Ana JúliaChego no C&H no horário de sempre e como não trabalhamos no dia anterior, estamos sobrecarregados hoje. Luís está saindo de mais uma reunião, que durou quase duas horas. Ele veio direto para minha mesa, e ao seu lado estava o doutor Marcos e sua secretária, Cassandra.— Ana, vamos nos reunir em meu escritório, pode nos trazer um café, por favor? — Meu chefe pediu em seu modo profissional.— Sim, senhor! — respondi com o mesmo tom, levantando-me em seguida e dei alguns passos para sair dali. — Ah, e Ana? Traga um pra você também e se junte a nós e nada de senhor, lembra? — indagou, completamente à vontade, mas eu fiquei sem jeito e olhei para o doutor Marcos e depois para Cassandra, e em fim para ele, lançando lhe um olhar como quem pergunta tem certeza?— Claro, Luís. — sibilo, ainda sem graça e giro em meus calcanhares e vou direto para a copa, sentindo o meu coração aos pulos e o meu rosto queimando de vergonha. Sirvo quatro xícaras de café, colocando-as em uma bandeja e vo
Depois que Marcela sai do apartamento, eu ainda fico aqui, apreciando o meu novo lar.— Não acredito que ele é meu! — sussurro, passando as mãos pelos móveis novos, pelas paredes recém-pintadas e sorrindo à toa. — Meu cantinho! —Sinto-me vibrar por dentro. Queria que você pudesse estar aqui comigo agora, mãe! Imediatamente sinto um nó sufocar a minha garganta. Apesar do tamanho da minha felicidade, é inevitável não sentir a sua falta em cada conquista minha. Uma lágrima desce pelo meu rosto, enquanto ainda esboço um sorriso bobo nos meus lábios.— Você ficaria tão feliz. — sussurro, ainda olhando cada detalhe do lugar. Meu celular começa a tocar dentro da bolsa que está largada em cima do balcão da cozinha. Rapidamente, seco as minhas lágrimas com o dorso das mãos e volto para a sala, a fim de atendê-lo. Sorrio ao ver quem é.— Oi, Luís!— Oi, e aí? Deu tudo certo?— Se deu certo? Nossa, Luís, o apartamento é lindo! Não, não... ele é perfeito! Você precisa ver. — Não consigo conter a
Seguimos abraçados para a mesa e nos acomodamos um ao lado do outro. Enquanto nos servimos de uma deliciosa lasanha à bolonhesa, com um vinho tinto de mesa, descubro que a minha caçula partirá logo depois da inauguração do hotel em Portugal. Jantamos alegremente, ouvindo os relatos empolgados da minha irmã sobre nova Universidade. Lilian é uma mulher muito linda. È loira e alta, e seus olhos são verdes, como a mamãe. Não posso esquecer de mencionar que é uma garota muito alegre, extrovertida e espontânea. Amo a minha boneca e para mim ela ainda não cresceu. Noto Dona Joana me olhar com uma expressão séria. Ela está parada, sem comer nada. Encabulado com a sua especulação, viro minha cabeça para o lado e vejo que o meu pai faz o mesmo, enquanto Lilian apenas sorri me olhando com se visse algo extraordinário na sua frente. Largo os talheres no meu prato e seguro o guardanapo para limpar o canto da minha boca. Incomodados com esses olhos focados em mim, eu limpo a garganta e pergunto de
Luís RenatoSão seis da manhã e eu já estou de pé e de banho tomado. Pus uma roupa casual e desci as escadas tomado de ansiedade. Tudo aqui está muito quieto e Marta com certeza ainda deve estar dormindo. Estou inquieto e nervoso demais para ficar deitado na cama. Me sento no sofá, encaro o teto branco e depois o meu relógio de pulso e me levanto. Começo a andar de um lado para o outro da sala ampla, com o meu celular em mãos. Na tela, o nome Ana pisca, preparado para chamar a qualquer momento. Olho novamente a hora. Ainda são seis e dez da manhã.— Droga de relógio que não anda! — resmungo com um sussurro para mim mesmo. Perdi completamente o sono às três da madrugada, com a conversa que tive com o meu pai martelando na minha cabeça. Ele tem toda a razão! A Ana me faz bem, eu gosto de estar com ela, de conversar com ela. Gosto da sua alegria e da forma como me faz rir. Você está apaixonado! Lembro-me das palavras da Lilian e respiro fundo, parando de andar feito uma barata tonta. Olh
Oh, Deus! Sinto suas mãos delicadas acariciar o meu rosto e espalhar os meus cabelos em seguida. Logo o meu coração se agita dentro do peito e parece que quer sair pela boca a qualquer momento. Minhas mãos suadas e trêmulas deslizam por seus ombros e descem devagarinho para a sua cintura. As nossas respirações aceleradas se misturam. E o beijo vai ficando cada vez mais envolvente e mais quente. Relutante, eu separo as nossas bocas, sentindo a minha respiração cada vez mais pesada. Nervoso, encosto as nossas testas uma na outra e respiro fundo. Segundos depois, ergo a cabeça para olhar em seus olhos.— Eu quero tentar, Ana — sussurro em um fio de voz segurando o seu rosto com as minhas mãos e olhando no fundo dos seus olhos. — Eu quero tentar com você. Me ajuda a sair dessa escuridão que me consome todos os dias. Me ajuda a vencer os meus medos. Eu quero ser feliz outra vez Ana. Por favor, eu preciso ser feliz. Por favor, me diga que sim? —Sim, é uma súplica. Ela parece refletir sobre
— Eu quero tentar, Ana. Eu quero tentar com você. Me ajuda a sair dessa escuridão que me consome todos os dias, me ajuda a vencer os meus medos! Eu quero ser feliz, Ana, eu preciso ser feliz. Por favor, me diga que sim. — Consigo sentir o desespero em cada palavra sussurrada. E eu? O que eu quero? Nossa, isso nem é pergunta que se faça, Ana Júlia! Pelo amor de Deus! Eu o queria, e queria muito! Queria fazê-lo feliz! Então respirei fundo, radiante por dentro e olhei em seus olhos para lhe dar a minha resposta.— Sim! — Foi tudo o que consegui dizer, abrindo um sorriso que não cabia no meu rosto. Em uma confusão de sentimentos, senti lágrimas rolarem no meu rosto, então voltamos a nos beijar, porém, fomos interrompidos com a chegada de uma mulher carregando algumas sacolas bem no momento em que tudo estava ficando mais quente e derretendo o meu cérebro. Luís se levantou e ansioso, foi ao seu encontro.— Marta, esta é Ana, a minha... namorada. Ana, esta é Marta. Ela é a minha segunda mãe
— Que tal almoçarmos no restaurante do hotel? — sugeriu. Fiz uma careta em resposta, que o fez sorrir. E eu confesso que estou amando esse Luís completamente extrovertido, leve e comunicativo.— Ahm... não! Eu quero inaugurar a minha cozinha. Que tal irmos a um supermercado, comprar algumas coisas para casa? Afinal, eu vou precisar de comida em casa, né?— Seu desejo é uma ordem, minha linda — faz um gesto galanteador em direção à porta. Com um sorriso sem tamanho, passo por ele, pego a minha bolsa e seguimos para as compras. Compramos de tudo um pouco. Abastecemos os armários e a geladeira. Enquanto guardo alguns itens, separo alguns ingredientes para fazer uma lasanha à bolonhesa e para acompanhar, ponho um vinho para gelar. Depois do almoço com um clima romântico e uma conversa descontraída, Luís me ajuda com a louça e nós vamos para o sofá, onde ele me puxa para o seu colo e me beija calmo, carinhoso e cálido. Sua mão segura com suavidade os meus cabelos e a outra se apossa da mi
Ana JúliaHoje o dia está corrido aqui no C&H. Quase não vi o Luís por aqui. Ele estava como louco entre uma reunião e outra e foi quase impossível roubar um beijinho dele. Também estou bem ocupada por aqui. Sou bombardeada por e-mails internacionais que preciso responder ou enviar direto para o Luís, mil telefonemas para fornecedores, assessores, acionistas e também para Rosy’s Buffet, responsável pelo buffet em Portugal. Luís liga para mim, avisando que só chegará na empresa perto das duas horas da tarde. Sei que estará faminto quando voltar, então ligo para um restaurante francês e peço um prato leve para às duas em ponto, aqui no Caravelas, depois saio para almoçar. Na rua, tenho a sensação de estar sendo observada o tempo todo. Olho discretamente para todos os lados, mas só vejo pessoas andando de um lado para o outro pelas calçadas. Dou de ombros e vou para a lanchonete do outro lado da rua. Deve ser coisa da minha cabeça. Pensei. Como sempre, peço apenas um sanduíche natural e