18.
Clara não deveria, mas pensou em como seria bom poder viver como naqueles filmes lindos, com famílias amáveis que via na TV. Por tantas vezes, teve nojo de si ao se deixar ser tocada por Ruan, por tantas noites bêbado e agressivo. Ela ainda podia sentir sua mão a puxando com força, ou o sussurro em seu pescoço com o fedor da bebida.Olhou ao redor e viu a casa vazia, documentos em sua mão com nomes de outra pessoa, e deu um suspiro para si mesma. "Esse deve ser o fim da linha, o fundo do poço que algumas pessoas dizem", pensou. "Não posso desistir, eu sei, mas não sei o que fazer. Estou tão só, sem dinheiro." Falando sozinha, ela olhou pela janela e chorou, sabia que não poderia agora se apegar em suas fraquezas, mas chorou o quanto pôde até ser interrompida pelo tilintar do portão que estava se abrindo.Esse barulho era assustador há dois dias, quando Ruan chegava em casa. Agora, ela sentia um alívio, o som do portão agora indicava que não estava sozinha, ao contrário que antes a sen
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