As runas nas paredes da sala iluminada por tochas começaram a brilhar, como se respondessem à energia que Kael e Lírica emanavam. O Guardião, agora em silêncio, virou-se para um portal que começava a se formar no centro do salão. A energia pulsante que irradiava do portal parecia puxá-los, chamando-os para o próximo passo de sua jornada.— O que há além deste portal? — Perguntou Kael, sua mão ainda segurando a de Lírica com firmeza.O Guardião voltou-se para eles, sua expressão indecifrável.— Além dele está o próximo fragmento do equilíbrio que vocês precisam proteger. Mas cuidado. O que vocês encontrarão lá não é apenas um desafio físico, mas uma parte de quem vocês eram... e de quem temem se tornar.Lírica franziu o cenho, sua respiração se tornando mais pesada.— Isso não parece um teste comum.O Guardião balançou a cabeça.— Porque não é. Vocês enfrentarão ecos do passado, memórias distorcidas e verdades que prefeririam esquecer. Mas somente enfrentando-as poderão seguir adiante.
Os lobos das sombras avançaram com fúria, suas presas brilhando à luz espectral da lua. Kael e Lírica se moviam como uma unidade perfeita, atacando e defendendo em sincronia, seus movimentos tão fluidos quanto um rio atravessando pedras. Apesar de sua força e habilidade, o número de adversários parecia interminável.— Eles não param! — Gritou Kael, desviando de uma mordida e contra-atacando com um golpe poderoso que derrubou dois lobos ao mesmo tempo.— Eles não são reais, Kael! São feitos da escuridão. Precisamos encontrar a fonte disso! — Respondeu Lírica, sua voz firme enquanto saltava para evitar um ataque.Celina, observando do alto de uma pedra coberta por musgo, cruzou os braços com um sorriso enigmático.— Vocês podem lutar a noite inteira, mas nunca vencerão assim. A resposta não está na força. Está na escolha.Lírica virou-se para encarar sua mãe, o coração pulsando forte.— Que escolha? O que você quer de mim?Celina ergueu a mão, e os lobos congelaram, como marionetes cujo
A lua cheia brilhava intensamente no céu, mas algo estava diferente. Uma sombra crescente começou a engoli-la, tingindo-a com uma tonalidade rubra como sangue. O vento na floresta uivava, carregando consigo um presságio sombrio.Kael e Lírica, ainda ofegantes após os eventos da noite anterior, observavam o céu com apreensão. Ambos estavam cientes de que o eclipse não era um fenômeno natural, mas um sinal de que algo grandioso — e perigoso — estava se aproximando.— O que significa isso? — Perguntou Kael, estreitando os olhos. Sua voz estava tensa, carregada de preocupação.Lírica passou os dedos pelo medalhão que carregava, o único item que sua mãe não havia retirado dela durante o último confronto. Os olhos da alfa estavam fixos no céu.— O Eclipse Vermelho é uma lenda. Dizem que ele anuncia o despertar de forças adormecidas. Algo que estava enterrado... ou esquecido... está prestes a retornar.— E qual é a nossa ligação com isso? — Kael virou-se para ela, os braços cruzados, tentand
O silêncio da noite foi rompido pelo som das folhas farfalhando sob os pés de Kael e Lírica enquanto seguiam Malthus pela floresta. A tensão era palpável, com Kael mantendo uma mão perto da adaga em sua cintura e Lírica segurando o medalhão com força. O homem misterioso à frente parecia conhecer o caminho como a palma de sua mão, movendo-se com a confiança de alguém que havia estado ali muitas vezes.— Então você quer que confiemos em você, Malthus, mas não disse de onde veio nem como sabe tanto sobre o Eclipse Vermelho. — Kael falou, quebrando o silêncio.Malthus parou, virando-se lentamente. Seus olhos, brilhando à luz da lua avermelhada, encontraram os de Kael.— Minhas origens não importam agora. O que importa é que o Eclipse está ativando um antigo ciclo, e vocês são peças fundamentais. Querendo ou não, precisam confiar em mim para sobreviver.Lírica estreitou os olhos, seu instinto de alfa lutando contra a necessidade de respostas.— Se quer nossa ajuda, Malthus, precisa ser mai
A floresta parecia mais viva do que nunca, mas não de forma acolhedora. As árvores sussurravam como se carregassem segredos antigos, enquanto o chão vibrava levemente com uma energia que emanava do templo. Kael e Lírica saíram da entrada desgastada, ainda absorvendo o impacto das visões de Fenrir.O medalhão estava quente na mão de Lírica, como se pulsasse com vida própria. Kael, ao lado dela, observava com atenção, tentando interpretar o que tudo aquilo significava.— Estamos presos em uma guerra que começou muito antes de nós. — Kael murmurou, quebrando o silêncio.Lírica virou-se para ele, seus olhos dourados fixando-se nos dele.— Mas talvez sejamos a única chance de terminá-la. O que vimos lá dentro... Fenrir não parecia apenas uma força destrutiva. Parecia... desesperado.— Ou manipulado. — A voz grave de Malthus soou atrás deles. Ele emergiu das sombras, o capuz de sua capa agora abaixado, revelando um rosto marcado pelo tempo e por batalhas. — Não se deixe enganar pelas palavr
As ilusões desvaneceram como névoa ao sol, mas o peso que deixaram para trás ainda pairava sobre os corações de Kael, Lírica e Malthus. O grupo permaneceu em silêncio por um longo momento, cada um digerindo o que havia visto e sentido.Kael, com o peito arfando, encarou Nerya, que os observava com um olhar curioso e impassível. Seu coração ainda martelava contra as costelas ao lembrar da versão sombria de si mesmo. A criatura dentro dele – a sombra de Fenrir – não era um simples pesadelo. Era algo real, algo que ansiava por liberdade.Lírica tocou o ombro dele, seus olhos dourados buscando os dele.— Você está bem?Kael apertou os punhos e assentiu, mas sua mente fervilhava de perguntas.Malthus, por sua vez, respirou fundo e deu um passo à frente, mirando Nerya com uma expressão tensa.— Isso foi um teste? Ou uma ameaça?— Os dois. — Nerya sorriu levemente, cruzando os braços. — Vocês precisam entender o que enfrentam, e para isso, precisam encarar suas próprias verdades.Kael estrei
O uivo que ecoou pela floresta trouxe consigo uma tensão palpável. Kael sentiu seus instintos se aguçarem, e Lírica automaticamente se colocou em posição de combate. Malthus estreitou os olhos para o horizonte enevoado, sua expressão sombria.— Eles chegaram. — Murmurou.Kael olhou para ele, sentindo a inquietação crescer dentro de si.— Quem?Malthus apertou os punhos antes de responder.— Os Caçadores da Lua Sangrenta.Lírica arregalou os olhos.— Isso é impossível. Eles foram exterminados há séculos!Malthus negou com a cabeça.— Nem todos. Um grupo sobreviveu, esperando o momento certo para ressurgir. Eles são fanáticos que acreditam que apenas através da destruição de todos os descendentes de Fenrir a ordem pode ser restaurada. E agora que Kael foi revelado como seu receptáculo, ele se tornou seu alvo principal.Kael sentiu um arrepio subir por sua espinha. Desde que descobriu sua conexão com Fenrir, sabia que teria inimigos, mas não esperava que uma ordem secreta estivesse à esp
A batalha havia terminado, mas o peso da vitória recaía sobre os ombros de Kael. Ele podia sentir o resquício do poder de Fenrir pulsando dentro de si, como uma fera inquieta tentando romper suas correntes. A noite estava fria, e o silêncio da floresta era apenas um prenúncio da tempestade que se aproximava.Lírica ainda o segurava firme, como se temesse que ele desaparecesse se o soltasse. O calor de seu corpo contrastava com a brisa cortante da madrugada, e Kael se permitiu fechar os olhos por um momento, absorvendo aquela sensação.— Eu achei que te perderia. — Ela murmurou contra seu peito.Ele deslizou os dedos pelos cabelos dela, pousando a mão em sua nuca com delicadeza.— Eu também.Malthus limpava o ferimento no ombro, observando os dois com um olhar pensativo.— Se vamos sobreviver a isso, precisamos agir rápido. Gregor não voltará sozinho da próxima vez.Kael se afastou levemente de Lírica, assentindo.— Você mencionou um lugar onde eu poderia aprender a controlar isso... —