(NARRATIVA DE ARIELLE )No dia seguinte, era sábado, e Maverick não iria para a escola. Acordei cedo, sentindo uma mistura de ansiedade e incerteza.Seria a primeira vez que deixaria Jared sozinho com Maverick por um dia inteiro, e eu não conseguia afastar a preocupação incômoda de que ele poderia... bem, não exatamente causar problemas, mas acabar se metendo neles de alguma forma.Ainda assim, eu não tinha muita escolha. Mamãe estava de partida para sua viagem, e levar Maverick ao restaurante não era uma opção, porque eu não queria que ele ficasse exposto ao público nesses dias.Após me vestir, fui para a sala de estar. Jared e Maverick estavam no sofá, assistindo CoComelon, com suas risadas preenchendo o ambiente.— Bom dia — Cumprimentou Jared, lançando um olhar para mim.— Bom dia — Respondi, sentando-me ao lado de Maverick.Maverick sorriu para mim, suas bochechas estufadas com o que parecia ser uma barra de chocolate.— Mamãe, posso dar uma volta com o papai mais tarde? — Pergu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Então era isso, O Garfo de Veludo, nosso restaurante rival.— Estamos indo completamente disfarçados — Declarou Stephen, ajustando seu bigode falso e alisando a peruca verde ridícula em sua cabeça.Suspirei, já me arrependendo de ter concordado com isso. — Tem certeza de que esse disfarce não vai te deixar ainda mais óbvio?— Óbvio? Ha! Você que é a óbvia! — Retrucou Rebecca, inclinando seu enorme chapéu de sol tão baixo que praticamente engoliu seu rosto. Seus óculos escuros gigantes também não ajudavam em nada para se misturar.Apertei a ponte do nariz. — Nenhum de vocês pode falar nada. Parecemos um esquete ruim de comédia.— Fale por você mesma — Disse Stephen com indignação fingida, girando o bigode falso. — Sou um ator de método. Isso é arte.Não consegui evitar o riso, balançando a cabeça diante das palhaçadas deles. Assim que entramos, consegui os guiar para algo que se assemelhava a um plano lógico. — Vamos pegar uma mesa, fazer um pedido e observar como
(NARRATIVA DE ARIELLE)Exausta do caos do dia, empurrei a porta da frente, ansiando pelo conforto da solidão. Entre o sabotamento do restaurante rival e as travessuras de Stephen e Rebecca, meus nervos estavam em frangalhos. Tudo o que eu queria era desabar em paz.Mas a cena que me recebeu era surreal.O espaço havia sido transformado em um refúgio aconchegante. A lareira, que mal era usada, agora crepitava com fogo, lançando um brilho quente e acolhedor pela sala. Os cães, recém-banhados e bem cuidados, estavam deitados perto da lareira, parecendo completamente satisfeitos.Como se isso não bastasse, um aroma delicioso de comida chegou ao meu nariz. Franzi as narinas, seguindo o cheiro até a cozinha. Mais uma vez, fui pega de surpresa pelo que vi.Jared e Renan, movendo-se pela cozinha em um esforço conjunto para preparar o jantar. Jared, sempre impecável, virou um bife com a precisão de alguém que fazia isso há anos — mas eu sabia melhor. Enquanto isso, Renan, com uma espátula na mã
(NARRATIVA DE ARIELLE )O restante do jantar passou em um silêncio incômodo, pesado e sufocante.Eu me concentrei no meu prato, determinada a evitar o olhar de Jared e suprimir as memórias que ameaçavam emergir.Era a cena… o calor de um jantar em família, o tipo de momento que eu um dia sonhei, que tinha me desestabilizado. Minhas defesas haviam rachado sob o peso disso. Eu não poderia deixar isso acontecer de novo. Eu não deixaria.Isso deveria ter sido um lembrete do que eu poderia ter tido naquela época e um aviso claro do que agora precisava proteger.Cerca de vinte minutos depois, Jared se desculpou e saiu, deixando-se sozinha com Renan.Fiquei mexendo distraidamente na comida enquanto Renan me observava com seus olhos curiosos e inocentes.— Mamãe? — Sua voz suave me puxou para fora do emaranhado dos meus pensamentos.— Sim, querido?— Por que você não fala com o papai? — Perguntou, seu tom cuidadoso, mas direto. — Eu fiz algo errado? É a comida? Isso te deixou infeliz?Sua per
(NARRATIVA DE ARIELLE)Eu congelei no lugar, minhas mãos instintivamente voando para cobrir minha boca, como se isso pudesse de alguma forma desfazer o que acabou de acontecer. Meus olhos se apertaram por um instante, embora o dano já estivesse feito.Minha mente ficou em branco, como uma tela de erro piscando na minha cabeça. Meu corpo travou, mas meu rosto? Esse me traiu completamente, esquentando mais rápido do que eu podia recuperar o controle.Jared parecia tão surpreso quanto eu. Suas mãos voaram para se cobrir, seu rosto uma mistura de choque e frustração enquanto evitava encontrar meu olhar.— Eu só estava tentando perguntar... se você ia usar a hidromassagem primeiro. Se não, então eu... — Ele gaguejou, as palavras tropeçando umas nas outras como se seu cérebro não conseguisse acompanhar. Piscou rapidamente, visivelmente desconcertado. — Por que você entrou?Meu rosto ardia de vergonha, e minhas palavras se recusavam a cooperar.— Eu—uh—desculpa! Eu não sabia! — Balbuciei, gir
(NARRATIVA DE JARED)Era mais um dia perfeito para um marido caseiro profissional.Espreguicei-me, sentindo-me revigorado ao balançar as pernas para fora da cama. O hábito me fez olhar para o outro lado, onde Maverick normalmente se enroscava, mas estava vazio.Certo. Ele vinha dormindo com Arielle nas últimas noites. Desde que aqueles pesadelos começaram, ele não saiu do lado dela.Suspirei para mim mesmo. Já tinha me acostumado com sua pequena silhueta aconchegada ao meu lado, suas respirações suaves me embalando de volta ao sono sempre que acordava durante a noite.Algo que pareceria ainda mais natural? Acordar com ele e sua mãe ao meu lado.Esse pensamento me arrancou uma risada depreciativa enquanto enfiava os pés nos chinelos. Um homem pode sonhar, claro, mas eu sabia melhor do que alimentar esperanças impossíveis… pelo menos por enquanto.Coloquei os chinelos e comecei minha rotina do dia. Escovei os dentes, joguei água no rosto e fui para a cozinha preparar o café da manhã.Coz
(NARRATIVA DE JARED)Com esse pensamento, desliguei o laptop e o empurrei para o lado. Olhei para o relógio na parede, empurrei a cadeira para trás e me levantei, decidindo que era hora de começar a preparar o jantar.Mas, nesse momento, meu telefone tocou, interrompendo minha intenção. Era minha mãe ligando, e eu suspirei antes de atender, rezando para que ela não começasse a perguntar quando eu voltaria para casa.Após muita pressão e perguntas sobre onde eu estava, acabei abrindo com ela sobre meu local, e desde então, ela não parou de perguntar quando eu voltaria para casa toda vez que conversávamos.— Olá, mãe — Atendi.— Jared, quando você vai parar de brincar de “marido de casa”? — Minha mãe perguntou, com tom de brincadeira.Eu resmunguei internamente. — Não de novo, mãe. Não me diga que foi por isso que você me ligou?— Não, foi por isso — Minha mãe disse, seu tom agora mais sério. — Só queria falar com você sobre uma coisa.Não pude deixar de perceber a mudança no tom de sua
(NARRATIVA DE ARIELLE)Sentada à minha mesa no escritório, encarando a tela do computador sem realmente ver, não conseguia impedir meus pensamentos de vagarem. Nos últimos dias, o debate sobre a permanência contínua de Jared na minha casa foi constante, e cheguei finalmente a uma decisão… eu precisava pedir para ele ir embora.Eu não podia continuar vivendo com meu ex-marido; estava ficando cada vez mais estranho e difícil a cada dia.Eu planejava falar com ele na noite anterior, mas justo quando estava prestes a tocar no assunto, uma ligação do Dwayne me interrompeu e decidi deixar para hoje, depois do trabalho.Mas quanto mais pensava nisso, mais ansiosa ficava. Não conseguia continuar com essa farsa de convivência, fingindo que tudo estava bem quando claramente não estava.Ele estava me deixando desconfortável com todas as coisas gentis que fazia, e por mais que odiasse admitir, isso estava começando a mexer comigo.Suspirei e empurrei a cadeira para trás, afastando-me um pouco da m