Desabafando...
Não era uma época de grandes chuvas, mas mesmo assim, aquele temporal repentino durou mais três dias. Rapidamente, as ruas estavam alagadas e tínhamos que retirar a água que empossava no porão, infiltrando pelas paredes de tábuas antigas, começando a fazer alguns estragos. Parecia que quanto mais a umidade entrava na casa, mais seus segredos vinham à tona, como se estivessem escondidos sob o papel de parede que descascava. Às vezes, durante a limpeza, passava a unha do indicador pela casca amarronzada que cobria a madeira, notando que ainda era a mesma matéria prima de anos atrás, quando a casa foi construída, mostrando que a reforma foi feita apenas superficialmente e, agora, a podridão daquele local começava a se mostrar. Através das grandes janelas em modelo colonial, eu podia ver as nuvens cinzentas que cobriam o sol, mantendo a cidade em um eterno estado nublado e aos poucos, névoa começava a se formar, vinda do bosque. Era como se a escuridão causada pelas forte
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