O pedestal, agora vazio, parecia pulsar com uma energia invisível, como se esperasse ansiosamente pela escolha de Kael e Lírica. O ambiente ao redor oscilava entre silêncio e um murmúrio inquietante, como um sussurro vindo das próprias paredes do salão.— Não podemos demorar. — Disse Kael, ainda segurando a mão de Lírica. O Coração de Noctis brilhava intensamente em seu peito, como se implorasse por ação.— Kael, e se tomarmos a decisão errada? — Perguntou Lírica, sua voz carregada de incerteza. Seus olhos fixaram-se nos dele, buscando confiança em meio ao caos interno.Kael apertou a mão dela com força, seus olhos refletindo determinação.— Não importa qual seja a escolha. Faremos isso juntos. Sempre juntos.Darius observava de longe, seus olhos carregados de uma mistura de culpa e resignação. Ele sabia o peso que aquela decisão carregava, mas havia algo mais em seu olhar, algo que ele ainda não havia revelado.— Vocês podem tomar a decisão que quiserem, mas lembrem-se: todo poder te
— Eu escolho carregar o Coração. — Disse Kael, sua voz firme, mas seu olhar buscando confirmação nos olhos de Lírica.Lírica apertou sua mão com força, um sorriso determinado nos lábios.— Se esse é o nosso caminho, eu estou com você. Sempre.Assim que as palavras foram pronunciadas, o Coração de Noctis brilhou com intensidade, expandindo uma onda de luz dourada que os envolveu completamente. A sala onde estavam desapareceu, e eles foram levados para um espaço etéreo. Ali, as vozes sussurrantes cessaram, e o silêncio tomou conta.— Vocês fizeram a escolha mais difícil. — Disse uma voz profunda e reverberante, que parecia vir de todos os lados. — Carregar o Coração é mais do que um fardo. É uma promessa. Um vínculo que transcende o tempo e a mortalidade.Kael e Lírica se viraram, tentando localizar a origem da voz. Diante deles, formou-se uma figura luminosa, um ser feito de energia pura. Seus contornos eram indistintos, mas emanava uma força antiga e inabalável.— Quem é você? — Pergu
A porta que emergiu das runas pulsava com uma energia intensa e inquietante. A textura era cristalina, mas ao mesmo tempo parecia líquida, ondulando como se fosse um espelho vivo. Cada vez que Kael e Lírica se aproximavam, suas imagens refletidas não pareciam apenas imitá-los, mas desafiá-los com expressões distorcidas e enigmáticas.— Este lugar é... diferente. — Disse Lírica, estendendo a mão para tocar o espelho. O reflexo dela sorriu antes que seus dedos encostassem na superfície, como se estivesse zombando.— Espere! — Alertou Kael, segurando-a pelo pulso. — Algo está errado. Esse lugar está vivo. Ele quer que entremos, mas... não sabemos o que nos espera.Darius, ainda parado ao fundo, observava com uma expressão dura.— Essa é a essência do Labirinto dos Reflexos. Ele mostrará não apenas quem vocês são, mas quem temem ser. O Coração precisa ter certeza de que seus portadores são mais fortes do que suas dúvidas.Kael trocou um olhar com Lírica, sentindo a tensão crescente. Final
O campo aberto, onde a sensação de tranquilidade os envolvia, começou a mudar de forma. O céu estrelado escureceu, como se uma cortina de sombras fosse puxada sobre a luz. O ar ficou pesado, e um frio cortante se espalhou pelo lugar. Kael e Lírica sentiram os pelos de seus corpos se eriçarem enquanto uma presença poderosa surgia ao longe.— Algo está vindo. — Disse Lírica, seu tom firme, mas seu olhar atento captava cada detalhe da mudança ao redor.Kael segurou sua mão, seu instinto de proteção pulsando.— Este não é mais um teste. Isso é real.Diante deles, a figura de um homem encapuzado emergiu das sombras. Seu manto negro parecia absorver toda a luz ao redor, e seus olhos brilhavam como dois sóis vermelhos. Ele carregava uma espada imensa, cuja lâmina parecia feita de pura escuridão.— Kael e Lírica. — Disse a figura, sua voz grave e cheia de uma autoridade antiga. — Vocês carregam o Coração de Noctis, mas não provaram que são dignos de enfrentá-lo.— Quem é você? — Perguntou Kae
As runas nas paredes da sala iluminada por tochas começaram a brilhar, como se respondessem à energia que Kael e Lírica emanavam. O Guardião, agora em silêncio, virou-se para um portal que começava a se formar no centro do salão. A energia pulsante que irradiava do portal parecia puxá-los, chamando-os para o próximo passo de sua jornada.— O que há além deste portal? — Perguntou Kael, sua mão ainda segurando a de Lírica com firmeza.O Guardião voltou-se para eles, sua expressão indecifrável.— Além dele está o próximo fragmento do equilíbrio que vocês precisam proteger. Mas cuidado. O que vocês encontrarão lá não é apenas um desafio físico, mas uma parte de quem vocês eram... e de quem temem se tornar.Lírica franziu o cenho, sua respiração se tornando mais pesada.— Isso não parece um teste comum.O Guardião balançou a cabeça.— Porque não é. Vocês enfrentarão ecos do passado, memórias distorcidas e verdades que prefeririam esquecer. Mas somente enfrentando-as poderão seguir adiante.
Os lobos das sombras avançaram com fúria, suas presas brilhando à luz espectral da lua. Kael e Lírica se moviam como uma unidade perfeita, atacando e defendendo em sincronia, seus movimentos tão fluidos quanto um rio atravessando pedras. Apesar de sua força e habilidade, o número de adversários parecia interminável.— Eles não param! — Gritou Kael, desviando de uma mordida e contra-atacando com um golpe poderoso que derrubou dois lobos ao mesmo tempo.— Eles não são reais, Kael! São feitos da escuridão. Precisamos encontrar a fonte disso! — Respondeu Lírica, sua voz firme enquanto saltava para evitar um ataque.Celina, observando do alto de uma pedra coberta por musgo, cruzou os braços com um sorriso enigmático.— Vocês podem lutar a noite inteira, mas nunca vencerão assim. A resposta não está na força. Está na escolha.Lírica virou-se para encarar sua mãe, o coração pulsando forte.— Que escolha? O que você quer de mim?Celina ergueu a mão, e os lobos congelaram, como marionetes cujo
Capítulo 1: O Uivo na EscuridãoA lua cheia pairava no céu, uma esfera prateada que iluminava a floresta com um brilho fantasmagórico. O vento soprava entre as árvores antigas, carregando o cheiro de terra molhada e madeira queimada. Para Kael, era apenas mais uma noite solitária — o tipo de noite que havia se tornado tão familiar quanto o som de seu próprio batimento cardíaco.Ele caminhava entre as sombras, sua forma lupina quase indistinguível do ambiente ao redor. O pelo negro como carvão o tornava invisível à luz da lua, mas seus olhos brilhavam em um tom dourado que denunciava sua presença para qualquer um que olhasse de perto. Não que houvesse alguém por perto. A essa altura, Kael já sabia que ninguém ousava se aventurar tão profundamente na floresta proibida, um território que até mesmo as alcateias evitavam.Ele não tinha escolha. Como renegado, o exílio era sua única opção. E essa floresta — perigosa e imprevisível — era o único lugar onde ele podia existir sem medo constant
A floresta parecia respirar ao redor deles, viva com sons sutis que apenas os lobos podiam captar. Galhos se curvavam com o peso do vento, folhas dançavam no ar, e, ao longe, o uivo de uma coruja cortava o silêncio. Kael mantinha a postura rígida enquanto Lírica se apoiava em seu braço, os passos dela hesitantes, mas teimosos.O cheiro de sangue ainda pairava no ar, um lembrete de que a batalha havia sido vencida, mas não a guerra.— Você está desacelerando — Kael comentou, sem olhar para ela.Lírica soltou um suspiro exasperado, erguendo o queixo.— Eu estou ferida, não morta.Ele lançou um olhar de canto de olho, o brilho dourado de seus olhos visível mesmo sob as sombras.— Por enquanto.Ela ignorou o comentário. Lírica não era do tipo que demonstrava fraqueza, mesmo quando cada passo fazia sua visão escurecer por um instante.— Quanto tempo até chegarmos ao vale? — perguntou ela, tentando soar firme.Kael não respondeu imediatamente. Ele conhecia bem a floresta e sabia que o camin