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PRÓLOGO
BRASIL, RIO GRANDE DO SUL, 04 DE ABRIL DE 2005  JOSEPH FAIRBANKS FOI AO BRASIL passar as férias com sua família no sítio de seu avô, o mundialmente famoso repórter herói da Segunda Guerra Mundial, Christian Fairbanks, o que era uma grande novidade na família, afinal, eles nunca tiveram a oportunidade de estarem todos juntos, porém, todos eles sentiam que era mais um encontro de despedida do que casual. Joseph nunca conseguiu entender o porquê seu avô veio morar tão longe dos Estados Unidos da América – apesar de aquele sítio ser um verdadeiro paraíso, tinha também ali um lago muito lindo do qual uma vez seu pai disse que escondia muitos mistérios.Seu pai, Alan Fairbanks, um jornalista razoavelmente famoso que sempre viveu à sombra do pai, disse certa vez quando Joseph ainda era criança, que se
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1
–– FICOU EXCELENTE, MEU RAPAZ... – Disse David Sherman, editor-chefe do New York Times, eufórico de alegria para o jovem Christian Fairbanks, elogiando-o em sua primeira matéria, que era quase tão brilhante quanto muitas de suas principais matérias feitas até aquele dia.–– Muito obrigado, Sr. Sherman – disse Christian humildemente, tentando esconder o sorriso de emoção –, minha mãe era historiadora de uma universidade na Alemanha antes da Grande Guerra acontecer, se refugiou aqui nos Estados Unidos. Ela me ajudou bastante em toda a pesquisa. Em minha entrevista, o senhor disse que se lhe trouxesse uma matéria completa e bem-escrita sobre o Primeiro e Segundo Reich o senhor me contrataria...Christian estava muito contente com o elogio do editor-chefe do maior jornal da América – senão do mundo –, esperando ansios
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2
JOHN BERNARD SMITH NASCEU em um bairro de classe alta em Nova York, Manhattan, e foi criado para ser um grande executivo para suceder seu pai nos negócios da família que se estendiam há três gerações. Seus pais lhe deram a melhor criação que alguém poderia ter ou sonhar, mas John aos quinze anos de idade teve uma que experiência de vida única que mudou tudo do dia para a noite.John ficou muito doente, e mesmo seus pais sendo uma das famílias mais ricas de Manhattan – para não dizer, dos Estados Unidos da América –, não puderam mudar absolutamente em nada aquele quadro clínico terrível do qual seu único e amado filho tinha que enfrentar daquele momento em diante. John era filho único por ter sobrevivido a um duro processo de gravidez de risco, onde todos os médicos, sem exceção, predisseram a morte dele e de sua m&
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3
CHRISTIAN LEMBROU-SE também que decidiu ser jornalista porque aprendeu o inglês através das páginas daquele mesmo jornal, quando chegou como refugiado da arrasada Alemanha em 1916, ele sabia que havia tido uma vida difícil, mas algo dentro dele dizia que daquele momento em diante tudo seria completamente diferente.Seus pais eram professores na Alemanha antes da Guerra. Seu pai era professor de Gramática e sua mãe professora de História na Universidade de Berlin, mas isso agora, eram apenas lembranças de um passado muito distante, fragmentos de um passado do qual Christian não queria se lembrar mais, afinal, as lembranças tinham o dom de trazer dois tipos de sentimentos, bons e ruins, nesse caso, o passado na Alemanha só trazia dor – muita dor em Christian.Nos Estados Unidos da América, seu pai teve que se rebaixar a trabalhar de carregador de navios e sua
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4
QUANDO SAIU DO HOSPITAL, John ficou sem saber do seu pai por longos vinte anos – até ser noticiada a sua morte em todos os jornais, vítima de um desastre aéreo, morrendo tão rico de bens, quanto pobre de espírito. JOHN VIA SUA MÃE TODA SEMANA às escondidas, ela sempre lhe trazia uma pequena mesada para que pudesse sobreviver bem, afinal, coração de mãe sempre é diferente de coração de pai.–– Minha querida – disse sua mãe à enfermeira certo dia – não sei como agradecer tudo o que fez pelo meu filho, sei que meu marido foi duro com a senhora, peço perdão em nome dele, afinal de saber que é tentar justificar o injustificável, mas saiba que seu carinho e amor para com meu filho não serão esquecidos por mim.As duas mães de John se abraçaram em lágrim
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5
CHRISTIAN CHEGOU EM SUA CASA com uma alegria indescritível transbordando em seu coração, mas teve uma grande e inesperada surpresa desagradável que mudaria a sua vida para sempre. Havia duas viaturas da Polícia estacionadas em frente à sua casa e inúmeros vizinhos – para não dizer, uma pequena multidão – o esperando.Não é possível que minha mãe tenha comentado com todos os vizinhos que eu estaria fazendo uma entrevista no New York Times e todos eles vieram para comemorar...Aquele tumulto era completamente inesperado, afinal, tanto ele, quanto seus pais eram bons vizinhos para todos, não tinha motivo algum aparente para tanto alarde.O que será que está acontecendo?A inquietude tomou conta por completo do coração de Christian, ele foi abordado por um policial grandalhão:&ndash
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6
CHRISTIAN REPETIU as palavras que pensou em voz baixa sem perceber, e, quando caiu em si novamente estava desesperadamente em prantos.O policial estendeu a mão até seu ombro esquerdo tentando inutilmente consolá-lo, ambos perceberam que foi um ato mais constrangedor do que consolador.–– Sinto muito, meu jovem – disse mais uma vez o policial respeitosamente, entendendo que aquele era um momento de muita dor.Logo em seguida, Christian assentiu e o policial saiu silenciosamente sentindo que o mundo havia sido derrubado sob os ombros daquele jovem.Lá fora, o policial pediu:–– Por favor, senhores, vamos deixá-lo em paz por algumas horas, depois podem dar os pêsames, mas nesse momento, ele precisava ficar sozinho. *** HORAS DEPOIS, NÃO TINHA mais ninguém na frente da casa, apenas um carro Ford preto, com duas pessoas dentro.
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7
AS EXPLOSÕES ESTAVAM EM TODOS os lugares, ele não sabia que dentro de poucos dias a Grande Guerra terminaria, mas ele estava no auge do inferno na terra, seu país estava perdendo feio, grande parte de seus amigos já tinham morrido em bombardeios, outros fuzilados na sua frente enquanto estavam escondidos dos exércitos ingleses.Seu pai em um ato de desespero puxou sua família, e ele que, estava doente acabou levando um tiro e seus pais e irmão tinham ido embora para sempre, não poderiam voltar para buscá-lo, senão, poderiam todos morrer, eles tomaram uma decisão e talvez se estivesse na pele deles faria a mesma coisa, só que era ele que havia sido abandonado e aquilo seria um preço que um dia ele certamente iria cobrar.Mas era ele quem estava ali para ser morto pelo inimigo sem ter condições de se defender...Foi então que um milagre acontece
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8
CHRISTIAN DECIDIU VOLTAR andando sozinho para casa, recusou inúmeros convites de carona das poucas pessoas presentes no enterro. Christian queria ficar absolutamente só, talvez para poder se acostumar com a solidão que teria que enfrentar dali em diante.Por mais que as pessoas o cumprimentassem e lhe dessem seus pêsames, nada abrandava aquele sentimento de solidão que ficava no ar. Um garoto estrangeiro que já tinha perdido tudo na Grande Guerra, e agora, estava tudo acabado em seu coração... as migalhas que sobraram jamais poderiam alimentar uma multidão faminta. Teria que começar sua vida do zero novamente, só que dessa vez sem ter ninguém ao seu lado.Seu amigo, Pastor B. Smith, disse:–– Pode contar sempre comigo, irmão.Christian apenas colocou a mão direita em seu ombro esquerdo e seu curto e forçado sorriso já lhe disse tudo..
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9
TODAS AS NOITES ELE SONHAVA com o grito desesperado do irmão, o que o deixava ainda mais em fúria com tudo o que tinha acontecido, sua família o abandonou por achar que estava morto, a vida o abandonou por achá-lo fraco, seu país o abandonou porque nem sequer conseguiu proteger a si mesmo perdendo a guerra, em sua mente até Deus o abandonou por ser uma máquina perfeita de matar e de sexo, duas coisas que simplesmente em sua mente perturbada não combinavam com Deus, mas combinava certeiramente com o diabo.Ele acariciou sua arma, eles eram um só, se aquela pistola tivesse uma alma, Hermann diria que eram almas gêmeas, feitos um para o outro, como um lindo sonho, quase morrera por causa dela, mas se tinha alguma motivação em estar vivo era também por causa daquela arma.***HERMANN ACORDOU E PERCEBEU que estava em uma boa casa do campo, seu corpo estava melhor do que nunca, t
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