(NARRATIVA DE ARIELLE)Eu estava encolhida no sofá da sala de estar mal iluminada no andar de baixo, com o coração disparado no peito e as mãos tremendo tão violentamente que mal conseguia mantê-las paradas. Trinta horas.Trinta horas desde a última vez que vi meu filho, e eu não tinha dormido nem um minuto. Nenhum segundo sequer de descanso veio, não importava o quão pesadas minhas pálpebras estivessem ou o quão desesperadamente eu tentasse me obrigar a desmaiar de exaustão.Ashley estava sentada ao meu lado, sua presença oferecendo um pequeno conforto no meio do mar de ansiedade. Ela veio correndo ficar comigo assim que recebeu minha ligação aflita.Ela tentava me consolar, mas suas palavras mal rompiam a densa névoa de temor que apertava meu coração.Juntas, sentamos, orando e esperando por uma resposta de Jared.Cada minuto parecia um ano, e cada segundo sem notícias de Jared corroía minha alma.— E se ele não conseguir salvar meu filho? — Perguntei, virando-me para encarar Ashley.
(NARRATIVA DE ARIELLE)Fazia dias desde o incidente do sequestro, e eu estava tentando seguir em frente, retomando minha vida. Embora a experiência ainda pairasse na minha mente, tomei medidas preventivas para garantir que aquilo não se repetisse.Tirei a semana de folga, deixando o restaurante nas mãos competentes de Sebastião e Rebecca. Eles cuidaram de tudo de forma impecável, e eu não poderia estar mais grata.Primeiro, levei Maverick ao médico no dia seguinte. O alívio que senti ao ouvir que ele não tinha sofrido danos físicos foi imensurável. Depois, fiz questão de levá-lo a um terapeuta infantil, apenas para ter certeza de que a experiência não havia deixado marcas invisíveis. Felizmente, o terapeuta estava confiante de que Maverick não havia ficado traumatizado.Meu filho, ao que parecia, era mais forte do que eu jamais poderia imaginar. Meu coração se encheu de orgulho.Então veio a parte difícil: segurança. Implementei medidas mais rigorosas, algo que antes eu resistia por me
(NARRATIVA DE ARIELLE)A curiosidade de Maverick parecia não ter limites, e Jared respondia a cada uma de suas perguntas com uma paciência que, de algum modo, me irritava e me intrigava ao mesmo tempo. Até que Maverick soltou uma bomba.— Papai, você vai passar a noite aqui? — Perguntou, os olhos brilhando de expectativa.Senti meu rosto esquentar, e quando olhei para Jared, ele parecia tão surpreso quanto eu, as sobrancelhas arqueadas em espanto.— Maverick, chega de perguntas por agora. — Falei firmemente, recuperando a compostura.Mas ele insistiu:— Por favor, papai.Os olhos de Jared encontraram os meus, e vi a incerteza neles.— Maverick, ouça sua mãe. — Disse ele gentilmente, apoiando-me pela primeira vez.— Porquê não, papai? Eu só quero passar mais tempo com você. Por favor, mãe? — O tom suplicante de Maverick começava a abalar minha resolução.Nesse ponto, eu sabia que precisava encerrar o assunto antes que a situação ficasse constrangedora.— Maverick, estamos comendo. Vamos
(NARRATIVA DE ARIELLE)Fiquei paralisada, minha mente ainda girando com a revelação de Jared.— Quê? Jared Smith, o sempre imperturbável bilionário, de repente falido e sem teto? Isso não fazia sentido. Principalmente com a família influente dele no pano de fundo. Que tipo de jogo ele estava jogando desta vez?A escova de dentes ainda pendia da minha boca. Então consegui recuperar a compostura e me virei para Maverick, que era jovem demais para ouvir as bobagens que Jared estava prestes a despejar.— Ei, querido, porque você não apresenta seu novo cachorrinho ao Milo? Tenho certeza de que ele ficaria feliz em ter um irmãozinho canino. — Eu disse docemente.O rosto de Maverick se iluminou. Sem dizer uma palavra, ele agarrou o cachorrinho inquieto e correu para dentro, me deixando a sós com Jared.Assim que a porta se fechou, me virei novamente para Jared, com os braços cruzados.— Pare com o teatro, Jared. O que está realmente acontecendo?— Eu te disse a verdade. — Ele insistiu, com um
(NARRATIVA DE ARIELLE )Enquanto observava Jared e Maverick caminharem à frente, com as malas de Jared rolando atrás dele, decidi que agora não era hora de me sentir sobrecarregada. Isso era temporário. Eu precisava me manter firme e forte se quisesse passar por isso.A conversa animada de Maverick enchia o corredor enquanto ele olhava para Jared com um brilho nos olhos, claramente encantado com a presença do pai.— Traidor — Murmurei baixinho. No momento em que o pai dele aparece, é como se eu me tornasse invisível.Mas, naquele instante, minha mãe surgiu no corredor, parando no meio do caminho ao ver Jared. Seus olhos percorreram as malas em suas mãos e, logo depois, pousaram em mim, cheios de perguntas silenciosas: — O que está acontecendo?Tentei fazer um gesto tranquilizador, mas ela franziu a testa. Obviamente, não estava nada satisfeita.— Cozinha. Agora. — Ela ordenou, antes de se virar e sair pisando forte.Soltei um suspiro e passei por Jared e Maverick, seguindo minha mãe. Q
(NARRATIVA DE ARIELLE )No dia seguinte, era sábado, e Maverick não iria para a escola. Acordei cedo, sentindo uma mistura de ansiedade e incerteza.Seria a primeira vez que deixaria Jared sozinho com Maverick por um dia inteiro, e eu não conseguia afastar a preocupação incômoda de que ele poderia... bem, não exatamente causar problemas, mas acabar se metendo neles de alguma forma.Ainda assim, eu não tinha muita escolha. Mamãe estava de partida para sua viagem, e levar Maverick ao restaurante não era uma opção, porque eu não queria que ele ficasse exposto ao público nesses dias.Após me vestir, fui para a sala de estar. Jared e Maverick estavam no sofá, assistindo CoComelon, com suas risadas preenchendo o ambiente.— Bom dia — Cumprimentou Jared, lançando um olhar para mim.— Bom dia — Respondi, sentando-me ao lado de Maverick.Maverick sorriu para mim, suas bochechas estufadas com o que parecia ser uma barra de chocolate.— Mamãe, posso dar uma volta com o papai mais tarde? — Pergu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Então era isso, O Garfo de Veludo, nosso restaurante rival.— Estamos indo completamente disfarçados — Declarou Stephen, ajustando seu bigode falso e alisando a peruca verde ridícula em sua cabeça.Suspirei, já me arrependendo de ter concordado com isso. — Tem certeza de que esse disfarce não vai te deixar ainda mais óbvio?— Óbvio? Ha! Você que é a óbvia! — Retrucou Rebecca, inclinando seu enorme chapéu de sol tão baixo que praticamente engoliu seu rosto. Seus óculos escuros gigantes também não ajudavam em nada para se misturar.Apertei a ponte do nariz. — Nenhum de vocês pode falar nada. Parecemos um esquete ruim de comédia.— Fale por você mesma — Disse Stephen com indignação fingida, girando o bigode falso. — Sou um ator de método. Isso é arte.Não consegui evitar o riso, balançando a cabeça diante das palhaçadas deles. Assim que entramos, consegui os guiar para algo que se assemelhava a um plano lógico. — Vamos pegar uma mesa, fazer um pedido e observar como
(NARRATIVA DE ARIELLE)Exausta do caos do dia, empurrei a porta da frente, ansiando pelo conforto da solidão. Entre o sabotamento do restaurante rival e as travessuras de Stephen e Rebecca, meus nervos estavam em frangalhos. Tudo o que eu queria era desabar em paz.Mas a cena que me recebeu era surreal.O espaço havia sido transformado em um refúgio aconchegante. A lareira, que mal era usada, agora crepitava com fogo, lançando um brilho quente e acolhedor pela sala. Os cães, recém-banhados e bem cuidados, estavam deitados perto da lareira, parecendo completamente satisfeitos.Como se isso não bastasse, um aroma delicioso de comida chegou ao meu nariz. Franzi as narinas, seguindo o cheiro até a cozinha. Mais uma vez, fui pega de surpresa pelo que vi.Jared e Renan, movendo-se pela cozinha em um esforço conjunto para preparar o jantar. Jared, sempre impecável, virou um bife com a precisão de alguém que fazia isso há anos — mas eu sabia melhor. Enquanto isso, Renan, com uma espátula na mã