A porta que emergiu das runas pulsava com uma energia intensa e inquietante. A textura era cristalina, mas ao mesmo tempo parecia líquida, ondulando como se fosse um espelho vivo. Cada vez que Kael e Lírica se aproximavam, suas imagens refletidas não pareciam apenas imitá-los, mas desafiá-los com expressões distorcidas e enigmáticas.— Este lugar é... diferente. — Disse Lírica, estendendo a mão para tocar o espelho. O reflexo dela sorriu antes que seus dedos encostassem na superfície, como se estivesse zombando.— Espere! — Alertou Kael, segurando-a pelo pulso. — Algo está errado. Esse lugar está vivo. Ele quer que entremos, mas... não sabemos o que nos espera.Darius, ainda parado ao fundo, observava com uma expressão dura.— Essa é a essência do Labirinto dos Reflexos. Ele mostrará não apenas quem vocês são, mas quem temem ser. O Coração precisa ter certeza de que seus portadores são mais fortes do que suas dúvidas.Kael trocou um olhar com Lírica, sentindo a tensão crescente. Final
O campo aberto, onde a sensação de tranquilidade os envolvia, começou a mudar de forma. O céu estrelado escureceu, como se uma cortina de sombras fosse puxada sobre a luz. O ar ficou pesado, e um frio cortante se espalhou pelo lugar. Kael e Lírica sentiram os pelos de seus corpos se eriçarem enquanto uma presença poderosa surgia ao longe.— Algo está vindo. — Disse Lírica, seu tom firme, mas seu olhar atento captava cada detalhe da mudança ao redor.Kael segurou sua mão, seu instinto de proteção pulsando.— Este não é mais um teste. Isso é real.Diante deles, a figura de um homem encapuzado emergiu das sombras. Seu manto negro parecia absorver toda a luz ao redor, e seus olhos brilhavam como dois sóis vermelhos. Ele carregava uma espada imensa, cuja lâmina parecia feita de pura escuridão.— Kael e Lírica. — Disse a figura, sua voz grave e cheia de uma autoridade antiga. — Vocês carregam o Coração de Noctis, mas não provaram que são dignos de enfrentá-lo.— Quem é você? — Perguntou Kae
As runas nas paredes da sala iluminada por tochas começaram a brilhar, como se respondessem à energia que Kael e Lírica emanavam. O Guardião, agora em silêncio, virou-se para um portal que começava a se formar no centro do salão. A energia pulsante que irradiava do portal parecia puxá-los, chamando-os para o próximo passo de sua jornada.— O que há além deste portal? — Perguntou Kael, sua mão ainda segurando a de Lírica com firmeza.O Guardião voltou-se para eles, sua expressão indecifrável.— Além dele está o próximo fragmento do equilíbrio que vocês precisam proteger. Mas cuidado. O que vocês encontrarão lá não é apenas um desafio físico, mas uma parte de quem vocês eram... e de quem temem se tornar.Lírica franziu o cenho, sua respiração se tornando mais pesada.— Isso não parece um teste comum.O Guardião balançou a cabeça.— Porque não é. Vocês enfrentarão ecos do passado, memórias distorcidas e verdades que prefeririam esquecer. Mas somente enfrentando-as poderão seguir adiante.
Os lobos das sombras avançaram com fúria, suas presas brilhando à luz espectral da lua. Kael e Lírica se moviam como uma unidade perfeita, atacando e defendendo em sincronia, seus movimentos tão fluidos quanto um rio atravessando pedras. Apesar de sua força e habilidade, o número de adversários parecia interminável.— Eles não param! — Gritou Kael, desviando de uma mordida e contra-atacando com um golpe poderoso que derrubou dois lobos ao mesmo tempo.— Eles não são reais, Kael! São feitos da escuridão. Precisamos encontrar a fonte disso! — Respondeu Lírica, sua voz firme enquanto saltava para evitar um ataque.Celina, observando do alto de uma pedra coberta por musgo, cruzou os braços com um sorriso enigmático.— Vocês podem lutar a noite inteira, mas nunca vencerão assim. A resposta não está na força. Está na escolha.Lírica virou-se para encarar sua mãe, o coração pulsando forte.— Que escolha? O que você quer de mim?Celina ergueu a mão, e os lobos congelaram, como marionetes cujo
A lua cheia brilhava intensamente no céu, mas algo estava diferente. Uma sombra crescente começou a engoli-la, tingindo-a com uma tonalidade rubra como sangue. O vento na floresta uivava, carregando consigo um presságio sombrio.Kael e Lírica, ainda ofegantes após os eventos da noite anterior, observavam o céu com apreensão. Ambos estavam cientes de que o eclipse não era um fenômeno natural, mas um sinal de que algo grandioso — e perigoso — estava se aproximando.— O que significa isso? — Perguntou Kael, estreitando os olhos. Sua voz estava tensa, carregada de preocupação.Lírica passou os dedos pelo medalhão que carregava, o único item que sua mãe não havia retirado dela durante o último confronto. Os olhos da alfa estavam fixos no céu.— O Eclipse Vermelho é uma lenda. Dizem que ele anuncia o despertar de forças adormecidas. Algo que estava enterrado... ou esquecido... está prestes a retornar.— E qual é a nossa ligação com isso? — Kael virou-se para ela, os braços cruzados, tentand
O silêncio da noite foi rompido pelo som das folhas farfalhando sob os pés de Kael e Lírica enquanto seguiam Malthus pela floresta. A tensão era palpável, com Kael mantendo uma mão perto da adaga em sua cintura e Lírica segurando o medalhão com força. O homem misterioso à frente parecia conhecer o caminho como a palma de sua mão, movendo-se com a confiança de alguém que havia estado ali muitas vezes.— Então você quer que confiemos em você, Malthus, mas não disse de onde veio nem como sabe tanto sobre o Eclipse Vermelho. — Kael falou, quebrando o silêncio.Malthus parou, virando-se lentamente. Seus olhos, brilhando à luz da lua avermelhada, encontraram os de Kael.— Minhas origens não importam agora. O que importa é que o Eclipse está ativando um antigo ciclo, e vocês são peças fundamentais. Querendo ou não, precisam confiar em mim para sobreviver.Lírica estreitou os olhos, seu instinto de alfa lutando contra a necessidade de respostas.— Se quer nossa ajuda, Malthus, precisa ser mai
A floresta parecia mais viva do que nunca, mas não de forma acolhedora. As árvores sussurravam como se carregassem segredos antigos, enquanto o chão vibrava levemente com uma energia que emanava do templo. Kael e Lírica saíram da entrada desgastada, ainda absorvendo o impacto das visões de Fenrir.O medalhão estava quente na mão de Lírica, como se pulsasse com vida própria. Kael, ao lado dela, observava com atenção, tentando interpretar o que tudo aquilo significava.— Estamos presos em uma guerra que começou muito antes de nós. — Kael murmurou, quebrando o silêncio.Lírica virou-se para ele, seus olhos dourados fixando-se nos dele.— Mas talvez sejamos a única chance de terminá-la. O que vimos lá dentro... Fenrir não parecia apenas uma força destrutiva. Parecia... desesperado.— Ou manipulado. — A voz grave de Malthus soou atrás deles. Ele emergiu das sombras, o capuz de sua capa agora abaixado, revelando um rosto marcado pelo tempo e por batalhas. — Não se deixe enganar pelas palavr
As ilusões desvaneceram como névoa ao sol, mas o peso que deixaram para trás ainda pairava sobre os corações de Kael, Lírica e Malthus. O grupo permaneceu em silêncio por um longo momento, cada um digerindo o que havia visto e sentido.Kael, com o peito arfando, encarou Nerya, que os observava com um olhar curioso e impassível. Seu coração ainda martelava contra as costelas ao lembrar da versão sombria de si mesmo. A criatura dentro dele – a sombra de Fenrir – não era um simples pesadelo. Era algo real, algo que ansiava por liberdade.Lírica tocou o ombro dele, seus olhos dourados buscando os dele.— Você está bem?Kael apertou os punhos e assentiu, mas sua mente fervilhava de perguntas.Malthus, por sua vez, respirou fundo e deu um passo à frente, mirando Nerya com uma expressão tensa.— Isso foi um teste? Ou uma ameaça?— Os dois. — Nerya sorriu levemente, cruzando os braços. — Vocês precisam entender o que enfrentam, e para isso, precisam encarar suas próprias verdades.Kael estrei