SENTIA-SE UM LIXO. Na terceira vez prometera parar e não conseguira. Protelou a decisão e, após dezenas de encontros, assumiu a culpa. Ao menos, agora reconhecia o erro. “A última vez. Dessa vez é pra valer...”, pensou.Jogou água no rosto, ajeitou a gravata e voltou para a mesa. O nervosismo era visível e os colegas o percebiam. Ele olhava para todos os lados, a tremedeira das mãos fazia os dedos sapatearem pelo teclado, os pés não paravam quietos. E ainda havia uma coceirinha a salpicar pelo corpo. Por fim, após quarenta minutos de agonia, a hora do almoço chegou e seus dois companheiros de sala saíram. Tomou ar. A sala pareceu inspirar junto com ele e prender o fôlego. A tensão maculava a brancura das paredes.Do porta-retrato ao lado do computador, ela o observou. Mesmo ali, em um emaranhado de tinta, cores e papel fotogr&aac
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