Saber que o Gabriel estará ao meu lado, me deixa mais calma, mais tranquila para enfrentar essa nova fase que está por vir. Por um instante fico pensando, será que minha mãe vai ficar feliz com essa notícia? — Gabriel? - o chamo com a voz baixa — você ... .você acha, acha que devo contar para minha mãe? Vejo ele me olhar de canto e respirar fundo antes de me responder. —Não precisa pensar nisso agora meu amor, mas se você quiser contar eu irei te apoiar, afinal ela é sua mãe e te ama! Porém eu não quero nosso filho tendo nenhum tipo de contato com seu pai! Espero que entenda.— Eu entendo! Eu também não quero meu pai perto do nosso filho, mas minha mãe apesar de tudo ela sempre me defendeu e ficou ao meu lado. E quero que ela esteja ao meu lado nesse momento em minha vida.Gabriel então segura minha mão em forma de apoio, como se fosse uma forma de mostrar que estará ao meu lado em qualquer decisão que eu fosse tomar. Vejo a porta se abrindo e Lucas entrando pela sala. Ele então
Rafael narrando...Um mês naquela cama de hospital. Cada segundo parecia um lembrete cruel do fracasso, da humilhação. Gabriel quase me matou, e por quê? Por que ele sempre tem que se meter onde não é chamado? Ele acha que, só porque tem o respeito do nosso pai, pode ditar o que acontece com a minha vida. Mas está enganado. Se ele pensa que vou abaixar a cabeça e acatar as vontades dele e as do velho, está redondamente enganado.Daqui a poucos dias estarei de pé novamente. E será o momento perfeito para começar a planejar a minha volta. A revanche está chegando, e quando acontecer, Gabriel vai ver quem realmente deveria ser o Dom. Eu era para ser o homem com poder na máfia, eu era para estar no topo.E a Júlia? Ah, a Júlia é minha. Sempre foi. Desde o momento em que Luciano a mandou para os Estados Unidos e me deu a responsabilidade de cuidar dela, eu soube. Ela é perfeita. Linda, obediente, moldada para ser a minha esposa. Eu já tinha tudo planejado, o casamento, a vida que teríamos
Rafael narrando...Luciano estava me esperando no lugar de sempre, no seu escritório escuro e abarrotado de lembranças de um tempo em que ele era temido, respeitado. Era um homem difícil de decifrar, mas hoje eu sabia que ele estava do meu lado. Sempre esteve. Quando entrei, ele levantou os olhos do copo de uísque que segurava, como se já esperasse que eu estivesse pronto para o próximo passo.— Rafael — ele disse, fazendo um gesto para que eu me sentasse. — Já soube da sua alta. Está recuperado?— Recuperado o suficiente. — Respondi, me acomodando na poltrona de couro à sua frente. — Mas isso não é o que importa agora. Estou aqui para falar de Gabriel.Os olhos dele brilharam por um momento, e ele soltou um riso baixo, quase irônico.— Gabriel, sempre Gabriel. A sombra que te persegue, não é? — Ele fez uma pausa, observando meu rosto. — O que você quer fazer, Rafael? Estou ouvindo.Endireitei-me na cadeira, sentindo a fúria ferver em minhas veias, mas mantendo o controle. Isso precis
Gabriel narrando…Fiquei impressionado com o que a senhora Helena me falou. Como o próprio pai tem coragem de fazer isso com sua única filha? Sei muito bem que o Luciano nunca amou a Julia como filha, pois sempre a criou para ser sua moeda de troca, porém agora ela é minha mulher e ninguém vai poder machucá-la. Saio dos meus pensamentos com os passos do Lucas chegando para me passar a agenda do dia. — Gabriel, bom dia. Hoje seu dia está tranquilo na agência, só terá algumas pendências na máfia, que não tem como adiar mais. Pois, já estão questionando suas faltas.— Certo Lucas, confirme tudo. Hoje eu voltarei ao controle de tudo. E apesar de não achar necessário, prepare a sala de treinos, irei treinar a Julia, tem uma ameaça chegando e quero minha esposa preparada.— Sim, senhor… — fala o Lucas e eu sorrio, pois ele nunca tinha falado assim comigo. — O que foi, Lucas? — pergunto. — De repente você voltou a ficar sombrio. Achei melhor manter o respeito.— Lucas, você sempre foi m
Helena Narrando...Eu estava sozinho na sala, olhando o relógio que parecia se mover mais devagar a cada segundo. Meus pensamentos não paravam, girando em torno da última conversa que tive com Gabriel. Ele tem essa intensidade, essa fúria que me preocupa, principalmente quando o assunto é o Luciano. Falar para ele sobre os planos de Luciano e Rafael foi um risco. Eu sabia. Mas o que mais eu poderia fazer? Minha filha não está meio disso, e meu instinto sempre foi observado-la a qualquer custo. Ainda assim, sinto como se tudo tivesse saído do meu controle desde o momento em que Júlia foi enviada para os Estados Unidos.O som do telefone interrompeu meus devaneios. Meu coração acelerou, um pressentimento sombrio me invadindo. A voz do Lucas do outro lado da linha me trouxe um rompimento e, ao mesmo tempo, uma nova preocupação.— Senhora Helena, eu sou o Lucas, assistente pessoal do Gabriel. — ele começou, sua voz séria, mas gentil. — Estou indo ao Brasil a mando dele. Ele pediu para que
Lucas Narrando...Eu sabia que algo estava errado assim que Gabriel pediu para ficarmos a sós. Ele não é o tipo de homem que pede ajuda, especialmente não de mim. Sempre foi ele que resolveu os próprios problemas, sem hesitar, sem se mostrar vulnerável. Então, quando ele me encarou com aquele olhar sério, percebeu que o assunto era mais delicado do que eu imaginava.— Lucas, preciso que você faça algo por mim — disse ele, a voz grave, mas relacionado a uma preocupação relatada via nele.— Como assim? — perguntou, surpreso. Gabriel sempre foi o tipo de pessoa que lidava com tudo sozinho, o que me fazia questionar o que poderia ser tão sério a ponto de ele precisar de mim dessa vez.— Sinto que preciso de sua ajuda, pois não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo — ele respondeu, cruzando os braços. — Vou ficar aqui cuidando da minha coelhinha e do bebê que ela está esperando, e você vai para o Brasil. Preciso que traga minha sogra, Helena, para cá. Não vou, e não posso, deixá-la na
Júlia narrando...Fiquei estática por alguns segundos, tentando absorver o que ele acabara de dizer. A ideia de ter minha mãe aqui, depois de tanto tempo, trazia uma mistura de alívio e ansiedade. Sentia meu coração acelerar, quase como se algo dentro de mim estivesse finalmente encontrando seu lugar."Minha mãe..." murmurei, mais para mim mesma do que para ele.Gabriel me olhava com aquele sorriso tranquilo, como se soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Ele sempre parecia saber, mesmo quando eu mesma não entendia.— Ela vai ficar surpresa quando me ver, já que não falei nada sobre minha gravidez. — Respirei fundo, acariciando minha barriga. Era estranho pensar que, em poucas horas, ela veria o neto que ainda não tinha ideia que existia.— E tenho certeza que ela vai amar conhecer nosso filho. — Gabriel se aproximou, envolvendo-me com um abraço. Sentir seu calor e o ritmo constante de sua respiração me acalmava. Ele parecia tão seguro, tão certo de tudo. Eu queria absorver ess
Julia narrando Mais um dia se inicia, trancada dentro de casa, sem amigos, sem vida social, apenas absorvendo lições sobre como comandar uma empresa. Minha mãe entra no quarto e me lembra que meu pai está me esperando."Mãe, eu não quero ir com o papai para a empresa! A senhora sabe que não é isso que quero para a minha vida!" - minha voz transmite tristeza."A vida é feita de escolhas, filha, e tenho certeza de que isso é o melhor para você. Agora vá logo antes que seu pai fique bravo!" - a resposta de minha mãe ecoa em meus ouvidos.Respiro fundo, sabendo que nada do que eu diga fará diferença. Assim que minha mãe sai, troco de roupa e me preparo para o dia que me aguarda.Meu pai me repreende assim que me vê: "Quando você irá aprender a ter responsabilidade e acordar na hora certa?""Desculpa, pai," respondo, evitando seu olhar.O silêncio nos acompanha até a empresa, refletindo a falta de assuntos entre nós. As conversas se resumem a como eu devo cuidar do império familiar, um le