Estranhamente não parecia ter se passado muito tempo até que eu estivesse adentrando o pátio mais uma vez. Progredindo de minha postura cabisbaixa habitual para uma rápida avaliação do ambiente, vi que haviam outros lugares onde ficar, inclusive ao sol. Então olhei a velha mesa de refeitório e me afastei dela o máximo que pude.
Logo apareceram todos eles.
Os bailarinos, os infantis, os vegetais ambulantes, e tinha até mesmo um que pensava que morava num navio, chegando a ficar enjoado quando chovia. Espalharam-se timidamente pelo pátio. As mulheres vieram em seguida pelo lado oposto.Comecei a estudar uma a uma das que eu conseguia ver as feições.
Bailarinas, vegetais ambulantes, uma modelo de uns sessenta anos que desfilava entre duas pilastras.
Mas ninguém infantil à vista.
Quando pensei ter visto todas e já ia começar a checar outra vez, veio das sombras a figura horrenda do dia anterior, a bruxa. Seus olhos me seguiam como aqueles quadros de Jesus Cristo que tinham um efeito nos olhos para dar a impressão de contínua vigilância. Mas foi logo atrás dela que meus olhos congelaram abertos.
Uma mulher de queixo erguido caminhava como se estivesse em um parque, segurando uma das pontas do cabelo que estava dividido em duas partes presas por elásticos, uma de cada lado da cabeça.
Cabelos vermelhos como o sangue, mas que ficavam iluminados a medida que ela se aproximava do sol. Uma mulher espantosamente bonita para um local como aquele. A loucura geralmente não estamparia uma revista feminina. Meu palpite, à primeira vista era de que tinha vinte e sete anos no máximo. Talvez não houvesse ali ninguém mais jovem que isso.
Seu olhar passou discretamente por mim enquanto ela contornou duas mulheres sentadas no chão. Tentei disfarçar também, procurando outra pessoa para focar durante alguns segundos, avistando Doug a uns cinco metros de mim. Resolvi chamá-lo.
- Ei Doug! Bom dia!
Para minha surpresa o velho pareceu surpreendido com minha voz, olhou de relance para onde eu estava e saiu a passos rápidos, porém curtos, resmungando qualquer coisa consigo mesmo.
- Doug? Sou eu, Liam! Hey! - 'Por que será que nada de normal pode acontecer num manicómio'? Pensei.
Bom, porque aí seria anormal.
Voltei a reparar na ruiva, que tinha a bruxa como uma espécie de guarda-costas, sentada à sua direita. Não havia outra pessoa com um cabelo daquela cor por ali. Tinha que ser ela a quem eu vi de relance me observando no dia anterior. E claro que a proximidade dela com a bruxa era um indício mais forte ainda. O que me deixava intrigado era que eu não conseguia enxergar um 'defeito' aparente nela. Tudo parecia equilibrado. O olhar não era disperso e nem paralisado, pelo contrário, esbanjava astúcia, seus movimentos eram saudáveis. Enfim, nada me dizia o porquê dela estar no mesmo manicômio que eu.
Eu não queria ficar encarando e também não ia ter coragem de ir até ela, como é óbvio quando se trata de mim. Então observei os meus pés. Geralmente passavam-se alguns poucos minutos até que eu retornasse o olhar para o mundo ao redor.
- Tá tentando tirar os chinelos sem tocar neles?
Disse uma voz jovem na minha visão periférica.
- Seria um truque e tanto - virei o pescoço mas antes que eu pudesse botar os olhos na dona daquela voz ela falou mais enérgica: - Não olhe para mim. Aja como se falasse com os próprios pés se preferir. Mas não deixe que percebam que conversa comigo.
Engoli em seco mas obedeci.
- Certo. Como eu devo chamar os meus pés então?
- De "pés" ora! Hihihi! - a risada infantil de ontem. Tinha que ser ela.
- "Menina". Eu perguntei se a menina tem um nome.
- Não interessa. Não há mais tempo para brincadeiras. Você precisa me ouvir com muita atenção - minha imaginação a desenhava posicionada quase de costas coladas com as minhas, era de onde a voz chegava até mim, sentada no chão a fingir demência talvez. Falando sozinha.
Agindo normalmente para o local.
- Até você chegar, eu era a pessoa mais sensata neste lugar. Já houveram outros. Mas agora somos só nós dois. Então vê se me entende. Você precisa parar de pedir ajuda. Ninguém quer que você se cure - primeiro ela me elogia e depois assume que eu estou procurando me "curar".
- Era sua a caligrafia?
- Você não está me ouvindo. Eles vão te trancar em um lugar de onde você não poderá mais escapar.
- Acho que já fizeram isso.
- Não estou falando do sanatório! Droga, cala a boca e escuta!
O autoritarismo na voz dela não era de uma mãe, de uma esposa ou de uma professora.
Era de uma adolescente.
- Eu sei por que está aqui Liam. Já vi acontecer a outra pessoa. Exatamente igual. Cara, você não faz ideia do que aconteceu a essa pessoa. Aqui dentro, a morte não é o pior destino que te espreita.
Minha curiosidade moveu instantaneamente meu pescoço e eu girei sobre minhas nádegas no piso de azulejos cinzentos. Ela já estava caminhando de volta para perto das outras mulheres.
A bruxa fechou o meu campo de visão no preciso momento em que pensei em chamar pela garota. Parecia mesmo ser a guarda-costas dela. Mas também, o que eu gritaria afinal de contas? Ela ainda era só uma estranha.
O resto do dia passei absorto em pensamentos. Perguntas jorravam de dentro da minha cabeça como água na rachadura de uma represa. A garota pediu minha atenção, demonstrou interesse em me ajudar, mas não foi nada específica. Ela me considera, e a ela própria, as pessoas mais conscientes deste lugar. E quer que eu deixe de confiar na instituição que está me ajudando a obter respostas que podem levar a minha absolvição? Se confinado com todos esses loucos não for uma prisão, o que pode ser então? Querem que eu vá para o presídio federal? Para ser massacrado pelas gangues lá dentro? Talvez. Mas seria óbvio demais e improvável que ela precisasse omitir.
E ainda segundo ela, eu devo temer algo pior que a morte, que pode me acontecer aqui dentro.
Era outro dia cheio! O Dr. Bennet estava enganado quanto ao convívio no pátio. Porém, eu ansiava pela nossa próxima sessão. Eu posso estar perto de deixar tudo isso para trás e voltar a ter uma vida normal. A menina voltaria a ser a alma mais sensata por estas bandas e não precisaria mais se preocupar com o destino de alguém que ela mal conhece.
Ficaríamos todos satisfeitos, sim senhor.
Mas até lá, algo dentro de mim havia feito um pacto de não mencionar a garota e nossa conversa de agentes secretos no chão do pátio. Não parecia certo, não queria que ela ficasse em qualquer tipo de situação complicada. Nunca fui de trair a confiança de alguém.
Já era tarde, daquela mesma noite quando ouvi passos no corredor. Ao ficarem mais audíveis para mim embaixo das cobertas, eu percebi que reduziram a velocidade. Quem estaria burlando o toque de recolher? Mas não, não era um interno. Lembrei que não usávamos sapatos convencionais. Só tínhamos chinelos de borracha ou outros de tecido macio, como pantufas. Devia ser uma ronda esporádica de um dos enfermeiros. Os passos pararam ao mesmo tempo que uma sombra substituiu a claridade que entrava por baixo da minha porta. O estranho era que da pequena janela na parte superior da porta não apareceu vulto algum. Uma pessoa de estatura normal faria ali uma silhueta pois teria a janela à altura dos olhos.
Levantei-me devagar e encostei-me do lado esquerdo da porta, deslizando até conseguir espreitar pela janela de grade quadriculada.
Não via nada no corredor, em toda a extensão quase até a saída para os consultórios e a escada. A luz ainda não entrava por baixo da porta, mas eu não ouvia nem sequer uma respiração do lado de fora.
Uma outra espiada para o corredor e decidi que ia ter que me deitar no chão.
Mas antes que eu pudesse dobrar os joelhos algo tocou o meu pé - Merda! - saltei para trás sentindo uma descarga de adrenalina percorrer meu corpo. Os passos saíram em disparada. A luz entrou por baixo da porta e iluminou um bilhete dobrado diante de mim - Mas como?! Outro?
Todas as formas de comunicação daquela garota precisavam me causar taquicardia?
Apanhei o papel do chão e sentei-me de volta na cama. Com as mãos ainda trêmulas abri-o e inclinei para que a luz que passava pela porta me permitisse ler.
"Liam, todo o contato aqui dentro é perigoso porque somos vigiados caso não ajamos como retardados o tempo todo..."
Como ela teve acesso a uma caneta?!
"... não me procure e nem tente falar comigo a não ser que eu fale com você primeiro. Eu falo sério a respeito da sua situação, eles vão brincar com você, depois fazer experiências com você, quando atingirem o objetivo deles, vão deixar você na ala dos inválidos até você apodrecer. Mas não pense que você irá para lá com seu juízo perfeito."
Quando essa menina vai dar nome aos bois? Ela conseguirá ser direta em algum momento?
"P.S. sinto muito pelo bilhete de ontem. Não achei que a Margarete levasse tão a sério as palavras 'onde ninguém veja, Rsrs' Assinado: Seus pés."
Não pude evitar o sorriso. Ela sabia como escrever bilhetes como uma adolescente.
-Assim como......a Esther escrevia.
Um tremor súbito fez com que eu largasse o papel. Ouvi sons entrecortados como quando se está dentro d'água e sente a pressão nos ouvidos. Uma pequena dor fez com que eu fechasse os olhos e levasse as mãos à cabeça.
Uma lembrança.
[...]
Vejo a classe. As fileiras de carteiras cheias de jovens inquietos. Era quase fim do intervalo e tínhamos prova no horário a seguir. Do meu lado direito, com a mesa ainda colada à minha estava Esther. Apoiava o rosto na palma da mão esquerda e o cotovelo cobria o caderno onde ela escrevia alguma coisa. Não fazia sentido ela esconder de mim algo que escrevia para que eu lesse. Mas ela não gostava que eu estragasse o ritual de rasgar o papel em torno do que fora escrito, dobrar discretamente e passar para mim de alguma forma disfarçada improvisada na hora.
A professora entrou na sala enquanto ela ainda rasgava a folha do caderno - Material em cima da mesa apenas o necessário para fazer a prova meus queridos! E Liam e Esther, a prova é individual!
Com um barulho estridente voltamos cada um para sua respectiva fileira. Agora eu ia ter que esperar até o fim da aula para saber o que Esther tinha para me dizer. Olhei para a professora com cara de desânimo e de volta para ela com um sorriso de canto. Ela acenou com o queixo para minha mesa. Eu tinha uma caneta, uma lapiseira e uma borracha branca grande em cima dela no momento. Percebi logo que estava debaixo da borracha o bilhete. Espertinha. Mas eu não quero perder minha prova sob acusação de 'colar'. Guardei rapidamente no bolso da calça.
Lembro da prova ter sido um desastre, mas eu saí de lá com uma sensação boa de que tinha comigo um trunfo. Um bilhete da Esther. A caminho do portão abri o papel e veio o segundo desastre.
"Roy me pediu em namoro ontem. Mas é segredo! Pelo amor de Deus, ele tem 22! Rsrs você é o primeiro e o único que sabe hein! O que você me diz? Acha que eu fiz bem em aceitar?"
Tive a esperança de a pergunta ser diferente. E eu tivesse uma chance de influenciar a meu favor. Ou pelo menos contra o Roy. Eu não tinha nada contra ele. A não ser a inveja. Mas eu também tinha a concepção de que ele não era o cara ideal para ela. Nem pelos seis anos de diferença, mas pelo caráter. Os jovens rapazes recém saídos da escola e que eram populares estavam um patamar acima do restante de nós. Os garotos para eles eram moleques inúteis, e as garotas simplesmente a melhor carne. Um namoro às escondidas era tudo, menos sério. Cheguei a sentir pena da Esther.
Mas não fiz nada.
E a garota que eu conheci e admirei começou a morrer ali.
De repente vieram outros flashes. O quarto de hotel barato. Sangue na beirada de uma cama. Uma penteadeira com espelho trincado em forma de teia de aranha. Mais sangue ali. Passando a porta para fora uma escadaria úmida pela chuva fina que caía. No fim dela estava um corpo de uma mulher.
- Esther!!!
O som elétrico que anunciava a abertura das travas nas portas dos quartos me fez abrir os olhos. Não acreditava que já era de manhã. A lembrança que me ocorrera foi tão intensa e incontrolável que me derrubou inconsciente, me proporcionou uma noite de sono exaustiva, repleta de pesadelos baseados nela. Minhas roupas e lençóis estavam molhados de suor. Ainda estava meio tonto quando sentei-me na cama e vi o bilhete caído no chão.- Droga, preciso dar um jeito nisso - apanhei o bilhete depressa e o reduzi ao formato em que me foi entregue. Hesitei parando diante da latrina. Algo dentro de mim valorizava aquele objeto mais do que o medo de ser apanhado por alguém do sanatório e ter que dar explicações. Não havia lugar seguro para escondê-lo no quarto também.- Ah, mas é claro! - enfiei o papel dentro das calças.
- Liam - o zumbido na minha cabeça fazia com que a voz chegasse até mim como se estivéssemos dentro de um grande silo de metal.- Liam! - abro os olhos. Dr. Bennet está me observando de pé ao lado do divã. Tento me levantar mas não consigo tirar a nuca do estofado. Parece que peso uma tonelada - Você já pode se levantar se quiser. Venha. Eu ajudo - uma mão fria e ossuda me ajuda a ficar sentado. Antes de conseguir endireitar minha cervical trouxe o olhar até o chão acompanhando a posição que havia mudado de horizontal a vertical. Percebi que ao lado dos meus pés estava um balde de plástico verde.Logo eu descobri que precisaria dele.- Não se preocupe meu caro. É completamente normal que o seu organismo aja dessa maneira após o efeito do chá - tentei encarar o velho mas outra onda de suco gástrico subiu pela minha garganta - A boa notícia é que conseguimos o seu depoimento. Está tudo nesta fita - a maneira
Como se não bastasse o zumbido na minha cabeça, o dia que se seguiu havia começado com o chiado constante de um temporal. Para mim, era como se eu estivesse dentro de um canal de tv mal sintonizado, que exibia mais estática do que a programação em si. As vozes que eu ainda ouvia estavam notas mais altas pelos corredores, no refeitório e por fim no pátio onde o barulho era ainda mais ensurdecedor, já que a tormenta despejava uma amostra sua bem em frente aos nossos olhos.Estávamos todos amontoados ao redor de onde caía o aguaceiro. Protegidos da chuva mas já sofrendo pelo frio que o ambiente emanava.O marinheiro gritava e se segurava em uma das colunas. - Virar à estibordo! Virar à estibordo!Eu me desviava daquela pequena multidão indo em direção a velha mesa de refeitório. Na esperança de avistar Amanda. Mesmo que ela
Uma esfera branca e brilhante pairava sobre mim quando abri os olhos. Após algumas piscadelas e uma certa força para focar a visão, percebi que era uma lâmpada no teto.Olhando para os lados não vi nada além de paredes sólidas e amareladas, nenhuma janela à vista. Havia um recipiente de soro a gotejar do meu lado direito e alguns poucos aparelhos que não pareciam estar ligados. Não era grave então. A não ser que eu começasse, de repente a ver meu próprio corpo naquela maca.Isso não aconteceu, no entanto levei um susto igualmente forte quando tentei olhar para o tubo que estava ligado a meu braço.Eu não conseguia erguê-lo. Levantando a nuca do travesseiro percebi que tinha os pulsos, tornozelos e tórax presos àquela maca por grossas tiras de couro e fivelas de aço, como se fossem cintos. Ao mesmo tempo um berro estriden
Dois pares de passos vinham acelerados pelo corredor cerca de dez minutos após Ted ter ido embora. Não havia outro destino possível. Pararam à frente da minha porta.Permaneci imóvel sob o cobertor apenas esperando enquanto a porta rangia sendo puxada para fora.- Liam? Está acordado? - a voz do doutor Bennet era ofegante e continha uma raiva mascarada com dificuldade.Abri os olhos como se estivesse despertando de um sono profundo. Dois podem jogar este jogo doutor. Pensei.- Doutor Bennet? O que está acontecendo? - perguntei apertando os olhos contra a claridade do corredor. Ted estava parado do lado de fora do quarto me observando com o canto dos olhos. A transpiração em sua testa era visível sob a luz esbranquiçada que lhe estava
Olhos abertos que nada viam e a boca era nada mais que um rasgo sem sangue.Meu leito de quase morte tinha uma abertura quadrada na parte logo abaixo da minha cintura. Até aquele momento eu me sentia aliviado em apenas imaginar como seria precisar usá-la. Já que para urinar, Jeff trazia um recipiente que lembrava um regador, cujo pescoço era uma mangueira amarela, cor que não devia ser a original, acoplada numa espécie de balde de plástico cinzento. Eu nem mesmo era mudado de posição para realizar qualquer atividade. Mal conseguia engolir água sem me engasgar, então a sopa que me foi dada, também não descia, apesar da fome ser crescente.Ainda não devia ter atingido a metade do tempo que o doutor dissera que eu tinha até que ele retornasse, e eu já estava praticamen
Estávamos parados à beira da estrada e diante de uma placa enorme que dava as boas vindas à cidade capital. Margarete estudava minha expressão em silêncio. Eu agora já não conseguia distinguir quando ela estava apenas me acompanhando de quando ela estava me "tratando". Parecia um daqueles testes que os psiquiatras fazem mostrando imagens confusas aos pacientes e pedindo para estes dizerem a primeira interpretação que lhes vier à cabeça.- O pior tipo de solidão. Milhares de pessoas ao redor e ninguém que esteja realmente contigo.- Deve haver alguém aí que se lembra de você. Pode ajudar a esclarecer as coisas. Recuperar sua memória completa.- Eu acho que sim. Tenho algumas vagas lembranças de onde possa estar essa pessoa - quando voltei meu olhar para a estrada Margarete deu a partida no carro outra vez. Os olhos dela se desviaram de mim, mas ainda em sua v
"Eu estive olhando no espelho por tanto tempoQue eu passei a acreditar que minha alma estava do outro ladoTodos os pequenos pedaços caindo, estilhaçadosCacos de mim, afiados demais para juntarPequenos demais para importarMas grandes o bastante para me cortar em muitos pedaços pequenosSe eu tentar tocá-laE eu sangro, eu sangro, e eu não respiro, eu não respiro mais."(Trecho pertencente à canção 'Breathe no more' da banda norte-americana Evanescence)Margarete se manteve dois passos atrás de mim. Mesmo quando eu caí sobre os meus joelhos em cima daquele desenho. Ela tinha a perfeita noção do que estava acontecendo comigo naquele instante. Não esboçou