Era um final de uma tarde agradável e minha vista descansava no movimento calmo das roupas no varal. Morávamos num bairro relativamente novo que ficava na parte mais alta da cidade, então aquele quintal tinha um valor inestimável para mim. Para além das várias camisetas pretas e de um cajueiro nanico se estendiam as dezenas de telhados alaranjados, as copas das árvores que desciam paralelamente a elas até se fecharem sobre um córrego que dali não se via, mas eu sabia que estava lá, e a torre da igreja que surgia solitária no canto esquerdo da vista.
Sentado no segundo dos três degraus que iam da cozinha para o chão de terra seca e cascalho do quintal, eu lutava para manter a mente vazia e aproveitar o momento como um todo, mas minha mente insistia em trazer um turbilhão de imagens, de ideias, de frustrações e de desejos que não deixavam os músculos relaxarem e culminavam naqueles velhos tremores repentinos de uma pálpebra.
É a minha casa. O meu mundo. Ou não?
Quem sabe os papéis estejam um pouco invertidos na realidade e este "mundo" é que esteja a chamar-me de "meu"?
No que pareceu um breve instante em que eu olhei para os meus pés eu acabei por perder o repousar do sol. A brisa fria da noite não carregava tanto o cheiro da roupa limpa até mim como anteriormente e olhando para as serras que escureciam até se tornarem silhuetas com uma crista dourada eu verbalizei como se fôssemos dois indivíduos, meu corpo e minha alma:
Eu vou embora.
Algum tempo se passou desde aquele dia e alguns caminhos começaram a ser desenhados na minha cabeça. Mas os sonhos geralmente são como uma caminhada na lua. Você tenta manter os pés no chão mas está demasiado leve e se move aos saltos, meio desengonçado. A pensar por essa descrição eu sempre fora um bom sonhador mesmo de olhos abertos.
O ano que se seguiu à formatura do ensino médio iniciou-se como um funeral. A cidade morria um pouco. Uma geração praticamente inteira fazia as suas malas e partia rumo à vida adulta. Quem ia ficando para trás precisava encarar que já não se encaixava exatamente por ali como antes. E encarava os olhares das expectativas alheias que o julgavam por não ter ido. Estranha sensação.
Estive na cidade a vagar pelas esquinas tentando me sobressair ou me esquivar daquilo tudo. E numa dessas andanças eu a reencontrei.
Quase irreconhecível. Minha visão nunca foi muito boa, e a praça estava iluminada com umas poucas luzes pálidas que penosamente se seguravam no breu de uma noite com céu encoberto. Eu caminhava em direção ao bar que ficava em frente ao chafariz desativado, na parte mais alta da rua, quando a avistei em pé ao lado de três rapazes que eu já sabia serem uns anos mais velhos do que eu.
- Liam! Oi! - sem surpresa, sem alegria, sem emoção alguma afinal. Já eu não consegui disfarçar o meu choque ao vê-la espantosamente diferente do nosso último encontro.
- Esther! Tudo bem com você? - quase soou como se eu perguntasse da saúde dela.
O sorriso ainda era bonito. Mas parecia que eu assistia algum tipo de filme ao olhar para ele. Era vazio. O contorno era um batom de cor intensa e igualmente de aparência artificial além da conta. Os olhos tinham a sombra que ela sempre gostou de usar. Usava roupas um tanto "chamativas" demais para a ocasião mas não me ative muito a isso. Geralmente festas em cidades pequenas se tratam da época quando as pessoas procuram usar a melhor roupa, o que pode ter significados variados de uma para a outra.
Mas o que mais havia me impressionado era o cabelo. Esther sempre teve cabelos longos, de um castanho escuro muito bonito, solto ou preso em um rabo de cavalo, aquele era um ponto central da beleza dela. Agora meus olhos custavam a aceitar que tinham sido reduzidos a um comprimento de não mais do que vinte centímetros desde a raiz, caindo-lhe até às orelhas e metade da nuca em um corte desigual. Tinha ainda qualquer coisa como uma boina preta que forçava parte daquele cabelo a formar uma franja.
- Olha só para você Liam, não mudou nada todo esse tempo! - acho que eu a critiquei com os olhos e ela devolveu dessa maneira.
Justo.
Cumprimentei rapidamente os três colegas dela. Não dava para não me perguntar com qual deles ela estava transando. Até um dos nomes não me era estranho. Ela mesma devia ter comentado qualquer coisa comigo sobre ele no colégio. Roy, acho que era mesmo isso.
Com os três ali a me encarar eu fiquei ainda mais sem assunto para conversar com a Esther do que de costume. Mesmo assim ela me contou o principal.
- É verdade. Faz uns quatro meses que estou morando lá. Me mudei para a capital na semana seguinte à nossa formatura.
- Nossa, que legal. Estou com planos de me mudar no ano que vem. Mas ainda preciso passar no exame nacional para ter a certeza. Não vou para lá se não for para a faculdade. - não me lembro o porquê de ter mentido nessa parte - Pelo menos não agora. E você, o que está estudando?
- Ah não, eu não estudo. Tenho trabalhado bastante. É uma loja de roupas. É bem legal sabe. Talvez quando você se mudar eu já serei gerente!
- Uau! Bastante promissora essa carreira! Parabéns! Te desejo sucesso.
- Você é muito inteligente, ao contrário de mim. Vai passar no exame sim, você vai ver!
Ali havia algo de estranho. Um sinal. Um alarme talvez. Porém, como eu já disse, na época eu não entendia nada mais complexo do que um sorriso amarelo.
Após corar como uma garotinha, agradecendo por estar escuro, eu me despedi dela e segui meu caminho. A imagem dela tinha ficado na minha cabeça por um tempo. E por um tempo eu me achei idiota por ter ficado em choque com a sua transformação. Ela tinha se tornado outra pessoa. Rápido demais para minha rasa compreensão talvez. Mas ela simplesmente tinha mudado de adolescente para mulher. Não havia nada de errado ou estranho nisso.
Se as coisas na minha vida tivessem tomado rumos convencionais, hoje eu ainda estaria me achando um idiota.
- Liam. - a voz seca do Dr. Bennet irrompeu através do meu "quadro". - Eu acredito que estejamos a nos aproximar de informações importantes agora. Sei que é um pouco desconfortável para você, mas vou ligar o gravador.
- Consigo ouvir o ruído que a fita faz ao girar dentro do gravador. Torna um pouco mais "borradas" as minhas memórias. - sentia a sensação de estar presente em dois ambientes ao mesmo tempo. Dois tempos diferentes até.
Tinha os olhos ainda cerrados como se, mesmo recobrando parte da consciência, ainda não me fosse permitido abri-los.
- Receio que não tenha escolha Liam. Apenas tente se concentrar ainda mais. Quando não ouvir mais a minha voz você mergulhará mais e mais fundo nas suas lembranças e vai continuar narrando o que vê.
- Agora.
Pode parecer prepotente dizer que fiz os exames nacionais apenas como um motivo para beber escondido durante a viagem com os colegas de classe. Mas foi o que aconteceu. Não estudei um minuto sequer a mais do que as quatro horas diárias do colégio estadual. E cerca de dois meses mais tarde recebi o comunicado de que minha nota havia sido aceita, para uma pequena faculdade privada na capital.
- É muito cedo para você morar sozinho Liam. Você mal completou dezessete! - repetia minha mãe.
- Eu já me decidi. É o meu futuro. Se eu ficar aqui nunca vou ter nada do que eu sonho ter. Nunca farei nada do que eu quero fazer. E eu não consigo erguer um saco de cimento do chão, então nem emprego eu vou ter! - acho que na época eu pesava o mesmo que um saco de cimento.
E então eu fui.
A vida na cidade grande era um tanto assustadora e deslumbrante para o típico "bicho do mato" que eu era. Creio que era literalmente nessa ordem também. Dos maiores medos, nem a violência das ruas, as centenas de rostos estranhos com quem eu cruzaria todo dia e nem as novas regras de convívio na morada arranjada, num quarto de hóspedes de uma tia avó superavam o medo da solidão.
Dentro da sala de aula onde eu me sentia seguro eu também percebi que poderia reescrever meu "personagem" para com aquele novo grupo. Eu cheguei a me tornar o oposto do ensino médio, um dos "bullies".
Não que eu tenha agredido alguém ou humilhado, mas eu trazia um repertório de piadas e peças verbais bastante amplo, o que acabou me promovendo entre os garotos, até mais velhos, presentes ali. Nunca foi nada físico porque, além de tudo, já éramos "maduros" para tal.
Logo atenuou-se o meu maior medo e vieram dias mais fáceis.
Numa sexta-feira à noite saímos eu e mais quatro colegas de faculdade no carro de um deles.
- Antes de chegar na boate precisamos apresentar ao Liam uma das atrações paralelas do centro não é rapazes?
- Depois de hoje você vai poder dizer que realmente conhece a capital meu amigo!
Reduzindo a velocidade adentramos uma rua não muito diferente das outras, porém com uma movimentação incomum. Os carros passavam em primeira marcha, acompanhados da calçada por pelo menos uma dúzia de mulheres espalhadas por toda a área daquele quarteirão. Quando paravam eram imediatamente abordados por uma ou duas que debruçavam-se na janela do carona.
- Este guia turístico vale cada centavo - brincava um.
- Não é a mim que vai pagar - completava o outro.
- Sabe que meu dinheiro é contado... Elas devem cobrar mais do que custa um mês de meus bilhetes de transporte! - o dinheiro era a principal desculpa. E de verdade daquela vez.
- Ah mas você não vai escapar assim tão fácil Liam - com um tapa no ombro o motorista chamou a atenção do carona que ainda avaliava a "vitrine" - Ei, me passa cinco pratas!
- O quê?! Por quê?
- Anda logo! Liam, vocês dois aí atrás também. Vamos - era o dinheiro do meu jantar. Em casa não teria nada separado à minha espera. Mas decidi que dormiria com fome mesmo naquela noite.
- Toma. Agora me diz qual é o plano. Sei que isto não vai me custar só cinco pratas!
- Nunca ouviu falar em "consórcio"? Teremos que retornar aqui mais quatro vezes. Em cada vez, um de nós será contemplado com as cinco pratas dos outros quatro, totalizando o valor básico de qualquer uma delas. Vinte e cinco. Você é só o primeiro felizardo. Mas ao fim do mês terá pago sua prostituta como qualquer um teria pago - o carro havia encolhido diante das gargalhadas que o preencheram na sequência e eu não poderia mais recusar aquela oferta. Sob a pena de voltar a ser chacota de um grupo de imbecis, assim como no colégio.
- Certo, vocês me convenceram! Me dá a grana!
Passamos devagar por duas loiras que aparentavam ter entre trinta e trinta e cinco anos. Uma tinha os seios fartos, porém visivelmente artificiais. Enquanto a outra puxava uma meia calça para debaixo da mini saia após ter urinado atrás de uma lixeira.
Eu havia trocado para o banco da frente na altura, e segurava o dinheiro com a mão esquerda entre os joelhos. Lancei meu olhar um pouco além das mulheres que se aproximaram do carro buscando alguma que atraísse minha cobiça sem que ficasse me chamando e fazendo sua "propaganda" de cima do meio fio.
Alternando o olhar entre a rua e a minha expressão, o motorista de repente sorriu: - Acho que o bonitão escolheu finalmente. Sabe que dois quarteirões daqui ficam os travestis né? Tava com medo que pedisse para ir lá!
- Vamos sair daqui - meu tom de voz pareceu um balde de água fria nos ânimos dos meus colegas que demoraram a entender que eu falava sério.
- Para o quarteirão dos travestis? - perguntou o que tinha trocado de lugar comigo no carro.
- Não caralho! Sai logo daqui, dirige - o meio soco, meio tapa que desferi ao motorista fez as notas se espalharem por cima dele e pelo chão do carro. Com as sobrancelhas quase a tocar o couro cabeludo ele acelerou fazendo os pneus fritarem e logo estávamos na avenida principal, próximo à rodoviária outra vez.
- Mas que merda foi aquela seu caipira? Na sua terra não existe mulher? - era nessas horas que se separavam os amigos dos falsos colegas. Um amigo nunca xinga o outro daquilo que ele é de fato. É a descaracterização da ofensa que expressa a cumplicidade mesmo durante uma "bronca".
- A garota que vinha mais ao fundo da calçada. Cabelos castanhos curtos, chapéu na cabeça. Eu pensei que a conhecia.
Eu agora a conhecia de verdade. Eu tinha visto a verdadeira "carreira promissora" da Esther.
- E-eu não sei se consigo continuar doutor. Tudo está vindo em cenas mais confusas agora. Como numa fita acelerada em um videocassete. Mal consigo enxergar uma imagem e ela já foi sobreposta por outras três. Não consigo descrever o que vejo, porque vejo tudo e nada ao mesmo tempo.- Mantenha sua respiração lenta e profunda, o máximo que conseguir Liam. Você ainda está no controle. Você ouvirá dois sons distintos. O primeiro deles fará as imagens saírem de foco como se o brilho de uma TV fosse diminuído gradativamente até que não haja mais imagem.[Click]- O som seguinte vai ser da porta desta "sala de TV" sendo fechada. Você vai retornar tranquilamente para esta sala onde conversamos e abrirá os olhos para encontrar-se com o tempo presente.[Clack]Era uma fechadura. A chave girando pa
Estranhamente não parecia ter se passado muito tempo até que eu estivesse adentrando o pátio mais uma vez. Progredindo de minha postura cabisbaixa habitual para uma rápida avaliação do ambiente, vi que haviam outros lugares onde ficar, inclusive ao sol. Então olhei a velha mesa de refeitório e me afastei dela o máximo que pude. Logo apareceram todos eles.Os bailarinos, os infantis, os vegetais ambulantes, e tinha até mesmo um que pensava que morava num navio, chegando a ficar enjoado quando chovia. Espalharam-se timidamente pelo pátio. As mulheres vieram em seguida pelo lado oposto.Comecei a estudar uma a uma das que eu conseguia ver as feições.Bailarinas, vegetais ambulantes, uma modelo de uns sessenta anos que desfilava entre duas pilastras.Mas ninguém infa
O som elétrico que anunciava a abertura das travas nas portas dos quartos me fez abrir os olhos. Não acreditava que já era de manhã. A lembrança que me ocorrera foi tão intensa e incontrolável que me derrubou inconsciente, me proporcionou uma noite de sono exaustiva, repleta de pesadelos baseados nela. Minhas roupas e lençóis estavam molhados de suor. Ainda estava meio tonto quando sentei-me na cama e vi o bilhete caído no chão.- Droga, preciso dar um jeito nisso - apanhei o bilhete depressa e o reduzi ao formato em que me foi entregue. Hesitei parando diante da latrina. Algo dentro de mim valorizava aquele objeto mais do que o medo de ser apanhado por alguém do sanatório e ter que dar explicações. Não havia lugar seguro para escondê-lo no quarto também.- Ah, mas é claro! - enfiei o papel dentro das calças.
- Liam - o zumbido na minha cabeça fazia com que a voz chegasse até mim como se estivéssemos dentro de um grande silo de metal.- Liam! - abro os olhos. Dr. Bennet está me observando de pé ao lado do divã. Tento me levantar mas não consigo tirar a nuca do estofado. Parece que peso uma tonelada - Você já pode se levantar se quiser. Venha. Eu ajudo - uma mão fria e ossuda me ajuda a ficar sentado. Antes de conseguir endireitar minha cervical trouxe o olhar até o chão acompanhando a posição que havia mudado de horizontal a vertical. Percebi que ao lado dos meus pés estava um balde de plástico verde.Logo eu descobri que precisaria dele.- Não se preocupe meu caro. É completamente normal que o seu organismo aja dessa maneira após o efeito do chá - tentei encarar o velho mas outra onda de suco gástrico subiu pela minha garganta - A boa notícia é que conseguimos o seu depoimento. Está tudo nesta fita - a maneira
Como se não bastasse o zumbido na minha cabeça, o dia que se seguiu havia começado com o chiado constante de um temporal. Para mim, era como se eu estivesse dentro de um canal de tv mal sintonizado, que exibia mais estática do que a programação em si. As vozes que eu ainda ouvia estavam notas mais altas pelos corredores, no refeitório e por fim no pátio onde o barulho era ainda mais ensurdecedor, já que a tormenta despejava uma amostra sua bem em frente aos nossos olhos.Estávamos todos amontoados ao redor de onde caía o aguaceiro. Protegidos da chuva mas já sofrendo pelo frio que o ambiente emanava.O marinheiro gritava e se segurava em uma das colunas. - Virar à estibordo! Virar à estibordo!Eu me desviava daquela pequena multidão indo em direção a velha mesa de refeitório. Na esperança de avistar Amanda. Mesmo que ela
Uma esfera branca e brilhante pairava sobre mim quando abri os olhos. Após algumas piscadelas e uma certa força para focar a visão, percebi que era uma lâmpada no teto.Olhando para os lados não vi nada além de paredes sólidas e amareladas, nenhuma janela à vista. Havia um recipiente de soro a gotejar do meu lado direito e alguns poucos aparelhos que não pareciam estar ligados. Não era grave então. A não ser que eu começasse, de repente a ver meu próprio corpo naquela maca.Isso não aconteceu, no entanto levei um susto igualmente forte quando tentei olhar para o tubo que estava ligado a meu braço.Eu não conseguia erguê-lo. Levantando a nuca do travesseiro percebi que tinha os pulsos, tornozelos e tórax presos àquela maca por grossas tiras de couro e fivelas de aço, como se fossem cintos. Ao mesmo tempo um berro estriden
Dois pares de passos vinham acelerados pelo corredor cerca de dez minutos após Ted ter ido embora. Não havia outro destino possível. Pararam à frente da minha porta.Permaneci imóvel sob o cobertor apenas esperando enquanto a porta rangia sendo puxada para fora.- Liam? Está acordado? - a voz do doutor Bennet era ofegante e continha uma raiva mascarada com dificuldade.Abri os olhos como se estivesse despertando de um sono profundo. Dois podem jogar este jogo doutor. Pensei.- Doutor Bennet? O que está acontecendo? - perguntei apertando os olhos contra a claridade do corredor. Ted estava parado do lado de fora do quarto me observando com o canto dos olhos. A transpiração em sua testa era visível sob a luz esbranquiçada que lhe estava
Olhos abertos que nada viam e a boca era nada mais que um rasgo sem sangue.Meu leito de quase morte tinha uma abertura quadrada na parte logo abaixo da minha cintura. Até aquele momento eu me sentia aliviado em apenas imaginar como seria precisar usá-la. Já que para urinar, Jeff trazia um recipiente que lembrava um regador, cujo pescoço era uma mangueira amarela, cor que não devia ser a original, acoplada numa espécie de balde de plástico cinzento. Eu nem mesmo era mudado de posição para realizar qualquer atividade. Mal conseguia engolir água sem me engasgar, então a sopa que me foi dada, também não descia, apesar da fome ser crescente.Ainda não devia ter atingido a metade do tempo que o doutor dissera que eu tinha até que ele retornasse, e eu já estava praticamen