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Luís RenatoAcordo com a luz do sol invadindo o quarto e refletindo alguns raios no meu rosto. Aperto os meus olhos, tentando focar no ambiente e os abro, fazendo a minha visão se adaptar à luz do dia. Flashes da noite passada me vem em mente e eu suspiro cansado. Ontem, dia três de fevereiro, completou exatamente quatro anos que Camilly destruiu a minha vida por completo. Eu realmente achei que o fato de estar com a Ana nesse dia, seria o suficiente para não trazer as más recordações à tona. Funcionou, até o momento em que ela me fez aquela m*****a pergunta. Foi como se um dilúvio viesse por cima da minha cabeça e tomasse conta do meu corpo, me puxando mais para baixo, me afogando, me sufocando, trazendo todas a sensações ruins de volta. Eu precisava sair dali. Precisava me afastar dela e me esconder nas trevas outra vez. Saí da cabana, deixando-a sozinha, sem lhe dar nenhuma explicação e sentei na areia da praia, me deixando levar pelas lembranças e pela minha dor.— Querida, já esto
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— Está louca, mulher? A única coisa que eu fiz nesses últimos dois anos foi me dedicar inteiramente a você. Me doei pra você, te amei loucamente, Camilly! Eu coloquei o mundo aos seus pés e o que recebi em troca foi isso? A sua traição? — Eu estava furioso. Gritei cada palavra exasperado. Explodi de raiva em cada palavra gritada. Confesso que estava me segurando para não fazer uma merda com ela aqui no meio desse escritório. Ela puxou a respiração, olhou ao seu redor e depois para mim.— Eu nunca te amei de verdade, Luís. Nunca disse pra você que te amava e nunca disse pra você que me casaria contigo um dia. — Isso é loucura, Camilly! Você me pediu pra comprar essa cobertura. Você mesma a mobiliou do jeitinho que você queria. Por Deus estávamos a alguns dias do nosso casamento. Como você vem e me diz que não queria isso, porra? — gritei.— Você era a minha última opção. Eu só queria um homem rico pra me dar tudo que eu precisasse, e você era esse homem rico, até que eu conhecer o Car
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— Vamos? — falei, chamando a sua atenção. Ela apenas assentiu, se levantando do sofá e seguiu ao meu lado para a lancha. O seu silêncio e quietude me incomoda. Eu sei que a culpa foi minha, mas eu não quero estragar o que temos. Eu quero muito a sua amizade e sinto que agora, ela está distante de mim. Não trocamos uma palavra durante todo o caminho de volta. Ana parecia desligada. Acredito que esteja pensando em tudo que aconteceu entre nós, assim como eu. Ao chegarmos, eu beijo sua testa e a ponho em um táxi e ela se vai. Entro no meu carro e vou para a minha casa. ***Ana Júlia— Motorista, pode me levar para Copacabana? — pedi minutos táxi. Eu preciso pensar. Preciso me encontrar de novo. Olho pela janela, para nada em especial e depois de respirar fundo, solto o ar pela boca e me perco em meus próprios pensamentos. P Minutos depois, pago o motorista e saio do carro. Tiro minhas sandálias para caminhar descalça pela areia branca e molhada da praia. Queria entender o que aconteceu
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Luís RenatoEntrei em meu apartamento e pela primeira vez não parei para olhar a sua decoração extremamente elegante e feminina que me faz lembrar do passado. Subo as escadas com pressa e entro em meu quarto, jogando a mochila em cima da cama e vou imediatamente para o banheiro. Tomo um banho rápido e visto uma roupa casual, para depois ir direto para o meu escritório na cobertura mesmo. Marta não está em casa e o lugar está quieto e silencioso demais. Sento-me na cadeira de couro, atrás da enorme mesa de mogno, com um copo de uísque na mão e logo os meus pensamentos voltam para algumas horas atrás. Eu deitado na cama, do pequeno quarto daquele chalé, com Ana do meu lado. Um beijo. Um único beijo abalou toda a minha estrutura, trazendo à tona toda a minha insegurança. Respiro fundo, esfrego as mãos no meu rosto e aperto os meus olhos, tentando impedir que as lembranças invadam a minha mente. Deus, eu senti o seu gosto e isso fez a escuridão dentro de mim estremecer. A minha estrutura
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— Alô!— Marcela, oi! É o Luís, tudo bem? — pergunto com um sorriso largo. Faz tempo que não nos vemos e nem nos falamos. — Luís, há quanto tempo? Estou bem e você, como está? — Estou bem na medida do possível — digo e ela suspira. Ela sabe exatamente do que estou falando. — Preciso conversar com você, prima. Podemos marcar um horário?— Sim, claro! Pode ser amanhã, na hora do almoço?— Na hora do almoço está ótimo! A gente pode se encontrar naquele restaurante da praia pra relembrar os velhos tempos, o que acha?— Pode ser! Te vejo lá amanhã, então. Um beijo, querido!— Outro, Marcela! — digo encerrando a ligação e me ponho a andar pela sala me sentindo inquieto, exaltado. Está na hora de começar a enterrar o meu passado de vez! Sento-me no sofá e largo o celular ao meu lado, para logo voltar a olhá-lo. Como será que a Ana está? Deve estar chateada comigo. Sim, com certeza ela está. Será que se sentiu rejeitada? Droga! Meu Deus, eu não queria que isso acontecesse. Definitivamente,
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— Nunca é muito tempo, Luís! — Ana fala num tom baixo.—É, eu sei. Mas é assim que eu me sinto mais seguro, sabe?— Sei! — De repente ela me abre um sorriso, que ilumina o meu dia tão negro e nublado. — Mas, se vamos ser amigos, eu quero saber qual seria o nível dessa amizade. — Abro um sorriso e esse é travesso. Ana tem essa facilidade de me fazer sorrir, não importa onde, não importa como e não importa o motivo. Ela faz isso comigo e é isso que me puxa para mais perto dela.— E, como podemos classificar a nossa amizade? — É simples. Vamos lá, de zero a dez, qual seria o nosso nível de amizade? —Levo uma mão ao queixo, faço uma expressão pensativa e respondo à sua pergunta com um sorriso relaxado.— Hum, acho que, nove e meio. — Ela arregala os olhos, faz um “O” perfeito com a boca cor-de-rosa, que logo se transforma em um sorriso largo.— Tá falando sério? Porque se estiver, sabe que temos uma responsabilidade muito grande um com o outro aqui, né? — questiona e dá uma risada gostos
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Ana JúliaChego no C&H no horário de sempre e como não trabalhamos no dia anterior, estamos sobrecarregados hoje. Luís está saindo de mais uma reunião, que durou quase duas horas. Ele veio direto para minha mesa, e ao seu lado estava o doutor Marcos e sua secretária, Cassandra.— Ana, vamos nos reunir em meu escritório, pode nos trazer um café, por favor? — Meu chefe pediu em seu modo profissional.— Sim, senhor! — respondi com o mesmo tom, levantando-me em seguida e dei alguns passos para sair dali. — Ah, e Ana? Traga um pra você também e se junte a nós e nada de senhor, lembra? — indagou, completamente à vontade, mas eu fiquei sem jeito e olhei para o doutor Marcos e depois para Cassandra, e em fim para ele, lançando lhe um olhar como quem pergunta tem certeza?— Claro, Luís. — sibilo, ainda sem graça e giro em meus calcanhares e vou direto para a copa, sentindo o meu coração aos pulos e o meu rosto queimando de vergonha. Sirvo quatro xícaras de café, colocando-as em uma bandeja e vo
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Depois que Marcela sai do apartamento, eu ainda fico aqui, apreciando o meu novo lar.— Não acredito que ele é meu! — sussurro, passando as mãos pelos móveis novos, pelas paredes recém-pintadas e sorrindo à toa. — Meu cantinho! —Sinto-me vibrar por dentro. Queria que você pudesse estar aqui comigo agora, mãe! Imediatamente sinto um nó sufocar a minha garganta. Apesar do tamanho da minha felicidade, é inevitável não sentir a sua falta em cada conquista minha. Uma lágrima desce pelo meu rosto, enquanto ainda esboço um sorriso bobo nos meus lábios.— Você ficaria tão feliz. — sussurro, ainda olhando cada detalhe do lugar. Meu celular começa a tocar dentro da bolsa que está largada em cima do balcão da cozinha. Rapidamente, seco as minhas lágrimas com o dorso das mãos e volto para a sala, a fim de atendê-lo. Sorrio ao ver quem é.— Oi, Luís!— Oi, e aí? Deu tudo certo?— Se deu certo? Nossa, Luís, o apartamento é lindo! Não, não... ele é perfeito! Você precisa ver. — Não consigo conter a
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Seguimos abraçados para a mesa e nos acomodamos um ao lado do outro. Enquanto nos servimos de uma deliciosa lasanha à bolonhesa, com um vinho tinto de mesa, descubro que a minha caçula partirá logo depois da inauguração do hotel em Portugal. Jantamos alegremente, ouvindo os relatos empolgados da minha irmã sobre nova Universidade. Lilian é uma mulher muito linda. È loira e alta, e seus olhos são verdes, como a mamãe. Não posso esquecer de mencionar que é uma garota muito alegre, extrovertida e espontânea. Amo a minha boneca e para mim ela ainda não cresceu. Noto Dona Joana me olhar com uma expressão séria. Ela está parada, sem comer nada. Encabulado com a sua especulação, viro minha cabeça para o lado e vejo que o meu pai faz o mesmo, enquanto Lilian apenas sorri me olhando com se visse algo extraordinário na sua frente. Largo os talheres no meu prato e seguro o guardanapo para limpar o canto da minha boca. Incomodados com esses olhos focados em mim, eu limpo a garganta e pergunto de
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Luís RenatoSão seis da manhã e eu já estou de pé e de banho tomado. Pus uma roupa casual e desci as escadas tomado de ansiedade. Tudo aqui está muito quieto e Marta com certeza ainda deve estar dormindo. Estou inquieto e nervoso demais para ficar deitado na cama. Me sento no sofá, encaro o teto branco e depois o meu relógio de pulso e me levanto. Começo a andar de um lado para o outro da sala ampla, com o meu celular em mãos. Na tela, o nome Ana pisca, preparado para chamar a qualquer momento. Olho novamente a hora. Ainda são seis e dez da manhã.— Droga de relógio que não anda! — resmungo com um sussurro para mim mesmo. Perdi completamente o sono às três da madrugada, com a conversa que tive com o meu pai martelando na minha cabeça. Ele tem toda a razão! A Ana me faz bem, eu gosto de estar com ela, de conversar com ela. Gosto da sua alegria e da forma como me faz rir. Você está apaixonado! Lembro-me das palavras da Lilian e respiro fundo, parando de andar feito uma barata tonta. Olh
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