Acordei com a minha cama vazia. Thomas havia partido horas depois de me dar a pulseira, antes de amanhecer. Havia algo muito intenso sobre o presente, não só por ser ele a me presentear. Mas por ele ter se lembrado, ter se importado em voltar lá. Por quanto tempo ele guardou essa pulseira? Quase dez meses. Ele podia ter se desfeito dela, era uma pulseira cara. E ainda sim, ele a manteve. Além do mais, o significado maior era por simplesmente ser no dia que tudo foi por água abaixo. A lembrança dos meus últimos dias normais. Onde minha maior preocupação era minha festa de formatura, visitar minhas amigas e terminar de assistir Sense8. Naquela época eu não fazia ideia em como escolhas podem afetar nossas vidas drasticamente. Eu já estava apaixonada por Thomas, mas naquela época sabia que ele não investiria, ele era tão sério e inacessível. Bom, ainda é, por questões diferentes. Só que a pulseira só mostrou que, mesmo naquela época, e mesmo com toda fachada de segurança durão, ele tam
Thomas — Então você terá que ir por tempo indeterminado — Jamie disse, encarando meus olhos. — Vou esperar cerca de três semanas, e então vou assegurar que Colle me envie outro guarda-costas. Por sorte, vou contar com a ajuda de John. — Sim — respondi sério sem render assunto. — Pretendo estar de volta antes disso. Mas se assim prefere estou de acordo. Minhas mãos estavam fechadas em punho nas costas, com tanta força que parecia que podia ouvir o osso estalar. Algo em Jamie não me soava bem. Muito pelo contrário. Eu sabia que ele escondia algo. Então sim, eu pretendia voltar, e quando isso acontecesse, iria levar Alice comigo se ela assim desejasse. — Realmente me incomoda o fato de você estar partindo de uma hora para outra. No entanto já que é realmente necessário, vá. Apenas me deixe saber quando voltar. Viro-me sem avisar, antes de perder o controle. Caso contrário o mataria pelo simples fato de ele tê-la e eu não. Quando saí, percebi que Alice passou por mim
Me debrucei na cerca de metal que dava uma ampla visão do lago. O parque estava cheio, famílias e crianças andam de um lado para o outro. Havia também alguns guardas e câmeras de vigilância o suficiente, caso eu fosse um pervertido ou sequestrador de criancinhas. Pelo menos nisso Nora fora extremamente inteligente. Ela não me conhecia, não sabia o que eu queria. Então obviamente estava se mantendo segura. Alguns minutos se passaram até que uma mulher parou ao meu lado. Ela jogou casualmente farelo para os patos no lago. — Primeiro, antes de pensar em fazer qualquer coisa, aquele homem a trinta passos de nós, é meu irmão. — Ela ainda não me encarava. — Se você tentar qualquer coisa, ele atira em você. E ele não é o único aqui. Tem mais três pessoas caso você queira bancar o espertinho. — Seus olhos se prenderam aos meus. — Minhas filhas também estão em um local seguro. — Voltou a atenção para os patos. — Eu realmente admiro os seus cuidados, mas como foi dito antes eu não pre
Dezoito horas de viagem depois, digitei o código do portão e entrei na propriedade de Colle. — Tio Thomas! Nicholas agarrou minha cintura em um grande abraço de urso. Baguncei os seus cabelos. — Olá garoto! Ele cresceu bem desde a última vez que o vi. E estava incrivelmente parecido com a Nicole. — Seu pai está por aí? — Está no banho. Pode esperar onde preferir Sr. Thomas. A Nicole está preparando uns biscoitos na cozinha. — Maria respondeu por ele, já o arrastando para cima enquanto ele reclamava. Acabei seguindo o cheiro delicioso de biscoitos e fui para a cozinha. Nicole estava de costas tirando uma fornada de biscoitos. — Está com um cheiro magnífico — disse enquanto apoiava o corpo na geladeira e cruzava os braços sobre o peito. Ela se virou surpresa e quase se queimou antes de depositar o tabuleiro na ilha de mármore. Thomas! — Colocou uma mão no peito e outra na barriga volumosa. — Você me assustou. Ignorando totalmente o que ela falou digo:
Me virei para sair. Nem que precise derrubar o estado, vou tirá-la de lá. E escondê-la nos confins da terra, até que ela possa confiar nas pessoas novamente. Dou de cara com Nicole. Ela apoiou o prato de biscoitos na barriga e sorriu triste para mim. Ela com certeza ouvira a conversa. Eu não me importava, não ia esconder minhas preocupações e motivos. Meus ouvidos acompanharam o que seria Nicole alterada com Ethan. Ela dizia alto o suficiente: “Você vai ajudá-lo não vai?”, “Não me diga que o deixará fazer isso sozinho”, “Me diga que vai tirar Alice de lá”, “Ethan Colleri Turner!” Eu caminhei de volta para o carro, pensando em um plano perfeito para não ferrar com tudo. — Thomas! Olhei para trás e Nicole corria atrás de mim. Eu parei para esperá-la. — Eu sinto muito — ela disse com a respiração cansada, embora não tivesse corrido muito. — Eu sinto muito. Eu não sabia. Santo Deus. Eu estou me sentindo tão culpada. Eu não sabia. — Você não poderia saber. Ninguém sabia
— Não estou brincando. — Ele riu novamente. — Você ao menos sabe manusear uma arma? Você vai acabar errando o tiro e acertando seu pé, com a forma que sua mão treme. Ignorei o comentário, e com um click destravei a arma. Agradeci Vivian mentalmente, pôr na nossa adolescência ter roubado a arma do pai para nos ensinar a atirar. Nem eu, nem Nicole aprendemos, mas pelo menos eu sabia destravar uma arma. — Mais para o lado — ele falou baixo, e sua mão arrastou a arma um pouco mais para o lado esquerdo do corpo. — Aqui, com certeza eu não sobreviverei, vou sangrar e agonizar neste chão. Não é isso que você quer? Me fazer sofrer? Eu te garanto que não vai ser uma morte fácil, vai ser dolorida e agonizante. — Sua voz não tinha nenhum senso de humor. — Agora, se você quiser fazer isso rápido… — Ele segurou a arma direcionando para a sua testa. Minha mão tremia, não só porque ele era bem mais alto que eu e meu braço estava extremamente esticado, mas porque sabia que a arma estava destrav
Estou boiando. Eu encaro o céu azul, sem nenhuma nuvem. A água é quente. Balanço meus braços, como uma criança faria, se estivesse tentando fazer um anjo de neve. Minha respiração é tranquila, algumas gotas de água salgada em meu rosto. Sinto mãos em minhas costas. Olho para o lado, e Thomas está me segurando, me ajudando a boiar. Ele sorri e me dá um beijo rápido. — Thomas… — Minha voz sai incerta. — Você é real? Ele sorri, mas não responde. Ao invés disso, leva uma das mãos ao meu rosto. E eu posso sentir seu toque. Tão real. Tão perto de mim. Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Ele limpa gentilmente. — Não chore — diz baixo, ainda me olhando com olhos apaixonados. — Você me deixou — digo ainda chorando, reprimindo um soluço. — Não — ele disse. — Eu nunca a deixei, ruiva. — Sim, você me deixou há quase dois meses. Estou com tanto medo, Thomas. — Eu vou te proteger Alice. Você precisa confiar em mim. Balanço a cabeça em sinal positivo. — Eu confio — digo bai
— Eu não sei. — Dou de ombros. — Eu não posso me responsabilizar por tudo Jamie, eu não posso. Eu tentei, tentei salvar a todos, tentei guardar todas as dores, e protegê-los. Mas eu não posso. Não tenho certeza se poderei conviver com a culpa, mas eu posso tentar. Eu arrumo um emprego, posso falar com Nicole, Ethan e até Vivian. Pego um empréstimo, eu lhe pago. Ele riu, um sorriso sínico. — Não se trata da dívida, não mais. Eu sou um homem de palavra, a dívida foi paga com o casamento. — Ele secou uma lágrima que escorreu pelo meu queixo. — Eu não entendo… você poderia ter qualquer mulher! Eu não quero essa vida! — Eu também não queria, mas acontece que muitas vezes na vida não temos escolha! — Não compare nossas vidas! Eu realmente não tive escolha! — Não? Tem certeza? Seus olhos encararam os meus. — Tinha tanta intensidade que eu não consigo continuar encarando-o. — Eu odeio você. Ele tentou limpar outra lágrima, mas eu o impeço. — Alice, me ajude. Eu não se