(Ponto de Vista de Arielle)Quando nos viramos para entender o motivo do grito de Sofia, nossos olhos se arregalaram em surpresa. Sofia estava agachada, com as mãos no ventre, com o rosto contorcido pela dor.— Você está bem? — Perguntei, correndo até ela, com preocupação estampada no rosto.Sofia não respondeu. Ela apenas continuou gemendo. O medo se apossou de mim, e fiz sinal para Ashley se aproximar.— Eu acho que ela está machucada, vamos ajudá-la. — Sussurrei.Ashley hesitou por um momento antes de correr até o meu lado.— Arielle, você tem certeza? Não sei, mas não confio nela.— Vamos apenas ajudá-la. — Respondi, tentando ajudá-la a se levantar.Nesse instante, duas mulheres se aproximaram de nós. Fiquei aliviada, pois mais mãos para ajudar seriam bem-vindas.— O que aconteceu? — Uma delas perguntou.Sofia olhou para elas, com lágrimas nos olhos.— Ela... ela tentou me machucar. Eu estou grávida, e ela me empurrou. — Ela acusou, apontando para mim.Um suspiro alto escapou de no
(Ponto de vista de Arielle)— Eu ainda não consigo entender o que aconteceu. — Ashley bufou, jogando sua bolsa no sofá assim que entramos na sala de estar. — Aquela mulher é inacreditável!— Ashley, vamos deixar isso para trás. — Suspirei, caindo ao seu lado no sofá. — Eu estou bem, e isso é o que importa.Ashley se virou para me encarar, com o rosto sério.— Veja bem, esse é o problema. Você é muito boazinha, não cria problemas, e é por isso que ela implica com você o tempo todo. Ela deveria estar escondendo o rosto com tudo o que fez com você, mas, em vez disso, ainda está criando problemas.— Ashley, não há necessidade de ficar revivendo isso. — Pedi, esfregando as têmporas.— Mas alguém precisa te lembrar disso. — Ela retrucou. — Quer que eu faça uma lista de tudo o que ela te fez? — Ela perguntou, com os olhos desafiadores.— Não. Não precisa se dar ao trabalho. — Respondi, levantando a mão como um pedido de fim de conversa.Ashley fez uma careta.— Você precisa parar de ser boazi
(PONTO DE VISTA DE JARED)Assinei rapidamente o último documento, aliviado por finalmente ter terminado a papelada que estava acumulada na minha mesa há semanas. Assim que estava prestes a guardar os papéis, ouvi uma batida na porta. — Quem é? — perguntei.— Sou eu, Cristina, senhor. — Respondeu minha secretária. — Entre.Cristina entrou, parecendo um pouco aflita. — Desculpe incomodá-lo, senhor, mas estou tendo problemas para acessar o banco de dados da empresa. Assenti, compreendendo. Cristina é nova, está aqui há apenas dois dias. Minha secretária anterior se demitiu porque ia se mudar para o exterior com o noivo. — Sente-se, deixe-me mostrar como funciona. — Indiquei a cadeira vaga.Com paciência, mostrei a ela como navegar no banco de dados. Alguns minutos depois, ela já tinha entendido. — Obrigada, senhor. — Disse ela, levantando-se. — Agradeço muito pela paciência.— De nada.Quando ela se virou para sair, chamei-a: — Cristina?— Sim, se
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Estava preparando legumes e outros utensílios para cozinhar quando senti um choque no estômago. Fiz uma careta e segurei-me no balcão da cozinha, esperando que a onda passasse. Eu sabia que passaria, porque era uma sensação que eu já conhecia.Essa sensação começou há três dias, e, no início, atribuí ao que comi. Mas aconteceu novamente, e de novo, e já é o terceiro dia.Não dei muita importância porque não era doloroso, apenas um choque agudo que se espalhava pelo meu abdômen como uma maré de ondas. E, segundos depois, desaparecia como se nunca tivesse acontecido.Decidindo que não era nada sério, não me preocupei em contar para minha mãe ou para Ashley. Elas entrariam em pânico e me arrastariam para o hospital, e eu odiava hospitais. Eles me lembravam de muitas memórias desagradáveis. Então, empurrei esses pensamentos para o lado, decidindo que isso pararia da mesma forma que começou. Não havia necessidade de preocupar ninguém.— Está tudo bem? — Perguntou
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)— Então, o que você vai fazer com os pacotes? — Perguntou Ashley enquanto estávamos sentadas no sofá assistindo a um programa de entrevistas na TV horas depois.Virei rapidamente minha cabeça para ela, lembrando que os pacotes ainda estavam lá fora, na varanda. — Não sei. — Dei de ombros. — Provavelmente vou devolvê-los. Educadamente, claro.— Ah, ah. — Disse Ashley, balançando a cabeça. — Você não vai fazer isso. É falta de respeito.— Não, não é — Retruquei. — Ela precisa saber que eu estava falando sério quando disse que não quero mais nada da família dela.— Mesmo assim, você deveria aceitar este presente. Talvez depois disso, você possa dizer que não quer mais nada. Falando nisso, deveria ligar para ela e avisar que viu os presentes.— Não faz sentido, eu não vou aceitá-los. — Insisti teimosamente.— Você já aceitou.— Sério? Eles ainda estarão na varanda se você não me deixar devolvê-los.— E quem disse que eles ainda estão na varanda? Eu já os trouxe
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)As palavras pairaram no ar, e eu parei, momentaneamente esquecendo como respirar. Meus olhos se arregalaram, e minha boca ficou aberta enquanto eu lutava para processar as palavras, tentando puxar o ar de volta para os pulmões.GRÁVIDA?Como isso pode ser? Virei para Ashley, esperando que ela compartilhasse minha descrença, e ela parecia tão atordoada quanto eu. Seus olhos estavam arregalados e seus lábios entreabertos em choque.De alguma forma, consegui me recompor, embora minha voz tremesse. — O quê? — Gaguejei, minha voz saindo como um sussurro rouco.O aperto de Ashley em minha mão ficou mais firme, mas mal percebi. Estava ocupada demais tentando processar e questionar a bomba que acabara de ser lançada.— Doutora — Continuei. — Duvido que alguém da sua nobre profissão gostaria de brincar com algo assim. Por favor, me diga que isso é uma piada. — Empurrei o arquivo de volta para ela, minhas mãos tremendo. — Aqui, pegue e garanta que é meu.O sorriso da
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Caminhava ao lado de Ashley, meu corpo presente, mas minha mente vagando. Estávamos saindo do hospital, e eu ainda me sentia atordoada. A médica havia pedido que eu retornasse em alguns dias para iniciar meu pré-natal, mas até aquele momento, apesar de ter visto meu filho no ultrassom, ouvido os batimentos cardíacos e segurado suas fotos, eu ainda me sentia em um sonho.Um sonho no qual o destino me havia lançado, mas que, mais cedo ou mais tarde, cruelmente me arrancaria. Ashley, abençoada seja, entendeu o estado em que eu me encontrava e segurou firmemente meu braço. Um gesto pelo qual eu estava grata, porque eu não confiava em minhas pernas para não cederem debaixo de mim.Continuamos caminhando, perdidas em nossos pensamentos, quando, de repente, o aperto de Ashley no meu braço se intensificou. — Arielle, olhe. — Ela sussurrou.Segui seu olhar, e meu coração afundou. — Vindo de um canto do corredor à nossa frente estavam Jared e Sofia. Pelo olhar em seus
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)— Ir embora? O que você quer dizer? — Perguntou Ashley, parecendo chocada.— Eu... Eu não posso mais ficar aqui. Preciso me afastar de tudo. De Jared, de Sofia, de tudo isso. — Respondi.Observei o rosto de Ashley cair, e meu coração se partiu ainda mais. Sabia que ela não receberia bem a notícia, mas horas atrás, depois de chorar e acordar, pensei profundamente e decidi que partir era o melhor. Duvido que algum dia eu consiga a cura que mereço se continuar em um lugar que só me lembra minha dor e perda.— Para onde você vai? — Perguntou Ashley, com a voz surpreendentemente calma. Sabia que era uma fachada, mas estava grata por ela tentar ser mais forte que eu, que já tinha lágrimas ameaçando escorrer pelo rosto.— Sinceramente, ainda não sei. Só sei que preciso ir. Não posso ficar aqui fingindo que tudo está bem quando não está. Quero começar uma nova vida e me curar mais rápido. Eu mereço paz e felicidade, e meu filho também.— Hum... Não sei, mas acho qu