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Todos los capítulos de Deserto da Fronteira : Capítulo 11 - Capítulo 20
28 chapters
011
Peter esperou ela se acalmar. Afastou o rosto dela do peito, ambos os olhos estavam tomados pelo sangue, era difícil de encarar a mulher. — Me diz o que consegue ver, bebê. - Ele pediu. — Nada, Pete. - Ela enxugou o nariz com o braço, estava muito sensível. - São borrões de cores e manchas. Eu... - Ela voltava a se emocionar. - Pete, eu não sei o que fazer. Cega, estéril, sozinha. - Ela voltava a chorar. - Não quero virar uma veterana apodrecendo num asilo, esperando a morte me buscar. Eu prefiro morrer. - Ela se agarrou a camiseta do homem. — Aceita um pouco de ajuda deste palhaço aqui, Helena. - Ele suplicou. - Vou ligar para o Greg. — Não! Ele vai me enfiar numa clínica psiquiátrica, não quero viver assim. - Ela se agitava, a cor sumia dela. — Calma, Helena. Respira. Você vai desmaiar assim. - Ele aconselhou. - Respira comigo, gatinha. - Ele cadenciava a respiração. Helena o obedecia, sem pensar. - Isso! Assim. Continua. Se eu o fizer prometer que não vai arrastar você par
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012
— Alguns pequenos coágulos. - Disse o médico a Helena. - Vamos resolver imediatamente. Vai levar alguns dias para que volte a enxergar algo. - Ele informou, fazendo uma série de recomendações que Helena tentava memorizar. Em pouco tempo, a agulha no canto de cada olho e algo que parecia que iria sugar seu olho para fora do rosto. Estava completamente cega, na mais absoluta escuridão. - Mantenha os olhos fechados, Senhora Brown. - A mão do médico lhe afagava o rosto, fechando as pálpebras. - Será mais confortável. Se for possível, mantenha o mais absoluto repouso. — Obrigada, Doutor. - Helena agradeceu. — Nos vemos amanhã, para o acompanhamento. - O médico indicou. Em minutos, voltavam para casa. Bacon informou o Major e o Capitão. Recebia instruções. — Tenente, entendo seu orgulho como mulher e como superior. Fui designada para auxiliar a Senhora. Gostaria de algo? Um banho? Uma refeição? Que eu busque algo mais tarde? - A soldado ofertava. — Cigarros, Bacon. - Helena retrucou.
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013
— Onde está a Tenente, Soldado? - O Capitão exigia. — No banho, Senhor. - A jovem lhe rendia continência. Peter se orgulhava do comando de sua Helena, em horas havia disciplinado a novata mais rebelde da base. Ela tinha o jeito. Peter, sem uma única palavra, entrou pela casa. Ouvia o chuveiro ligado. — Querida? - Ele bateu à porta. Não houve resposta. Decidiu entrar. Com fones, Helena se banhava. O corpo atlético, já com algumas cicatrizes da vida, esguio e bem modelado era acariciado pela água, a música alta chiava para fora dos fones. Cabelos molhados, olhos fechados. Devagar, tateava o lugar. Encontrou a toalha. Ele estava ali, com ela nua, parado a poucos centímetros dela, excitado. — Maria? - Ela perguntou, tirando os fones. Percebia a respiração quente que vinha de um ponto mais alto. — Quem é Maria? - Peter perguntou, refreava, tenso, o instinto de agarrar aquela mulher e a devorar ali mesmo. — Oh! Pete. - Helena se enrolou na toalha. - Me desculpe, eu precisava dis
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014
— Gosto de estar com você. A base só seria mais prático enquanto se recupera. - Ele a via, olhos fechados. - Me deixa ver seus olhos. - Ordenou, suave. O sangramento cedia, pequenas ramificações e a vermelhidão nos cantos era o que restava. - Vou pegar o colírio na sua geladeira. - Ele se levantava, nu. Ela via apenas o borrão, disforme, diante de si. Voltava, com água e o colírio. - Tome, um pouco de água para recuperar o fôlego. Vem cá. - Ele determinava, o cuidado, terno, tão necessário, era um conforto, que há muito não sentia. Ela se sentou na beira da cama, ele lhe abria os olhos, um após o outro, e pingava aquela mistura, o alívio imediato era algo que a fazia relaxar. — Caraca! Isso é bom! - Ela solfejou. - Carlos tinha razão. - Ela disse, aliviada, sem perceber como Peter reagia. — Carlos é o "Amigo do Deserto"? - Ele perguntou, disfarçando o ciúme na voz, máscula e grave, que falava suavemente com ela. — É sim. Não acho que seja esse nome, mas me salvou de virar comida
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015
— Estou aqui, Tenente. - Bacon respondeu sob o olhar severo do Major, que fechava a camisa, alinhando-se. — Volto para almoçarmos juntos, querida. - Ele foi até Helena, selando seus lábios, suavemente. Ela estava perfumada, tinha o hálito de menta que ele gostava. "Morangos e champagne." Ele identificou. - Obrigado por seus serviços, soldado. Descansar. - Ele disse, recebendo a continência dela, firme, alinhada. Peter saiu, a valise e o blazer na mão. Helena se aproximava, mais lentamente. Maria preferia não perguntar. Helena lhe estendeu a mão. Tinham portes parecidos. — Bom dia, Maria. - Ela sentiu a mão da moça tocar a sua. - Como foi a noite? — Certamente, muito mais tranquila que a sua, Helena. - A jovem brincou. Sentia-se à vontade como aquela mulher. Por mais que fosse inadequado, Helena lhe parecia um manancial de resistência e resiliência. Alguém com quem se abrir. Helena sorriu, era linda, de aparência rica. Uma mulher fina, forte e bem sucedida. Tornava-se um exemplo p
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016
— Chefe, soube que está licenciada. É por causa da investigação? - Jameson perguntou. — Não, Jameson. - Ela respondeu. - É porque me feri. Estou cega, também. A investigação é praxe quando algo da errado. Tranquiliza a equipe. O Rosenbauer deve estar moendo vocês. Aquele cara me odeia. — Também. Você meteu a arma na cabeça dele para apartar uma briga de namorados. Não é pra menos. - Jameson disse, com a fala fofa, mastigando. - Vocês são muito passionais aqui no Texas, cara. - Maria percebia que aquele conforto que ela sentia com Helena parecia ser uma constante. — Como? - Maria notava que as lendas sobre a Tenente Brown não eram bem lendas. — Ah, papo bravo. O Rosenbauer tinha esse namorado e tal e pagava de galã. Numa balada ele juntou o cara de soco e aconteceu de ser o protegido dela. Ela enfiou a arma na testa do Rosenbauer. Se perceber, tem uma cicatriz. Quando a Tenente engatilhou, o cara se sujou todo. Depois, ele tentou manchar ela, dizendo que tinham dormido juntos,
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017
— Escolhas interessantes. - Ele a elogiou, sorria, gentil. Era um homem bonito, mas seu olhar, frio, fazia a coluna de Maria esfriar. Aquele homem era um predador de olhos de safira. - Querida, poderia me trazer um espresso, por favor? - Ele pediu. Helena parecia se esforçar para agradá-lo. Ele a olhava, com cobiça e luxúria. Helena o serviu.Ela tirou a mesa. Maria a ajudou com a tarefa. Tudo voltava a mais perfeita ordem, uma casa de revista de arquitetura, nem parecia que alguém vivia ali. Peter gostava daquela perfeita ordem.— Quer uma carona até a base, Bacon? - Peter ofereceu, pegando sua valise e o paletó. — Aceito, Major Renard. - Ela respondeu, de pronto.Peter se aproximou de Helena, a agarrou pela cintura, curvando-se em um beijo apaixonado, daqueles de filmes românticos, de causar inveja, que Maria olhava, impressionada. Eram, juntos, o sonho americano. Lindos. Ele a libertou, brevemente. — Vou passar na lavanderia para deixar o uniforme e, em casa, para pegar algumas c
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018
Peter chegou em casa tarde, já de madrugada. Helena estava no sofá, no escuro, na tela da TV a mensagem perguntando sobre a continuidade da leitura. Parecia estar dormindo. Sobre a mesa de centro, a garrafa de tequila e a de whisky, vazias. Uma lâmina afiada solta, o pó branco, frascos de comprimidos e o canudo de uma caneta. Peter se desesperou. O pulso fraco, o cheiro forte de álcool, a marca branca nas narinas. O coração batia, preguiçosamente, quase não respirava, fria. Sobre a mesa, um enorme arranjo de flores, com um balão vermelho, chocolates e um cartão: "Melhoras. Com carinho. Amigo do Deserto." Ele, possuído de ciúmes, desbloqueou o telefone dela, havia uma ligação daquele contato. Precisava afastar aquele cara. Ele enfiou o telefone dela no bolso, a pegou no colo, sob o corpo, fezes. Ela havia sujado tudo, provavelmente, apagada, naquele coma alcoólico. Sem se importar, a levou para o carro dela e a levou ao Geral. Não se deu ao trabalho de chamar por Stuart. Ela foi leva
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019
Helena despertou. A visão turva, mas conseguia discernir pessoas e objetos. A cabeça latejava. Ela se percebia, presa ao leito, mãos e pés algemados, um carrinho médico, desfibrilador. "Dessa vez, acho que exagerei." Ela se conscientizava. — Tenente Brown. Sou a sua enfermeira, Cabo Tate. Como se sente? - A voz mansa, já de idade, perguntava. — Acho que bem, Tate. - Helena respondeu. - Eu não estou bem, não é? — Nem um pouco, senhora. Foi socorrida no Geral, chegou aqui em choque e nós a trouxemos de volta. O Capitão pediu pela contenção, para o caso de convulsionar. Está com sede? - A mulher perguntou. Helena confirmou. — Posso me sentar, senhora? - A mulher de olhos de diamantes azuis pedia. Tate a sentou e lhe deu água, sentia tontura e náuseas. - Estou enjoada. — Fique tranquila, é normal nesta fase da abstinência. - Ela fazia anotações em um tablet. — Acho que há um equívoco aqui. Por que eu estaria abstêmia? - Helena ponderava. — Tenente, há relatos de abuso de álc
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020
Peter foi para o rancho, preparar a chegada de Helena. Limpou o lugar, acomodou as roupas deles e seus objetos pessoais. Trancou no porão todos os eletrônicos. O celular dela estava com a tela bloqueada, Helena tinha a mente complexa, era difícil de decifrar, mas, da forma como se açoitava, Peter tentava o aniversário de morte de Hebert. A tela se desbloqueava, magicamente. Ali, ele tinha acesso a tudo. "Gostou do presente, gatinha?" De cara, a mensagem do "Amigo do Deserto" a chamava. Peter não respondeu, alterou o contato, mudando o último número para outro. Seria suficiente, se ela encontrasse aquele contato maldito. Ele apagou as mensagens e bloqueou o número original. Com tudo em ordem, ele voltou para a cidade, trazia uma mochila com as roupas deles. Peter retornou ao hospital. Helena dormia, segundo a enfermeira, outra vez, despertou por alguns minutos, mas acabou desistindo e apagou depois de comer algumas colheres de alguma coisa. Acordou muito confusa e desorientada. Ten
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