23. Laços que Cortam Mais que Unem
Assim que Alexander disse aquela palavra “família” eu quase engasguei. Ele, falando de família? Era como ver um lobo pregando o veganismo. Alexander jamais ligou para os próprios parentes. Nem para a mãe, nem para o pai, e menos ainda para a irmã. Era impossível não lembrar do jeito dele nas reuniões de Natal, sempre com aquela expressão entediada, como se estivesse cumprindo uma pena e esperando o momento de sair em liberdade.Mas, de tempos em tempos, havia exceções… e quase todas as brigas envolviam uma peça constante: eu. A mãe e a irmã de Alexander tinham uma lista infinita de reclamações sobre mim. Às vezes, eu era “fria demais”, outras, “desrespeitosa” por não saber sorrir feito Miss Simpatia para elas. Ah, e o meu favorito: “ingrata”, porque, aparentemente, ao casar com Alexander, eu deveria ter ganhado um passe vitalício para bajular toda a família.Quando ambas começavam a se lamentar — gemendo como gatos feridos, para ser honesta —, Alexander, num rompante heroico que eu só
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