“A empresa de jogos eletrônicos SoniArts vem com novidades para a final do Campeonato Mundial de videogames. Depois de dois meses das primeiras competições até as eliminatórias, saberemos quem será o grande vencedor deste ano aqui, no Brasil.
A nova tecnologia revolucionária da SoniArts, os jogadores não precisarão de joysticks ou qualquer tipo de controle. Com uma realidade virtual aumentada o jogador é teletransportado para o jogo, tendo uma experiência mais ampliada.
Como a final será no Brasil, a empresa formulou um jogo baseado no país, e será lançado logo após o fim do Campeonato.
Coincidentemente, este ano todos os três finalistas falam ou tiveram contato com a língua portuguesa. O brasileiro Henrique dos Santos, o chinês da ilha de Macau, Fernando Chang, e o indiano do estado de Goa Kabir Kamadeva.
Coincidentemente, também, os três finalistas são homens apesar de um grande número de mulheres na competição deste ano. Sendo muitas ficando em boas posições nas disputas. Porém, serão esses três que chegarão amanhã ao Brasil para essa competição acirrada. Então, escolha o seu jogador e torça com a gente!”
Depois de dois meses viajando pelo mundo, Henrique estava em casa novamente. Conhecer o mundo e pessoas diferentes, com costumes diferentes, porém, voltar para casa, ver aquele sol e comer feijão com arroz todo dia fazia uma falta imensa. Ele sentiu a mesma coisa que Tom Jobim quando finalmente viu o Cristo Redentor pela janela, ali ele entendera o sentimento da antiga música do compositor.
Ele não tinha visto os outros dois competidores durante o voo, nem durante o embarque e o desembarque. Só tivera contato com o pessoal da sua equipe. Os demais jogadores que foram eliminados um por um durante as competições. Eram todos muito bons e perderam as disputas com dignidade, Henrique estava orgulhoso de poder representá-los na final.
Chang nunca viajara tanto em um campeonato quanto nesse ano, os organizadores quiseram colocar o mais democrático possível para os competidores e não queria fazer apenas uma sede em um país. Foi uma volta ao mundo, começando na Ásia, agora terminaria na América. Realmente era um país muito bonito e bem longe de casa, ele já estava em terras brasileiras, era outubro, e o calor estava mais forte do que nunca, o sol forte cegava seus olhos o obrigando a usar óculos escuros. Os repórteres também impediam um pouco a sua peregrinação para a van que o levaria ao hotel.
O Campeonato daquele ano fora o mais bombado. O mundo inteiro os acompanhou durante dois meses. Os videogames estavam ganhando força e há muito tempo eram populares não só entre adolescentes mas também, entre os jovens adultos e adultos mais velhos. Muitos que não tiveram contato com os jogos eletrônicos começaram a acompanhar, pois a emoção era a mesma de uma Olimpíada ou Copa do Mundo. A alegria de quem conseguia passar para mais uma fase, a decepção de quem não conseguiu, a emoção de uma virada, a tristeza do seu preferido não estar mais na competição que não impedia de escolher um outro favorito para torcer.
Chang estava feliz por estar lá. Muitas pessoas se impressionaram ao ver os japoneses e os chineses sendo eliminados nas primeiras fases, logo eles que tinham a fama de serem os mais experientes nos jogos e nas estratégias. Os europeus também tiveram um destaque porém, os americanos, desde o Canadá ao Uruguai, conseguiram os melhores lugares desde as primeiras competições.
Finalmente ele chegara na van escura que a organização mandou para a equipe dos competidores. No transporte a prova de som, tudo o que estava do lado de fora desaparecia magicamente. Com tudo em vidro fumê a única coisa que Chang viu do Rio de Janeiro logo depois de sair do aeroporto foi o hotel Copacabana Palace.
Kabir repousava em seu quarto de luxo depois de uma longa e cansativa viagem. Ele dormira, o sol ainda estava pino, quando olhou pela janela a noite já ia alta. Ficou meio ansioso, não conseguiria dormir a noite e no dia seguinte seria a final, deveria estar disposto a aguentar o último desafio e vencer o Campeonato. Todos estavam de olho no prêmio que chegava na casa dos milhões, além de ter o reconhecimento de um jogador profissional.
Ele abriu a janela e sentiu a brisa do mar junto com o mormaço quente por conta do calor que fizera de dia. A Avenida Atlântica encontrava-se vazia, algumas lojas já estavam fechando, só alguns andarilhos andavam na areia para seu último mergulho. Kabir respirou fundo, fechou os olhos e ouvia o barulho das ondas que chegavam na janela, ele sentia a brisa fria na sua pele, o cheiro da maresia entrava pelas suas narinas. A quentura do asfalto lá embaixo misturava-se com aquelas sensações permeando sempre um calor abafado em seus poros.
O indiano espreguiçou-se e olhou para seu quarto. Era uma suíte de luxo no hotel mais famoso do país. Não se admirara muito com aquele quarto, no mundo havia outros muito mais luxuosos.
Amanheceu, todos da equipe da organização do Campeonato, mais os participantes chegaram bem cedo ao local do evento. Muitos dos espectadores já estavam na entrada esperando a hora.. Ao longo do Campeonato, todos jogadores foram acumulando fãs mas, principalmente os três finalistas. Aquele trio era o favorito de qualquer um. Chamavam a atenção também pela aparência, os três eram muito bonitos.
Não seria estranho uma legião de meninas o seguindo. Henrique era negro, tinha uma estatura média, seu cabelo rastafári preso em um rabo de cavalo revelava um pescoço comprido e logo depois vinha suas costas largas, tinham os olhos negros brilhantes e uma boca bem desenhada com lábios grossos destacava-se na face. Fernando Chang, era mais baixo, tinha um corpo mais delgado, os olhos pequenos pareciam ter sido desenhados e cortados por algum artista plástico. Dentro daquele corte duas bolinhas castanhas foram colocadas, em seu rosto haviam duas bochechas proeminentes e lábios desenhados assim como os olhos desenhados com nanquim de uma forma muito delicada. Kabir, era o maior dos três, era musculoso, todo o seu corpo era bem definido, seu peitoral largo destacava-se ainda mais pela pele morena, esta pele que também destacava seus olhos claros, eram duas pérolas esverdeadas. Notava-se um certo nervosismo nos finalistas. Não pelo jogo, muito mais por ter que encarar aquela multidão.
A organização escolheu a Cidade do Rock para fazer o evento. Queriam fazer a final assim como o festival. Como atração principal o campeonato mas, dentro da cidade haviam exposições das empresas patrocinadoras, com competições amadoras de videogames entre os espectadores, os novos lançamentos, etc. A final duraria três dias, no entanto, todos queriam comparecer ao primeiro onde a competição seria exibida no telão, nos outros dias apenas os melhores momentos seriam mostrados, o jogo inteiro seria exibido na TV como um reality show.
A hora tinha chegado, em frente a uma multidão frenética e a um telão gigante colocado. Os três esperavam o apresentador explicar como funcionaria. A primeira coisa que foi revelada era a nova tecnologia que a SoniArts trazia.
“A nova tecnologia da SoniArts, trará ao jogador uma experiência nova. Não há mais avatares, você será o personagem principal da história. Se conecte com a tela e transporte-se para dentro do jogo e destrua você mesmo os chefões.”
Aquilo impressionou um pouco os participantes. Quando se ouviu que o jogador seria teletransportado, não sabiam que era literal. Mas ao ver três plataformas que pareciam ter acabado de sair do “Jornada nas Estrelas” e os assistentes entregando-lhes um dispositivo minúsculo para se colocar atrás da orelha e lentes de contato viram que realmente entrariam no jogo.
Pediram para os três se posicionarem nos lugares, já estava chegando a hora. O pequeno dispositivo atrás da orelha era para conectar-se ao mundo real, era ele que faria os jogadores voltarem para a realidade e que não sofressem qualquer tipo de ferimento verdadeiro dentro do jogo As lentes seriam as suas “telas” do computador, mostraria diante dos olhos do participante as instruções do sistema.
O apresentador continuou a falar agora, explicando como o desafio final seria.
“Nesta última fase, será um desafio de pontos corridos. Esses pontos serão distribuídos em categorias: Estratégia, Recompensa, Velocidade em atingir o objetivo, Objetos coletados, Trabalho em equipe, Habilidades ou Carismas adquiridos. Caso consigam algum objeto extra, dentro do jogo, terá pontos a mais. Os competidores não serão adversários. Em alguns níveis, deverão agir em equipe e como dito antes, isso contará pontos para a competição.
Em nosso jogo, vocês serão caçadores de recompensas que viajam pelos vilarejos e cidades matando monstros em busca de dinheiro. Os seres míticos serão variados, alguns mortais e outros podem até te ajudar. Poderão ter a opção de aceitar ou não o trabalho, os três iniciarão no mesmo ponto. Como homenagem ao país-sede, o tema será as Lendas Brasileiras. Boa sorte aos três e divirtam-se jogando!
Erroneamente remetido a pessoas que nascem apenas nos Estados Unidos, a palavra “americano”, na verdade refere-se aos nascidos na América, continente com 35 países distintos.
Memórias, não são só memóriasSão fantasmas que me sopram aos ouvidosCoisas que eu nem quero saberHenrique acordou recuperando todo o fôlego que ele não se lembrava de ter perdido. Uma sensação de acordar de um pesadelo ou respirar pela primeira vez depois de uma apneia demorada. Ele estava deitado em uma cama de madeira e colchão duro olhando para um teto inteiramente branco.Decidiu se levantar e viu que não tinha quase nada dentro do quarto: Uma mesa de cabeceira e um guarda-roupa antigos assim como a
Eu quero entrar na rede Promover um debateHenrique rolava no chão de tanto rir, as lágrimas rolavam pelo rosto e abraçava a sua barriga que doía por conta do esforço e mesmo assim, não parava. De frente a taciturnidade de Kabir que sentava-se ereto sobre a cadeira, os dedos apoiados sobre o joelho, pressionavam na medida que a risada aumentava. Ele continuava sério, porém, parecia bastante irritado.Chang estava parado sentado em uma cadeira sem nenhuma alteração. Apenas olhava o embate dos dois. Um muito sério e aparentemente mal-humorado e o outro despreocupado rindo até as lágrimas escorrerem
A lavadeira do rioMuito lençol pra lavarFica faltando uma saiaQuando o sabão se acabarMas corra pra beira da praiaVeja a espuma brilharO grupo que se encontrava em frente ao portão, era feito somente de mulheres das mais variadas idades. Vestiam camisas largas e saias longas e rodadas, todas elas traziam amarradas ao corpo um avental e um lenço na
E as crianças fazemEi, me dá a mãoPorque me deixa só?Antes de voltar para casa, Henrique parou em uma vendinha e comprou o que faltava na despensa. Alguns legumes, verduras, ele queria comprar uma galinha. Uma galinha só pra ele... e esfregar na cara de Kabir. “Hehehe, uma galinha só pra mim”Com uma sacola cheia de comida numa mão e uma galinha na outra, Henrique chegava à sede dos Çuácêpés, tocou o interfone para alguém abrir, ao chegar na varanda só encontrou Kabir tomando chá com aquela cara séria esc
Nem toda feiticeira é corcundaNem toda brasileira é bundaMeu peito não é de siliconeSou mais macho que muito homemHenrique não suportava mais aquela calmaria constrangedora. Perto de Kabir ele pisava em ovos. O indiano não falava e quando abria a boca era monossilábico e geralmente palavras duras de repreensão. Ele pegava comida só para si. Ninguém vinha pedir ajuda com alguma alma penada, resolveu então ir procurar missões sozinho.Indo pela estrada de ch&a
Garçom!Olhe pelo espelhoA dama de vermelhoQue vai se levantar_Eu sou um rato! Eu sou um rato!Chang gritava mais alto que os ganidos dos fantasmas que eles capturaram. Henrique não era muito delicado com as coisas, foi cuidar da ferida de Chang, causado pela Viúva Machado. Os quatro buraquinhos abertos do lado do abdômen.O problema foi que ele colocou álcool demais. Aquilo adentrou nas quatro perfura&cced
Só enquanto eu respirarVou me lembrar de vocêSó enquanto eu respirarOs dois não viam Chang desde o hospital. Uma enfermeira disse que viu um oriental e uma menina saindo correndo do prédio. Chang fora buscar café para Henrique e não voltou mais e eles já estavam na sede com peças de roupas novas que compraram com o dinheiro da recompensa, a maioria bermudas de pano, leves para aguentar o calor, deu para comprar sapatos também. Kabir comprou três pares para cada um. Um tênis fechado sem cadarços, uma sandália aberta de couro que via-se muito pelo nordeste do país e um par de ch
No meu Opala preto com cinzeiroespelhado e veloz a rodarUSE O DINHEIRO PARA COMPRAR ARMASEles deixaram as roupas mais curtas para Chang. Deduziram que caberiam nele. As roupas serviram bem mas, eram curtas e ajudavam a destacar a sua aparência infantil. O short de pano grosso com a barra dobrada, mostrava toda a região das coxas bem torneados dele.Ele preferiu usar a sandália de couro que, coincidentemente, combinava com o colete que ele ganhara. A camiseta de alça vermelha expunha, os braços e antebraços, assim como suas coxas, bem torneados.Henrique já criara