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Todos os capítulos do Perigo á Vista: Capítulo 1 - Capítulo 5
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Descontrole
(Bar noturno, centro de São Paulo – Sexta-feira, 23h47)AngelA música alta martelava meus ouvidos, e o tequila derramado escorria pelo meu pulso, misturando-se ao suor. Eu não sabia mais quantos shots tinha tomado, só sabia que cada um deles afogava um pedaço daquela verdade que me envenena por dentro.— Sobe, Angel! — gritou Marcela, rindo enquanto batia palmas.Eu já tava em cima da mesa antes de pensar duas vezes. Aliás, pensar duas vezes não era algo que eu vinha fazendo muito ultimamente. Nem uma vez, pra ser sincera.A mesa de madeira tremia sob meus saltos altos, e eu balancei os quadris, deixando o vestido curtíssimo subir ainda mais. Alguns homens ao redor assobiavam, outros levantavam copos em minha direção. — Isso, garota! Solta essa energia represada! — incentivou Joana, filmando tudo com o celular, claro.Eu girava, ria, e esquecia. Esqueci que minha mãe tinha morrido sem me contar quem era meu pai de verdade. Esquecia que meu pai, ou o homem que me criou como filha, ma
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A Chegada
(Mansão dos Figueiredo – 00h37) AngelO som dos meus saltos no mármore da entrada ecoou como tiros no silêncio da mansão, enquanto Lucas fechava a porta atrás de nós. Mas não se adiantou. Ficou ali, como um soldado aguardando ordens, enquanto eu engolia saliva grossa de álcool e arrependimento. — Na biblioteca. — ele murmurou, os olhos escuros fixos no corredor. — Os dois. Merda. Minhas pernas tremeram. Os dois significavam pai e avó. Juntos. E se estavam na biblioteca — o cômodo mais solene da casa —, era porque aquilo não era uma conversa. Era um tribunal. Avancei devagar, sentindo o olhar de Lucas queimando minhas costas. Cada passo era uma tortura. Quando cheguei à porta entornada de carvalho, quase virei e corri. Mas então ouvi a voz da minha avó, firme e cortante como uma lâmina: — Entre. A biblioteca estava iluminada apenas pela lareira e um abajur de mesa. Leonardo Figueiredo, aquele que até alguns dias acreditou ser meu pai, estava sentado numa poltrona de couro
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Pensamentos Inapropriados
(No carro – 8h15 da manhã) AngelO Jaguar preto deslizava pelas ruas de São Paulo, mas minha atenção não estava na paisagem. Estava nas mãos dele.Lucas dirigia com apenas uma mão no volante, os dedos longos e firmes, as veias levemente saltadas sob a pele. Mãos fortes. Mãos que sabiam dominar. Como seria sentir essas mãos em outros lugares? A imagem invadiu minha mente sem permissão: seus dedos deslizando pela minha cintura, apertando minha pele, segurando-me com aquela mesma firmeza com que ele segurava o volante…— Você está bem?A voz dele me arrancou do devaneio. — O quê?— Você está corada. — Ele olhou para mim, o cenho levemente franzido. — Se vai vomitar, avisa antes. Não quero que estrague o couro do carro. — Que cavalheiro! — soltei, me encostando no banco. — Não se preocupe, seu carro está seguro. Não vou vomitar. Só estou pensando em como suas mãos fariam coisas muito piores em mim. Ele não respondeu, mas os dedos dele se apertaram no volante. Ele tinha percebi
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Sabotagem
(Sala das Funcionárias – 9h25 da manhã) AngelCarolina não perdeu tempo. — Essa será a sua mesa — ela disse, apontando para a pequena bancada encostada na parede. — Você vai organizar arquivos, fazer cópias e, se sobrar tempo, aprender a fazer café. Sorri, docemente venenosa. — Que sorte a minha, ter você como mentora. Ela ignorou a provocação. — Lucas gosta do café às 9h30 em ponto. Não atrase. — Lucas, Lucas, Lucas — murmurei, fingindo interesse. — Ele deve ser ótimo em… tudo, não é?Os olhos de Carolina estreitaram. — Ele é profissional. Algo que você claramente não entende. — Ah, Carol, me dá uma chance — Soltei, me inclinando para frente. — Quem sabe eu não aprendo algumas coisas… particulares com ele?Ela ficou branca. — Você é nojenta.Missão Concluída. Me sentei na cadeira improvisada com a leveza de quem está prestes a cometer um crime. Carolina já tinha voltado ao teclado, digitando como se estivesse redigindo um tratado de paz entre países hostis.— Aqui —
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Perto Demais
(Escritório de Lucas, 11h50)LucasO uísque queimava na garganta, mas nem o álcool de 18 anos conseguiu apagar o que estava prestes a acontecer. Angel. Na minha equipe. Todos os dias. A mão fechou com força em volta do copo. No reflexo do vidro da janela do escritório, meu rosto estava tenso, a mandíbula cerrada, os olhos escuros como a noite paulistana lá fora. E os problemas já começaram. Carolina tinha acabado de sair da minha sala, após discorrer sobre os vários motivos pelos quais Angel não poderia continuar auxiliando em seu trabalho."Ela vai destruir você", a voz da minha avó ecoou na memória, como sempre ecoava quando Angel estava por perto. "Menino, você é um Silva. Eles são Figueirdos. Nunca se esqueça disso." Mas como esquecer? Como ignorar aquela mulher quando ela estava em todo lugar? Nos corredores da mansão com seus vestidos que desafiavam a decência, nas festas da família com seus olhares desafiadores, nos meus sonhos mais secretos com aquela boca que sabia co
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