Endrigo beijou Estela com paixão. Ela o abraçou na banheira. A garrafa de vinho ao lado, no chão.- É linda a sua relação com Apollo.- Verdade. Não somos irmãos de sangue mas de coração. Somos amigos de longa data. Ele se apaixonou pela vinícola, assim que a visitou na primeira vez. Eu me apaixonei por ele também. Minha mãe o ama, às vezes mais que a mim. Apollo nos ajudou muito, no tempo que esteve em Mendoza. Nós ajudamos a fundação, algumas vezes também. É uma relação de troca e confiança. - Legal. Ele sempre falava de você com ternura e admiração.- A recíproca é verdadeira. Sempre serei fiel e leal a ele. Você foi secretária particular dele, por longo tempo.- Sim. Foi muito bom. Agora tenho um cargo e salário bom na fundação.- Merecido. Você é gata, lindona. Ele é o chefão, lindo e atraente. Os dois viajando a serviço da fundação, congressos e reuniões na ONU. Mesmo hotel. Nunca rolou nada entre vocês?Estela riu.- Nunca.- Mentira. Duvido, minha linda.- Não mesmo, eu juro.
- Desculpa, presidente. Não deu para se livrar desses repórteres, na entrada da igreja.Bianca colocou a mão no ombro do segurança.- Tudo bem, Alfredo. O importante é que não entrem. Uma foto ou outra, não faz mal. A noiva saiu da limusine, apoiada nos pais. Os seis seguranças impediram a aproximações dos fotógrafos mas não as fotos e cliques. Velasco a esperava no altar. Na igreja, apenas quarenta convidados. Os familiares, alguns diretores e advogados da fundação Hermann. Uma cerimônia restrita e intimista. Um cameraman, dois fotógrafos lá dentro. Bianca e Velasco no dia do sim mais importante das suas vidas. Os noivos jantaram na mansão, numa festa para poucos. A lua de mel de uma semana, em Punta del Leste, no Uruguai.- Lá estão eles, Nascimento e Humberto.Apontou Marcela, saindo da área restrita , no aeroporto de Porto Príncipe, no Haiti. Ela abraçou e beijou o esposo, que a aguardava. Humberto a cumprimentou. Jheniffer, Apollo, Johansson e Estela surgiram, puxando as respect
- Juro que não tenho nada a ver com esse reencontro.- Ah, quer enganar quem?- Pode crer, Jheniffer. Não faria isso. Caíque pode ter sabido que estaríamos no Haiti mas não o Humberto. O nome dele não estava na agenda do site. Foi coincidência.- Entendi. Mas parece que estão bem, se cumprimentaram normalmente, civilizados e sem barraco.- Com certeza. Humberto está mudado, é outra pessoa. Está limpo, nem está bebendo. Está responsável também, muito focado no projeto. Até aqui, zero decepção com ele, querida.- Se o meu CEO favorito está dizendo.- Estou afirmando. Não estou torcendo para que voltem e retomem a relação, mas se o fizerem, tudo certo. Nada contra. São duas pessoas centradas e adultas.- Eu torço para que voltem. Vamos apostar?- Pra que, se você ganha todas, Jheniffer. - Só de brincadeira, vai? Aposto que eles voltam a namorar.- Eu já penso que não. Caíque partiu muito magoado, decepcionado. Na Europa conheceu pessoas lindas e interessantes, como o Gerard. Independent
Caíque encarou Humberto.- Apollo me disse que você estava mudado mas não achei que era tanto.- Pode crer. A principal mudança é interna, Caíque. Aprendi isso com Apollo. A maior vitória é vencer a si mesmo. Tinha essa frase escrita na capa do meu caderno de escola e só hoje a compreendo. - Estou feliz por você, Humberto.- Sempre tive a certeza que você torcia por mim, ainda que distante. Se tivesse acordado pra vida antes, talvez não o tivesse perdido.- Tudo a seu tempo e tudo é aprendizado. Eu tinha uma frase na primeira agenda que ganhei. Uma citação de Tagore. Dois presos olharam pela grade da janela da prisão, um viu a lama, o outro as estrelas.- Que lindo, Caíque.- Igual a você, eu não entendi de imediato. Perguntei o significado ao meu professor de filosofia. Ele explicou que, suas pessoas num mesmo ambiente, terão impressões distintas, visões e sentimentos diferentes. Um dos presos admirava a imensidão do céu, as estrelas brilhantes, enquanto o outro olhava pra baixo, pr
Johansson convidou a equipe para um jantar especial, no famoso restaurante Dom Benito, no centro de Porto Príncipe. Nascimento estava de terno amarelo e chapéu Panamá. Marcela usava um vestido estampado, preto com flores amarelas e vermelhas.- Estamos no clima caribenho. Muita cor, flor e alegria. Compramos essa roupa na loja do hotel.Jheniffer e Estela tiravam fotos do casal. Apollo riu.- Espero que o ônibus da seleção da Jamaica não esteja aqui, senão os levarão com eles.A juíza fez uma cara brava pra ele. Nascimento não gostou mas depois riu.- Desculpa. Perco os amigos mas não perco a piada. Estão lindos.- Ah! Agora vem tentando consertar , Apollo? Quem você pensa que é, ficar zoando a roupa dos outros? - Ele é o CEO, querido.- Sério, Marcela? Pode rir a vontade então. Achei que me chamariam de banana ou aquele personagem O Maskara, do Jim Carrey? Johansson e Humberto estavam de ternos brancos. Caíque desceu. Estava de sapatênis, calça bege e camisa florida.- Puxa. Estão
Gerard se esfregou em Humberto, na pista de dança. Sem dar espaço a saliências, Humberto o empurrou de leve.- A pista é grande, Gerard. Não somos siameses.- Você me atrai.Humberto foi para o bar. Gerard o seguiu. Ele sentou-se ao lado do brasileiro.- Quero uma limonada. Estou sedento.Gerard pegou um limão, na cesta de frutas que decorava o bar.- Água gelada, açúcar e gelo. Agora o limão e é só bater.Gerard colocou o limão na boca e começou a girar. Humberto não aguentou e caiu na gargalhada.- Você é um besta.Gerard pediu duas limonadas ao barman.- É sério isso? Está mesmo a fim de mim?- Não minto. Odeio mentiras. Estou vidrado, desde a primeira vez que o vi, Humberto. Caíque só fala de você, por isso o conheço bem. Nossa, ele fala da sua comida e tempero, das suas brincadeiras, das farras, do seu jeito de dormir que parece que está escalando um prédio igual ao homem aranha.- É, eu durmo assim mesmo. O joelho quase batendo no peito.Humberto tomou o suco.- Uau. Deliciosa,
Gerard estava tomando café, no restaurante do hotel. Caíque veio por trás e o abraçou. O francês acariciou a mão dele e sorriu.- Bom dia, meu lindo.- Bom dia, Caíque. Vamos tomar café juntos?- Com certeza. Esse cheiro de café fresquinho e pão francês é um bálsamo para a alma, imprescindível para começar bem o dia.- Isso se chama fome.- Também mas o café da manhã é a principal refeição do dia. Além do alimento material é fundamental o alimento espiritual, a oração. - Com certeza.Caíque se serviu, na mesa com variedades de pães e bolos. Ele pegou tapioca, mamão papaya, queijo com goiabada e bolo de aipim. - Por quê o espanto?- Alguém aqui acordou com fome de leão. Vai dar conta disso tudo?- Ah, meu filho. Na Europa não tem essa fartura, essa mesa espetacular que me lembrou do Brasil, especialmente dos hotéis de Maragogi, em Alagoas. Já lhe mostrei algumas fotos da minha viagem pra lá, com o Humberto.- Hum, hum. Estava demorando pra você falar nele. Não está curioso?- Muito.
Endrigo estava surpreso.- Vocês dois se conhecem?- Sim. Esse é o Bastian, um velho amigo.Os homens estavam assustados.- Paco. Ela disse o nome verdadeiro do almirante.- Sim. Pelo jeito se conhecem há tempos.Paco guardou a arma.- Você ia nos matar, Bastian?- Não. Seria só um susto, Damiana. Ninguém vem até aqui e pergunta da Carmem. Esse nome é proibido entre meus homens.Um dos homens cutucou Paco.- O rapaz é a cara do capitão.- Realmente é parecido demais. Eles entraram no barco. Bastian pegou uma garrafa de rum.- Aceitam um trago?Endrigo não quis, Damiana idem. Ela o encarou.- Mundo velho gira. Nos encontramos, finalmente.- Você é quem sumiu, rabugenta.Endrigo se levantou.- Não chama a minha mãe de rabugenta, velho. Mais respeito.- Ele não fala mas rosna. Você não lhe deu educação?- Se ao menos tivesse um pai presente?- Eu? Presente? Como, se soube do garoto muito depois. Ele já era barbado.- Você estava noivo daquela mulher.- Ela estava grávida, por isso a esc