Todos os capítulos do O filho do homem de Coração Sombrio : Capítulo 1 - Capítulo 10
25 chapters
Prólogo
Helena não pensou que existisse tamanha dor...— Respire senhora Helena, respire! — A médica dizia a todo momento, enquanto a preparava.— Sou senhorita! — Ela respondeu e gritou com a dor.— Está bem senhorita. Vamos colocar essa criança no mundo. Helena apenas concordou com a cabeça. Pensou que nada ali estava certo, que ela não deveria ser mãe.A médica a anestesiou, agora podia cortar a carne de Helena sem querer ela sentisse tanta dor.Helena olhava a todo momento para baixo, curiosa, pensava que dali não sairia bebê nenhum, que seu caso era outro e quando descobrissem, ela já estaria morta. Infelizmente, um tecido separava ela da visão.Por fim, a dor parou. Helena se questionava se havia morrido, se sua vida tinha chegado ao fim e por isso, não era mais capaz de sentir dor.Junto com o alívio da dor ter cessado, veio um sentimento novo e forte. Seu coração batia descompassado, como se visse o amor de sua pela primeira vez.O choro fino, baixo e infantil tomou conta do ambiente
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O internato
Viver em um internato não era ruim, Helena tinha amigas, tinha uma educação exemplar e contava com as regalias que o dinheiro podia pagar.Helena entrou no internato com apenas 10 anos, seus pais queriam preservá-la para um futuro casamento, para que quando adulta ela soubesse obedecer seu marido e encontraram ali uma solução.Os pais de Helena tinham posses. Não eram podres de ricos, mas o que tinham, lhes permitia certas extravagâncias, como uma escola cara.Para eles aquilo era comum, as filhas eram moedas de troca, eram preservadas para no futuro se casarem com pessoas que lhe dariam riquezas e poder. E aquele internato era famoso por preservar as meninas até a idade adulta, assim elas saíram de seus muros direto para um casamento e na maioria das vezes um casamento sem amor.Helena achava o prédio do internato sombrio, as paredes eram frias e a noite não tinha coragem de sair do dormitório, pois a escuridão, o breu era denso demais. Mas o que mais assustava Helena eram os sons, o
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O homem na floresta
Cerberus finalmente estava livre, depois de anos na solidão, na angústia e nos maus tratos, ele agora era um homem livre, bom... Ele tinha certeza de que era livre, mas talvez não fosse exatamente um homem.Cerberus também cresceu no internato, sua ida para lá foi conturbada e triste. Ele foi arrancado de seu lar quando tinha apenas 13 anos, trancado por dias sem água, comida ou luz, sentiu medo, fome e vontade de morrer. Depois ele foi transferido para uma sala que possuía uma cadeira, um colchonete e uma pequena janela com grades e claro, correntes, ele foi mantido acorrentado por muito tempo. Sempre que gritava, que batia em quem entrava na sala era punido, lhe tiravam a comida ou o colchonete.Ele passou a odiar tomar banho, não era uma prática muito frequente, mas sabia que era um banho quando o caçador, como era chamado, entrava com um balde frio, jogava sobre ele e saía. O caçador era o pior de todos, gostava de torturar Cerberus e não sabia o motivo. Cerberus não teve amigos
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A família de Cerberus
Cerberus resolveu ir mais longe, sairia da floresta para a cidade, buscaria refúgio entre os homens, homens esses que ele odiava, pois só lembrava da maldade causada por eles.Ele pensou se alguém o reconheceria, se reencontraria alguém de seu sangue, sua mãe, pai ou talvez quem ele mais amava, seu irmão. O irmão mais velho, era seu exemplo, Cerberus desejava ser como Hades quando crescesse, não esperava ser afastado dele por tanto tempo.Cerberus chegou a parte mais movimentada da cidade, era na verdade um pequeno vilarejo, onde as pessoas passeavam pelo centro da cidade.Parecia improvável alguém o socorrer, mas ele precisava de ajuda e aprendeu a acreditar no improvável... Pois também era improvável que conseguisse fugir, mas ali estava ele.Cerberus perambulou pela cidade até o anoitecer, com o cair da noite, ele estava com fome e frio, precisava se alimentar, e de um lugar para deixar a égua que lhe ajudou na fuga.Ele passava na frente de um restaurante muito elegante, as pessoa
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A gestação
Cerberus surgiu do meio das árvores, e Helena sorriu, ficou feliz de ver Cerberus bem.— Eu disse que voltaria e você está lindo! Seu cabelo está muito bonito... — Ela estendeu a mão para tocar, mas Cerberus recuou um passo.Helena pegou o sanduíche e deu a ele, Cerberus comeu de costas como sempre, limpou a boca com o braço e seu olhar se voltou para ela.— Cerberus, onde está o meu cavalo? Você a perdeu? — Helena perguntou com as mãos na cintura.— Em casa... — Aquilo era bom, Cerberus agora tinha uma casa, um lar.Um barulho foi ouvido dentre as árvores e Helena se assustou, ela pulou para trás de Cerberus no mesmo momento em que Apollo surgiu a sua frente.— Calma moça, não precisa ter medo de mim. — Apollo disse de onde estava, não se aproximou muito para não assustar Helena.— Amigo, Apollo é amigo. — Cerberus disse e Helena relaxou.— Se conhecem faz muito tempo? — Apollo perguntou.— Faz algumas semanas, nos conhecemos aqui... Eu sempre venho e agora tenho um ótimo motivo. — O
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A família de Helena
O restante do dia, Helena passou em seu quarto, não teve fome ou vontade de nada, passou seus dias isolada no lugar destinada a ela.— Ela está aqui, a isolamos para que as outras internas não pensem em fazer o mesmo, sua filha é uma má influência para as outras. — A diretora dizia ao abrir a porta.Logo em seguida, passaram a mãe e o pai de Helena. Ela se levantou prontamente e tentou abraçar a mãe, mas o pai a impediu.— Não toque em sua mãe, garota imunda! Se deitou com um rapaz qualquer e carrega agora o preço de sua vergonha. Diga Helena, quem? Com quem se deitou? — O pai gritou cada palavra, deixando Helena assustada.— Com ninguém papai, eu juro! — Ele dizia a verdade, mas em sua condição era difícil acreditar.— Acha que é uma virgem santa? Que vou acreditar que esse bebê é um milagre? Não sou bobo Helena, se está grávida é porque um homem teve, diga quem é para que eu exija uma reparação.Helena chorou alto, ninguém acreditaria nela, nem mesmo seus pais. Como explicar uma gra
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O caçador
Cerberus chegou bravo, mais bravo e inquieto do que nos últimos meses. Diferente dos outros dias ele se trancou no quarto, não comeu e mal dormiu.No dia seguinte, nem mesmo Apollo conseguiu fazê-lo abrir a porta, bateu e até ameaçou arrombar, mas nada fez Cerberus ceder.Por fim, o irmão de Cerberus foi chamado. Hades se manteve distante, não interferia no tratamento ou nas atitudes do irmão, pensara até que o carinho outrora nutrido por ele estava também perdido.— Cerberus, é o Hades... Abra e converse comigo! — Hades tinha nas mãos uma garrafa de vodka, se o irmão nunca tinha bebido, hoje teria o seu primeiro porre.Cerberus abriu e antes que Apollo também passasse, Hades fechou a porta.— O que quer? — Cerberus disse e voltou para sacada, sentou-se no chão e olhava o horizonte, na verdade, olhava em direção ao internato, sentindo-se ferido por Helena.Hades não respondeu, ele abriu a garrafa e deu um gole longo, sentou-se na cadeira ao lado de Cerberus que estava no chão. Estende
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O Nascimento de Eros
Morar em um lugar afastado era bom, ninguém o viu chegar coberto de sangue, ser levado por Apollo para um banho e depois se deitar exausto em seu tapete.Apollo por um momento ficou preocupado, o olhar perdido de Cerberus o lembrou os primeiros dias sem Helena, parecia um animal, alguém sem alma vagando em busca de consolo.Seria muito ruim se esse consolo fosse matar, se Cerberus encontrasse sua alma arrancando as dos outros.Por sorte, não foi assim que as coisas aconteceram. Cerberus aprendeu sim a matar em meses e tinha agora uma profissão, um ganha pão, não dependeria da família rica, apenas de si e das armas que aprendeu a usar.------Durante esses meses em que Cerberus exercia sua maldade, Helena vivia alheia e solitária, voltava algumas vezes a floresta disposta a implorar que Cerberus a levasse com ele caso ele aparecesse, mas ele não apareceu.Com a chegada do inverno, chegou também o fim da gestação de Helena, era hora de uma criança vir ao mundo.Era cedo e Helena estava
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O estranho Internato
Enquanto isso o homem alto e forte que acompanhava as consultas de Helena estava lá, ele foi avisado pela diretora do nascimento e precisava ter certeza de que a criança era saudável.— Deixe-me vê-lo! — O homem pediu.Ele segurou o bebê em seus braços e sorriu, sorriu pensando que seu plano estava completo, que aquele menino belo e pequeno lhe daria tudo que um dia ele quis.— Senhor, e agora? O que fazemos com a mãe? As mensalidades pagas pelos pais já acabaram. — A diretora perguntou.— A jogue na rua, o bebê fica, pois preciso dele.— Terá que pagar alguém para cuidar da criança aqui.— Faça o que tem que fazer, esse menino não vai viver muito tempo, tenho apenas uma ponta solta e depois poderei executar meu plano como se deve. — Ele devolveu a criança a enfermeira e depois partiu.Helena recebeu de volta seu filho, mas tinha que se recuperar rápido, pois sua estadia ali estavam com os dias contados.-------O primeiro mês de Helena foi uma tormenta. A diretora não a mandou embora
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Reencontro
Na semana seguinte tudo estava pronto, Helena tinha sua documentação em dia e estava casada com Cerberus sem nenhum dos dois saberem.Hera foi pessoalmente no sítio e o fez assinar diversos documentos, alguns dizia ser referente a empresa, outros de cunho pessoal, pois o filho perdido ainda tinha documentos pendentes. Entre eles estava lá papéis do casamento, Cerberus confiava demais na mãe para ler antes de assinar.Helena foi forçada a assinar o documento de sua parte, primeiro a diretora disse que era um contrato de trabalho, mas assim que iniciou a leitura soube que se tratava de um casamento. Por fim, Helena tinha que escolher, ou se casava ou era jogada no olho da rua.A tarde Hera estava lá, na porta do internato, pronta para levar a esposa de Cerberus para o seu destino.— Helena, isso não faz parte do contrato, já disse! O bebê fica! — Era a voz da diretora, alterada esbravejando.Hera se aproximava do quarto quando ouviu a gritaria.— É meu filho, meu! Não posso deixá-lo.—
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