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Sessenta
LUCASEu não iria vacilar, por isso saí de lá sem nem olhar pra trás. Deixei o 99 porque confiava, e eu tava certo na minha escolha. Iria juntar todos os meus crias contra o Gd. Os dias de reinado dele nem se quer tinham começado, e o papo já era morte ao rei.Complexão seria meu e da minha tropa, e a nós ia fazer o melhor para aquela comunidade.Desci o morro cortando por algumas das vielas, as principais que eu aprendi no curto tempo que eu estive aqui e logo pude ver alguns dos baba-ovo do Gd. Me encostei no muro de um puxadinho e esperei eles passarem, até ver o mano 2F e o Americano atrás dos outros.Assobiei uma vez, nada. Na segunda o 2F começou a procurar ao redor. Logo me viu no beco, e me encarou confuso.Chamei ele com a cabeça e ele cutucou o Americano, chamando a atenção do mesmo que logo me viu também. Sua expressão era confusa, assim com a do 2F.Ouvi eles falarem alguma coisa para os outros e foram deixados para trás, enquanto os outros continuaram a subir o morro.-
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Sessenta e um
ANAA Martinha me acalmava e respirava junto comigo.A dor do parto era uma completa desconhecida para mim. Uma mãe de primeira viagem, o que era de se esperar, não é mesmo? Como a Clarissa disse, as "contrações" vinham doloridas. Algo que depois do meu desespero consegui perceber que eram dores suportáveis, mas a cada minuto ficavam mais intensas e havia um pressão forte bem no pé da minha barriga.- Tá aumentando, Clarissa! - Falei entre dentes, inspirando pelo nariz e logo soltando pela boca.- Calma, tá?! Continua com a respiração - Disse e eu pude ver ela higienizar a tesoura e jogar álcool no vidrinho do fio dental.- Eu só queria o meu amor aqui - Murmurei baixinho e voltei a fazer a respiração. - Calma, vai ficar tudo bem! Só respira, tá bom? - A Martinha afagou os meus cabelos e assenti tomando o ar.Com o passar dos minutos as contrações foram ficando muito mais doloridas, e foi aí que ficou difícil. Doía muito e a pressão só aumentava.Clarissa levantou o meu vestido e ti
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Sessenta e dois
TALIBÃIsso ainda não tinha acabado. Pelo menos não pra mim.Várias fitas em mente, e a primeira delas era fazer o cuzão do Gd pagar pela vida sofrida que fez a minha mulher e minha filha terem nesses últimos anos.Depois que o Rico meteu o pé, mandei os meus dispersarem e apenas os soldados do Ll ficaram. Para o fdp do Gd pensar que tinha ganho alguma coisa, e assim como o Jean falou, não demorou muito para o ele subir junto com a putinha dele.Cumprimentou geral e começou a observar o morro, e assim que ele me avistou ficou mais branco do quê já era.- Viu fantasma foi? - Debochei e ele tão emocionado em me ver, ficou até sem palavras - Qual foi, o gato comeu a língua? - Perguntei chegando mais perto.Assim que ele virou de costas pra mim, todos os soldados do Ll apontavam suas armas para ele e a mulherzinha, da qual eu nem fazia questão de lembrar o nome.- E tu, piranha? Queria sentar pra mim, fala aí - Olhei ela, que tremia igual vara verde - Tá tremendo por que mesmo? Não era tu
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Sessenta e três
CLARAEu tinha a Lis como uma irmã pra mim. Ela tinha sido uma das melhores coisas que me aconteceram antes do Rael. Com ela eu tive os melhores momentos e dividi todos os meus segredos. Foi mais que uma simples amiga pra mim, e eu sempre deixava claro o amor que eu tinha por ela.Não consigo entender todo esse ódio, toda essa raiva dela capaz de me entregar de bandeja para a morte.Não me arrependerei do tapa que depositei em seu rosto. Eu estava triste, magoada e com muita raiva, e foi bem mais que merecido.Mas eu não conseguia entender.- Não consigo entender, Sorriso! Eu nunca fiz nada de ruim para ela. Muito pelo contrário, sempre fiquei ao lado dela! Ajudei a cuidar da Rita quando ela falava que não podia... Eu fazia de tudo para ver ela bem - Eu disse soluçando e encostei a cabeça no ombro do Sorriso, que dirigia calmo em direção a minha casa.- Pô, Clarinha. Chora não, cara! - Me olhou de canto de olho e logo voltou a atenção para a rua novamente - Tu não tem culpa de nada! T
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Sessenta e quatro
*CONTÉM GATILHOS.LISPor trás de toda uma ação, sempre tem um motivo. E o meu era doloroso demais.Minha mãe foi abandonada pelo meu pai bem antes que eu viesse ao mundo. Com isso, ela também foi expulsa de casa e passou a trabalhar em casa de família para conseguir se sustentar e me sustentar.Em uma de suas faxinas, eu nasci. Em primeiro momento, ela havia pensado em me deixar no hospital pois não tinha condições para criar uma criança. Mas não o conseguindo, continuou comigo. Mal sabendo ela, que teria feito um grande favor se tivesse me deixado alí para a adoção.Com o passar dos anos e conforme eu ia crescendo, minha mãe nunca me dava a atenção necessária. Era sempre o trabalho em primeiro lugar, e eu? Em segundo ou até em último. Mas, pelo menos não me faltava nada em bens materiais.Mas em um momento o Rael chegou. Adotado pela minha mãe, levando consigo toda a atenção que me restava, me deixando apenas os bens materiais.Eu tinha sido rejeitada pelo meu pai, e agora pela minh
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Sessenta e cinco
2 meses depois.RAELO Gd havia sido morto naquele mesmo dia em que a Lis se suicidou.Eu poderia dizer que estava feliz por tudo isso ter acabado, mas não seria maneiro festejar a morte de uma pessoa. Mesmo tendo todos os motivos do mundo pra isso, e querendo ou não... todos nós tínhamos uma parcela de culpa pela Lis ter feito o que fez. Principalmente eu, que convivi com ela.Tudo aconteceu bem debaixo do meu nariz e eu não percebi nada, parcero. Nada. E pensar que eu poderia ter evitado tudo isso, me dói. Mas agora, era muito tarde para dor ou arrependimento. Ela tinha se ido, e papo reto? Foi melhor assim. Ela teve a paz que tanto queria e merecia ter.- Vamos, amor! Só falta a gente - A Clara chamou, me fazendo despertar dos meus pensamentos.Hoje era o aniversário do paizão. Churrascada com piscina, era a boa de hoje. O lazer que eu amava, papo reto.- É papai, vamos! Quero ver o vovô Talibã e dar um abraço bem apertadu nele! - A Rita entrou no quarto puxando a Clara pela mão e
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Sessenta e seis
TALIBÃDepois da morte do Gd, o bagulho ficou de verdade. Alemão sempre brotava querendo caô, e eu sustentava igual. Mas era só até os crias do Santa retomarem o morro, aí sim a paz vai reinar e o morrão vai ficar lindo. Dos dois lados.37zada tava aí e hoje eu só queria lazer. Sem estresse. Tudo no amor, nada me aborreceria hoje.Saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura e peguei meu traje novo, bermuda e camisa da nike, com o meu vulgo nas costas.Vesti uma cueca, a bermuda e passei desodorante. Coloquei meus cordões, meu invicta, passei perfume, dei uma ajeitada no cabelo e joguei a camisa no ombro.Calcei minhas havaianas, peguei meu boné e desci as escadas vendo a menorzada toda alí na sala.- Vovô Talibã!!! - A Ritinha gritou assim que me viu e eu ri, vendo ela vir na minha direção com um presente em mãos.Me abaixei com os braços abertos e ela pulou nos mesmos, me apertando em um abraço e eu retribui dando um cheiro em seu cabelo loiro.- Que isso? - Perguntei assim que
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Sessenta e sete
SORRISOUísque e redbull era lixo. Aniversário do paizão tava maneirinho, e hoje eu só queria ficar no amor fumando o meu baseadinho de marola com os crias.- Coe, o chefe gasta demais com a minha cara! Na moral, se fosse eu que tivesse deixado a Martinha de barriga, iria tomar porrada até o satanás dizer chega - Neguinho chegou falando à beça, já puxando uma cadeira pra sentar.Puxei a fumaça do cigarro e soltei logo em seguida, dando risada da revolta dele e os outros riram também.- Ciúmes, faixa? - O Rico perguntou colocando uísque em seu copo.- Tá maluco tu! Vou ter ciúmes porque, mermão? - Negou com a cabeça e pegou uma latinha de redbull, derramando no copo e logo em seguida colocou uísque e o gelo de coco.- Porque o Rael é querido, e você não! Meu querido amigo, Alípio - Falei e foi aí que ele ficou puto mesmo.- Esse assunto tá chatão já, na moralzinha - Disse bolado e tomou um gole do copo.- Você que lute! - Falei soprando a fumaça e ele me deu uma encarada sinistra que d
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Sessenta e oito
RICOEra noitinha já e vários rajadões eram ouvidos ao longe em comemoração ao aniversário do paizão.Mesa ainda tava regada de uísque, redbull e gelo de coco e eu tava tranquilinho fumando o meu baseado mas já querendo a hora de voltar pra casa curtir a minha família. Levei o meu baseado até a boca e puxei a fumaça, soltando logo em seguida. Peguei meu fuzil e andei até o muro da laje, ficando ao lado do Neguinho que tinha seu AR mirando no céu e o 2F, com um 62 também com a mira para o céu.Os fogos foram estourados e eu e os crias largamos o dedo no gatilho, atirando contra o céu. Nego até pensou que era invasão, mas tranquilo. Era só os crias comemorando mesmo. Só rajadão, e o paizão feliz por estar comemorando o primeiro aniversário com a família que ele formou.- Ano novo tá diferente, caralho! - O 2F Gritou destravando o 62, e logo largou o dedo no gatilho. Só vinte tiros saíram na rajada, e pprto? Era o meu brinquedo preferido depois do meu velho fuzil.- Só prosperidade pro
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Sessenta e nove
MARTINHAEra surreal ver o sorriso do meu pai depois de tantos anos. Finalmente ele estava tendo a felicidade que merecia, com a família que ele tanto sonhava.Eu estava feliz por ele, pela Clarissa e pela minha irmã. Era tão bom ver que agora todos nós teriamos uma vida tranquila, embora a forma com que o meu pai ganha o pão de cada dia não seja honesta e muito menos sem riscos... Pelo menos por algum tempo ficaríamos bem.- E aí, minha nega - O Neguinho chegou me abraçando por trás, enquanto eu observava a minha família em uma conversa animada.- Oi, meu preto - Sorri assim que ele deixou um cheiro em meu pescoço.- Bora dar um perdido? - Perguntou e eu assenti me virando de frente pra ele, que sorria.Peguei em sua mão e entrelacei nossos dedos, e então seguimos até a escada descendo da laje. Descemos e seguimos pelo quintal até sair no portão da frente, onde a moto dele estava estacionada.Ele montou e girou a chave na ignição, ligando a mesma e eu subi em sua garupa.Ele desceu o
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