Era um final de uma tarde agradável e minha vista descansava no movimento calmo das roupas no varal. Morávamos num bairro relativamente novo que ficava na parte mais alta da cidade, então aquele quintal tinha um valor inestimável para mim. Para além das várias camisetas pretas e de um cajueiro nanico se estendiam as dezenas de telhados alaranjados, as copas das árvores que desciam paralelamente a elas até se fecharem sobre um córrego que dali não se via, mas eu sabia que estava lá, e a torre da igreja que surgia solitária no canto esquerdo da vista. Sentado no segundo dos três degraus que iam da cozinha para o chão de terra seca e cascalho do quintal, eu lutava para manter a mente vazia e aproveitar o momento como um todo, mas minha mente insistia em trazer um turbilhão de imagens, de ideias, de frustrações e de desejos que não deixavam os músculos relaxarem e culminavam naqueles velhos tremores repentinos de uma pálp
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