26 de janeiro de 2018Antes de entrar definitivamente nos pontos que quero tratar, entenda que minhas concepções relacionam-se ao lugar de fala que ocupo socialmente. O lugar de mulher negra de pele clara, pobre e baiana que cresceu tendo sua imagem moldada e ditada pela indústria midiática que atende aos interesses da sociedade patriarcal e estruturalmente racista.Enquanto criança, eu quase não me via na televisão. Não havia quem me representasse. No máximo, eu me encontrava naquela propaganda daquela marca de produtos capilares que colocava uma mulher negra de pele clara, magra, que ao ver o reflexo do seu cabelo crespo e frisado olhava-se com espanto, e a voz da locutora ao fundo perguntava: “Quer ter cabelos lindos e saudáveis?”. E ao fim da pergunta, a mulher negra de pele clara aparecia novamente com seus cabelos lisos e um largo sorriso no rosto. E claro, ela segurava, orgulhosa, a linha completa da marca em questão. Imagine a menina de seis, sete anos que ouvia da sua
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