Prelúdio IX – Irritado Era dezembro de 2010 do calendário cristão e eu havia dormindo no apartamento da minha namorada. Dormido é exagero. Havia passado a maior parte da noite acordado, em verdade, e não por bons motivos. Minha namorada tinha um cachorro. A noite tinha uma intenção de tempestade. Isso era ruim. A cobertura do prédio no qual minha amada morava era açoitada por ventos uivantes, no melhor estilo de filme de terror, e o quarto dela ficava lá.O cachorro tremia e, sem ter onde se esconder, ficava inquieto, me envolvendo em seu desespero. Isso era muito ruim. Não importava o quanto eu demonstrasse desinteresse no bicho, ele era grudado em mim. Talvez soubesse que, no fundo, adoro animais. Mais do que muitos humanos. Minha resistência a ele se devia ao fato de que quanto mais admitisse, para mim mesmo, gostar dele, mais sent
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