claridade incomodou assim que abri os olhos. Aos poucos a foi diminuindo o embaçado até que eu visse melhor. Tinham tubos na minha boca, coisas grudadas em mim. Aurora… o que aconteceu? Sons de bibs soaram ao lado, tudo estava confuso, minha visão estava embaçando de novo, eu queria respirar… — Fique calmo. Alguém disse ao meu lado, mas não conseguia. Eu tentava lembrar do que tinha acontecido, mas estava tudo em branco.Engasguei, sufocando com aqueles tubos em minha boca, mas depois meu corpo foi relaxando, até escurecer novamente.….Tinha sede, muita sede. Aos poucos fui sentindo meu corpo dolorido, mesmo que estivesse deitado em algo macio. A claridade me incomodou, mas a sede era pior.— Graças a Deus! Hana apareceu na minha frente, ela sorriu e estava emocionada.— Água… — forcei-me a dizer.Hana saiu e voltou com um copo, ela molhou meus lábios com um algodão, não era o suficiente, mas aliviou a secura na boca.— Chamei o médico. Agora vou ligar para Rubens. — O
ThalesO quarto a meia luz era o mesmo, eu ainda estava no hospital, mas já era noite. Aos poucos as peças foram se encaixando na minha cabeça, mas ainda faltavam partes importantes. Rubens estava dormindo desajeitadamente em uma poltrona muito menor que ele. Por que simplesmente não arrumou uma cama?— Rubens. — Minha voz saiu rouca e baixa, mas ele acordou e levantou rapidamente.— Thales, finalmente! — Ele me abraçou e depois ficou em pé, ao lado da cama. — Achei que nunca mais ia acordar. — Eu acordei nessa manhã, Rubens. Não seja exagerado.— Essa manhã?— Sim, eu acho que caí.— Isso aconteceu há dias. Quase fiquei louco quando cheguei aqui e fui informado. Você mordeu o enfermeiro.— O que? — Franzi o cenho. — Por que eu faria isso? — Ah, bem, agora você está bem. — Rubens desviou o olhar com uma expressão estranha. — Depois que você saiu do coma, dormiu por mais cinco dias. Quase que precisamos tomar medidas drásticas.— Cinco dias? Quer dizer que estou há quinze dias aqui?