Todos os capítulos do A paixão do traficante 2 - O lado obscuro: Capítulo 101 - Capítulo 110
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CAPÍTULO 101
Ângela — Nunca! — ele responde e nos beijamos. Um beijo intenso e demorado. Após alguns minutos, pego sua mão e o faço entrar. — E então? Foi muito difícil fazer com que meus filhos te liberassem para largar o bando? — Um pouco com o Japah, com o Carioca foi mais tranquilo. — Eles não poderiam te negar isso. — falo. — Fiz isso porque amo você! Sorrio ao ouvir isso. — E você acha que eles desconfiam pra onde você veio? — O Japah talvez não, inventei uma história de problemas na família. Mas o Carioca talvez desconfie, acho que tem quase certeza, na verdade. — Sou adulta e já perdi muito tempo da minha vida! — falo colocando minhas mãos em volta de seu pescoço e ficando na ponta dos pés. Robertão então me agarra com força, cheira meu pescoço, me pega no colo e me leva até a cama para matarmos a saudade de alguns meses. Estamos juntos outra vez, vivendo o agora, pois é isso que importa, amar, sentir e viver, sem se importar com o depois, pois o depois
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CAPÍTULO 102
18 ANOS DEPOIS...G4 (Gabriel)Deitado na minha cama, mexendo no celular, dou uma olhada nas redes sociais daquela desgraçada. Vida bacana a dela, muito bebida, diversão, festas e sempre rodeada de muita gente.Nem sei por que, depois de tanto tempo, resolvi olhar. Foda-se que ela está bem.Saio da página, bloqueio a tela e jogo o celular em cima da cama. Vou até o closet e pego uma roupa pra colocar depois do banho.Meu celular toca.— Fala, Leco!Leco é o vulgo do Marcelo, meu primo, filho do tio Japah.— Treta aqui na entrada do morro! — ele diz.— Tá, e por que tá me avisando? Resolve aí, pô! Tu sabe que essas paradas é contigo.— Então, a treta é com a Antonela!Porrä! Essa pirralha já tá aprontando. Aliás, o que ela tá fazendo aqui, hoje?— Tá, marca um 10, que eu já chego aí!Quando chego lá, vejo o caô formado. Sem paciência pra showzinho de garota mimada, já dou um tiro pro alto.Todos param e me olham.Moradores que entravam e saíam da comunidade ficaram assustados.— Qual f
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CAPÍTULO 103
AntonelaApós quase dois meses viajando, retornei ao Brasil.Fiquei alguns dias na casa do Andrey, que é uma pessoa incrível. Aliás, ele e o marido do dele são. Andrey me levou para fazer um tour, inclusive, de trem, e eu conheci diversas cidades italianas e também países vizinhos. É incrível, pois são muito próximos uns dos outros.Foi uma experiência única, onde pude aperfeiçoar meu inglês e também me sentir um pouco mais livre. Lá, fui a bares e pequenas boates, conheci várias pessoas. Aqui no Brasil, meu pai meu e irmão me tratam como se algo fosse acontecer comigo a qualquer momento. Eles me cuidam tanto, que pareço até um bebê. Raras são as vezes que posso sair, baile só os das comunidades deles e do tio LC. Às vezes me sinto uma prisioneira.Entendo que meu pai e meu irmão são procurados pela justiça por diversos crimes, não sou tão ingênua assim, mas eu sei me cuidar, jamais digo para alguém de quem sou filha ou aonde moro. Na faculdade, onde iniciarei o curso de arquitetura,
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CAPÍTULO 104
ThaylaAbandonar uma vida e deixar tudo para trás não é fácil. Dizer adeus aos amigos e aos vizinhos tão queridos que tínhamos, foi muito difícil para mim, mas foi preciso quando minha vozinha se foi.Deixei para trás também o Adriano. Nós namorávamos há pouco mais de 01 ano. Não era um namoro quente ou fervoroso, mas ele era alguém que eu gostava e tínhamos uma cumplicidade muito boa. Nos despedimos prometendo continuarmos mantendo o contato e, quem sabe um dia, nos reencontrarmos.Nossos vizinhos e amigos insistiram para que eu ficasse morando lá, dizendo que me ajudariam no que eu precisasse. Mas eu não queria ser um fardo para ninguém, afinal, eu queria estudar, me formar e ser alguém na vida.Desde muito nova sonho em fazer faculdade e estudei muito para isso. Minha avó e eu, tínhamos planos futuros de nos mudarmos de Rio das Flores, onde morávamos. Mas não para vivermos na capital carioca e sim, em uma cidade próxima dali.Eu vivi minha vida toda no mesmo lugar e amava tudo lá.
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CAPÍTULO 105
G4O caminhão de droga chegou ontem, faturamento é o mais alto dos últimos anos, assim como o Morro da Cascata tá faturando muito também, é só progresso.Meu tio Japah e a tia Dani moram no Cascata e, desde que ele assumiu lá, tudo mudou. O faturamento aumentou, a comunidade cresceu e a polícia não entra.Leco não quis ir, ele gosta daqui. Eu e ele amamos a Penha, conhecemos cada centímetro desse lugar, e agora que meu velho tá deixando tudo na minha mão, meu primo é meu braço. O moleque é sagaz, tem visão. Ele nasceu pro crime, mata sem dó.Hoje é noite de funk na rua principal da comunidade, começa na quadra de futebol e se estende pela viela. Começa mais tarde e vai até a manhã do dia seguinte. É evento menor do que os bailes fechados, mesmo assim, atrai os filhinhos de papai do asfalto e o lucro é garantido, tanto pra nós, quanto para alguns moradores. Muitos deles montam suas barraquinhas de bebidas, comidas e doces, todos lucram e assim ninguém sai insatisfeito.— Tava onde, car
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CAPÍTULO 106
ThaylaA lanchonete da minha tia é simples, o faturamento é baixo e ela ainda paga dois funcionários que a auxiliam. Então, ela complementa a renda vendendo lanches nas noites em que tem baile funk, e hoje é uma dessas noites.Ela nem precisou pedir, eu mesma me ofereci para ajudar, afinal, ela me acolheu e, embora eu seja bolsista na faculdade, os livros custam caro e ela está me ajudando a comprar. Então, o mínimo que posso fazer, é ajudá-la.Eu nunca fui a um baile funk e confesso que quando cheguei no local, fiquei um pouco assustada. Embora o evento de hoje seja ao ar livre, parecia que estávamos em um salão ou algo do tipo, devido a quantidade de gente que havia no local. Mas tia Célia falou que quase todos finais de semana tem baile na quadra fechada também.Muitas garotas com roupas minúsculas dançam até o chão, homens usando óculos com lentes reluzentes, e eu fiquei me perguntava qual o sentido de usar esses óculos à noite?Bom, pelo pouco tempo que estou vivendo aqui, já per
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CAPÍTULO 107
DIAS DEPOIS...AntonelaHoje é sábado e Milena e eu estamos no apartamento da minha avó aqui no Leblon.— Nossa, a vista aqui é linda, Nélis! — Milena fala, vindo da sacada.— Sim, é incrível! Minha avó tem bom gosto para tudo, e falando nela, que saudade estou sentindo. Nem parece que estive com ela há pouco tempo em Paris.— Faz anos que a Ângela não vem ao Brasil, né?— Faz! Ela quase não vem mais.— Vamos começar a produção? Quero tomar um banho bem delicioso de banheira. Depois colocaremos um look “mara” e faremos uma maquiagem bafônica. — Milena diz, empolgada.— Tá! Mas como a gente vai fazer? Porque com certeza devem ter soldados aqui na frente do prédio me vigiando, o Gabriel não iria deixar numa boa eu vir pra cá sozinha!— Não se preocupa! Tem algum carro da sua avó na garagem, não tem?— Tem dois juntando poeira, inclusive. Afinal, não são usados há muito tempo.— Então está tudo no esquema. A gente vai com um deles. Os soldados não conhecem os carros da Ângela. — Milena f
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CAPÍTULO 108
RafaelaFoi uma surpresa saber que Antonela também é moradora de favela. Ela parece muito com essas Patricinhas da pista, aliás, a Milena também.Eu tenho uma amiga que mora no asfalto, inclusive, foi indo a uma festa da faculdade dela que conheci a Milena. Mas é uma das poucas com quem tenho amizade fora daqui. Ela era moradora da Pedreira e quando os pais se separaram, foi embora da comunidade com a mãe, mas a nossa amizade continuou.Não gosto muito das Patricinhas, pois se acham melhores do que a gente pelo simples fato de morarem em bairros nobres. Mas estão sempre subindo o morro pra comprar droga e dar pra bandido. Hipocrisia pura.O pai da Antonela deve ser muito controlador, porque ela ficou com muito medo dele descobrir que ela está aqui, então não vou contar a ninguém o verdadeiro nome dela. Poucas pessoas fazem amizade comigo, morar em favela nos dá cicatrizes de dores alheias, das quais não temos culpa.DJ Binho está se apresentando e a galera está indo a loucura. Milena,
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CAPÍTULO 109
Antonela A história do primo da Rafa não saía da minha cabeça. É muito estranho saber que o filho de um policial seguiu o caminho do crime. Milena e Rafaela estão muito doidas, já beberam todas. Eu bebo menos, mas bebo também. Vou até o cara que está preparando os drinks para encher meu copo que está vazio. Quero tomar mais alguma coisa pra ver se esse tal Cold sai da minha cabeça. Aliás, que vulgo é esse, gente? — O que essa princesa quer beber? — O rapaz pergunta enquanto entrega dois copos a um cara com um fuzil enorme nas costas, que aguardava. — Então... acho que vou querer igual ao que você entregou para o cara ali. — Hi, morena, aquilo ali não é bebida pra uma princesa como você, não! Sorrio ao ser chamada de morena. Eu cresci ouvindo meu pai chamar minha mãe assim. Dizem que me pareço muito com ela e gosto dessa comparação, pois minha mãe é uma mulher linda e incrível. — Então qual drink você me indica? — O mais leve! — Uma voz grossa fala ao meu lado — Faz um sem á
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CAPÍTULO 110
G4No início de semana, o ritmo no morro tá frenético.Pessoas sobem, outras descem.Coleta de lixo, entrega de abastecimento de gás, vapores no comércio intenso nas biqueiras. Grana numa mão, drogä na outra, e todo mundo fica contente.Faturar alto é o plano e o esquema não pode falhar nunca. Nesse lema, o sucesso é garantindo.Tudo palmeado enquanto ando acelerado de moto pelo morro. Leco me ajuda nisso. Ele é sagaz e mesmo ainda sendo um moleque, cresceu nesse mundo entre drogäs, armas e mortes, assim como eu, então a maturidade chegou cedo pra nós.Na escola da vida, onde meu pai e o dele foram nossos professores, nós nos formamos com maestria no crim€.Chego no paiol estacionando minha moto que de tão acelerada que estava, levantou poeira do chão. Leco gesticula e fala impaciente com alguns soldados.Ali, só de bermuda, deixando as várias tatuagens à mostra e o fuzil atravessado no peito, mesmo ainda sendo tão novo, ele mostra que tem o porte de um líder.Assovio.Ele se aproxima
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