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A mulher da parede...
Os últimos raios solares desapareciam no horizonte, lentamente dando lugar à escuridão da noite, que trazia consigo meus maiores temores. Respirei fundo ao passo que minha mão empurrava a pesada porta de mogno, antiga e imponente, como tudo naquela grande casa, e a vi abrindo com um rangido tão sombrio que arrepiou todos os pelos dos meus braços. A verdade era que aquele lugar era naturalmente assustador devido ao clima pesado em volta dele. Tranquei a porta, acendi as luzes fluorescentes, e caminhei pelos corredores que rangiam a cada passo incerto sobre o piso de madeira polida. A casa estava silenciosa, como se zombasse dos meus medos, ergui os olhos em direção à longa escadaria que, de repente, parecia maior do que o habitual, e suspirei seguindo meu caminho, tentando ao máximo não fazer barulho.Quando finalmente entrei no meu quarto, girei nos calcanhares, trancando a porta às minhas costas e tateei a parede procurando pelo interruptor enquanto meus olhos se dirigiam imediatamen
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Marcas no âmago...
Gritei de puro horror e comecei a me arrastar pelo chão para longe daquela coisa, tateei o piso de madeira, procurando o maldito celular que caiu com a tela virada para baixo e mal iluminava um palmo a minha frente de onde estava caído, mas não o encontrava. Todos os meus pelos se arrepiavam por causa do medo, e nem sequer cogitei a ideia daquele espectro ser fruto da minha imaginação pois sua presença era tão densa que chegava a ser quase palpável.A silhueta sombria se aproximou, erguendo a mão longa e deformada em direção ao meu rosto, deixando-me ainda mais desesperada, não esperei seu toque e, cambaleando, corri em direção à porta, abrindo-a em um estrondo, sai tropegamente do quarto, e corri pelos corredores, deparando-me com a escadaria.Ouvi um novo trovão e no mesmo momento, senti um empurrão violento em minhas costas, fazendo-me rolar escada a baixo, em meio ao completo desespero. Tentei usar os braços para proteger meu pescoço e rosto durante a queda, e então, o som de peque
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Um rapaz, mãe estranha e duras verdades...
Os dois dias em que fiquei internada no hospital passaram lentamente, tomando soro e dormindo a maior parte do tempo, captando algumas informações nos momentos de consciência. Acordei na manhã do terceiro dia, ainda meio grogue e bocejei, sentando na cama. Quando meus sentidos retornaram, notei que minha mãe estava de pé aparentemente me esperando acordar, em uma de suas mãos havia uma bolsa de cor acinzentada que parecia ter roupas dentro, e me fitava com animação. – Você recebeu alta, querida! - exclamou carinhosa enquanto me mostrava as roupas que trouxera, dispondo-as sobre as minhas pernas. – A menos que não esteja se sentindo bem... – Não. Por favor, me leve... – pedi ficando inquieta somente por pensar na possibilidade de ficar presa mais dias naquele lugar deprimente. Assim que terminei de me vestir, e ser obrigada a comer o café da manhã que foi trazido por uma das enfermeiras, finalmente meu pai chegou, mostrando as chaves do carro, sinalizando que já poderíamos ir, passou
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Pronunciamento da polícia...
No dia seguinte, depois de uma noite em claro repleta de dores e pesadelos com cenas do ataque, acordei com o barulho estridente do celular alarmando, tateei o criado mudo, procurando-o e ao encontrá-lo, esfreguei os olhos, tentando enxergar o horário, ainda um tanto sonolenta. Estava confusa por causa dos medicamentos, mas ao perceber que passava das 7h, levantei-me em um salto, quase gritando de dor pelo esforço repentino em minhas costelas fraturadas.Apesar de tecnicamente ainda estar em período de repouso com atestado até a segunda-feira, depois de muito implorar aos meus pais que permitissem a minha volta às aulas, finalmente deixei um pouco o repouso e tentei retomar a minha vida dentro dos conformes. Sabia que aqueles dias estudando apenas em casa com as anotações que me foram emprestadas não seria o suficiente para acompanhar os conteúdos decorridos nos dias em que fiquei de repouso, mas ao menos dessa forma, ficaria longe daquela m*****a casa onde me sentia acuada todo o temp
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Descanso merecido...
Planejamos sair cedo na manhã do sábado, assim poderíamos aproveitar boa parte do dia, porém, uma série de contratempos fez com que conseguíssemos sair apenas depois do almoço e precisaríamos ficar para dormir, mas não perderíamos aula na segunda-feira. Fiz uma pequena mala com uma muda de roupas para o caso de uma pequena emergência, coloquei medicamentos e alguns produtos de higiene e sai do quarto, encontrando meus pais de pé na sala fitando-me com seriedade.– No máximo uma cerveja para não cortar o efeito dos remédios! - meu pai começou, sua voz engrossando em alguns tons. – A dona da pousada foi avisada sobre isso...– Tenham muito cuidado e não esqueçam de colocar protetor solar! - minha mãe completou em um tom um pouco mais sereno. – Se divirtam! Concordei com tudo balançando a cabeça e agradeci a confiança enquanto irrompia pela porta, encontrando meus três companheiros de viagem esperando-me em frente a um carro provavelmente dos pais de Mark, que estava sentado como
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Uma notícia calorosa, mas problemática...
Depois do jantar maravilhoso que tivemos, nos reunimos ao redor da fogueira com algumas latinhas de refrigerante e começamos a contar algumas histórias de terror incentivados pelos uivos causados pelo vento. Como nenhum dos nativos da pequena ilha parecia estar por perto, logo as histórias enveredaram para um caminho mais polêmico, falando dos antigos sacrifícios feitos em agradecimento à fertilidade do ano.– Ouvi dizer que em noites como esta, de lua cheia, os espíritos dos sacrificados podiam ser ouvidos chorando... – Mark comentava surgindo com um fato novo de repente, o que não era nenhuma novidade em vista de que já demonstrara ser um amante do terror e não era incomum vê-lo carregando algum livro do gênero.– Está supondo que existiram sacrifícios humanos nesta região? - Gabriel questionou fitando-o, suas sobrancelhas franzidas como se achasse o comentário do outro um absurdo. – Nem sabemos se essas histórias de sacrifício são verdadeiras.Nenhum dos dois nascera na ilha, e como
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Uma boa ação inesperada...
Quando finalmente nossos pensamentos voltaram a funcionar normalmente e lembramos que estávamos praticamente no relento, deitados na área colocando em resto a recente gestante e eu, que ainda não havia me recuperado por completo, decidimos entrar na pousada, que para a nossa sorte, ainda estava com as portas da entrada abertas, mas o senhor Matos, que também parecia ser o segurança, nos olhava torto, então entramos quietinho e subimos para nossos quartos correspondentes.Como não estávamos com sono, tomamos um banho e ficamos alguns minutos sentadas na minha cama conversando sobre os novos planos da futura mamãe. Karen ainda parecia um tanto confusa em relação a isso, mas me explicou que começara a pesquisar sobre os cuidados que precisaria ter e planejava marcar seu primeiro pré-natal em algumas semanas. E, para a minha felicidade, sua tia estava ciente da gravidez e estava incentivando-a a fazer tudo corretamente e inclusive, havia sugerido que marcaria os exames assim que ela decidi
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Uma notícia preocupante...
Provavelmente fiquei impressionada com as histórias antigas sobre sacrifícios humanos que conversávamos na praia, pois durante o sono tive sonhos perturbadores. Não era incomum ter pesadelos quando estava com meu emocional tão conturbado, porém, em nenhum momento da minha vida, havia sonhado com cenas tão aterrorizantes como aquelas.No último deles, Karen e eu, participávamos de um tipo de celebração, éramos espectadoras silenciosas, sentadas sobre nossos calcanhares e olhando curiosamente ao nosso redor onde grupos de pessoas formavam um círculo no chão de areia suja das cinzas de dezenas de fogueiras que já haviam sido feitas naquele mesmo local.Era uma casa pequena, mas que me parecia muito familiar, a luminosidade era pouca, fornecida apenas pelas lamparinas a óleo, dispostas nos cantos do cômodo, e imaginei que a falta de lâmpadas era proposital para tornar o ambiente mais místico. Meus olhos atentos, fitavam tudo ao redor com ansiedade, tentando descobrir onde estávamos. Basica
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Descobertas de um passado sombrio...
Fui acordada no dia seguinte com uma ligação da minha melhor amiga. Sentei-me na cama ainda um pouco atordoada e tentei entender do que se tratava, me surpreendendo ao descobrir que a conversa teve um resultado ainda pior do que imaginávamos. Karen fora expulsa de casa assim que explicou à mãe que planejava continuar com a gravidez, e depois disso, fizera uma pequena mala e se mudara para a casa da sogra que para a surpresa dos dois, amou a ideia de ser avó. Eu apenas ouvia todas aquelas informações, ficando impressionada, e no final, só pude suspirar de alívio com aquele desfecho.Assim que a ligação foi encerrada, levantei-me para fazer minha higiene matinal, mas antes mesmo de sair do quarto, meu celular tocou novamente em uma nova chamada. Era Gabriel quem ligava me chamando para fazer uma pesquisa na biblioteca. Inicialmente, tenho que admitir, não gostei da ideia pois teria que andar até o outro lado da cidade, mas pensar que além de poder sair um pouco, ainda poderia pesquisar s
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A dor que a consumia...
Sendo honesta, não estava pronta para as informações que encontraria naquele diário, meu emocional ainda estava um pouco debilitado e depois de ler aqueles trechos, senti um forte aperto no peito, ergui meus olhos, fitando ao redor do quarto e pude imaginar vividamente todos os horrores que aquela moça havia passado no interior daquelas paredes.As descobertas eram chocantes, mas encaixavam-se lentamente dentro de um padrão compreensível. A mulher da parede, se chamava Elise e realmente viera do interior para trabalhar como babá das duas crianças da família, dois meninos gêmeos de seis anos de idade que pareciam a amar incondicionalmente. E apesar de ela adorar as crianças, temia muito o patriarca, a quem referia-se somente como Nodier.Inicialmente, ela falava dessas investidas, insegura, cogitando se eram ações apenas para causar ciúmes a esposa, ou se o homem realmente estava dando-lhe uma atenção pouco apropriada, como ela própria citava. Por um tempo, foram apenas estas situações
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