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Aviso de Gatilho
Apesar de não se tratar de um romance do tipo dark, este livro aborda assuntos sensíveis, desde crimes, uso de drogas e violência física, até relacionamentos abusivos e tóxicos. Tais temas podem gerar desconforto em determinados leitores, portanto aconselho a leitura com cautela e mente aberta.Caso vivencie ou conheça quem esteja passando por problemas parecidos com os aqui descritos, não pense duas vezes antes de entrar em contato com a autoridade ou pessoa capacitada para lidar com a situação.Proteja-se e proteja os seus, juntos faremos do mundo um lugar melhor.Com todo amor e carinho,Desejando que estejam bem,Carla Santi.
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Prólogo + Capítulo 1
*******Prólogo*******“Não conseguia parar de pensar em como devia ser o cotidiano dele. Sabia que isso se dava porque ele exalava poder e notoriedade feito feromônio, e porque o gosto dela por filmes românticos da década de noventa lhe despertavam fascínio por ternos de caimento perfeito e ares de mistério a ser investigado. Heiler possuía aquele fator peculiar, que deixava os outros se perguntando ‘como será que é ser esse cara?’.” *******Capítulo 1*******Ocorreu-lhe que conseguiria amá-lo para sempre, reconhecia em si grande tolerância a dor. O que não suportaria, no entanto, seria conviver para sempre com uma decisão tão burra.— Rebecca Chase, pelo amor de Deus! — Ash urgiu, impaciente.Ela respirou fundo e bloqu
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Capítulo 2
Della Dinastia era uma pequena joalheria de família, frequentada por arrivistas sociais e esposas troféus. Um par de irmãos ambiciosos pertenciam à segunda geração de responsáveis por conduzir o negócio, e eram tão bons vendedores quanto poderiam ser garimpeiros. Investiam pesado em publicidade e na ascensão do nome da loja nas mídias sociais, porém não tanto em segurança ou na originalidade das peças. Se fossem mais cuidadosos, não permaneceriam abertos após o horário de funcionamento dos pequenos prédios de escritórios ao redor, e certamente já teriam mudado de endereço — daquela rua afastada do centro para, quem sabe, um shopping center. Negociavam com a elegância pobre de quem quebrava pedras em busca de pepitas, mas as obtinham, afinal; eram mais talentosos fazendo dinheiro do que colares de pérolas ou an&ea
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Capítulo 3
O antiquário se chamava The GoldFather. Rebecca nunca soube se se tratava apenas de um trocadilho com o título de um dos filmes favoritos de seu corretor de contratos (algo do que não duvidava, considerando que o ego de Richard “Dick” Push só não era maior do que seu talento para cafonices) ou se o objetivo era justamente atrair o mínimo de consumidores para sua lojinha de fachada brega, estampada com um adesivo gigante que ilustrava um peixinho dourado em posição de mafioso, numa caricatura malfeita de Marlon Brando — o letreiro numa fonte dura, laranja e sem serifa.Situava-se num dos bairros mais pobres da cidade e era cercado por igrejas, fábricas e estacionamentos. Durante o caminho até ali, Rebecca trocara apenas algumas poucas palavras com os demais.O portão de arame já esperava aberto; Timber contornou o antiquário pelo gramado descuidado e estacionou n
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Capítulo 4
Ashton Smith tinha algo que Rebecca nunca encontrara em nenhum outro homem. Não era apenas físico. Era a maneira que ele a envolvia em seus braços fortes e fazia com que se sentisse segura, como se nada no mundo pudesse atingi-la, como se os momentos em seu abraço fossem os únicos lapsos de realidade em meio a um duradouro pesadelo.Agora que a chuva parara, Rebecca descansava sentada no gramado molhado, com a testa apoiada na cerca de arame. Precisava respirar, ficar sozinha… Às vezes era como se a mera presença dos demais interferisse na sua capacidade de processar as coisas.A vista não era nada bonita. Árvores ressequidas em canteiros cheios de ervas-daninhas, cães de rua. Podia ver o estacionamento a céu aberto, logo antes de um ferro-velho e um pedaço do muro de um antigo cemitério. Aquele buraco para o inferno não permitia nem que Rebecca glamourizasse seus m
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Capítulo 5
Os Heiler podiam ser rastreados até o início do século XVIII, uma humilde família de botânicos que se mudara para os Estados Unidos na segunda onda histórica de emigrantes da Alemanha. Haviam vendido seu trabalho a fim de pagar pela viagem no Atlântico, e, junto com fazendeiros e operários, estabeleceram-se, num primeiro momento, numa colônia na Pensilvânia, em busca das terras oferecidas aos europeus. As linhagens se ramificaram num bem-sucedido esforço por subsistência; ainda que sem muita experiência no cultivo da terra, as mulheres se tornaram responsáveis por manter o legado dos Heiler vivo, dedicando-se ao plantio de ervas medicinais e à obtenção de minério; enquanto isso, os homens se beneficiaram do industrialismo americano, investindo no patrimônio e expandindo seu negócio.Embora muitas famílias tivessem deixado de exercer a pro
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Capítulo 6
Três horas se passaram. Stain deu uma bexiga mal assoprada para uma criança e, quando ela reclamou que queria um crocodilo, respondeu:— Finja que é uma cobra. Não faz diferença. — Todos já estavam exaustos. Quando Rebecca começava a imaginar que teriam mesmo que recorrer ao plano B, o comparsa exclamou: — Ali está ele!— Onde?— À sua direita, Becca, perto da entrada.Rebecca viu, então, o homem que procuravam. Usava um terno verde-besouro, apertado naquele corpo baixo e fino, com uma gravata azul-escuro. Cabelos curtos, pele escura e pasta de couro na mão. Parecia estar vindo direto do trabalho, talvez tivesse trocado o paletó no caminho para não parecer formal demais. Seu nome era David Wright e, segundo o contratante, possuía em seu telefone particular dados referentes à fórmula.— Ótimo. Agor
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Capítulo 7
A expressão de desapontamento no rosto de Dick fez com que a culpa e o medo dentro de Rebecca se transformassem mais uma vez em raiva. Sacodiu a cabeça, com o polegar e o indicador em pinça na ponte do nariz, estalando a língua. O trio não apenas fracassara, como também se humilhara. Ele certamente não lhes daria outra chance como aquela, e isso significava que estavam de volta ao posto de ladrões de galinha.Foi Stain quem ajudou Rebecca a cuidar dos ferimentos, tinha um toque delicado. Disse que sentia muito, que ela havia feito o melhor possível e que era ele quem não conseguira contribuir em nada. Ela não respondeu; sentia que, caso abrisse a boca para consolá-lo ou pedir desculpas, acabaria lembrando-o de que ela estivera com a fórmula. Pelo que imaginava, no calor do momento, a corrente devia ter se agarrado a algum arbusto do jardim e se arrebentado em seu pescoço enquanto
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Capítulo 8
Ao descer do táxi no dia seguinte, Rebecca tentou enxergar os muros dos Heiler com outros olhos. Hoje, seu personagem tinha seu rosto, sua voz e seu nome — não usaria um de seus nomes falsos e sujos em algo que deveria ser insuspeito e rápido. Infelizmente, nada lhe tirava a imagem daquela jovem da cabeça, o som do grito ao pé do seu ouvido.Vai acabar logo, encorajou-se. Só precisaria de alguns minutos sozinha no jardim da casa. Aquela correntinha havia de estar em algum lugar.Entrou pelos enormes portões de ferro negro, onde longas serpentes forjadas se enroscavam até o topo, e caminhou pelo largo caminho de seixos, flanqueado por arbustos de cravos brancos e amarelos. O aroma do jardim era soprado em direção às nuvens de algodão-doce. Ventou mais forte quando Rebecca, mais uma vez fascinada pela visão da romântica mansão alemã, parou um inst
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Capítulo 9
— Muito bem — disse Wilford. — Por que não começamos pelo andar de baixo? — O homem não soava particularmente animado; forçava uma gentileza frígida. Passou pelo batente que levava ao pátio interno. — Desde que a senhorita Martinez se acidentou, Jonathan não vem se sentindo muito motivado.— O senhor Heiler fica fora o dia todo? — perguntou ela.— Com exceção dos domingos — assentiu. — Volta próximo da hora do jantar. Agora… Jonathan deve estar aqui em algum lugar…Ele perscrutou o pátio, tão verdejante quanto Rebecca se lembrava, talvez até mais bonito sob a incidência de um sol tão quente.Ao ouvir seu nome, o garotinho louro saiu de trás de um arbusto e caminhou lentamente na direção dos adultos.— Jonathan! Esteve sentado na grama? — ind
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