capítulo 2

Gabriel narrando

Eu sempre fui um garoto atencioso e gentil, apesar de meu pai me treinar para ser seu sucessor, nunca levei muito a sério. Desde pequeno, fui fascinado pelo mundo da moda e acabei abrindo minha própria agência de modelos, que hoje é uma das melhores do ramo.

Tudo mudou quando minha mãe faleceu devido a uma doença, e meu pai, incapaz de viver sem ela, acabou tirando a própria vida. Fui obrigado a assumir os negócios da família, que incluíam a máfia. Com essa nova responsabilidade e a recente perda, tornei-me um homem frio e implacável, capaz de eliminar aqueles que tentam me desafiar. Tenho apenas uma regra: não machucar mulheres e crianças.

Meu dia já começava estressante, com diversos assuntos para resolver na agência e tudo parecendo dar errado. A voz de Lucas me chama de volta à realidade.

"Gabriel? Gabriel? Ei, está me ouvindo?" - ele me tira do transe.

"Estou. Aconteceu algo?" - vou até minha mesa.

"Precisamos de novas modelos para a empresa, o pessoal está nos pressionando por rostos novos" - o desespero na voz de Lucas é palpável.

Lucas é como um irmão para mim, sempre ao meu lado. Às vezes, ele se desespera com questões fúteis, mas sei que posso contar com ele.

"Então contrate, qualquer modelo se interessaria em trabalhar em nossa agência" - tento ajudá-lo.

Ele se aproxima, preocupado, como se quisesse dizer algo.

"Diz, Lucas, o que te preocupa?" - incentivo a falar.

"O pessoal comenta que você não está mais focado na agência, e eu começo a achar o mesmo!" - sua preocupação transparece.

Respiro fundo e me aproximo da janela, observando a paisagem. A preocupação de Lucas me atinge, mas não me importo com o que pensam sobre mim.

"Deixem que falem, você sabe que não me importo com a opinião alheia" - respondo, sem dar importância.

"Eu sei que você não se importa, Gabriel, mas estou preocupado com você! Há dias em que parece distraído com a empresa" - ele expressa sua inquietação.

Me viro para ele e me aproximo do computador, mostrando-lhe uma lista.

"São os homens que me devem, aqueles a quem ajudei quando estavam endividados e que até agora não me pagaram! Isso já faz anos" - meu tom reflete a frustração.

Lucas puxa o computador, examinando os nomes.

"Eu te ajudo com isso! Mas antes, vamos resolver o problema da agência. Depois, eu me encarrego de lidar com cada um desses nomes!" - ele se compromete.

Eu sabia que havia escolhido a pessoa certa para estar ao meu lado. Ele me apoia na agência e nos assuntos da máfia.

"O que sugere?" - pergunto, aguardando sua proposta.

"O pessoal das revistas quer caras novas, mulheres desconhecidas! Então pensei em começar com uma modelo do zero, ensinar tudo a ela e transformá-la na nova estrela das capas de revista!" - ele sugere.

A ideia dele é boa, mas pondero sobre o trabalho que isso demandaria e a quantidade de garotas que se candidatariam.

"Se não der certo, você será responsável pelo que acontecer!" - alerto.

Lucas sai da sala confiante de que dará certo. Eu não me preocupo com esse assunto, pois sei que o deixei nas mãos certas.

Uma coisa era certa: a tensão me consumia. Mesmo com Lucas prometendo ajudar com o outro assunto, a situação me deixava nervoso. Não era pelo dinheiro, mas sim pela questão de honra. Eles prometeram me reembolsar o empréstimo e não cumpriram, o que me irritava profundamente.

Precisava relaxar, aliviar a tensão. Para mim, relaxar não significava bares ou boates com mulheres. Correr era minha forma de liberar a adrenalina.

Eu estava ausente e precisava me desconectar da pressão que me cercava. A pista de corrida era o meu refúgio, o lugar onde podia me libertar de todas as preocupações. Saio do carro e me sento na arquibancada para observar os outros corredores quando escutei uma voz:

“Quanto tempo, você sumiu! Eu senti sua falta” - sinto uma boca tocando em meu pescoço.

"Bia, é você?" - me viro ao sentir uma boca em meu pescoço.

"Estou morrendo de saudades. O que acha de nós dois sairmos daqui?" - a voz dela transbordava desejo.

A proposta dela era tentadora, uma distração bem-vinda para afastar minha mente dos problemas. Sem pensar duas vezes pego duas mão e sigo para meu carro, abro a porta do passageiro do carro e a convido a entrar.

Enquanto dirigíamos, a presença de Bia ao meu lado trazia um alívio temporário. Ela era uma válvula de escape em meio ao caos que me cercava.

No fundo, eu sabia que aquilo era apenas uma fuga momentânea, uma forma de adiar os desafios que me aguardavam. A tensão e as responsabilidades continuavam ali, aguardando meu retorno.

Mesmo com a distração de Bia ao meu lado, a sensação de inquietação persistia. As preocupações e os compromissos não desapareceriam com uma simples escapada. Eu precisava enfrentar os desafios de frente, sem fugir.

Enquanto seguia pela estrada, a sensação de incerteza pairava sobre mim. A vida de um mafioso e empresário não permitia descanso, e eu sabia que teria que lidar com as consequências de minhas escolhas, mesmo que isso significasse enfrentar o desconhecido.

Mas o dinheiro que aquele homem me deve irei cobrar a todo custo.

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