(NARRATIVA DE ARIELLE)O dia seguinte a uma ressaca era sempre brutal... um lembrete nada sutil de que eu não era tão jovem quanto antes. Enquanto trabalhava no restaurante, minhas costas doíam de uma forma incansável, como vinha acontecendo ultimamente.Quando saí, Ashley ainda estava dormindo, até roncando um pouco. Pobrezinha, ela realmente tem se desgastado muito ultimamente. Não é à toa que toda vez que conversamos, ela xinga o chefe como se fosse algum monstro. Mas, quando liguei para ele esta manhã para pedir um dia de folga para ela, o tom calmo e gentil da sua voz era totalmente diferente do tirano que ela descreveu.Imaginando o rosto dela enquanto reclamava dele, eu ri baixinho.Stephen passou por mim nesse momento. — Algo bom, senhora?Eu acenei de volta, oferecendo um sorriso radiante. Depois do incidente de ontem, me sentia um pouco mais próxima dele, embora ainda não estivesse acostumada a conversar casualmente com ele.Ele corou, murmurando algo antes de sair apressado.
(NARRATIVA DE ARIELLE)— Arielle, está tudo bem? — Uma voz perguntou, tocando meu ombro.Imediatamente, voltei à realidade e vi Rebecca ao meu lado, com uma expressão preocupada no rosto.— Sim, claro. Porquê?Ela me olhou com uma mistura de simpatia e preocupação, os olhos suaves. — Você está distraída desde que chegou aqui, Arielle. Tudo bem não estar bem. Você não precisa fingir.Suas palavras me atingiram como uma onda, e senti o nó no meu peito apertar ainda mais. Eu não era eu mesma. Não desde a ligação com Dwayne. Seus conselhos, as perguntas que ele levantou... contar ou não a verdade sobre o pai de Maverick à ele... ainda ecoavam na minha mente.— Estou bem. De verdade. — Forcei um sorriso, tentando disfarçar, mas eu podia sentir o quão falso parecia.Rebecca não acreditou. Ela inclinou a cabeça, me observando com cuidado. — Você não está bem, chefe. Deveria descansar. Sério. Você passou por muita coisa ultimamente. Tudo bem tirar uma pausa.Sua bondade deveria ser um conforto
(NARRATIVA DE JARED)Eu tinha acabado de encerrar uma reunião virtual e estava prestes a voltar ao trabalho quando a chamada de Arielle apareceu na tela do meu celular.O inesperado nome dela fez meu coração saltar uma batida. Um lampejo de esperança. Estúpido, talvez, considerando o quão firmemente ela me havia afastado antes, mas eu não conseguia evitar. Talvez fosse isso. Talvez ela tivesse mudado de ideia. Talvez ela estivesse ligando para me deixar conhecer meu filho.Eu sei, parecia tolice. Mas um homem pode sonhar.— Alô. — Atendi, tentando soar casual, mas sabia que minha voz traía a expectativa que fazia meu coração disparar.Mas nenhuma preparação teria me preparado para o que ouvi em seguida. Sua voz — Afiada, frenética, em pânico — Atravessou o celular, entrecortada e histérica.— Maverick desapareceu! Alguém o levou da escola... Eu pensei que fosse você...As palavras dela me atingiram como um soco no estômago, roubando meu fôlego.Eu odiava ouvi-la tão aterrorizada, tão f
(NARRATIVA DE JARED)Denzel Hernandez.O nome me atingiu como um soco no estômago. Era a última pessoa de quem eu queria ouvir, ainda mais agora que meu mundo já estava desmoronando. Apertei o celular com força enquanto a raiva crescia dentro de mim… por que diabos ele estava ligando agora?— Olha, eu não sei como você conseguiu meu número, mas não tenho tempo para os seus joguinhos idiotas. — Disparei, pronto para pressionar o botão de “encerrar chamada”.— Ah, não desligue, Jared. — A voz de Denzel era tão suave como sempre. — Você vai querer ouvir o que eu tenho a dizer. Confie em mim.— O que diabos você quer?— Bem, você realmente deveria saber. Tem uma criança comigo, acho que o nome dele é... Maverick?Meu coração bateu violentamente contra minhas costelas, o mundo se estreitando em um único ponto. Então era ele.— Seu desgraçado! O que você fez com ele? — Minha voz estava baixa e mortal, mal controlada. Meu aperto no celular ameaçava esmagá-lo.— Nada. — Ele respondeu
(NARRATIVA DE JARED)O motor do meu carro roncava, enquanto meu coração girava em um turbilhão de pavor. Eu estava deixando a cidade, seu ambiente agitado sendo gradualmente engolido pelo caminho deserto que levava ao armazém.Conforme eu me aproximava, meu aperto no volante ficava mais firme. Tudo isso ainda não parecia certo. Algumas perguntas importantes não tinham sido respondidas. Mas não havia tempo para me aprofundar nisso, não quando estava claro que Maverick estava nas mãos de Dwayne.Cada quilômetro que me afastava da cidade parecia um peso me arrastando para um abismo.Maverick. Seu rosto passou pela minha mente. Embora eu não tivesse tido a chance de conhecê-lo propriamente como pai, eu podia dizer que ele era uma criança adorável.E agora ele estava em algum lugar por aí, nas mãos imundas de Denzel.Finalmente cheguei e parei o carro, olhando fixamente para o armazém. Por um momento, observei sua aparência decadente. Janelas quebradas, metal enferrujado e concreto em ruína
(NARRATIVA DE ARIELLE)Eu estava encolhida no sofá da sala de estar mal iluminada no andar de baixo, com o coração disparado no peito e as mãos tremendo tão violentamente que mal conseguia mantê-las paradas. Trinta horas.Trinta horas desde a última vez que vi meu filho, e eu não tinha dormido nem um minuto. Nenhum segundo sequer de descanso veio, não importava o quão pesadas minhas pálpebras estivessem ou o quão desesperadamente eu tentasse me obrigar a desmaiar de exaustão.Ashley estava sentada ao meu lado, sua presença oferecendo um pequeno conforto no meio do mar de ansiedade. Ela veio correndo ficar comigo assim que recebeu minha ligação aflita.Ela tentava me consolar, mas suas palavras mal rompiam a densa névoa de temor que apertava meu coração.Juntas, sentamos, orando e esperando por uma resposta de Jared.Cada minuto parecia um ano, e cada segundo sem notícias de Jared corroía minha alma.— E se ele não conseguir salvar meu filho? — Perguntei, virando-me para encarar Ashley.
(NARRATIVA DE ARIELLE)Fazia dias desde o incidente do sequestro, e eu estava tentando seguir em frente, retomando minha vida. Embora a experiência ainda pairasse na minha mente, tomei medidas preventivas para garantir que aquilo não se repetisse.Tirei a semana de folga, deixando o restaurante nas mãos competentes de Sebastião e Rebecca. Eles cuidaram de tudo de forma impecável, e eu não poderia estar mais grata.Primeiro, levei Maverick ao médico no dia seguinte. O alívio que senti ao ouvir que ele não tinha sofrido danos físicos foi imensurável. Depois, fiz questão de levá-lo a um terapeuta infantil, apenas para ter certeza de que a experiência não havia deixado marcas invisíveis. Felizmente, o terapeuta estava confiante de que Maverick não havia ficado traumatizado.Meu filho, ao que parecia, era mais forte do que eu jamais poderia imaginar. Meu coração se encheu de orgulho.Então veio a parte difícil: segurança. Implementei medidas mais rigorosas, algo que antes eu resistia por me
(NARRATIVA DE ARIELLE)A curiosidade de Maverick parecia não ter limites, e Jared respondia a cada uma de suas perguntas com uma paciência que, de algum modo, me irritava e me intrigava ao mesmo tempo. Até que Maverick soltou uma bomba.— Papai, você vai passar a noite aqui? — Perguntou, os olhos brilhando de expectativa.Senti meu rosto esquentar, e quando olhei para Jared, ele parecia tão surpreso quanto eu, as sobrancelhas arqueadas em espanto.— Maverick, chega de perguntas por agora. — Falei firmemente, recuperando a compostura.Mas ele insistiu:— Por favor, papai.Os olhos de Jared encontraram os meus, e vi a incerteza neles.— Maverick, ouça sua mãe. — Disse ele gentilmente, apoiando-me pela primeira vez.— Porquê não, papai? Eu só quero passar mais tempo com você. Por favor, mãe? — O tom suplicante de Maverick começava a abalar minha resolução.Nesse ponto, eu sabia que precisava encerrar o assunto antes que a situação ficasse constrangedora.— Maverick, estamos comendo. Vamos